INSTRUMENTO PARA CONSULTA DE ENFERMAGEM PRÉ-OPERATÓRIA COM PACIENTES DE CIRURGIA ELETIVA: CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO POR PARES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411081136


Fabiana Costa Callegari Macedo1
Suely Amorim de Araújo2
Cristiane Martins Cunha3
Paulo Cezar Mendes4


RESUMO

O estudo tem por objetivo desenvolver um instrumento de Consulta de Enfermagem pré-operatória para pacientes de cirurgia eletiva.Estudo metodológico, de abordagem quali-quantitativa, realizado em três etapas: 1- revisão da literatura em bases de dados digitais para extração dos dados de interesse, 2- elaboração dos itens do instrumento, conforme a técnica Delphi, para alcançar o consenso entre especialistas na área de conhecimento. Usou-se também a metodologia de Pasquali para elaborar escalas psicométricas e, por fim, 3- avaliação de face e de conteúdo conforme a metodologia do grupo DISABKIDS®. Todo o processo de construção do instrumento baseou-se na teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta, com vistas na segurança do paciente. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. Para a avaliação de face e de conteúdo, empregou-se o cálculo de frequência de concordância entre os juízes, considerando um consenso de pelo menos 80% entre os juízes. A revisão de literatura e a análise do comitê de juízes gerou um instrumento composto por 50 itens. Os itens englobaram dados de identificação e sociodemográficos, percepções e perspectivas relacionadas ao procedimento cirúrgico, dados vitais e medidas antropométricas, necessidades psicobiológicas, necessidades psicossociais e necessidades psicoespirituais. Quanto a concordância dos juízes, 11 dos 14 requisitos do instrumento tiveram consenso maior de 80%. Grande parte das sugestões foram contempladas para a versão final do instrumento, comprovando sua validade de face e de conteúdo.O instrumento final foi composto por 50 itens e apresentou-se a validade de face e de conteúdo para a Consulta de enfermagem pré-operatória de pacientes que serão submetidos a cirurgia eletiva.

Palavras-chave: Segurança do Paciente; Processo de Enfermagem; Enfermagem Perioperatória.

INTRODUÇÃO

O centro cirúrgico (CC) é uma unidade hospitalar onde são executados procedimentos anestésico-cirúrgicos, diagnósticos- terapêuticos tanto em caráter eletivo quanto emergencial. A cirurgia possui riscos que são inerentes ao procedimento e muitas vezes, inevitáveis, porém, a ausência de medidas de segurança contribui para a maior incidência desses eventos. A discussão sobre a qualidade e segurança do paciente é uma prioridade na agenda política dos Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS).                

No Brasil, a partir de 1° de abril de 2013, com a publicação da Portaria n° 529 pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2013a), fica instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) que tem por objetivo contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional, além de promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente (BRASIL, 2014).

Nessa direção, a segurança dos trabalhadores é compreendida como uma temática transversal ao processo do assistir, envolvendo, sobretudo, o estabelecimento de vínculos de confiança entre trabalhadores e pacientes (BAPTISTA et al, 2015). Todo este contexto deve ser sistematizado.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem-SAE, organiza o trabalho profissional e possibilita a operacionalização do Processo de Enfermagem-PE. Regulamentado pela Resolução COFEN n°358/2009 (COFEN, 2009), o PE deve estar baseado em um suporte teórico que oriente o desenvolvimento de suas etapas e a padronização da linguagem utilizada (SOUZA JUNIOR et al., 2017).

O uso de teorias de enfermagem com suporte teórico para o desenvolvimento do Processo de Enfermagem (PE) está previsto na resolução 358 de 2009 do Conselho Federal de Enfermagem, a fim de orientar esse processo, desde a coleta de dados, o estabelecimento de diagnósticos e o planejamento de intervenções de enfermagem, até a avaliação dos resultados alcançados (COFEN, 2009). Segundo Maslow, a hierarquia das NHB é uma teoria que os enfermeiros podem utilizar, ao proporcionarem os cuidados para compreender as relações entre as NHB. Conforme essa teoria, certas necessidades humanas são mais básicas do que outras, ou seja, algumas necessidades devem ser atendidas antes das outras. Horta, classifica as necessidades humanas básicas em três dimensões principais: psicobiológicapsicossocial e psicoespiritual. Além disso, estabelece uma relação, entre os conceitos de ser humano, meio ambiente e enfermagem (HORTA, 1979).

A consulta de enfermagem é uma intervenção complexa e autônoma, que contempla um conjunto de atividades com a finalidade de conhecer o cliente e de informá-lo sobre todo o seu percurso cirúrgico, atendendo as suas necessidades e expectativas e cujos resultados elencam num plano de cuidados multidisciplinar (MENDES; FERRITO, 2021).

Este estudo visa a construção de um instrumento de consulta de enfermagem para atendimento ambulatorial para pacientes que serão submetidos a cirurgias eletivas, que contemple a segurança do paciente e, por conseguinte a segurança dos trabalhadores, acreditando na necessidade de verticalizar a discussão da temática segurança nas organizações de saúde, visando a implementação de ações que contribuam para sua eficácia, com melhores condições laborais.

MÉTODO

Estudo metodológico, com abordagem quantitativa e qualitativa, utilizando como fundamentação teórica o referencial metodológico Pasquali e técnica Delphi, divido em três etapas: revisão de literatura, construção de instrumento e avaliação de conteúdo do material por juízes. A seleção dos juízes foi por expertise na temática.

A técnica Delphi é um método estruturado de comunicação que originalmente foi desenvolvido como uma técnica de previsão sistemática e interativa que depende de um painel de especialistas. É amplamente utilizado para a avaliação de constructos, especialmente em áreas onde não há consenso claro ou onde se busca explorar a opinião de especialistas para a tomada de decisões. (LANDETA, 1999).

Na primeira etapa, foi realizado revisão da literatura em base de dados indexadas, a fim de identificar evidências científicas quanto a instrumentos para coleta de dados durante a Consulta de Enfermagem pré-operatória.

Durante a elaboração do instrumento, o constructo foi dividido em seis partes: dados de identificação e sociodemográficos, percepções e perspectivas relacionadas ao procedimento cirúrgico, dados vitais e medidas antropométricas, necessidades psicobiológicas, necessidades psicossociais e necessidades psicoespirituais.

Conforme os critérios estabelecidos pelo grupo DISABKIDS® o instrumento foi avaliado quanto a aparência e conteúdo, conforme a seguir:

  1. Layout: tipo de letra, as cores utilizadas, a composição visual, tamanho do instrumento, a disposição do texto e o tamanho das letras dos títulos;
  2. Cultura: compatibilidade do texto com o público-alvo, adequação como recurso no preparo pré-operatório;
  3. Aplicabilidade: identifica pontos importantes para segurança do paciente,
  4. Objetivos: atinge a proposta de fortalecer a consulta de enfermagem pré-operatória;
  5. Relevância: atua como suporte científico do enfermeiro à promoção da segurança do paciente e segurança do profissional;
  6. Conteúdo do tema: identifica no instrumento a base teórica das NHB, identifica a SAEP no decorrer do instrumento; aborda pontos importantes para o preparo da sala operatória.

O instrumento apresentava, para cada domínio, opções de resposta organizadas em uma escala bidirecional do tipo Likert, com as seguintes opções: “concordo totalmente”, “concordo em parte”, “discordo em parte” e “discordo totalmente”. Além disso, havia um campo específico onde os participantes podiam sugerir melhorias para o item avaliado. A importância das afirmativas foi destacada pela sua formulação unidirecional, ou seja, quanto mais a resposta se aproximasse de “concordo totalmente”, mais o instrumento era considerado adequado em termos de segurança do paciente, que era o objetivo principal da avaliação.       

Os juízes receberam uma carta convite e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para preenchimento e assinatura. Para avaliação do instrumento, as respostas dos juízes foram digitadas em um banco de dados no Microsoft Excel (2019) e, ao término da rodada de avaliações, o instrumento passou por análise estatística que buscou encontrar no mínimo de 80% de concordância entre os juízes, que é o índice mínimo recomendado pela literatura (CUNHA, 2016)

Após a finalização de avaliação dos juízes, os itens que obtiveram menos de 80% de aceitação foram reavaliados e confrontados com a literatura e posteriormente reformulados, segundo recomendações da técnica Delphi. Os dados foram analisados através de cálculo de frequência, considerando válido superior a 0,80 ou 80%.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia, com parecer 6.786.200 e Certificado de Apresentação de Apreciação Ética:77621624.4.0000.5152.

RESULTADOS

Realizaram-se confecção, estruturação do instrumento para coleta de dados, registro dos dados e avaliação de conteúdo e aparência por um comitê de juízes especialistas, composto por cinco profissionais. Dentre os participantes, houve predominância do sexo masculino (60%), 80% dos profissionais com mais de 10 anos de atuação com pacientes cirúrgicos e 60% com mais de 20 anos, 70% trabalham em instituição pública e 60% são doutores com experiência na docência.

       A primeira parte da avaliação de aparência do instrumento foi sobre o Layout. Dos cinco juízes, 100% concordaram totalmente que o tipo, tamanho de letra e as cores aplicadas ao texto são pertinentes e facilitadoras para a leitura, 80% concordaram totalmente que a composição visual está atrativa e bem-organizada e 100% concordam totalmente que o tamanho do instrumento e número de páginas estão adequados. E, 80% concordam totalmente que o tamanho das letras dos títulos está adequado. 60% concordam totalmente que a disposição do texto está adequada. Neste último item houve sugestões sobre inversão da ordem dos itens 4.3, 4.4 e 4.10 e alguns juízes já alertaram quanto a atualização de alguns termos utilizados.

Ainda na primeira parte da validação, o instrumento foi avaliado quanto a Cultura, sendo que 60% concordaram totalmente que o texto está compatível com o público-alvo, atendendo aos diferentes perfis de usuários. Neste momento, as principais sugestões foram para utilizar a escala analógica da dor da O.M.S e acrescentar no título do documento que se trata de pacientes de cirurgia eletiva. E, 60% concordaram totalmente que o instrumento está adequado para uso como recurso no preparo pré-operatório do paciente. Neste item as principais sugestões foram acrescentar ocupação nos dados de identificação e troca para alguns termos mais atuais, reavaliar a indicação do item 4.11 cono NHB. Na avaliação da Aplicabilidade 100% dos juízes concordam totalmente que o instrumento possui aplicabilidade e identifica pontos importantes para a segurança do paciente.

Quadro 2: Consenso entre os juízes para os itens avaliados da aparência do instrumento:

VariáveisDelphi n = 5 ou n%
1 – Layout: 
Tipo de letra utilizado facilita a leitura05 (100%) Concordam totalmente
As cores aplicadas ao texto são pertinentes e facilitadoras para a leitura.05(100%) Concordam totalmente
O tamanho do instrumento e o número de páginas estão adequados.05 (100%) Concordam totalmente
A disposição do texto está adequada03 (60%) Concordam Totalmente 02 (40%) Concordam em partes
O tamanho das letras dos títulos, subtítulos estão adequados 05 (100%)
2- Cultura 
O texto está compatível com o público-alvo, atendendo aos diferentes perfis de usuários.03 (60%) Concordam totalmente 02(40%) Concordam em partes
O instrumento está adequado para uso como recurso pré-operatório do paciente.03(60%) Concordam totalmente 02(40%) Concordam em parte
3 – Aplicabilidade 
O instrumento possui aplicabilidade prática e identifica pontos importantes para a segurança do paciente.05 (100%) Concordam totalmente

Fonte: Autor, 2024.

Em relação à aparência, as readequações sugeridas no instrumento pelos juízes estavam relacionadas aos espaços entre os itens, ajustes de termos para mais atuais e readequação dos itens 2.3(relato de alergias) e 2.4(termo de consentimento cirúrgico) pois foi sinalizado que estes critérios estão relacionados aos dados de identificação. Também foi sugerido que no título do instrumento tenha a informação que a consulta é para pacientes de cirurgia eletiva.

No quesito Cultura20% dos juízes sugeririam avaliar a necessidade dos itens 4.11.1(posicionamento cirúrgico) e 4.11.2 (sangramento intraoperatório) pois foi orientado que estes quesitos são informações relatadas pelo cirurgião. No item 4.11.5(nome de medicamento em uso e tempo de suspenção) 20% dos juízes sugerem separar o nome do medicamento do tempo de suspenção. Houve alertas dos juízes para orientações aos pacientes quanto ao item 4.11.4 sobre os riscos do uso de adornos.

 No que diz respeito ao aspecto de conteúdo, a primeira versão do instrumento integrava seis itens que foram analisados conforme a seguir:

Item 1: Dados de identificação e sociodemográficos (nome, nome social, data da coleta, sexo, idade, número de prontuário, escolaridade, informante, cirurgia proposta e data da cirurgia)

Item 2: Percepções e perspectivas relacionadas ao procedimento cirúrgico, com perguntas sobre o motivo da cirurgia, a história da moléstia atual, relatos de alergia, termo de consentimento cirúrgico, dúvidas sobre a cirurgia.

Item 3: Dados vitais e medidas antropométricas (Pressão arterial, Frequência respiratória, frequência cardíaca, peso, temperatura, altura e escala de dor)

Item 4: Necessidades psicobiológicas: cuidado corporal, avaliação cutaneomucosa, hidratação, nutrição, regulação neurológica, escala de coma de Glasgow, Oxigenação, regulação cardiovascular, eliminações urinária e intestinal, mecânica corporal, necessidades de segurança e proteção.

Item 5: Necessidades psicossociais: segurança emocional, orientação no tempo/espaço, comunicação, recreação/atividade/lazer, educação em saúde, necessidades de gregária

Item 6:Necessidades psicoespirituais: religiosidade/crença, avaliação de restrição para transfusão sanguínea. Na construção do instrumento todos os itens tinham a opção outros.

A tabela 3 descreve o consenso entre os juízes quanto aos itens analisados no que diz respeito ao conteúdo do instrumento para coleta de dados na Consulta de Enfermagem pré-operatória para pacientes que serão submetidos a cirurgia eletiva durante o atendimento ambulatorial.

Quadro 3: Consenso entre juízes quanto a avalição de conteúdo do instrumento Consulta de Enfermagem pré-operatória:

1 – ObjetivosDelphi n = 5 ou n%
Atinge a proposta de fortalecer a consulta de enfermagem pré-operatória.05 (100%) Concordam totalmente em todos os itens
2- Relevância 
Atua como suporte científico do enfermeiro à promoção da segurança do paciente (cirurgia segura) e segurança do profissional.05 (100 %) Concordam totalmente em todos os itens
3- Conteúdo do tema 
Identifica no instrumento a base teórica das NHB de Wanda Horta e Pirâmide de Maslow05(1000%) Concordam totalmente  
Identifica a SAEP no decorrer do instrumento04(80%) Concordam totalmente 01(20%) Concordam em partes
Aborda pontos importantes para o preparo da Sala operatória04(80%) Concordam totalmente 01(20%) concordam em partes

Fonte: Autor, 2024.

Nas avaliações dos quesitos objetivos e relevância o instrumento obteve 100% de concordância, mas em relação ao conteúdo do tema 20% dos juízes concordaram em parte e avaliaram que o instrumento é uma parte da SAEP pois não contém prescrição de enfermagem e ainda há a necessita de colocar orientações na perspectiva de reduzir os riscos levantados. 20% dos juízes também concordaram parte que o instrumento aborda pontos importantes para o preparo da sala operatória pois avaliaram que somente as informações de peso, alergia e especificidade com hemocomponentes são importantes para o preparo da sala operatória.

Após as readequações sugeridas no instrumento, foi adotada todas as sugestões de atualização de termos técnicos. No título foi incluído a informação que a consulta de enfermagem é para pacientes de cirurgia eletiva. No item 1 (dados de identificação e sociodemográficos foi incluído item relacionado à ocupação do paciente. No item 3 a escala de dor foi substituída pela escala analógica da dor da O.M.S. os itens 2.3 e 2.4 foram incluídos nos dados de identificação e excluídos do item 2. O item mecânica corporal (4.10) foi posicionado logo após o item 4.5 em atendimento à logica do exame físico cefalopodal.  

Os juízes concluíram que o instrumento cumpriu os objetivos para os quais foi desenvolvido, recomendando sua utilização na coleta de dados durante a Consulta de Enfermagem pré-operatória em pacientes submetidos a cirurgias eletivas.

DISCUSSÃO

A construção e a avaliação por pares de conteúdo e aparência do instrumento para a coleta de dados durante a Consulta de Enfermagem pré-operatória, foram desenvolvidas com rigor metodológico, para possibilitar que conhecimentos científicos fossem acessíveis aos profissionais de enfermagem que atuam nestes espaços.

O ponto de partida da construção deste instrumento foi fundamentado através da Teoria das NHB, a qual durante o processo de avaliação dos juízes se mostrou adequada para atingir o proposto pelo instrumento. O uso das teorias de enfermagem como orientação filosófica para o cuidado permite ao enfermeiro não somente uma investigação de enfermagem holística, mas a implementação de um plano de cuidado que contemple as necessidades biopsicossociais que interferem na saúde (BARROS; LEMOS, 2017)

O modelo de Pasquali, apesar de ser da psicologia e consistir na teoria da elaboração de escalas psicométricas aplicáveis à construção de testes psicológicos de aptidão, de inventários, de personalidade, de escalas psicométricas de atitude e do diferencial semântico, é observado em pesquisas de enfermagem e envolve a teoria da elaboração de instrumentos de medida de fenômenos subjetivos, com a composição de três conjuntos de procedimentos: teóricos, empíricos (experimentais) e analíticos (estatísticos) (PASQUALI, 2010)

O emprego de um instrumento para registro e coleta de dados é a primeira etapa do P.E. O P.E caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos. Distinguem-se seis fases ou passos: o primeiro passo é o Histórico de enfermagem: roteiro sistematizado para o levantamento de dados do ser humano que tornam possível a identificação de seus problemas. Estes dados, convenientemente analisados levam ao segundo passo que é o Diagnóstico de Enfermagem. O diagnóstico avaliado levará ao terceiro passo que é o plano assistencial. O quinto passo é a evolução de enfermagem e o sexto e último passo é o prognóstico de enfermagem. (HORTA, 1979)

Neste contexto, a aplicação do instrumento para coleta de dados na Consulta de Enfermagem pré-operatória de cirurgia eletiva irá contribuir para identificação de problemas que agregam danos ao paciente e assim, esses dados subsidiarão a construção de um plano de cuidados, evidenciando assim as próximas etapas do P.E

Nesta perspectiva este estudo buscou contribuir com um instrumento construído a partir de uma linguagem padronizada que visa nortear a assistência em enfermagem, tornando-a direcionada e individualizada, além de facilitar o levantamento de ações, pelo fato de documentar a prática em cuidado.

Salienta-se que a validação externa do instrumento ainda não foi realizada, uma vez que aqui se tratou da elaboração de instrumento e, somente após a capacitação dos enfermeiros que ele será utilizado, seguidas de avaliações periódicas sobre seu uso, pois os processos de saúde estão sempre em construção e são dinâmicos.

CONCLUSÃO                                             

Foi apresentado um instrumento para coleta de dados na Consulta de Enfermagem pré-operatória de cirurgias eletivas durante o atendimento ambulatorial, o qual se mostrou confiável quanto ao conteúdo e aparência, uma vez que ele apontou propriedades psicométricas aceitáveis à sua utilização. O consenso dos juízes forneceu evidências para confiabilidade do instrumento, com as alterações dos itens por eles recomendados. A avaliação do instrumento seguiu a metodologia da técnica Delphi.

Assim, este estudo deve contribuir para a coleta de dados durante a Consulta de enfermagem pré-operatória e permitir avaliar as necessidades desse tipo de paciente, possibilitando um planejamento de intervenções individualizadas. Porém é possível que durante a aplicação do instrumento na Consulta de Enfermagem apareçam outras demandas de ajustes, pois o processo saúde-doença se configura como um processo dinâmico, complexo e multidimensional.

REFERÊNCIAS

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CUNHA, C.M. Patient Activation Measure (PAM): Adaptação e validação das versões de 22 e de 13 itens em uma amostra de brasileiros com doenças crônicas. Ribeirao Preto, 2016.

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PASQUALI, L. Instrumentação psicológica: Fundamentos e práticas. Porto Alegra, Brasil: Artmed.568 p.


1 Especialização em gestão hospitalar no SUS. Técnico administrativo. Universidade Federal de Uberlândia. Av Pará, 1720, Umuarama, Uberlândia. fabiana.callegari@ufu.br

2 Doutorado Ciências da Saúde. Docente do curso de graduação em Enfermagem- FAMED – UFU. Av, Pará, 1720, Umuarama, Uberlândia. profasuelyamorim@ ufu.br.

3 Doutorado. Faculdade de medicina/UFU – Graduação em Enfermagem. Av Pará 1720, Bloco 2U, campus Umuarama, Uberlândia – MG. cristiane.cunha@ufu.br

4 Universidade Federal de Uberlândia. Av. João Naves de Ávila, 2121, Bairro Santa Mônica, Uberlândia – MG CEP 38408-100. paulo.mendes@ufu.br