ANÁLISE DE FERRAMENTAS DE VISUALIZAÇÃO DE DADOS PARA TOMADA DE DECISÃO

ANALYSIS OF DATA VISUALIZATION TOOLS FOR DECISION MAKING

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410252003


Raí de Carvalho Bolato1;
Renata Mirella Farina2;
Fabiana Florian3


Resumo: No cenário atual, a informação tornou-se essencial para as empresas, influenciando significativamente suas práticas e comportamentos. As organizações reconhecem que a tecnologia é uma ferramenta crucial para otimizar o gerenciamento de informações. Com a crescente demanda por ferramentas que apoiem a tomada de decisões, surgiu um aumento na procura por soluções eficazes. Neste contexto, este trabalho se propõe a estudar e comparar ferramentas de visualização de dados, como Business Intelligence, Power BI e Tableau, com o objetivo de entender suas particularidades e como cada uma pode contribuir para uma tomada de decisão mais eficiente. Este trabalho desenvolve-se a partir de revisão bibliográfica, embasando-se através de vários autores sobre o tema, com base em material já elaborado, constituído principalmente de artigos científicos, disponíveis em base de dados Scielo e Google Acadêmico. Conclui-se que as ferramentas de visualização de dados tem sido usada para comunicar informações complexas de forma clara e eficaz, em diversos setores do mercado. É fundamental que as organizações entendam suas exigências e conduzam uma análise detalhada para descobrir a solução que mais se adapta à sua situação. Ao fazer a escolha adequada, será viável aprimorar a tomada de decisões e reforçar a administração dos processos empresariais, assegurando uma vantagem competitiva no mercado.

Palavras-chave: Business Intelligence, Power Bi, Tableau.

Abstract: In the current scenario, information has become essential for companies, significantly influencing their practices and behaviors. Organizations recognize that technology is a crucial tool for optimizing information management. With the growing demand for tools that support decision-making, there has been an increase in the search for effective solutions. In this context, this work aims to study and compare data visualization tools, such as Business Intelligence, Power BI and Tableau, with the aim of understanding their particularities and how each one can contribute to more efficient decision-making. This work is developed from a bibliographical review, based on several authors on the topic, based on material already prepared, consisting mainly of scientific articles, available in the Scielo and Google Scholar databases. It is concluded that data visualization tools have been used to communicate complex information clearly and effectively, in different market sectors. It is essential that organizations understand their requirements and conduct a detailed analysis to discover the solution that best adapts to the your situation. By making the appropriate choice, it will be possible to improve decision-making and reinforce the management of business processes, ensuring a competitive advantage in the market.

Key-words: Business Intelligence, Power Bi, Tableau.

1 INTRODUÇÃO

Visualização de dados é a exibição de dados por meio de representações visuais de fácil entendimento, como mapas, gráficos e outros formatos (BERNADES, 2020). Em uma sociedade cada vez mais saturada de informações, a visualização é uma das maneiras mais certeiras de dissipar a confusão, convencer e persuadir as pessoas a agirem (SINGER, 2015).

Nesse contexto, o Storytelling emerge como uma técnica poderosa para dar voz, informar, explicar e persuadir o público-alvo (CUKIER, 2010). Esta técnica consiste em criar uma narrativa coesa para os dados coletados, facilitando a compreensão por meio de recursos visuais (LINDY, RYAN 2016). Knafilc (2015) ressalta que, embora os dados possam ser complexos por si só, o contexto certo pode simplificar sua compreensão. Assim, o Data Storytelling transforma dados brutos em uma forma mais acessível, capaz de informar a tomada de decisão.

Todos buscam algo que verdadeiramente ajude a definir planos de forma eficiente, levando em consideração o cenário competitivo atual (CARVALHO, 2011, p. 13). De acordo com Senhra (1996, p. 1), os dados administrativos são “instrumentos de administração, sendo expressão de poder”. O objetivo é gerar informações acionáveis para o setor administrativo, ou seja, a tecnologia tem como objetivo ajudar na tomada de decisão.

Os softwares tornaram-se essenciais para o andamento das atividades da empresa, organização, planejamento, acompanhamento da coordenação, trabalho em equipe e fluxo de informação. Atualmente, tanto grandes quanto pequenas empresas utilizam softwares para ajudar na organização (ANTONIO, 2012).

O conhecimento estratégico está sendo um diferencial em um mercado em constante evolução. Quem tem acesso a uma informação eficiente e a uma estratégia sai na frente. E para que isso ocorra, necessitam de ferramentas que auxiliem na tomada de decisão.

De acordo com Santos e Flores (2018), a análise de um conjunto de informações é essencial para escolher o caminho a ser traçado para alcançar um objetivo. Portanto, é necessário contar com ferramentas que apresentem as informações de maneira clara, facilitando a compreensão e avaliação do impacto do planejamento elaborado.

Conforme Furtado (2011), um projeto é um conjunto de atividades e eventos interligados que se inicia em um determinado momento e termina quando o objetivo definido é alcançado. Com a crescente competitividade e os avanços tecnológicos, a gestão de projetos torna-se uma saída viável para atingir metas. Assim, as empresas precisam desenvolver suas capacidades e habilidades para se manterem competitivas (CARDOSO, 2016).

Este estudo tem como objetivo identificar na literatura disponível, estudos que utilizaram das ferramentas de gestão de dados Tableau, Power BI e Business Intelligence, descrevendo suas particularidades e como cada uma pode contribuir para uma tomada de decisão mais eficiente. Pretende gerar conhecimento a partir dos avanços tecnológicos, utilizando a pesquisa como meio para alcançar esse propósito. Busca ressaltar a importância da gestão da informação para o processo de tomada de decisão.

Essas ferramentas foram selecionadas devido à sua relevância no mercado, ampla adoção por empresas de diversos setores, e suas características distintas que atendem a diferentes aspectos da gestão de dados, como visualização, análise de grandes volumes de dados e integração com outras plataformas.

Este trabalho desenvolve-se a partir de revisão bibliográfica, embasando-se através de vários autores sobre o tema. A revisão bibliográfica é um processo que envolve o levantamento, análise e descrição de publicações científicas de uma determinada área do conhecimento. Busca as partes mais relevantes para a seleção de publicações pertinentes à pesquisa (GIL, 2008). Esta pesquisa é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de artigos científicos, disponíveis em base de dados Scielo e Google Acadêmico.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Na busca por um diferencial competitivo, a informação coletada pela empresa faz toda a diferença. Portanto, é essencial conhecer e estudar esses dados. Esta parte da pesquisa aborda o que é um sistema de informação e sua importância. As empresas são normalmente divididas em diferentes níveis, cada um com suas particularidades e restrições. Isso leva à necessidade de classificações específicas. A inteligência de negócios resulta da combinação de informação e tecnologia, oferecendo as melhores informações necessárias para a tomada de decisões e o planejamento estratégico.

2.1 Sistemas de Informação

Na atualidade, as empresas estão imersas na sociedade da informação, o que exige delas constantes melhorias e a busca por novas tecnologias para se manterem competitivas e em crescimento (AUDY, 2011).

Nesse contexto, os sistemas de informação desempenham um papel fundamental, sendo definidos como conjuntos compostos por pessoas, software, hardware, procedimentos e dados, responsáveis por propagar e gerenciar as informações dentro das organizações (O’Brien, 2004).

O que pode se constatar que os sistemas de informação recolhem informações das organizações dentro e fora da empresa, sendo registrada no computador por meio de atividades de entrada (LAUDON e LAUDON, 1999, p. 5).

Pode-se notar que os administradores utilizam os sistemas de informação como um fator decisivo para a tomada decisão tanto para aumentar o lucrou ou baixa os custos, além de ter uma contribuição significativa para quem busca avançar na carreira profissional (BIO, 1995).

Os sistemas de informação podem ter várias utilidades como projetar produtos, equipamentos, integrar várias máquinas. Além de serem usadas nas áreas de recursos humanos para administrar os funcionários, monitorar a produtividade dentre outras atribuições (LAUDON e LAUDON, 1999).

Quando se discute tecnologia da informação, a compreensão é de que todos os equipamentos e softwares disponíveis na empresa têm como finalidade alcançar as metas organizacionais (LAUDON, 2011).

Os SI ocupam um lugar de extrema importância dentro da empresa, contudo ele não é o único componente que mantém a empresa. Como o sistema de gestão tem parte importante na gerencia, se faz necessário entender toda a cultura da empresa (LAUDON, 2011).

De acordo com Laudon e Laudon (2011):

Um sistema de informação (SI) pode ser definido tecnicamente como um conjunto de componentes inter-relacionados que coletam ou (recuperam), processam armazenam e distribuem informações destinadas a apoiar a tomada de decisões, a coordenação e o controle de uma organização (grifo do autor).

Assim, as empresas valorizam cada vez mais as informações fornecidas pelos sistemas de informação para fortalecerem sua posição no mercado, refletindo um aumento significativo nos investimentos em tecnologia.

2.1.1 Tipos de Sistemas de Informação

As informações podem ser liberadas por níveis dentro de uma empresa, assim a pessoa tem acesso ao tipo de informação correta, portanto existem quatro tipos de classificação distintas (BELMIRO, 2012).

1) Sistemas de Processamento de Informações (SPTs): responsáveis por coletar, armazenar e processar dados para fornecer insumos aos sistemas de tomada de decisão, gestão e relacionamento com o cliente (JUNIOR, POTTER, 2007).

2) Sistemas de Informações Gerenciais (SIGs): atendem aos gestores de níveis intermediários das áreas funcionais, fornecendo informações para planejamento, organização e operações diárias (JUNIOR, POTTER, 2007).

3) Sistemas de Apoio à Decisão (SADs): este é uns dos mais complexos por ter acesso às informações e dados corporativos. Realiza simulações e tem possibilidade de modelar processos. Ajudam os executivos em diversas atividades desde o desenvolvimento, comparação e classificação dos riscos, fornecendo assim, dados substanciais para gerar plano de ação (PRIMAK).

4) Sistemas de Apoio ao Executivo (SAEs) ou Sistemas de Suporte ao Executivo (SSE): fornecem informações rápidas e relatórios gerenciais, geralmente apresentados em formato gráfico, que facilitam a identificação de exceções e a análise detalhada de informações (JUNIOR, POTTER, 2007).

2.2 Inteligência de Negócios

A definição mais aceita de Inteligência de Negócios vem da Gartner: “um termo abrangente que inclui aplicativos, infraestrutura, ferramentas e melhores práticas que permitem o acesso e a análise de informações para melhorar e otimizar decisões e desempenho” (FORBES INSIGHTS, 2016).

Acredita-se que o conceito de BI (Business Intelligence) foi utilizado desde os tempos antigos. Um exemplo é a sociedade do Oriente Médio, que aplicava os princípios básicos do BI ao usar informações obtidas da natureza, como marés e períodos de seca, em benefício da aldeia. Com a ajuda dessas informações, eles tomavam decisões importantes para a comunidade (PRIMAK, 2008).

Quando uma empresa conhece seu público-alvo, seus concorrentes e fatores demográficos, econômicos e sociais, ela consegue se destacar das demais. Por outro lado, quando essas informações são desconhecidas ou aleatórias, o desempenho da empresa tende a ser negativo (KOTLER, 2015).

O tumulto do mercado atual é a nova condição normal para indústrias, empresas e o mercado em geral. Com essa nova normalidade, há uma alternância entre prosperidade e desaceleração. Diante dos desafios para competir, é essencial que os líderes reconheçam os pontos fortes e fracos de suas organizações para um planejamento eficaz (KOTLER, 2015).

Quando se compreendem as forças competitivas (Figura1), é possível obter uma visão clara da rentabilidade da empresa e, ao mesmo tempo, antecipar as ações da concorrência. Para manter uma organização saudável, é vital conhecer o posicionamento estratégico, defendendo assim seus pontos fortes (PORTER, 2008).

Figura 1: As 5 forças que formam a concorrência da empresa

Fonte: Adaptado de Porter (2008)

Fica nítido que a tecnologia veio agregar valor às tomadas de decisão, tornando-as cada vez mais precisas e trazendo resultados crescentes para as empresas. A Figura 1 ilustra as cinco forças que compõem a concorrência da empresa: a ameaça de novos entrantes, o poder de barganha dos fornecedores, o poder de barganha dos clientes, a ameaça de produtos substitutos e a rivalidade entre os concorrentes existentes. Ao entender essas forças, as empresas podem utilizar a tecnologia para analisar dados e desenvolver estratégias eficazes, otimizando seu posicionamento no mercado e melhorando o desempenho geral.

3. RESULTADOS

3.1 Business Intelligence

  O conceito de conceituação de BI com Turban et al. (2009) que segundo ele, “é um termo “guarda-chuva”, que inclui arquiteturas, ferramentas, bancos de dados, aplicações e
metodologias.”

Segundo Phan e Vogel (2010), com a evolução tecnológica, tornou-se vital para as empresas explorar novas formas de relacionamento com os clientes, tanto online quanto tradicionalmente, aumentando a importância da fidelidade e satisfação do cliente. Nesse contexto, o Business Intelligence (BI) emerge como um apoio crucial para a tomada de decisões, marketing, pesquisa de mercado e colaboração com os clientes em produtos e serviços.

O termo Business Intelligence (BI) surgiu na década de 1950 e uma das definições mais citadas foi a trazida pelo Gartner Group (2022a), atualizada para o contexto contemporâneo:

Análise e inteligência de negócios é um termo guarda-chuva que inclui os aplicativos, infraestrutura e ferramentas, e as melhores práticas que permitem o acesso e a análise de informações para melhorar e otimizar as decisões e o desempenho (GARTNER GROUP, 2022a)

Esta técnica permite a utilização de diversas fontes de informações, orientando estrategicamente a organização e proporcionando uma gestão baseada no conhecimento. Além disso, oferece acesso a ferramentas que auxiliam no planejamento estratégico e na tomada de decisões (BARBIERI, 2011).

Para Davenport e Harris (2007), “a inteligência analítica é um subsistema do Business Intelligence, utilizando dados para compreender e analisar o desempenho do negócio.”

Figura 2: Inteligência Analítica

Fonte: (Davenport; Harris, 2007, p. 9)

Na Figura 2 observa-se que a inteligência analítica é responsável por responder questões dos mais altos padrões e valores e maior pró atividade.

Um sistema de BI auxilia a compreensão dos fatos que impactam o desempenho da organização e proporcionam informações que moldam o negócio (MIRCEA; ANDREESCU,2011).

Ao contrário dos sistemas de groupware que enfatizam o trabalho colaborativo de todos na empresa, os sistemas de BI são mais elitizados, buscando atender às necessidades gerenciais. Um sistema de BI não é uma tecnologia que incentiva o compartilhamento de conhecimento entre as pessoas. O objetivo de um sistema de BI é contribuir para gerar novos conhecimentos que resultem em efetivos resultados empresariais de negócio. (CARVALHO, 2003, p. 103)

Levando em consideração a citação acima, os sistemas de Business Intelligence têm como objetivo distribuir e compartilhar as informações contidas nas empresas de forma mais assertiva, viabilizando, assim, a tomada de decisão.

O uso da tecnologia como suporte para a tomada de decisões empresariais torna-se cada vez mais evidente. O Business Intelligence (BI) contribui para uma visão antecipada e estratégica do negócio, aprimorando a qualidade dos dados, apresentando informações de forma clara e fácil de interpretar, além de centralizar tudo em um único lugar.

É evidente que as empresas enfrentam uma crescente pressão para adotar ferramentas que facilitem a tomada de decisões a cada dia que passa.

Em estudo realizado por Filho et al. (2016) com o objetivo de visualizar e descrever melhoria no processo de tomada de decisões com a implantação do sistema de Business Intelligence, foi póssível identificar que a ferramenta atendeu plenamente todos os aspectos que deixavam a desejar no modelo original de tomada de decisões, especialmente em termos de tempo de resposta, confiabilidade dos dados e praticidade na obtenção dos dados, confirmando assim a viabilidade de utilizar uma solução de Business Intelligence para auxiliar a melhoria de processos nas organizações.

Um estudo realizado por Pereira (2020) teve como objetivo aplicar o Business Intelligence como uma ferramenta de apoio a tomada de decisão em uma empresa de gerenciamento de serviços tecnológicos. Dentre os benefícios o autor destaca: Identificação de analistas com sobrecarga de demandas; Identificação da necessidade de contração de mão de obra; Identificação rápida de incidentes recorrentes, podendo ter um maior foco em suas soluções; Estratégias melhores na elaboração de planos mais atrativos para as empresas clientes; Redução considerável no tempo das reuniões periódicas com os gestores das empresas clientes e tendo um maior foco nos problemas; Uma melhor apresentação dos serviços como um valor para os clientes baseada em dados.

O autor aponta problemática no que diz respeito a montagem do modelo, ao design do dashboard, compreensão das tabelas da base de dados do Sistema, seus relacionamentos, criação das funções e algumas outras. Segundo autor, para que esses relatórios tenham eficiências, as informações precisam estar as mais corretas possíveis, para isso é necessário que a alimentação delas no sistema de gerenciamento chamados (OTRS) seja feita sempre e de maneira correta. Para a correção, o autor desenvolveu uma norma e um manual de utilização do Sistema.

Freitas (2023) buscou em seu estudo identificar através da implementação da ferramenta os benefícios de se utilizar os seus conceitos para abordar os dados disponíveis e gerar informações valiosas a partir deles. O estudo foi realizado no setor de compras de uma empresa produtora de bens de capital. Os resultados do estudo apontam que o BI gera melhorias no processo de gestão de indicadores sob vários aspectos e atua diretamente suportando a tomada de decisão. A motivação da implementação da ferramenta foi mediante observação inloco identificando que o formato utilizado na divulgação e acompanhamento do indicador de CI não estava adequada. O CI (Commercial Issues) trata-se de um indicador utilizado para medir a quantidade de peças com algum tipo de pendência comercial. Inicialmente era realizada a extração do banco de dados central e a divulgação de uma tabela com a lista de peças com pendência diariamente por um comprador, demandando tempo de trabalho e centralizando o conhecimento de atualização e divulgação do indicador em uma única pessoa. Ainda, muitas comunicações do planejamento se sobrepunham e geravam um fluxo de e-mails muito grande, por exemplo, vários e-mails de pendência do mesmo fornecedor, e-mails faltando informação, e-mails repetidos etc. O setor trata de uma área com bastante demanda onde cada comprador deve fazer a gestão de dezenas de fornecedores e milhares de peças. Neste contexto o autor identificou uma maneira de abordar esses dados utilizando o BI, visando melhorar o acompanhamento e gestão do indicador de CI e auxiliar os compradores em sua tomada de decisão. O autor ressalva que não basta somente disponibilizá-las aos usuários, é preciso realizar também uma transformação cultural para que as pessoas se sintam confortáveis em trabalhar com todos esses dados e tirar proveito deles.

3.2 A Ferramenta Microsoft Power BI

O Power BI é uma combinação de serviços, aplicativos e conectores que colaboram para transformar dados dispersos em informações coerentes, visualmente atrativas e interativas. Essas informações podem ser apresentadas em planilhas, facilitando o acesso a conteúdo importantes e permitindo o compartilhamento com outras pessoas (MICROSOFT, 2019a).

Este software trata-se de uma ferramenta de inteligência de negócios criado pela Microsoft em 24 de julho de 2015. Com o uso dessa ferramenta é possível modelar, tratar e analisar dados. O Power BI tem a capacidade de conversar com diversas fontes de dados, conseguindo assim tratar diversos dados utilizando uma linguagem chamada M, além de possuir uma engine própria para análise de dados, utilizando a linguagem DAX. Estes resultados podem ser visualizados e interpretados facilmente na ausência de um software de BI (LAGO; ALVES, 2022).

Figura 3: Visão geral do funcionamento do Power BI

Fonte: Microsoft, 2020

Como pode-se visualizar na figura 3, o Power BI é uma ferramenta de visualização e integração tendo a finalidade de organizar os dados coletados e transformar em informações.

Ao analisarem dados, situações e desempenhos históricos e atuais, os tomadores de decisão conseguem valiosos insights que podem servir como base para decisões melhores e mais informadas. O processo do BI baseia-se na transformação de dados em informações, depois em decisões e finalmente em ações (TURBAN et al., 2009).

O Power BI é amplamente reconhecido como uma ferramenta de “self-service BI”, o que significa que suas funcionalidades são acessíveis a todos os níveis da empresa, não se restringindo apenas aos profissionais de tecnologia. Tanto analistas quanto executivos podem utilizar facilmente o Power BI para criar relatórios personalizados de maneira simples e rápida, compartilhando-os com diversos setores da empresa. Essa acessibilidade e facilidade de uso estão transformando a maneira como as informações são manipuladas e utilizadas dentro das organizações (LAGO; ALVES, 2022).

Dividido em três plataformas principais: Desktop, Serviços e Mobile, cada uma ajustando-se conforme as necessidades e objetivos da organização. O Power BI Desktop se destaca como a plataforma mais robusta para a criação de relatórios. Ele oferece a capacidade de se conectar a diversas fontes de dados, processar informações no Power Query e criar visualizações interativas (LAGO; ALVES, 2022).

As licenças do Power BI variam de acordo com as necessidades individuais de cada usuário, adaptando-se tanto a pequenas quanto a grandes empresas. A Microsoft oferece várias opções no mercado, incluindo a versão gratuita, PRO, Premium por Usuário (PPU) e Premium por Capacidade (PPC). Cada uma dessas opções possui funcionalidades diferenciadas, como compartilhamento de dados, conexões de dados, exportação para o Excel, criação de aplicativos, API Embedded, frequência de atualizações diárias, limite de tamanho do modelo, visualizações de inteligência artificial (IA), pipelines de implantação, entre outros recursos (LAGO; ALVES, 2022).

O estudo realizado por Dos Santos (2022) teve como objetivo, investigar como os relatórios e indicadores da ferramenta Power BI foram utilizados no processo de tomada de decisões do governo do estado do Espírito Santo para gestão da pandemia do Covid-19. De acordo com o estudo, o detalhamento dessas informações foi capaz de fornecer informações extras que possibilitaram que os gestores realizassem melhor planejamento quanto ao panorama das unidades de saúde que estavam sobrecarregadas, no deslocamento de pacientes e com as compras de equipamentos necessários. A plataforma de Power BI, possui a capacidade de tornar as fontes de dados não relacionadas em informações coerentes, visualmente imersivas e interativas. Der acordo com a autora, o estudo de usabilidade dessa ferramenta é um tema relevante para que os gestores possam visualizar os dados de forma clara. De acordo com a autora “Melhorar o desempenho das organizações, sejam elas públicas ou privadas, através de inteligência artificial para otimização do processo decisório já é uma realidade no meio corporativo” (Dos Santos, 2020, p.29).

Em estudo realizado por Quinto (2020) em uma instituição de ensino, a implementação da ferramenta possibilitou maior segurança, agilidade e eficiência para a execução dos processos organizacionais. A ferramenta ofereceu uma gama de recursos para visualizações de dados aos níveis estratégicos, tático e operacional, contribuindo assim como um grande apoio nas tomadas de decisões para que uma empresa alcance seus objetivos organizacionais. Ao inserir suas informações o usuário terá possibilidade de apresentar dashboards interativos e com seu nível de atualização diariamente para qualquer setor da empresa, seja elas, das áreas administrativas, contábil, fiscal, pessoal e financeiro, criando seus próprios indicadores e oferecendo uma visão sistêmica para os tomadores de decisões. O autor relata ainda que a ferramenta é de fácil utilização para qualquer usuário, possuindo ainda melhor custo benefício em sua versão paga.

3.3 Tableau

Tableau trata-se de um sistema de informação com elevado grau de formação que capta vário estilos de informação da empresa, produzindo assim informações de grande valor para a mesma, formando assim um retrato da situação global da empresa em suas diversas áreas, porém não substitui um gestor qualificado para alinha a tomada de decisão baseadas nas informações levantadas (AECA,2002).

Esse sistema de BI é implementado através de ferramentas de visualização interativa de dados, composto por diversos produtos com grande capacidade de processamento. Entre suas versões estão o Tableau Desktop, Tableau Online e Tableau Server. Ele também utiliza o armazenamento em cache das análises, o que contribui para reduzir o tempo de espera e melhorar o processamento das informações (WANG et al., 2015).

O Tableau é um painel composto por um conjunto de informações e indicadores que se torna possível visualizar o conjunto e componente organizacional da empresa como um todo, evidenciando os pontos a melhorar e apoiando as tomadas de decisão, com o propósito de alcançar as metas e estratégias da empresa (SELMER, 1998).

Alguns têm uma visão limitada do Tableau, considerando-o apenas uma ferramenta para ações de curto prazo e pronta utilização. No entanto, ele vai além disso, pois está intimamente ligado à definição das variáveis-chave das decisões e responsabilidades da empresa. Composto por números e indicadores essenciais, o Tableau ajuda a evidenciar resultados, exceções, desvios e tendências, permitindo que os usuários acompanhem o desempenho da gestão. Isso auxilia na adoção de medidas corretivas quando necessário (GUERNY EL AL, 1990).

Moreira (1996) conceitua sistema de medida de desempenho como:

Um conjunto de medidas referentes à organização como um todo, às suas partições (divisões, departamentos, seções, etc.) aos seus processos, às suas atividades organizadas em blocos bem-definidos, de forma a refletir certas características do desempenho para cada nível gerencial interessado.

É evidente que os sistemas são desenvolvidos com o propósito de facilitar a elaboração de estratégias empresariais, visando aprimorar o desempenho da organização.

Em trabalho de Santos e Nunes (2023), realizado em uma empresa de bens de luxo, foi possível identificar que a ferramenta para a área financeira serviu como um suporte crucia para uma melhor compreensão dos aspetos financeiros da empresa, facilitando o processo de tomada de decisão. Desta forma, a gestão financeira poderá atuar de forma mais estratégica, conferindo uma vantagem competitiva no mercado dos bens de luxo que está em constante evolução. De acordo com os autores, a ferramenta fortaleceu uma gestão financeira transparente, alicerçada em dados concretos, orientada por metas bem definidas.

Para os autores, através da ferramenta foi possível criar um ambiente reativo ao gerar indicadores rapidamente acessíveis e suficientes, baseados na relação de causalidade (ação/resultado); seletivo, apoiando-se sobre um número reduzido de indicadores, e orientado para a tomada de decisão, contendo indicadores próximos das operações. Os autores sugerem um acompanhamento contínuo do processo de implementação do Tableau, através de revisões periódicas, de forma a perceber se o objetivo está sendo alcançado ou se será necessário efetuar alterações. Também sugerem que a implementação desta ferramenta se estenda aos restantes departamentos da empresa.

4. CONCLUSÃO

À medida que a tecnologia avança, a gestão da informação se torna um fator decisivo para o crescimento e a competitividade das empresas. A habilidade de manejar dados como prazos, custos, produtos e pedidos evidencia a necessidade crescente de ferramentas eficientes para a gestão empresarial. Essas ferramentas são essenciais para transformar dados brutos em informações úteis, melhorar a organização e estruturar a empresa de forma eficaz.

Neste contexto, a adoção de sistemas de gestão adequados não apenas simplifica a administração, mas também aprimora a capacidade de tomar decisões mais informadas e estratégicas. Este trabalho revelou a diversidade de ferramentas disponíveis no mercado, cada uma com suas características e benefícios específicos.

Portanto, é crucial que as empresas compreendam suas necessidades e realizem uma pesquisa minuciosa para identificar a ferramenta que melhor se alinha à sua realidade. Com a escolha certa, será possível otimizar a tomada de decisões e fortalecer a gestão dos processos empresariais, garantindo uma vantagem competitiva no mercado.

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WANG, L.; WANG, G.; ALEXANDER, C. A. Big data and visualization: methods, challenges and technology progress. Digital Technologies, v. 1, n. 1, p. 33-38, 2015.


1Raí de Carvalho Bolato. Graduando do Curso de Sistemas de Informação da Universidade de Araraquara-UNIARA. Araraquara-SP. E-mail: rdcbolato@uniara.edu.br

2Renata Mirella Farina. Docente do Curso de Sistemas de Informação da Universidade de Araraquara-UNIARA. Araraquara-SP. E-mail: mirellafarina@yahoo.com.br

3Fabiana Florian. Docente do Curso de Sistemas de Informação da Universidade de Araraquara-UNIARA. Araraquara-SP. E-mail: fflorian@uniara.edu.br.