REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410311302
Beatriz Feitosa1
Giovanna Azevedo da Silva1
João Vitor1
Rodrigo Santos1
Orientador: Gabriel Silva2
Resumo
A raiva animal, causada por um vírus da família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus, é uma doença fatal que afeta mamíferos. Transmitida pela saliva de animais infectados através de mordidas e lambidas em mucosas ou feridas, representa um sério risco para os seres humanos. No Brasil felinos e caninos são as principais fontes de infecção nas áreas urbanas, porém, no estado de São Paulo, desde 1998, todos os casos foram atribuídos a variantes de morcegos, após o último caso de raiva canina.
Embora os casos de raiva em cães e gatos sejam esporádicos, 15 cães e 22 gatos foram diagnosticados laboratorialmente com a doença entre 2002 e agosto de 2023. O último caso humano de raiva canina em São Paulo foi em 1997. A raiva continua sendo um desafio global de saúde pública, com seu potencial letal e o alto número de pessoas que precisam de tratamentos pós-exposição.
A falta de comprometimento dos tutores com a vacinação, a falta de distribuição de informação acerca do assunto como medida preventiva e o cancelamento das campanhas de vacinação animal fornecidas pela Prefeitura de São Paulo aumentaram a preocupação.
Palavras chave: Vírus; Saúde pública; Vacinação; Conscientização.
Abstract
Animal rabies, caused by a virus from the Rhabdoviridae family, Lyssavirus genus, is a fatal disease that affects mammals. Transmitted by the saliva of infected animals through bites or licks on mucous membranes or wounds, it poses a serious risk to humans. In Brazil, felines and canines are the main sources of infection in urban areas, however, in the state of São Paulo, since 1998, all cases have been attributed to bat variants, after the last case of canine rabies.
Although cases of rabies in dogs and cats are sporadic, 15 dogs and 22 cats were laboratory diagnosed with the disease between 2002 and August 2023. The last human case of canine rabies in São Paulo was in 1997. Rabies remains a challenge global public health issue, with its lethal potential and the high number of people in need of post-exposure treatments.
The lack of commitment from owners to vaccination and the cancellation of animal vaccination campaigns provided by the City of São Paulo increased concerns.
Keywords: Virus; public health; vaccination; Awareness.
INTRODUÇÃO
A raiva, uma doença zoonótica frequentemente subestimada e negligenciada, representa uma ameaça significativa à saúde pública. Transmitida por animais infectados, como morcegos, cães, gatos e raposas, entre outros, a raiva apresenta um risco elevado tanto para a população humana quanto para outros animais. Este artigo investiga o nível de conhecimento da população sobre a raiva como uma questão de responsabilidade pública. Destacaremos a importância crucial de reconhecer a raiva como uma séria ameaça à saúde pública, enfatizando a necessidade de ações coordenadas e investimentos em medidas de controle e prevenção.
OBJETIVO
Este estudo visa investigar o conhecimento da população sobre a raiva como uma questão de responsabilidade pública, analisando suas implicações sociais, psicológicas e políticas, com o propósito de testar o conhecimento popular para o desenvolvimento de melhores estratégias de prevenção a nível comunitário no bairro de Itaquera, além de comprovar que a disseminação de informações sobre raíva não é bem realizada e executada por parte de políticas públicas.
MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia consistiu em duas etapas a primeira uma pesquisa adotada para a obtenção e verificação de respostas que representam e analisam o conhecimento popular, para isso foi realizado uma pesquisa exploratória descritiva onde foi feito um formulário simples através do Google Forms contendo sete perguntas e disseminado por meio das redes sociais durante um período de 7 dias. Foram coletadas respostas de moradores da região de Itaquera, os resultados obtidos foram expressos através de gráficos. A segunda etapa foi coleta de dados bibliográficos através de sites governamentais e outros trabalhos acadêmicos por meio do Scielo (Scientific Electronic Library Online) e Google Acadêmico. Importante ressaltar que não foram consideradas datas de publicação dos artigos.
RESULTADOS
Das 100 pessoas questionadas sobre seu conhecimento a cerca da transmissão da raiva 85,2% afirmou saber como é feita a transmissão, enquanto 14,8% não sabia.
Figura 1 – Conhecimento sobre a forma de transmissão da raiva.
Das 100 pessoas questionadas sobre o PNPR, 66,5% afirmou não ter conhecimento do mesmo, enquanto 33,3% conhecia.
Figura 2 – Conhecimento sobre o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva.
Entre as 100 pessoas que foram questionadas se acreditam haver ou não informações suficientes disponíveis para população, 85,2 acredita que não, enquanto 14,8 acreditam que sim.
Figura 3 – Concordam ou não com a suficiência de disponibilidade de informações sobre a doença.
Quando questionados sobre as fontes de obtenção de informações sobre a raiva, 59,3% afirmam obter informações pela internet, 44,4% obtiveram informações por médicos veterinários ou amigos e familiares, 25,9% por informações do ministério da saúde, 22,2% por sites de órgãos de saúde pública, e 3,7% por instituições de ensino.
Figura 4 – Sobre as fontes pelas quais se obtiveram informações sobre a raiva.
Dos 100 entrevistados, 51,9% possuem conhecimento sobre os sintomas da raiva, enquanto 48,1% não possuem.
Figura 5 – Conhecimento sobre os sintomas da raiva.
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos em São Paulo capital destacam que mesmo em áreas onde o acesso à informação é mais viável, ainda existe uma parcela significativa da população que não compreende totalmente a relevância de uma doença zoonótica como a raiva.
A prevalência de informações sobre a raiva obtidas na internet, como indicado pela pesquisa, levanta preocupações sobre a disseminação de falsas informações, especialmente em redes sociais relacionadas à saúde. Essas informações falsas podem levar as pessoas a abandonarem tratamentos médicos comprovados ou ignorarem medidas de prevenção, contribuindo para a propagação da desinformação e aumento do risco de transmissão da raiva. Vale ressaltar que as informações falsas são até mesmo consideradas pela própria Organização Mundial de Saúde uma das maiores ameaças contra a saúde global.
Embora a raiva seja controlada em ambientes urbanos, o maior risco de transmissão ocorre em áreas rurais, onde o contato com animais de vida livre é mais comum (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2023). Nessas áreas, o acesso à informação pode ser limitado, cerca de 19% ainda não possui acesso à internet (PNAD, 2023), o que destaca a necessidade de estratégias de conscientização que possam chegar a todos habitantes desses locais.
CONCLUSÃO
Ao final da pesquisa foi possível notar a falta de conhecimento popular sobre a importância da vacinação anti rábica. Este resultado é devido a pouca divulgação e da baixa quantidade de campanhas de rua para a vacinação dos animais que antes era fornecida pela Prefeitura do estado de São Paulo. Com isso, surge uma preocupação maior é que se faz necessário maior incentivo a fim de que melhore a educação e conscientização da população sobre a gravidade da raiva animal e as formas de prevenção. Isso inclui a importância da vacinação de animais de estimação, medidas de controle de populacional de animais transmissores, e orientações sobre como agir em caso de contato com um animal suspeito de estar infectado.
REFERÊNCIAS
REVISTA SINAPSE MÚLTIPLA. v. 12, n. 1, p. 42-44, jan./jul. 2023.
RAIVA: saiba mais sobre a doença, quais os sintomas e como prevenir. Disponível em: https://www.saude.ce.gov.br/2023/05/11/raiva-saiba-mais-sobre-a-doenca-quais-os-sintomase-como-prevenir/. Acesso em: 28 abr. 2024.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Raiva. Disponível em: https://www.gov.br/saude/ptbr/assuntos/saude-de-a-a-z/r/raiva. Acesso em: 01 mai. 2024.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Rabies: transmission. Disponível em: https://www.cdc.gov/rabies/transmission/index.html. Acesso em: 02 mai. 2024.
KOTAIT, I. et al. Reservatórios silvestres do vírus da raiva: um desafio para a saúde pública. BEPA. Boletim Epidemiológico Paulista, São Paulo, v. 4, n. 40, p. 2–8, 2007. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/38754. Acesso em: 02 mai. 2024.
WADA, Marcelo Yoshito; ROCHA, Silene Manrique; MAIA-ELKHOURY, Ana Nilce Silveira. Situação da raiva no Brasil, 2000 a 2009. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 2011, v. 20, n. 4, p. 509-518. ISSN 1679-4974. Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?pid=S1679-49742011000400010&script=sci_abstract. Acesso em: 02 mai. 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único [recurso eletrônico]. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 740 p.: il.
INSTITUTO PASTEUR. Vacinação contra a raiva de cães e gatos. São Paulo: Instituto Pasteur, 1999. (Manual Técnico do Instituto Pasteur, 3)
¹ Estudantes do curso de medicina veterinária
² Médico veterinário e docente orientador