THE CHOICE OF THE BEHAVIORIST APPROACH AND ITS IMPORTANCE IN THE TRAINING OF PSYCHOLOGISTS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410311351
Paula Natalia Mosconi Oliveira da Silva1
Josiele Aparecida da Silva2
Douglas Sóstenes Souza Gonzaga3
RESUMO
A escolha da abordagem behaviorista na formação do psicólogo tem se mostrado fundamental, dada sua ênfase em práticas baseadas em evidências e na modificação de comportamentos observáveis. Este estudo tem como objetivo geral analisar a importância da escolha da abordagem behaviorista na formação do psicólogo, explorando como essa perspectiva teórica contribui para o desenvolvimento das competências profissionais, a compreensão dos fenômenos psicológicos e a aplicação prática em diferentes contextos de atuação. Os objetivos específicos buscam apresentar as principais técnicas behavioristas utilizadas em terapia, educação e organizações, destacando suas características e princípios fundamentais, bem como descrever as particularidades culturais, sociais e institucionais do Brasil que podem influenciar a adaptação e implementação das técnicas behavioristas em diferentes contextos e por fim, evidenciar a eficácia das técnicas behavioristas em terapia, educação e organizações no Brasil. A metodologia adotada é uma revisão bibliográfica, utilizando fontes acadêmicas relevantes para entender a aplicabilidade do behaviorismo no Brasil. Os resultados indicam que as técnicas behavioristas, como a análise do comportamento aplicada, têm eficácia comprovada em diversos contextos nacionais, adaptando-se às particularidades culturais e sociais do país. Conclui-se que a abordagem behaviorista não só oferece uma base sólida para a prática clínica, mas também promove um pensamento crítico e analítico, essencial para a formação de psicólogos capazes de enfrentar desafios contemporâneos.
Palavras-chave: Behaviorismo, Psicologia, Formação Profissional, Aplicabilidade.
ABSTRACT
The choice of the behaviorist approach in the training of psychologists has proven to be fundamental, given its emphasis on evidence-based practices and the modification of observable behaviors. The general objective of this study is to analyze the importance of choosing the behaviorist approach in the training of psychologists, exploring how this theoretical perspective contributes to the development of professional skills, the understanding of psychological phenomena, and the practical application in different contexts of work. The specific objectives seek to present the main behaviorist techniques used in therapy, education, and organizations, highlighting their characteristics and fundamental principles, as well as to describe the cultural, social, and institutional particularities of Brazil that can influence the adaptation and implementation of behaviorist techniques in different contexts and, finally, to demonstrate the effectiveness of behaviorist techniques in therapy, education, and organizations in Brazil. The methodology adopted is a bibliographic review, using relevant academic sources to understand the applicability of behaviorism in Brazil. The results indicate that behaviorist techniques, such as applied behavior analysis, have proven effectiveness in various national contexts, adapting to the cultural and social particularities of the country. It is concluded that the behaviorist approach not only offers a solid basis for clinical practice, but also promotes critical and analytical thinking, which is essential for the training of psychologists capable of facing contemporary challenges.
Keywords: Behaviorism, Psychology, Professional Training, Applicability.
1 INTRODUÇÃO
A escolha da abordagem behaviorista na formação do psicólogo tem ganhado destaque nos debates acadêmicos e profissionais devido à sua ênfase na prática baseada em evidências e na modificação de comportamentos observáveis. O behaviorismo, que emergiu no início do século XX como uma resposta às limitações das abordagens introspectivas, transformou-se em uma ferramenta fundamental para a intervenção psicológica eficaz. Com raízes em pesquisas rigorosas sobre condicionamento clássico e operante, desenvolvidas por pioneiros como Ivan Pavlov e B.F. Skinner, o behaviorismo oferece um arcabouço teórico e prático que sustenta intervenções clínicas em diversos contextos. Assim, compreender a relevância dessa abordagem na formação de psicólogos é crucial para preparar profissionais que possam aplicar técnicas eficazes e comprovadas em sua prática (MALTA, 2021).
Nesse contexto, historicamente, o behaviorismo surgiu como uma reação ao introspeccionismo, que dominava a psicologia no final do século XIX. Enquanto o introspeccionismo dependia da autoanálise dos processos mentais, o behaviorismo propôs um foco exclusivo no comportamento observável, fundamentando-se na ideia de que apenas o que pode ser medido de forma objetiva deve ser considerado pela ciência psicológica. Este deslocamento de paradigma permitiu que a psicologia evoluísse para uma disciplina mais científica e menos subjetiva, trazendo consigo a possibilidade de replicação e verificação empírica dos fenômenos comportamentais. Essa transformação impactou profundamente a maneira como a psicologia é ensinada e praticada, destacando a importância da abordagem behaviorista na educação dos futuros psicólogos (DE OLIVEIRA MAGALHÃES, 2021).
Além disso, na prática clínica, a abordagem behaviorista se destaca por sua capacidade de oferecer intervenções estruturadas e baseadas em dados concretos. Técnicas como a terapia comportamental, a análise do comportamento aplicada (ABA) e o condicionamento operante são amplamente utilizadas para tratar uma variedade de transtornos, desde fobias à transtornos do neurodesenvolvimento, como o transtorno do espectro autista. A aplicação dessas técnicas exige que os psicólogos tenham uma formação sólida nos princípios behavioristas, permitindo-lhes adaptar intervenções às necessidades específicas de cada cliente (BRANCATO et al., 2020).
Ademais, o behaviorismo não apenas proporciona técnicas eficazes de intervenção, mas também encoraja uma mentalidade analítica baseada em evidências entre os psicólogos. Ao focar em dados observáveis e na análise de contingências ambientais, o behaviorismo promove um pensamento crítico e uma abordagem sistemática para a resolução de problemas clínicos. Isso é especialmente relevante na formação do psicólogo, onde a habilidade de avaliar e modificar comportamentos de forma objetiva é fundamental para o sucesso terapêutico. A formação behaviorista não só contribui para o desenvolvimento de competências técnicas, mas também para a construção de uma prática clínica que valoriza a objetividade e a eficácia (SOUZA et al., 2021).
Entretanto, a escolha da abordagem behaviorista também deve ser contextualizada dentro de um cenário mais amplo, que considera a integração de múltiplas abordagens teóricas. Embora o behaviorismo ofereça benefícios claros, é essencial que os psicólogos em formação sejam expostos a uma variedade de perspectivas para desenvolver uma prática mais holística e adaptável. Isso inclui a compreensão de abordagens cognitivas, humanistas e psicodinâmicas, que podem complementar a formação behaviorista e enriquecer a capacidade do psicólogo de atender às diversas necessidades dos clientes. Essa diversidade teórica, quando aliada ao rigor analítico do behaviorismo, fortalece a formação do psicólogo e amplia seu repertório de intervenções clínicas (RABASCO et al., 2022).
Portanto, o propósito deste estudo consiste em explorar a importância do behaviorismo na formação do psicólogo, tanto em nível acadêmico quanto prático.
Esta pesquisa busca informar sobre a história do behaviorismo, suas contribuições para a psicologia e sua importância na formação do psicólogo. Através deste estudo, pretende-se contribuir para um melhor entendimento sobre a importância do behaviorismo na formação dos psicólogos, ressaltando seu valor teórico e prático para a profissão.
Para tal, o presente trabalho busca responder: como as técnicas behavioristas podem ser adaptadas e aplicadas de forma eficaz em diferentes contextos nacionais, como terapia, educação e organizações, considerando as particularidades culturais, sociais e institucionais do Brasil?
Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar a importância da escolha da abordagem behaviorista na formação do psicólogo, explorando como essa perspectiva teórica contribui para o desenvolvimento das competências profissionais, a compreensão dos fenômenos psicológicos e a aplicação prática em diferentes contextos de atuação. Os objetivos específicos buscam apresentar as principais técnicas behavioristas utilizadas em terapia, educação e organizações, destacando suas características e princípios fundamentais, bem como descrever as particularidades culturais, sociais e institucionais do Brasil que podem influenciar a adaptação e implementação das técnicas behavioristas em diferentes contextos e por fim, evidenciar a eficácia das técnicas behavioristas em terapia, educação e organizações no Brasil.
A justificativa para a realização desta pesquisa advém da relevância e necessidade de compreender a aplicabilidade das técnicas behavioristas no eixo nacional. O behaviorismo é uma abordagem teórica amplamente utilizada na psicologia aplicada, com potencial para promover mudanças comportamentais amplas em uma variedade de áreas, como terapia, educação e organizações. Todavia, é fundamental entender como essas técnicas podem ser adaptadas e implementadas de forma adequada em um país tão diversificado e complexo quanto o Brasil.
Uma das razões para a importância desta pesquisa consiste na necessidade de oferecer imersões e orientações práticas para profissionais que desejam utilizar as técnicas behavioristas em suas práticas. Compreender as particularidades culturais, sociais e institucionais do Brasil é de grande valia para adaptar as intervenções comportamentais de maneira sensível e eficaz, garantindo que atendam às necessidades e realidades únicas das populações-alvo.
Além disso, a pesquisa nesta área tende a corroborar para com o avanço do conhecimento científico sobre a aplicabilidade do behaviorismo em contextos diversos, fornecendo evidências empíricas sobre a eficácia das técnicas behavioristas em diferentes cenários nacionais. Isso pode ajudar a fortalecer a base teórica e prática do behaviorismo, bem como informar o desenvolvimento de novas intervenções e abordagens baseadas em evidências.
Outra razão para a importância desta pesquisa se trata do potencial impacto positivo que as técnicas behavioristas podem ter na promoção da saúde mental, no desenvolvimento educacional e no desempenho organizacional no Brasil. Ao abranger como essas técnicas podem ser aplicadas, os profissionais podem favorecer a melhoria da qualidade de vida das pessoas, a promoção da igualdade de oportunidades e o desenvolvimento de sociedades mais saudáveis e produtivas.
Para a presente pesquisa, optou-se por uma metodologia que estivesse alinhada à proposta de pesquisa e possibilitasse o alcance de seus resultados partindo dos objetivos propostos. Aponta-se que a pesquisa é um princípio basilar para a construção e desenvolvimento de conhecimento em determinado campo de estudo, dessa forma, ela permite que novos horizontes de conhecimento sejam encontrados e estudados.
Neste sentido, optou-se pela metodologia de revisão bibliográfica que se baseia em pesquisas a partir da literatura, tendo como fontes de pesquisa revistas científicas, livros, manuais, tratados, publicações acadêmicas, materiais publicados na internet, entre outras fontes de cunho acadêmico e/ou científico. Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizadas citações e pesquisas que se relacionassem com o tema, como teses, dissertações, artigos, livros, monografias e citações traduzidas
Os procedimentos de coleta foram iniciados por uma leitura exploratória de todas as obras selecionadas, variando entre leitura objetiva e leitura rápida, tendo como finalidade avaliar se a obra em questão possuía potencial contribuição para o desenvolvimento da pesquisa.
Também foi realizada o tipo de leitura denominada seletiva, esta que por sua vez, consiste em uma aprofundada leitura, a fim de verificar a consistência do conteúdo. Foi realizado o registro de todas as obras utilizadas para o desenvolvimento do conteúdo desta pesquisa, é possível encontrar suas indicações a partir do registro de nome e ano de publicação da obra utilizada.
Em uma última etapa, foi aplicada a leitura analítica de todo o conteúdo desenvolvido, tendo como objetivo ordenar e sumaria todas as informações pesquisadas e desenvolvidas. Para esta finalidade, foram consideradas aqueles dados que auxiliariam alcançar as respostas do problema de pesquisa e contemplar os objetivos propostos.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA ABORDAGEM BEHAVIORISTA
A abordagem behaviorista na psicologia tem suas raízes na filosofia empírica britânica, especialmente nas ideias de John Locke e David Hume. Esses filósofos enfatizavam a experiência sensorial como fonte do conhecimento, uma concepção fundamental que influenciaria posteriormente o behaviorismo. Locke, em particular, propôs que a mente é uma “tábula rasa” no nascimento, moldada pelas experiências, um conceito central para a teoria behaviorista. Além disso, o positivismo de Auguste Comte, que defendia que o conhecimento válido deve ser obtido por meio da observação e experimentação científica, foi crucial para o desenvolvimento do behaviorismo. Esta ênfase na observação empírica direta inspirou os behavioristas a focarem no comportamento observável em vez de processos mentais internos (MALTA, 2021).
Com efeito, o início formal do behaviorismo é geralmente atribuído a John B. Watson, que é considerado o fundador do movimento. Em 1913, ele publicou o artigo “Psychology as the Behaviorist Views It“, no qual argumentava que a psicologia deveria ser uma ciência objetiva, focada no comportamento observável e nas condições ambientais que o moldam. Watson foi fortemente influenciado pelos trabalhos de Ivan Pavlov, um fisiologista russo cujas pesquisas sobre reflexos condicionados demonstraram como respostas comportamentais podiam ser condicionadas por estímulos ambientais. O famoso experimento de Pavlov com cães mostrou que um estímulo neutro, quando emparelhado repetidamente com um estímulo incondicionado, poderia evocar uma resposta condicionada (DE OLIVEIRA MAGALHÃES, 2021).
Ademais, um dos experimentos mais notórios de Watson foi o estudo de “Little Albert”, onde ele demonstrou o condicionamento emocional ao associar um som alto (estímulo incondicionado) com um rato branco (estímulo neutro), resultando em uma resposta de medo condicionada ao rato. Este estudo exemplificou a aplicação do condicionamento clássico a comportamentos complexos. Após Watson, B.F. Skinner expandiu o behaviorismo com a introdução do conceito de condicionamento operante, que se concentra em como as consequências de uma ação influenciam a probabilidade de sua repetição. Skinner propôs que o comportamento é moldado por reforços e punições, o que teve um impacto profundo na psicologia experimental e aplicada (SOUZA et al., 2021).
Para aprofundar essa questão, Skinner desenvolveu a “caixa de Skinner”, um dispositivo que permitia o controle preciso de estímulos e reforços em animais, geralmente ratos ou pombos. Com isso, ele demonstrou princípios como reforço contínuo e intermitente, e como diferentes esquemas de reforço afetam a taxa de resposta. A abordagem behaviorista evoluiu para incluir a terapia comportamental, que aplica princípios behavioristas para modificar comportamentos desadaptativos. Técnicas como reforço positivo, dessensibilização sistemática e modelagem são amplamente usadas em contextos clínicos para tratar uma variedade de condições, incluindo fobias e transtornos de ansiedade (CASSIANO, 2023).
Inicialmente, o behaviorismo enfrentou críticas por sua rejeição aos processos mentais internos e sua visão mecanicista do comportamento humano. Críticos argumentavam que isso limitava a compreensão completa do comportamento humano, especialmente em relação a fenômenos complexos como emoções e cognição. Na tentativa de integrar aspectos não observáveis do comportamento, surgiu o neobehaviorismo, liderado por pesquisadores como Edward Tolman e Clark Hull. Tolman introduziu o conceito de mapas cognitivos, sugerindo que o comportamento é influenciado por representações mentais internas, enquanto Hull desenvolveu teorias sobre a aprendizagem baseada em variáveis intervenientes (AZOUBEL; SACONATTO, 2020).
Paralelamente, a influência do behaviorismo se estendeu significativamente à educação, promovendo métodos de ensino baseados em reforço e prática repetitiva. Programas educacionais inspirados no behaviorismo enfatizam o aprendizado por meio de objetivos claros e feedback imediato, práticas que continuam a influenciar o design instrucional moderno. No ambiente organizacional, o behaviorismo tem sido aplicado para melhorar a produtividade e o desempenho dos funcionários. Técnicas como a gestão por reforço e sistemas de incentivo baseados em recompensas têm sido utilizadas para motivar comportamentos desejáveis no local de trabalho (OLIVEIRA, 2021).
Com o advento da tecnologia digital, o behaviorismo encontrou novas aplicações, especialmente em áreas como análise de dados e gamificação. Sistemas que usam princípios behavioristas para modificar o comportamento, como plataformas de aprendizado online e aplicativos de saúde, têm mostrado eficácia em promover mudanças de comportamento em grande escala. A abordagem rigorosa e metodológica do behaviorismo estabeleceu padrões para a pesquisa experimental na psicologia. Os princípios de controle experimental e replicação, centrais ao behaviorismo, continuam a guiar a investigação científica no campo, garantindo a validade e a confiabilidade dos achados (BRANCATO et al., 2020).
Apesar de suas origens distintas, o behaviorismo tem se entrelaçado com outras abordagens psicológicas, como a psicologia cognitiva e a neurociência. Esta integração tem permitido uma compreensão mais holística do comportamento humano, combinando a análise comportamental com pontos sobre processos mentais internos. Atualmente, o behaviorismo permanece relevante, especialmente em aplicações práticas como a análise do comportamento aplicada (ABA), que é amplamente utilizada no tratamento de transtornos do espectro autista. ABA enfatiza o uso sistemático de intervenções baseadas em evidências para melhorar habilidades sociais, comunicativas e acadêmicas (AZOUBEL; SACONATTO, 2020).
O comportamento humano continua a ser um campo de estudo dinâmico, com novas pesquisas explorando a interseção do behaviorismo com tecnologias emergentes, como inteligência artificial e aprendizagem automática. Essas investigações prometem expandir ainda mais a compreensão e aplicação dos princípios behavioristas em contextos modernos. A história do behaviorismo é marcada por sua evolução de uma abordagem estritamente observacional para uma prática que incorpora aspectos cognitivos e contextuais do comportamento. Seu desenvolvimento contínuo e adaptação às mudanças sociais e tecnológicas destacam sua importância duradoura na formação e prática do psicólogo (MESTRE; DA COSTA, 2023).
2.2. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO BEHAVIORISMO
O behaviorismo se distingue por sua ênfase no comportamento observável como objeto de estudo principal. Os behavioristas acreditam que somente o comportamento que pode ser medido e observado de forma objetiva deve ser considerado na psicologia, excluindo os processos mentais internos, como pensamentos e emoções (SKINNER, 1974). Esta abordagem se posiciona contra o introspeccionismo, que dominava a psicologia antes do surgimento do behaviorismo. Os introspeccionistas tentavam estudar a mente através da autoanálise dos próprios pensamentos e sentimentos, um método que os behavioristas consideravam subjetivo e não científico (MALTA, 2021).
Dentre os princípios centrais do behaviorismo, destaca-se o condicionamento clássico, inicialmente desenvolvido por Ivan Pavlov. Este princípio descreve como um estímulo neutro pode, por meio da associação repetida com um estímulo incondicionado, eliciar uma resposta condicionada, exemplificando como novos comportamentos podem ser aprendidos. Complementando este conceito, o condicionamento operante, formulado por B.F. Skinner, envolve a modificação do comportamento através de consequências, como reforços e punições, que aumentam ou diminuem a probabilidade de um comportamento ocorrer novamente (DE OLIVEIRA MAGALHÃES, 2021).
No contexto do condicionamento operante, é importante entender a distinção entre reforço positivo e negativo. O reforço positivo refere-se à apresentação de um estímulo agradável após um comportamento, aumentando a probabilidade de sua repetição (SÉRIO, 2005). Por outro lado, o reforço negativo envolve a remoção de um estímulo desagradável para aumentar a ocorrência de um comportamento desejado. Ademais, a punição é utilizada para diminuir a probabilidade de um comportamento indesejado. A punição positiva envolve a introdução de um estímulo aversivo após o comportamento, enquanto a punição negativa consiste na remoção de um estímulo agradável, ambos visando reduzir a frequência do comportamento indesejado (CASSIANO, 2023).
Outro conceito relevante é a extinção, um processo pelo qual um comportamento previamente reforçado deixa de ser recompensado, levando à diminuição gradual desse comportamento. Este princípio é essencial para a compreensão de como certos comportamentos podem ser eliminados quando o reforço não é mais fornecido. Além disso, a generalização ocorre quando um comportamento aprendido em resposta a um estímulo específico é exibido em resposta a estímulos similares. Isso demonstra a capacidade dos organismos de transferirem aprendizagens para novas situações, um conceito vital no comportamento adaptativo (SOUZA et al., 2021).
Por outro lado, é fundamental abordar o princípio de discriminação, que se refere à habilidade de diferenciar entre estímulos distintos, respondendo apenas ao estímulo específico que foi associado com uma consequência particular. Este princípio é crucial para a formação de comportamentos adaptativos mais precisos e controlados. Além disso, a modelagem é uma técnica utilizada para ensinar comportamentos complexos, reforçando aproximações sucessivas do comportamento desejado. Esta técnica demonstra como comportamentos complexos podem ser decompostos em partes menores e ensinados progressivamente (MESTRE; DA COSTA, 2023).
Os programas de reforço também desempenham um papel importante dentro do behaviorismo. Eles referem-se aos esquemas utilizados para determinar quando os comportamentos são reforçados. Existem programas contínuos, onde cada resposta correta é reforçada, e intermitentes, onde apenas algumas respostas corretas são reforçadas, influenciando a taxa de aquisição e resistência à extinção. Consequentemente, o behaviorismo enfatiza o papel crucial do ambiente na formação do comportamento. Segundo esta perspectiva, o ambiente fornece os estímulos que desencadeiam respostas e moldam comportamentos através de reforços e punições (AZOUBEL; SACONATTO, 2020).
Além disso, embora tradicionalmente associado ao behaviorismo social de Albert Bandura, a aprendizagem observacional destaca como os indivíduos podem aprender novos comportamentos ao observar outros, integrando aspectos de observação e imitação ao modelo behaviorista clássico. Nesse sentido, os behavioristas defendem uma abordagem rigorosa e científica para o estudo do comportamento, enfatizando a replicação e a validação empírica. Esta adesão ao método científico distingue o behaviorismo de outras abordagens mais especulativas (VIEIRA; DE SOUZA, 2022).
Não obstante, os princípios do behaviorismo não se limitam à teoria, mas são aplicados em várias áreas práticas, como terapia comportamental, educação e psicologia organizacional, demonstrando a versatilidade e eficácia da abordagem. No entanto, apesar de sua influência, o behaviorismo enfrenta críticas por sua abordagem reducionista ao comportamento humano. Críticos argumentam que a exclusão de processos mentais internos limita a compreensão completa do comportamento humano (DE AZEVEDO; ZAMBERLAN, 2021).
Diante disso, tem havido esforços recentes para integrar os princípios behavioristas com outras abordagens psicológicas, como a psicologia cognitiva e a neurociência, permitindo uma compreensão mais abrangente e integrativa do comportamento humano. Assim, o legado do behaviorismo continua a influenciar a psicologia moderna, tanto em sua metodologia científica quanto em suas aplicações práticas. A abordagem behaviorista, com seus princípios bem definidos e aplicáveis, permanece um componente fundamental na formação de psicólogos (BRANCATO et al., 2020).
2.3. APLICAÇÕES CLÍNICAS DO BEHAVIORISMO
O behaviorismo, com sua ênfase em comportamentos observáveis e modificáveis, encontrou uma ampla gama de aplicações clínicas que têm contribuído significativamente para o tratamento de diversos transtornos psicológicos. Em particular, sua abordagem prática e baseada em evidências fornece ferramentas eficazes para a modificação de comportamentos desadaptativos e a promoção de mudanças comportamentais positivas (CASSIANO, 2023).
Entre as principais aplicações clínicas do behaviorismo está a terapia comportamental, que envolve o uso de técnicas de condicionamento clássico e operante para modificar comportamentos problemáticos. Essa abordagem tem sido utilizada para tratar uma variedade de condições, incluindo fobias, transtornos de ansiedade e comportamentos compulsivos, através de técnicas como exposição e dessensibilização sistemática (CICOTTE et al., 2021).
A exposição é uma técnica central na terapia comportamental, especialmente no tratamento de fobias e ansiedade. Por meio de uma exposição gradual a estímulos temidos, os indivíduos podem aprender a reduzir suas respostas de medo. A dessensibilização sistemática, que combina exposição com relaxamento, é uma estratégia eficaz para ajudar os pacientes a superarem suas fobias (DE OLIVEIRA MAGALHÃES, 2021).
Além disso, destaca-se a terapia de reforço positivo, que se baseia no princípio de aumentar comportamentos desejados através da apresentação de recompensas. Este método é frequentemente utilizado em contextos clínicos para encorajar comportamentos adaptativos e saudáveis, particularmente em crianças com transtornos do desenvolvimento ou problemas de comportamento. Adicionalmente, o condicionamento operante é aplicado em diversas práticas clínicas para moldar comportamentos por meio do uso sistemático de reforços e punições. Em ambientes terapêuticos, essa técnica é usada para ensinar habilidades sociais, promover a adesão a tratamentos e modificar hábitos prejudiciais à saúde (SOUZA et al., 2021).
Por outro lado, a terapia aversional é uma técnica behaviorista que utiliza estímulos aversivos para reduzir comportamentos indesejados. Embora seu uso seja controverso, tem sido aplicada em casos de vícios e comportamentos compulsivos, associando o comportamento indesejado a uma consequência negativa imediata. No contexto clínico, o treinamento de habilidades sociais utiliza princípios behavioristas para ajudar indivíduos a desenvolverem comportamentos sociais adequados. Esta intervenção é especialmente útil para pessoas com transtornos do espectro autista e outros desafios de desenvolvimento que afetam a interação social (BRANCATO et al., 2020).
Além disso, o manejo de contingências envolve a manipulação de consequências para modificar o comportamento. Em ambientes clínicos, como hospitais e clínicas de reabilitação, essa técnica é empregada para encorajar comportamentos positivos e adesão ao tratamento através do uso de reforçadores contingentes (CASTELHANO, 2023). A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é outra abordagem amplamente utilizada, especialmente no tratamento de crianças com transtornos do espectro autista. ABA se concentra na melhoria de comportamentos socialmente significativos através de intervenções baseadas em princípios behavioristas (MALTA, 2021).
Outro ponto importante é o controle de estímulos, que refere-se à modificação do ambiente para influenciar o comportamento. Na prática clínica, isso pode envolver a organização de contextos que promovem comportamentos desejados, eliminando ou minimizando estímulos que desencadeiam comportamentos problemáticos. Além disso, o treinamento de pais é uma aplicação behaviorista que ensina aos pais técnicas de modificação de comportamento para gerenciar e melhorar o comportamento de seus filhos. Este tipo de intervenção é eficaz no tratamento de problemas de comportamento infantil e na promoção de habilidades parentais positivas (AZOUBEL; SACONATTO, 2020).
Em complemento, à Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), embora integre elementos cognitivos, incorpora princípios behavioristas ao focar na aceitação de pensamentos e sentimentos internos enquanto se compromete com ações alinhadas a valores pessoais. A ACT é usada para tratar uma variedade de problemas clínicos, incluindo depressão e ansiedade. Por sua vez, a Terapia Comportamental Dialética (DBT) combina princípios behavioristas com mindfulness para tratar transtornos complexos, como o transtorno de personalidade borderline. Ela utiliza técnicas de modificação de comportamento para ajudar os indivíduos a desenvolverem habilidades de regulação emocional e eficácia interpessoal (DE AZEVEDO; ZAMBERLAN, 2021).
Além disso, as intervenções baseadas em mindfulness aplicam conceitos behavioristas ao ajudar os indivíduos a aumentarem a consciência de seus comportamentos e a escolherem respostas mais adaptativas. Essas intervenções têm sido eficazes no tratamento de estresse, ansiedade e transtornos alimentares. Os programas de manejo de raiva, por sua vez, utilizam técnicas behavioristas para ajudar indivíduos a identificarem gatilhos e modificarem respostas de raiva. Essas intervenções ensinam estratégias de enfrentamento e habilidades de comunicação para melhorar a regulação emocional e reduzir comportamentos agressivos (MESTRE; DA COSTA, 2023).
2.4. IMPORTÂNCIA DA ESCOLHA DA ABORDAGEM BEHAVIORISTA DURANTE O ESTÁGIO CLÍNICO
A escolha da abordagem teórica durante o estágio clínico é um passo crucial para a formação de psicólogos, e a abordagem behaviorista oferece vantagens significativas. Em primeiro lugar, ela fornece uma estrutura clara e baseada em evidências para a prática clínica, permitindo que os estudantes adquiram habilidades práticas e eficientes para avaliar e intervir em comportamentos desadaptativos. A abordagem behaviorista é fundamentada em princípios teóricos robustos que têm sido amplamente validados por pesquisas empíricas. Durante o estágio clínico, os estudantes podem aplicar esses princípios de maneira prática, o que facilita a compreensão e a internalização de conceitos essenciais, como condicionamento clássico e operante (MALTA, 2021).
Além disso, uma das grandes vantagens do behaviorismo é sua ênfase na observação e na modificação de comportamentos mensuráveis. Isso proporciona clareza e objetividade no processo de intervenção, permitindo que os estudantes estabeleçam metas concretas e avaliem o progresso do tratamento com base em dados observáveis. Ademais, a abordagem behaviorista enfatiza a importância da avaliação detalhada e sistemática do comportamento. Durante o estágio clínico, os estudantes são treinados para identificar variáveis que influenciam o comportamento e para formular hipóteses sobre as contingências ambientais, o que é essencial para desenvolver intervenções eficazes (CASSIANO, 2023).
Consequentemente, os estudantes que escolhem a abordagem behaviorista aprendem a desenvolver planos de intervenção estruturados, que incluem a definição de objetivos específicos, a seleção de técnicas adequadas e o monitoramento sistemático do progresso. Isso lhes confere uma base sólida para conduzir tratamentos de forma organizada e eficiente. Embora a abordagem behaviorista siga princípios claros, ela também permite flexibilidade na adaptação das técnicas às necessidades individuais dos clientes. Durante o estágio clínico, os estudantes aprendem a ajustar suas intervenções com base nas respostas dos clientes, promovendo uma prática clínica responsiva e personalizada (AZOUBEL; SACONATTO, 2020).
Adicionalmente, o estágio clínico oferece uma oportunidade valiosa para os estudantes desenvolverem competências práticas na aplicação de técnicas behavioristas, como reforço, modelagem e controle de estímulos. Essas competências são fundamentais para a eficácia clínica e para a capacidade dos psicólogos de promover mudanças comportamentais significativas. Além disso, embora o foco do behaviorismo esteja na modificação do comportamento, ele também enfatiza a importância de uma relação terapêutica positiva. Durante o estágio, os estudantes são incentivados a construir uma aliança terapêutica baseada em respeito e colaboração, o que facilita a implementação bem-sucedida das intervenções behavioristas (DE AZEVEDO; ZAMBERLAN, 2021).
Além disso, a escolha pela abordagem behaviorista também é vantajosa por ser amplamente reconhecida como uma abordagem baseada em evidências, com um vasto corpo de pesquisa apoiando sua eficácia em uma variedade de contextos clínicos. Ao optar por essa abordagem durante o estágio, os estudantes se alinham com práticas que são respaldadas cientificamente, aumentando sua confiança e credibilidade como futuros profissionais. A escolha da abordagem behaviorista durante o estágio clínico prepara os estudantes para uma ampla gama de oportunidades no mercado de trabalho. As habilidades adquiridas são altamente valorizadas em diversos contextos, como clínicas de saúde mental, escolas e organizações, onde a capacidade de modificar comportamentos é crucial (SOUZA et al., 2021).
Além do mais, durante o estágio, os estudantes são incentivados a aplicar o pensamento crítico ao analisar comportamentos e planejar intervenções. A abordagem behaviorista promove uma análise cuidadosa das contingências ambientais e das consequências comportamentais, desenvolvendo habilidades analíticas essenciais para a prática clínica eficaz. A prática behaviorista pode ser facilmente integrada a abordagens interdisciplinares, permitindo que os estudantes colaborem com outros profissionais de saúde. Durante o estágio, essa colaboração é incentivada, ampliando a compreensão dos estudantes sobre como diferentes disciplinas podem contribuir para o bem-estar dos clientes (DE OLIVEIRA MAGALHÃES, 2021).
Adicionalmente, a abordagem behaviorista tem demonstrado ser eficaz no tratamento de uma ampla gama de transtornos psicológicos comuns, como ansiedade, depressão e transtornos do espectro autista. Durante o estágio, os estudantes ganham experiência prática no uso dessas técnicas, tornando-se mais preparados para enfrentar desafios clínicos comuns. A comunicação eficaz é uma competência crucial para os psicólogos, e a abordagem behaviorista enfatiza a clareza e a precisão na comunicação com os clientes. Durante o estágio, os estudantes aprimoram suas habilidades de comunicação, aprendendo a explicar conceitos complexos de forma acessível e a engajar os clientes no processo terapêutico (BRANCATO et al., 2020).
O estágio clínico proporciona um ambiente onde o feedback contínuo é integrado ao aprendizado dos estudantes. A abordagem behaviorista, com seu foco em dados e observações, oferece uma estrutura ideal para os estudantes receberem e incorporarem feedback de supervisores e colegas, promovendo um desenvolvimento profissional contínuo. Uma das metas principais da prática behaviorista é a promoção de mudanças comportamentais sustentáveis e duradouras. Durante o estágio, os estudantes aprendem a implementar intervenções que não apenas produzem resultados imediatos, mas também preparam os clientes para manter essas mudanças a longo prazo (MESTRE; DA COSTA, 2023).
2.5. A INFLUÊNCIA DA AFINIDADE E DA SUPERVISÃO NA FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO
A formação do psicólogo é um processo complexo que envolve não apenas o domínio teórico, mas também a prática supervisionada. Nesse contexto, a afinidade do estudante com a abordagem teórica escolhida e a qualidade da supervisão recebida desempenham papéis cruciais no desenvolvimento de competências profissionais e na identidade do futuro psicólogo (ARAÚJO, 2019). Primeiramente, a afinidade teórica refere-se ao alinhamento entre as crenças e valores pessoais do estudante e a abordagem psicológica adotada. Esse alinhamento pode influenciar a motivação do estudante para o aprendizado, bem como sua eficácia na aplicação prática dos conceitos aprendidos (OLIVEIRA, 2023).
Quando os estudantes têm afinidade com a abordagem teórica escolhida, eles tendem a demonstrar maior motivação para estudar e aplicar os conceitos. Essa motivação é um fator chave para o envolvimento ativo no processo de aprendizado e pode levar a um melhor desempenho acadêmico e clínico. Além disso, a afinidade com uma abordagem teórica pode facilitar o desenvolvimento de habilidades clínicas, pois os estudantes se sentem mais confortáveis e confiantes ao aplicar técnicas que ressoam com suas crenças pessoais. Isso pode resultar em uma prática mais autêntica e eficaz durante o estágio clínico (VIEIRA; DE SOUZA, 2022).
Ademais, a escolha da abordagem teórica é muitas vezes influenciada pela afinidade do estudante com certos métodos de intervenção e concepções teóricas. Essa escolha impacta a forma como os estudantes percebem e interagem com os clientes, influenciando sua abordagem na prática clínica. Entretanto, a falta de afinidade com a abordagem teórica escolhida pode gerar desafios significativos para os estudantes, incluindo desmotivação e dificuldade em aplicar conceitos teóricos na prática. Isso destaca a importância de explorar diferentes abordagens durante a formação para encontrar aquela que melhor se alinha com os interesses pessoais e profissionais do estudante (AZOUBEL; SACONATTO, 2020).
Paralelamente, a supervisão é um componente essencial na formação do psicólogo, proporcionando orientação e apoio ao estudante enquanto ele desenvolve habilidades práticas e teóricas. Supervisores experientes podem oferecer pontos valiosos e feedback construtivo, facilitando o crescimento profissional dos estudantes. Além disso, os supervisores desempenham várias funções críticas, incluindo a modelagem de práticas éticas, a facilitação do desenvolvimento de competências clínicas e o fornecimento de suporte emocional. Essas funções são fundamentais para ajudar os estudantes a integrarem a teoria com a prática de maneira eficaz (MALTA, 2021).
Por outro lado, através da supervisão, os estudantes têm a oportunidade de refletir sobre suas experiências clínicas e desenvolver sua identidade profissional como psicólogos. Essa reflexão é crucial para entender o próprio estilo terapêutico e para melhorar a prática clínica. A relação entre supervisor e estudante é um elemento central na eficácia da supervisão. Uma relação de confiança e respeito mútuo permite um ambiente de aprendizado seguro, onde os estudantes se sentem à vontade para discutir suas dúvidas e desafios (DE AZEVEDO; ZAMBERLAN, 2021).
Além disso, o feedback é uma ferramenta vital no processo de supervisão, permitindo que os estudantes identifiquem áreas de melhoria e fortaleçam suas habilidades. Supervisores eficazes fornecem feedback específico e construtivo, orientando os estudantes na direção do desenvolvimento contínuo. Durante o estágio clínico, os estudantes podem enfrentar dilemas éticos complexos. A supervisão oferece um espaço para discutir essas questões e desenvolver habilidades para resolver problemas éticos de forma responsável e profissional (MESTRE; DA COSTA, 2023).
A afinidade do estudante com a abordagem teórica pode influenciar a escolha do supervisor. Ter um supervisor que compartilha da mesma abordagem teórica pode enriquecer a experiência de aprendizado, permitindo discussões mais profundas sobre a aplicação prática dos conceitos. Além disso, a supervisão eficaz pode aumentar significativamente a confiança dos estudantes em suas habilidades clínicas. À medida que os estudantes recebem orientação e suporte, eles se tornam mais seguros em suas decisões clínicas e na implementação de intervenções terapêuticas (SOUZA et al., 2021).
Adicionalmente, a exposição a uma diversidade de experiências clínicas sob supervisão ajuda os estudantes a desenvolverem uma prática mais abrangente e flexível. Supervisores que incentivam a exploração de diferentes contextos clínicos e populações de clientes enriquecem a formação dos estudantes. No entanto, embora a supervisão seja crucial, também pode apresentar desafios, como diferenças de personalidade ou de abordagem entre supervisor e estudante. É importante que ambos os lados trabalhem juntos para superar essas dificuldades e manter o foco no desenvolvimento profissional do estudante (DE OLIVEIRA MAGALHÃES, 2021).
3 CONCLUSÃO
Em conclusão, a escolha da abordagem behaviorista na formação do psicólogo desempenha um papel fundamental na capacitação de profissionais capazes de implementar intervenções eficazes e baseadas em evidências. O behaviorismo, com seu foco no comportamento observável e em técnicas empiricamente validadas, fornece uma estrutura sólida para a prática clínica. Essa abordagem não apenas permite que os psicólogos modifiquem comportamentos desadaptativos de maneira mensurável, mas também promove um pensamento crítico e analítico que é essencial para a resolução de problemas complexos em contextos clínicos.
Além disso, a influência histórica do behaviorismo na psicologia moderna reforça sua relevância contínua na educação de futuros psicólogos. Ao se afastar do introspeccionismo e adotar uma perspectiva mais científica e objetiva, o behaviorismo ajudou a estabelecer a psicologia como uma disciplina rigorosa e baseada em dados. Esse legado continua a informar as práticas educacionais e clínicas, destacando a importância de formar psicólogos que valorizem a evidência empírica e a eficácia das intervenções terapêuticas.
Contudo, é importante reconhecer que a eficácia do behaviorismo não exclui a necessidade de uma formação diversificada que incorpore múltiplas abordagens teóricas. A integração de perspectivas cognitivas, humanistas e psicodinâmicas pode enriquecer a prática clínica, oferecendo aos psicólogos uma gama mais ampla de ferramentas e estratégias para atender às diversas necessidades dos clientes. Essa abordagem holística não apenas fortalece a formação do psicólogo, mas também garante que eles estejam preparados para adaptar suas intervenções a diferentes contextos e populações.
Portanto, à medida que a psicologia continua a evoluir em resposta às demandas da sociedade contemporânea, a formação em behaviorismo permanece um componente vital do currículo de formação de psicólogos. A capacidade de aplicar técnicas behavioristas com eficácia, aliada a uma compreensão abrangente de outras abordagens teóricas, prepara os psicólogos para enfrentar os desafios do mundo moderno de maneira ética, científica e eficaz. Em suma, a escolha da abordagem behaviorista na formação do psicólogo é crucial para garantir que eles estejam bem-equipados para promover mudanças positivas na vida de seus clientes e contribuir significativamente para o campo da psicologia.
REFERÊNCIAS
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1 Acadêmica do 10⁰ período de Psicologia pela FIMCA-UNICENTRO Jaru. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/2925127548373985. E-mail: mosconipaula94@gmail.com.
2 Acadêmica do 10⁰ período de Psicologia pela FIMCA-UNICENTO Jaru. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/7875873631086850. E-mail: josieleaparecida.psic@gmail.com.
3 Bacharel em Psicologia pela Faculdade Uneouro, Esp. em Metodologia do Ensino Superior, Esp. em Neuropsicologia com ênfase na reabilitação cognitiva, Esp. em Terapia Cognitivo-Comportamental, Pós-graduando em Intervenção ABA para Autismo e Deficiência intelectual e docente na FIMCA Jaru, psi.dougsos@gmail.com, http://lattes.cnpq.br/1327958883486743.