IMPACT OF THE COVID-19 PANDEMIC ON THE MENTAL HEALTH OF BRAZILIAN ADOLESCENTS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411101404
Luiz Felipe Ferreira Cosac¹; Stephanie Ballatore Holland Lins²; João Victor Lustosa Torres Lopes³; Luane Tavares de Oliveira⁴; Steffany de Souza Vale⁵; Silvestre Reinaldo da Silva Junior⁶; Giselle de Oliveira Lima⁷; Bruno Labre Pontes Silva⁸; Maria Eduarda Tres Dalmagro⁹; Maria Clara da Cunha Sousa¹⁰; Rodrigo Fernandes Naves¹¹.
Resumo
Introdução: A adolescência é considerada o período da vida mais vulnerável no que tange ao sofrimento psíquico. Logo, com a pandemia da COVID-19 no Brasil, juntamente à instalação da quarentena, adolescentes se projetaram como grupo de risco para distúrbios psicológicos. Diante desse cenário, o objetivo deste estudo foi realizar uma scoping review para identificar o impacto da pandemia da COVID-19 na saúde mental dos adolescentes brasileiros. Metodologia: Trata-se de uma revisão sistemática de literatura, do tipo scoping review, tendo como modelo o Instituto Joanna Briggs e pesquisas na base de dados do Google Acadêmico. Para a sistematização dos estudos foram considerados aqueles publicados entre janeiro de 2020 a outubro de 2022. Ademais, foram seguidas as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) e a plataforma Google Planilhas, para análise dos resultados. Resultado e Discussão: Foram identificadas 1.040 publicações entre 2020 e 2022, portanto, somente 13 artigos preenchiam os critérios de inclusão. Através da análise dos dados foi possível identificar os principais fatores de risco como, transtornos mentais, bullying, automutilação, disfunções familiares, fatores genéticos, abuso de álcool e drogas, e devido a pandemia, ausência de rotina escolar. Conclusão: Dado o exposto, percebe-se que essa revisão obteve êxito ao demonstrar sobre o impacto da COVID-19 na saúde mental dos adolescentes brasileiros. Desse modo, nota-se que é necessário o oferecimento de ajuda para a fuga dessa condição, como, técnicas de relaxamento e convívio social.
Palavras-chave: Adolescente; Saúde mental; COVID-19.
1 INTRODUÇÃO
Conceitualmente no Brasil, o art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), considera, para os efeitos da Lei, como adolescente aquela pessoa “entre doze e dezoito anos de idade”1. No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece que adolescência é a fase situada entre a infância e a vida adulta, compreendendo o período de 10 a 19 anos de idade2.
A adolescência é considerada como o período da vida mais vulnerável no que tange ao sofrimento psíquico em todas suas formas, como: uso abusivo de álcool/drogas, transtornos alimentares e depressão3,4,5. Além disso, nessa fase o indivíduo passa a ter mais responsabilidades escolares e profissionais, aumentando seu tempo fora de casa6.
Com a instalação da pandemia do COVID-19 no Brasil, foi decretado o fechamento de escolas em todo o país, medida que afetou cerca de 83,4 milhões de estudantes da educação básica e ensinos fundamental e médio7. Durante o período de quarentena, crianças, adolescentes, idosos e pessoas em situações de vulnerabilidade socioeconômica se projetaram como grupos de risco para distúrbios psicológicos8.
Assim sendo, com as medidas de distanciamento social impostas pela pandemia, que culminou com fechamento de escolas, academias, shoppings, clubes e até mesmo parques e praias, os adolescentes passaram a ficar restritos ao ambiente domiciliar, impossibilitados de se relacionarem fisicamente com seus semelhantes o que provavelmente contribuiu com o aumento do uso de redes sociais, vídeos online e jogos virtuais9,6. Tal comportamento está diretamente relacionado ao sentimento de insuficiência e insatisfação individual, haja vista que as mídias sociais promovem uma realidade falsa, gerando exposição e julgamentos. Vertentes como bullying virtual e agressões verbais estão presentes constantemente nas redes sociais, estas, podem influenciar no comportamento do indivíduo, desde mudanças de hábito, discórdias, até quadros de depressão10.
Fatores que aliados às mudanças decorrentes após COVID-19 podem contribuir para o aumento da incidência de transtornos psíquicos nessa faixa etária. Para que seja realizada uma abordagem eficiente da saúde mental do adolescente é necessária a visão ampliada do processo de adoecimento, levando em consideração as relações do paciente com sua família, consigo mesmo, com a escola ou com outras instituições11.
A presença dessas variáveis confere ao processo de adoecimento mental/psíquico uma expressão de questões historicamente construídas e coletivamente compartilhadas12. Diante desse cenário, o objetivo deste estudo foi realizar uma scoping review para identificar o impacto da pandemia da COVID-19 na saúde mental dos adolescentes brasileiros.
2 METODOLOGIA
2.1 Tipo de estudo
O presente trabalho trata-se de uma revisão sistemática de literatura, do tipo scoping review. Esse tipo de estudo tem como objetivo identificar e sintetizar evidências científicas relacionadas a problemáticas emergentes, quando ainda não se tem claras quais outras questões mais específicas podem ser abordadas e configura-se como exercício preliminar à realização de uma revisão sistemática13. Para cada base consultada, seguiu-se um protocolo adequado para identificar os estudos elegíveis. No caso do presente, tal modelo de revisão é válido, pois ainda não estão claras as questões específicas relacionadas à saúde mental do adolescente em decorrência da recente pandemia da COVID-19.
2.2 Procedimentos metodológicos
De acordo com o Instituto Joanna Briggs para scoping reviews13, foram adotados os seguintes passos: desenvolvimento do título, objetivo e questão norteadora; definição de critérios de inclusão e exclusão dos estudos; seleção das fontes de dados; coleta e organização dos resultados; e apresentação da revisão. É importante salientar que o título foi revisto e adequado na conclusão do estudo.
Após, os procedimentos de revisão foram feitos por duas pesquisadoras independentes que se reuniram em busca de consensos nos casos em que houve discordância referente à inclusão ou exclusão de artigos na revisão. A pesquisa foi desenvolvida em novembro de 2022.
2.3 Questão norteadora
Trata-se da questão que orienta todos os procedimentos adotados na scoping review. Deste modo, foi seguido o acrônimo PCC (P = população; C = conceito; C = contexto)13 para definir a seguinte pergunta norteadora: “Qual o impacto da pandemia da COVID-19 na saúde mental do adolescente?”.
2.4 Critérios de inclusão e exclusão
Em relação à população, foram incluídos estudos relacionados a dados contemplando os adolescentes. Para definição dessa população, foi utilizado o marco etário proposto pela OMS, que estabelece adolescência como o período entre 10 e 19 anos de idade2.
O fenômeno de interesse ou conceito central identificado selecionou estudos sobre os impactos na saúde mental dos adolescentes brasileiros no contexto da pandemia da COVID-19. Além disso, também foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: resultados de revisões de literatura; artigos empíricos quantitativos e qualitativos; e estudos teórico-reflexivos publicados em português e inglês.
Estudos com foco em outros momentos do ciclo vital (crianças ou idosos, por exemplo) foram excluídos, além de cartas aos editores e pontos de vista. Também foram excluídos estudos com adolescentes de outros países que não o Brasil. Num primeiro momento não foi definido recorte temporal. No entanto, dada a atualidade do contexto investigado, foram considerados os estudos publicados entre janeiro de 2020 a outubro de 2022.
2.5 Seleção das fontes de dados
Para as consultas, foi selecionada a base de dados do Google Acadêmico. A seleção de tal plataforma justifica-se por sua facilidade de acesso, bem como, seu alcance multidisciplinar e abrangência.
2.6 Coleta e organização dos dados
Para delimitar a população de interesse, foram incluídos os seguintes termos na plataforma Google Acadêmico: “adolescente”, “adolescência”, “adolescence” e “adolescent”. Também foram incluídos os termos “saúde mental” e “mental health” nos cruzamentos para contemplar os possíveis impactos da pandemia da COVID-19 em tal contexto. Por fim, os termos “Brasil” e “Brazil” foram incluídos na delimitação da coleta dos dados.
Foram seguidas as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) referentes à sistematização do processo de inclusão dos estudos14. Através do modelo proposto pelo Instituto Joanna Briggs para scoping reviews13, o fluxo da sistematização está apresentado na Figura 1. Pela plataforma Google planilhas, duas pesquisadoras independentes realizaram a extração dos dados incluídos na revisão para o preenchimento das informações a seguir: título do artigo, referência (ano de publicação), periódico, país onde o estudo foi conduzido, objetivo do estudo e resultados principais. Estudos publicados em espanhol foram excluídos. E, ainda na primeira etapa de seleção, foram excluídas cartas aos editores, comentários ou pontos de vista que compunham algumas das publicações. Informações sobre o financiamento dos estudos revisados não foram identificadas, impossibilitando avaliações sobre tal aspecto. Os resultados revisados serão apresentados no formato narrativo e em tabelas que possam responder à questão que orientou a scoping review.
2.7 Aspectos éticos
Estudos de revisão da literatura não necessitam de aprovação em comitês de ética em pesquisa, tendo em vista que lidam apenas com dados já publicados. No entanto, é necessário que o conteúdo seja descrito de maneira fidedigna em comparação aos dados dos estudos originais, sendo os mesmos referenciados adequadamente com o mesmo rigor científico. Assim sendo, é importante ressaltar que tais aspectos éticos foram assegurados no presente trabalho.
3 RESULTADOS
A estratégia de busca identificou 1.040 publicações. Após a leitura dos títulos e/ou resumos, selecionaram-se 108 artigos que preenchiam os critérios de inclusão, dos quais foram excluídos 95 após a leitura da metodologia e verificação dos critérios de elegibilidade, resultando na inclusão de 13 artigos.
O quadro 1 apresenta a caracterização das publicações incluídas. Os artigos foram identificados conforme título, referência (ano de publicação), periódico, país onde o estudo foi conduzido, objetivo e resultados principais.
Quadro 1. Características, objetivos e principais resultados dos estudos revisados.
(Continua)
Reconhece-se que para entender a experiência adolescente acerca da depressão, é necessário olhar para ela na perspectiva do adolescente15. A análise dos dados foi pautada pelas experiências e narrativas dos adolescentes relacionadas ao contexto e interações sociais nos quais os mesmos estavam envolvidos15. Com base nas entrevistas e temas gerados, foi proposto um modelo relacional de depressão adolescente informado por adolescentes brasileiros15.
Ao combinar os temas e suas relações, foi possível enfatizar o isolamento como componente central da experiência percebida da depressão15. Além disso, é importante destacar que os adolescentes brasileiros frequentemente empregavam estratégias de enfrentamento focadas na regulação emocional como uma forma de amenizar a experiência de isolamento15.
O distanciamento social juntamente com o isolamento causados pelo contexto pandêmico promoveu novas rotinas para os adolescentes e membros do núcleo familiar, tendo em vista que a convivência promoveu um contato na maior parte do tempo, o que geralmente causa aumento de tensões e possíveis conflitos16. Tais mudanças de rotinas associadas aos efeitos prolongados do isolamento social, geraram maiores níveis de estresse, ansiedade, frustração e tédio16.
Em relação ao fechamento de escolas, notou-se o impacto nas crianças e adolescentes acerca da maior exposição a violência doméstica, devido ao papel que as escolas têm na identificação desses abusos16. Portanto, é de grande importância que instituições públicas de saúde, escolas e universidades se envolvam com as demandas sociais de saúde mental, física e social, para conseguir minimizar e evitar os conflitos, além de evitar consequências maiores, como o surgimento de formas diferentes de violência, principalmente de partes mais vulneráveis16.
Através de revisão bibliográfica foi possível constatar o impacto que a educação sofreu e vem sofrendo em razão da pandemia, trazendo à tona problemáticas já existentes como problemas de aprendizagem entre jovens e crianças, que aumentaram muito por causa do aprendizado de modo online17. Problemas como falta de acesso à internet ou tecnologias digitais, professores que também não dispõem das tecnologias ou não sabem utilizá-las, além da falta de convivência e de uma rotina escolar, impactou negativamente sobre a saúde mental dos jovens17.
O suicídio ainda é uma das principais causas de morte entre jovens e também surge como um viés associado ao isolamento social18. A consumação do ato suicida entre jovens é um evento trágico e está relacionado a fatores presentes tanto no âmbito pessoal quanto social18. De acordo com os resultados da pesquisa foi possível identificar que os principais fatores de risco são os transtornos mentais, bullying, automutilação, disfunções familiares, fatores genéticos e abuso de álcool e drogas18. Portanto, fica evidente a importância de reconhecer os fatores de risco que levam os jovens a cometerem o ato suicida para que seja possível pensar em estratégias de prevenção18.
Por meio de outra revisão sistemática foi possível fazer uma relação entre a prática de atividade física nas escolas associada à saúde mental19. A atividade física foi vista como uma alternativa para controlar e prevenir problemas associados à saúde mental de crianças e adolescentes em idade escolar19. O estudo mostrou resultados positivos acerca da atividade física escolar, onde a atividade foi associada à satisfação corporal, demonstrando que adolescentes ativos estão mais satisfeitos19. A prática de exercícios colaborou, ainda, para a queda da prevalência de fatores relacionados à piora da saúde mental dos jovens, como por exemplo, a insatisfação com o peso corporal, insônia, isolamento social, estresse e transtornos de conduta19.
Outro estudo mostrou como os transtornos de ansiedade estão presentes em adolescentes em situação de vulnerabilidade social, e foram associados à aspectos desfavoráveis, como o envolvimento com substâncias ilícitas, prejuízo dos direitos e oportunidades nas áreas da saúde, educação e proteção social, vinculado a situações de violência, tanto doméstica, quanto comunitária, e trabalho infantil20. Em um dos estudos que foram analisados nesta revisão, os transtornos mais prevalentes são depressão, transtorno de ansiedade generalizada, déficit de atenção e hiperatividade, transtorno por uso de substâncias, e transtorno de conduta20.
Sobre os desafios da saúde mental após a pandemia do COVID-19 relacionada a questão dos adolescentes, evidenciou-se uma necessidade de prevenção de bullying, pois as crianças e adolescentes já estão sofrendo psicologicamente por consequência do período de quarentena e isso pode potencialmente desenvolver transtorno de estresse, transtorno de adaptação, irritabilidade e ansiedade21. Nos próximos anos os adolescentes enfrentarão maiores desafios em termos de transtornos mentais, uso de drogas e violência na forma de bullying e por isso se torna fundamental que o sistema de educação adote medidas de prevenção21.
O isolamento causou também um aumento nos quadros ansiosos tanto no Brasil quanto em Portugal. Além disso, pontuou-se também queixa de tristeza, maior agitação e irritabilidade22. No Brasil, houve um maior número de relatos de pessoas com casas sem alguma área externa, acesso inexistente a computadores e tablets ou até mesmo ausência de quarto próprio23. Comprovou-se também que existiram preditores comuns nas relações interpessoais e, também, no próprio individualismo durante o COVID-19 além de um número significativo de pessoas que conviveram com entes que adoeceram devido ao COVID-19 ou eles próprios23.
No início, a COVID-19, foi vista pelos adolescentes com um certo desinteresse, como algo banal. O isolamento foi visto como “férias” e uma pausa das relações sociais24. Entretanto, com o tempo, foi notando-se um desconforto, preocupação com o futuro, além do tédio e da solidão estabelecidos na vida de cada um24. Ainda sobre os efeitos da pandemia pode-se falar sobre o alargamento das ideações suicidas devido a todos os fatores citados acima que levam à fragilidade da saúde mental24.
Em relação à fragilidade emocional, notou-se o maior uso de telas e a troca dos horários de sono como causadores significativos de ansiedade e depressão25. Percebeu-se, também, que, em lares que a infecção pelo vírus se fez presente, a ansiedade teve um destaque ainda maior. No quesito depressão tem-se a inversão de sono com uma maior relevância25.
Por outro lado, ao contrário dos quadros depressivos e ansiosos, tem-se adolescentes que se destacam pela resiliência e um emocional “saudável”26. Ao analisar o comportamento destas crianças, a atividade física se torna destaque diante de tal quadro positivo além do ambiente social e relacionamento familiar26.
4 Discussão
O presente estudo visa analisar a saúde mental dos adolescentes brasileiros e sua relação com a pandemia de COVID-19. Em um estudo feito com adolescentes de escolas públicas, dos municípios de São Paulo e Guarulhos, obteve triagem positiva de 10,5% para sintomas depressivos graves e de 47,5% para sintomas ansiosos graves, aumento significativo durante a pandemia25. As associações mais importantes foram o tempo de exposição a telas, a qual consequentemente altera o sono em razão das luzes suprimirem a produção de melatonina e alterações do ciclo circadiano, inversão do horário de sono e o sexo feminino, as mulheres são mais acometidas pela depressão e ansiedade, tanto antes quanto durante a pandemia25.
Presume-se que a ausência de rotina escolar tenha potencializado as consequências na saúde mental e prejuízo no aprendizado, pois o isolamento fez com que se misturasse o tempo e espaço diferente dos afazeres cotidianos, sendo eles “tempo na escola” e o “tempo fora da escola”. Com o retorno das aulas presenciais, no cenário pós-pandemia, a escola tem os desafios de: promover a saúde mental, aprimorar o Programa Saúde na Escola (PSE), considerando o contexto socioeconômico que a escola se encontra, além de estreitar laços com a comunidade25.
A presença de transtorno de ansiedade no adolescente vai interferir em seu desempenho estudantil e comportamento, seja com os colegas, ou com familiares que, no ponto de vista de alguns, pode ser encarado como rebeldia, que pode culminar em violência doméstica. A não detecção de um quadro de ansiedade pode levar ao aparecimento de outras doenças mentais e repercussões na vida adulta, tendo em vista que as populações mais vulneráveis são mais acometidas e tem a maior possibilidade de gerar resultados negativos20. Portanto, as variáveis demográficas, a instabilidade e a falta de infraestrutura vivenciados por esses jovens são congruentes ao surgimento da ansiedade e sofrimento psíquico20.
Por outro lado, se tem a prática de exercícios físicos, a qual se mostrou como uma boa alternativa para controlar e prevenir problemas associados à saúde mental em crianças e adolescentes em idade escolar. Colaborou também quanto à insatisfação com o peso corporal, insônia, isolamento social, estresse e transtornos de conduta19.
Em suma, o estudo identificou impactos da pandemia na saúde mental dos adolescentes, durante o período ausente da rotina escolar. A partir dos resultados, é possível entender a importância da escola na vida dos estudantes e que esta, no atual cenário, deve promover a saúde mental no seu meio.
5 Conclusão
Dado o exposto, percebe-se que essa revisão obteve êxito ao demonstrar o impacto do COVID-19 na saúde mental dos adolescentes brasileiros. Com isso, percebemos que, além de lidar com as incertezas em relação ao futuro, as medidas de distanciamento trouxeram um aumento de reclamações ligadas à saúde mental e ao bem-estar. Evidentemente, isso vem no bojo da pandemia que acarretou um aumento no número de jovens com ansiedade e depressão. Pontua-se que é necessário o oferecimento de ajuda para a fuga dessa condição – técnicas de relaxamento e convívio social podem ajudar nos casos em que a angústia, ansiedade e depressão se tornam mais persistentes. Já em outras situações, em que há a debilitação do convívio social e do estilo de vida, é preciso procurar ajuda médica.
Por fim, após a realização deste, acreditamos que há a possibilidade e o incentivo de leitores e instituições para novas pesquisas, abordagens e estudos multicêntricos que avaliem os desfechos dessas medidas a longo prazo sobre o tema. Para que, somente assim, o conhecimento permaneça menos complexo e mais resolutivo.
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¹Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: luizfelipe.fc@hotmail.com
²Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: sbhlins@gmail.com
³Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: joaov.torreslopes@gmail.com
⁴Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: luanetavares8@gmail.com
⁵Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: steffanysouzadsv@hotmail.com
⁶Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: silvestre.r.s.junior@academico.unirv.edu.br
⁷Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: giselleolima7@gmail.com
⁸Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: bruno_labre@outlook.com
⁹Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: maria.dalmagro@hotmail.com
¹⁰Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: mariaaclaracs@gmail.com
¹¹Discente de Medicina da Universidade de Rio Verde, campus Goianésia. E-mail: rodrigonaves116@gmail.com