MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM: UM OLHAR SOBRE FATORES MOTIVACIONAIS E DESMOTIVACIONAIS NA EDUCAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

MOTIVATION IN THE TEACHING- LEARNING PROCESS: A LOOK AT MOTIVATIONAL AND DE-MOTIVATIONAL FACTORS IN EDUCATION IN BRAZILIAN SOCIETY

LA MOTIVACIÓN EN EL PROCESO DE ENSEÑANZA- APRENDIZAJE: UNA MIRADA A LOS FACTORES MOTIVACIONALES Y DESMOTIVACIONALES EN LA EDUCACIÓN EN LA SOCIEDAD BRASILEÑA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202410161944


Cristiana Aragão Lima1, Daniele Ferreira da Silva2, Emilly Caroline de Oliveira Silva3, Francisca Rafaela Saraiva Ferreira4, Geovana de Fátima Oliveira do Nascimento5, Guilhermina dos Santos Fernandes6, Jane Meire da Silva Teixeira Silverio7, Natália Tavares de Souza8, Lucilene Gomes de Sousa Lima9, Maria Artemilda Souza Araújo10


RESUMO

Estudos no campo da Pedagogia e da Psicologia destacam inúmeras teorias sobre motivação no campo do ensino- aprendizagem, indicando-os como um recurso importante a ser observado. O interesse pelo tema é vasto na literatura acadêmica e oferece contribuições significativas, principalmente no sentido de colaborar com as diversas propostas pedagógicas para efetivação da aprendizagem e dessa forma, favorecer a apreensão de conteúdos na edificação de uma base de conhecimentos sólida. Este artigo apresenta uma pesquisa de cunho bibliográfico, com o objetivo de observar os estudos sobre motivação realizados por Abraham Maslow e refletir que pontos favorecem ou atrapalham/desmotivam o professor e o processo de aprendizado dos alunos. Os resultados apontam que os estados motivacionais podem contribuir positivamente para os profissionais da educação, a fim de buscar na teoria um apoio na compreensão e ponto de partida para mudança de atitudes educacionais no propósito de equacionar e criar estratégias para melhoria no processo de ensino-aprendizagem, além de transformar a sala de aula em um ambiente fértil de inovações.

Palavras- chave: Motivação. Ensino -Aprendizagem. Abraham Maslow. Fatores Desmotivacionais. Educação Brasileira.

ABSTRACT

Studies in the field of Pedagogy and Psychology highlight numerous theories about motivation in the teaching- learning field, indicating them as an important resource to be observed. The interest in the subject is vast in the academic literature and offers significant contributions, mainly in the sense of collaborating with the different pedagogical proposals for the realization of learning and, in this way, favoring the apprehension of contents in the construction of a solid knowledge base. This article presents a bibliographic research, with the objective of observing the studies on motivation carried out by Abraham Maslow and reflecting on which points favor or hinder/demotivate the teacher and the students’ learning process. The results indicate that motivational states can contribute positively to education professionals, in order to seek in theory a support in understanding and a starting point for changing educational attitudes in order to equate and create strategies for improvement in the teaching- learning process. , in addition to transforming the classroom into a fertile environment for innovations.

Keywords: Motivation. Teaching -Learning. Abraham Maslow. Demotivational Factors. Brazilian Education.

RESUMEN

Los estudios en el campo de la Pedagogía y la Psicología destacan numerosas teorías sobre la motivación en el campo de la enseñanza y el aprendizaje, indicándolas como un importante recurso a observar. El interés por el tema es amplio en la literatura académica y ofrece aportes significativos, principalmente en el sentido de colaborar con las diversas propuestas pedagógicas para un aprendizaje efectivo y, de esta forma, favorecer la aprehensión de contenidos en la construcción de una base sólida de conocimientos. Este artículo presenta una investigación bibliográfica, con el objetivo de observar los estudios sobre motivación realizados por Abraham Maslow y reflexionar sobre qué puntos favorecen o dificultan/desmotivan al docente y al proceso de aprendizaje de los alumnos. Los resultados indican que los estados motivacionales pueden contribuir positivamente a los profesionales de la educación, con el fin de buscar en la teoría un apoyo en la comprensión y un punto de partida para el cambio de actitudes educativas con el fin de equiparar y crear estrategias de mejora en el proceso de enseñanza-aprendizaje, además a transformar el aula en un entorno fértil para las innovaciones.

Palabras-clave: Motivación. Enseñanza-Aprendizaje. Abraham Maslow. Factores desmotivadores. Educación brasileña.

INTRODUÇÃO

No cotidiano escolar professores e alunos se deparam com situações como a falta de motivação e inúmeras são as tentativas para concentrar esforços em busca de resultados positivos que sejam capazes de responder a diferentes processos que se desejam alcançar.

Este trabalho surge a partir da experiência profissional de uma das autoras como professora da educação infantil e pretende compreender que pontos favorecem ou atrapalham/dificultam o professor e o processo de ensino- aprendizagem dos alunos quando o assunto é estar ou não estar motivado.

Nesta perspectiva o artigo traz em seu desenvolvimento uma das principais teorias de estudo sobre a motivação , além de expor situações que poderão alertar para a compreensão da importância da aplicabilidade de técnicas motivacionais aliada no processo de ensino- aprendizagem bem como a melhoria nas condições de vida e trabalho para os profissionais da educação.

Com isso, espera-se que esse estudo traga contribuições para acrescentar argumentos direcionados à importância de a motivação no ensino-aprendizagem para o engrandecimento curricular do profissional da educação a fim apresentar resultados, os melhores possíveis, à sociedade brasileira e manifestar as mudanças esperadas.

A pesquisa foi feita através da leitura de autores sobre motivação, entre eles, e principalmente Abraham Maslow, por ter em conta a sua contribuição à psicologia sobre os estados motivacionais através de sua teoria da hierarquia de necessidades.

Seus estudos sobre a pirâmide de necessidades humanas, mostra em sua estrutura, cinco tipos de necessidades e aponta para as diferenças de forma qualitativa entre as necessidades básicas e mais elevadas pertinentes aos seres humanos.

Assim, as necessidades fisiológicas, necessidades de segurança íntima (física e psíquica), necessidades de amor e relacionamentos (participação), as necessidades de estima (autoconfiança) e necessidades de autorrealização recebem classificações diferentes na escala para suprimento, como, por exemplo, Para Abraham Maslow, as necessidades fisiológicas precisam ser saciadas para que se possam saciar as necessidades de segurança, e estas, se satisfeitas, abrem espaço para as necessidades sociais, que se supridas, darem lugar para as necessidades de autoestima.

Quando todas as necessidades propostas nesta teoria estiverem satisfeitas, abre-se espaço para a autorrealização, o que se pode entender como um aspecto de felicidade do indivíduo; por outro lado, caso uma destas necessidades não sejam saciadas, ocorrerá a incongruência, o que se pode entender, neste aspecto, como uma desarmonia; uma vez que os múltiplos fatores envolvidos na pirâmide estão interligados, assim como as emoções, o corpo, os sentimentos, o comportamento e os pensamentos das pessoas.

Portanto acreditamos que a teoria da hierarquia das necessidades pode contribuir positivamente para os profissionais da educação a fim de oferecer um apoio para compreensão e ponto de partida à mudança de atitudes educacionais no propósito de equacionar e criar novas motivações para melhoria no processo de ensino- aprendizagem que levem a resultados pedagógicos mais eficazes, além de transformar a sala de aula em um ambiente fértil de inovações.

ENSINO E MOTIVAÇÃO

Ensinar, segundo o “Novo Dicionário AURÉLIO” (1975), traz como significados : “transmitir conhecimentos a”, “educar”, “instruir”, “lecionar”, “dar aula”, enunciados que nos situam no campo do discurso pedagógico. Logo, desde que nascemos até nossa morte vivemos num processo constante de ensinar, como também de aprender. No entanto, nos ambientes escolares o ensino está em constante interação com a motivação, ao que esta tem papel de muita importância para que os resultados esperados aconteçam.

Para Paulo Freire (2004,p.27) “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção.”

A literatura está também repleta de definições sobre o que é motivação, não obstante preferimos de uma forma genérica dizer que motivação é o processo responsável pela intensidade, condução e mutualidade do empenho de uma pessoa para alcançar seus propósitos. E nesse sentido, vamos direcionar nosso olhar para a área da educação a fim de refletirmos no processo de ensino aprendizagem.

Nesse prisma do ensino aprendizagem, motivar significa impulsionar os atores do ambiente escolar em sua autonomia e competência, com o intuito de despertar seus interesses para obterem práticas mais efetivas e satisfatórias para si mesmos.

Segundo Bzuneck (2001),

(…) toda pessoa dispõe de recursos pessoais como o tempo, a energia, os talentos, os conhecimentos e as habilidades. Esses recursos poderão ser investidos em qualquer atividade escolhida pelo indivíduo, sendo mantidos, enquanto estiverem atuando os fatores motivacionais. Desta forma, a motivação pode influenciar no modo como o indivíduo utiliza suas capacidades, além de afetar sua percepção, atenção, memória, pensamento, comportamento social, emocional, aprendizagem e desempenho. (apud (NEVES E BORUCHOVITCH. 2004, p.79).

Em regra, ensino e aprendizagem são processos que caminham juntos e de certo modo complementares um do outro durante todo o curso educativo. Em conformidade às palavras de Iturra (2009), o ensino é a prática de repassar conhecimentos fundamentados e constatados, pela população que educa à população que desconhece.

Nesse mote para Falcão et al.;(s/d,p.3), “o processo de ensino e aprendizagem tem como mediadores docentes e discentes como a finalidade única voltada para a formação do conhecimento.”

Os ambientes escolares ou até mesmo outros ambientes que envolvem questões voltadas ao desenvolvimento humano de cunho pessoal ou coletivo estão permeados pelo tema motivação.

A motivação como um processo que implica fenômenos emocionais, biológicos e sociais exerce uma função importante nos resultados que docentes e discentes buscam alcançar. Neste aspecto, motivação e ensino estão ligados e presentes na trajetória do processo de ensino aprendizagem.

AS MOTIVAÇÕES INTRÍNSECA E EXTRÍNSECA

O segredo motivacional do aprendizado escolar está em conseguir conciliar o desenvolvimento da motivação intrínseca (pela autopercepção dos avanços obtidos e o processo necessário), segundo Burochovitch & Bzuneck (2004, p. 37), “a motivação intrínseca refere-se à escolha e realização de determinada atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora de satisfação,” com o apoio da motivação extrínseca ou externa (avaliação dos adultos, informações a respeito, elogios verdadeiros, etc).

A motivação extrínseca tem sido definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para a obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências ou habilidades […] diversos autores consideram as experiências de aprendizagem propiciadas pela escola como sendo extrinsecamente motivadas, levando alguns alunos que evadem ou concluem seus cursos a se sentirem aliviados por estarem livres da manipulação dos professores e livros (BUROCHOVITCH & BZUNECK, 2004, p. 45-46).

Os professores que confiam em um estilo relativamente controlador estabelecem para seus alunos formas específicas de comportamentos, sentimentos ou de pensamentos, oferecendo incentivos extrínsecos e consequências para aqueles que se aproximam do padrão esperado. No ambiente de sala de aula o controle é a principal característica.

Salisbury-Glennon & Stevens(1999) consideram que por desconhecimento, muitas vezes os professores são levados a acreditar que controlar a motivação de seus alunos através de recompensas ou pressões externas é sua única possibilidade de intervenção, pois, de acordo com o senso comum, a motivação ‘é algo que vem de dentro’ podendo ser modificada apenas pelo próprio indivíduo.(APUD BUROCHOVITCH & BZUNECK, 2004, p. 49).

A motivação deve receber especial atenção e ser mais considerada pelas pessoas que mantêm contato com o aprendente, realçando a importância desta esfera em seu desenvolvimento. A motivação é energia para a aprendizagem, o convívio social, os afetos, o exercício das capacidades gerais do cérebro, da superação, da participação, da conquista, da defesa, entre outros.

Pais, educadores e especialistas que lidam com as crianças podem levar em conta a construção motivacional na infância, antevendo as suas decorrências futuras, tais como a autopercepção e o hábito de desenvolver a motivação intrínseca, reduzindo a necessidade de buscar motivação extrínseca para a realização de alguma tarefa.

Para Burochovitch & Bzuneck (2004, p. 37), “a motivação intrínseca proporciona a sensibilidade no aluno de que sua participação na tarefa é a principal recompensa, não sendo necessárias pressões externas, internas ou prêmios por seu cumprimento”. Este tipo de desenvolvimento requer acompanhamento, contato e participação.

Os afetos devem estar presentes, uma vez que são fonte fundamental de motivação, além das informações que se fazem presentes em cada situação. Boa dose de paciência e vontade complementam o arsenal de instrumentos necessários ao adulto para que colabore quanto ao desenvolvimento motivacional da criança.

A motivação intrínseca do aprendente não resulta de treino ou de instrução, mas pode ser influenciada principalmente pelas ações do professor. Embora não se desconsiderem as crenças, conhecimentos, expectativas e hábitos que os estudantes trazem para a escola, a respeito da aprendizagem e da motivação, o contexto instrucional imediato, ou seja, a sala de aula, torna-se fonte de influência para o seu nível de envolvimento.

Os professores facilitadores da autonomia de seus alunos nutrem suas necessidades psicológicas básicas de autodeterminação, de competência e de segurança. Para que isso ocorra, eles oferecem oportunidade de escolhas e de feedback significativos, reconhecem e apoiam os interesses dos alunos, fortalecem sua autorregulação autônoma e buscam alternativas para levá-los a valorizar a educação, em suma, tornam o ambiente de sala de aula principalmente informativo. Por isso temos a necessidade de fazer certas reflexões como: De que maneira os adultos compreendem a motivação na infância? Qual o tipo de acompanhamento é oferecido ao aprendente, visando o seu desenvolvimento global e, particularmente, o desenvolvimento da motivação? Que respostas relacionadas à motivação podem ser esperadas de um aprendente que pouco desenvolveu a sua capacidade motivacional intrínseca na infância?

Ao compreender aspectos da motivação neste período da vida, facilita ao adulto o entendimento sobre que tipo de ajuda poderá oferecer ao aprendente, desde que haja um compromisso nesta relação e a percepção de que sua presença é fundamental. O aprendente se sente motivado a executar muitas tarefas em virtude do reconhecimento e impressões daqueles com quem convive, na tentativa de demonstrar a sua evolução e as conquistas que realiza.

Os bons motivos serão sempre a chave para o desenvolvimento natural do aprendente, além de gerar harmonia entre os elementos internos e externos, parte de nossa própria natureza humana.

A motivação infantil tem lugar de destaque no desenvolvimento de nossa espécie. Não é algo que deva ser fonte de preocupação posterior. É no aqui e agora que as coisas acontecem. Perceber estas oportunidades e não as deixar passar, torna-se fundamental para não criar dificuldades em outro momento. O ato de colaborar é motivo de boa qualidade no convívio atual e especial preparação para o futuro.

ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA TEORIA DE ABRAHAM MASLOW

A teoria de Abraham Maslow busca compreender e explicar as necessidades e o comportamento humano, sendo esse comportamento composto por necessidades básicas. Algumas dessas necessidades foram pelo autor reconhecidas como fundamentais para a sobrevivência como: as fisiológicas e biológicas, como fome, sede e o sono, respiração.

Desse modo, a satisfação de uma necessidade sempre traz outra, ou seja, quando se satisfaz as necessidades fisiológicas, surgem outras, como por exemplo a autoestima. Atendida essa, surge então a necessidade de segurança, e assim por diante. Para Abraham Maslow, as necessidades são motivadas e motivadoras, as quais ele as considera como psicofísica, pois buscam um equilíbrio para o organismo. O autor afirma ainda que ‘’se todas as necessidades estão insatisfeitas e o organismo é dominado pelas necessidades fisiológicas, quaisquer outras necessidades se tornam inexistentes ou latentes”.

A teoria de Abraham Maslow é conhecida como uma das mais importantes dentro da área motivação. Para o autor , as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem ultrapassados. Ele aponta ainda que a motivação seja explicada pelas necessidades humanas, sendo que os estímulos levam os indivíduos à ação. Nesse caso, pode ser externo ou interno, visto isto temos a ideia de ciclo motivacional, pois quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do indivíduo que poderá assumir várias atitudes. No entanto, isso não significa que o indivíduo permanecerá eternamente frustrado. Como a motivação é um estado dinâmico e constante na vida pessoal de cada ser, de alguma maneira a necessidade será transferida ou compensada.

Diante de seus estudos, Abraham Maslow criou uma pirâmide, em cuja base estão as necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (necessidades de auto realização). Assim, houve uma hierarquização das necessidades, como se segue: na base temos as necessidades fisiológicas, sendo as mais importantes: oxigênio, líquido, alimento e descanso. Um indivíduo com insatisfação dessas necessidades, pode comportar-se de modo brutal na luta pela sobrevivência. A satisfação das necessidades fisiológicas é condição indispensável à satisfação das ordens superiores. Logo acima temos as necessidades de segurança, manifestadas pelo comportamento de evitar o perigo diante de situações estranhas e não familiares. É essa necessidade que leva o organismo a agir rapidamente em situações de emergência. Mais acima, temos a necessidade de amor e participação, expressa pelo desejo que todos têm de se relacionarem afetivamente com os outros, de pertencerem a um grupo.

A vida social explica a maior parte dos nossos comportamentos e desse modo temos a necessidade de estima que nos leva a procurar a valorização e o reconhecimento por parte dos outros. Quando essa necessidade é satisfeita, sentimos confiança em nossas realizações.

No entanto, ao relacionar a teoria da hierarquia das necessidades para novas práticas que sejam habituais e conduzam ao sucesso do aluno, constatamos que isto depende muitas vezes da confiança que o aprendente tem em si mesmo. Esse é talvez um dos grandes problemas que afetam a educação. As necessidades de conhecimento e compreensão abrangem a curiosidade, a exploração e o desejo de conhecer novas coisas. Essa necessidade é importante colaboradora no ambiente escolar. “A fim de descobrir o que um ser humano precisa e o que ele é, é necessário instalar condições especiais que nutrem expressão destas necessidades e capacidades que encorajam e fazem eles possíveis. (Abraham Maslow, 1954, p. 276)

Na teoria humanista de Abraham Maslow, da hierarquia das necessidades, é fundamental que se observe que as necessidades do topo apenas se manifestam quando as da base são satisfeitas.

A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO DO ALUNO NO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM

A motivação humana é observada desde quando somos bebês e sob diferentes formas. O bebê que busca a satisfação de sua fome, somada ao aconchego de um colo quente e acolhedor, demonstra, ao sugar o peito ou uma mamadeira, possuir motivação de sobra, através de seu instinto e da necessidade de nutrir-se, reclama de seu cuidador a nutrição e os afetos, expressos pelo choro, por vezes intensos e fortes.

Em outra época, cujo desenvolvimento permite certa independência de movimentos de locomoção e manipulação de objetos, vê-se outras possibilidades inerentes ao tipo de motivação na criança. No brincar, especial circunstância do cotidiano infantil, encontra-se rica fonte de informações acerca de seu mundo interno: suas emoções e pensamentos.

A motivação pode ser entendida como um processo e, como tal, é aquilo que suscita ou incita uma conduta, que sustenta uma atividade progressiva, que canaliza essa atividade para um dado sentido (BALANCHO e COELHO, 1996).

Acompanhando o crescimento da criança, nota-se um novo momento de se construir a motivação.

Uma forma de exemplificar este processo pela lente da psicologia infantil ocorre por meio da analise das competências adquiridas. Tornar-se competente em seu convívio social, leva a criança à motivação. Uma habilidade motora específica nos esportes pode ser desenvolvida e se este fator é capaz de acionar o desejo de se empreender tal atividade com determinado empenho.

O reforço externo, relativo à performance das habilidades adquiridas vindo dos pais e conhecidos, possibilita o incentivo à motivação. Se a performance for percebida pela criança, ao adquirir um aperfeiçoamento, então, poderá levá-la a uma boa autoestima, e também à motivação interna. Por outro lado, a criança que pouco percebe as suas competências, necessita de maior estímulo externo, possui baixa autoestima e demonstra-se ansiosa e enxerga pouca perspectiva de melhora em suas habilidades.

E para comprovar essas necessidades humanas, a teoria de Abraham Maslow vem contribuir em vários pontos para a motivação, à medida que explica a importância do ciclo motivacional, pois quando esse não existe no ambiente escolar, causa desde um comportamento ilógico até comportamentos de passividade e não colaboração por parte do aluno. É preciso que o aluno esteja com as necessidades mais baixas da pirâmide, as chamadas fisiológicas, plenamente satisfeitas para que a aprendizagem possa ocorrer, pois caso contrário, o aluno não conseguirá se dedicar ao estudo.

Outro ponto que a teoria de Abraham Maslow traz é a necessidade de uma vida social, em grupo, pois observa-se que alunos com essa necessidade insatisfeita têm mais problemas no processo de aprendizagem e frequentemente sentem-se excluídos. A título de exemplo, comprovamos de fato que quando um aluno está sofrendo bullying, ou sofrendo algum problema na família ou de outros tipos, é notório a queda de seu rendimento e sua atenção ficam defasados. A necessidade de estima é relevante e importante, porque o sucesso ou fracasso do aluno depende muito de sua estima inclusive em sala de aula. Além disso, o problema é que a auto estima também está diretamente associada à confiança e estima que os pais, demais alunos e até professores depositam nele.

E quanto a realização e a busca pelo conhecimento, essa tem forte atuação em sala de aula e pode ser utilizada em benefício da aprendizagem, porém, é preciso que o professor esteja atento as essas necessidades para poder tirar o máximo proveito do que cada aluno tem a oferecer, retroalimentando o ciclo motivacional nesses aspectos.

Portanto, a teoria de Abraham Maslow e outras teorias motivacionais têm muito a oferecer no processo de ensino-aprendizagem, porque enxerga o indivíduo com todas as suas particularidades, ou seja, enfatizando as suas necessidades de uma forma geral. E vale ressaltar também, que o professor, como sujeito desse processo, também tem suas necessidades a serem satisfeitas de acordo, tornando o processo bilateral como ele deve ser, para que os resultados sejam mais eficazes. Mas, ocorre que infelizmente, as políticas educacionais atuais brasileiras não conseguem atender as necessidades de alunos e professores, acarretando o quadro atual que vemos nas escolas: alunos dispersos e professores desmotivados, por conta de vários problemas, como salário incoerente, carga horária excessiva, grandes números de alunos por turma, falta de recursos e estrutura, falta de investimentos em formação e reciclagens, enfim, são muitos os desafios.

FATORES DESMOTIVACIONAIS NA ATUAL EDUCAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

“A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto.” (DARCY RIBEIRO).

Há longos anos, nosso país não prioriza a educação como um bem a ser investido e por isso causa sérios e diversos desafios aos profissionais da educação, bem como mazela toda a sociedade brasileira atual e sua descendência, trata-se de um verdadeiro projeto de desconstrução, com início, meio e fim, que percorre todos os vãos da vida nacional, mas se concentra na inviabilização do futuro do país, cortando de vez as possibilidades objetivas de retomada do desenvolvimento, pois todas elas dependem de ensino, pesquisa e tecnologia, os alvos mais frágeis, mas que poucos ainda resilientes, ou mesmo uma parcela da sociedade que reconhece sua importância e investem em educação, seguem contramão desta realidade, buscando construir outra realidade.

Muitos alunos em uma única sala, sem estrutura, passando poucas horas e professores mal remunerados. A solução para esse problema seria um investimento maciço em escolas preparadas com laboratórios, computadores, aplicativos de comunicação, bibliotecas e aumento salarial para os professores, além de um programa de educação continuada para eles. Países mais desenvolvidos são justamente aqueles que mais investem em educação.

Vale ressaltar, que em 2014 foi elaborado o plano Nacional de Educação, decenal, aprovado pela Lei nº 13.005/2014, e que estará em vigor até 2024, e dentre suas 20 metas apresenta:

Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.

No entanto, os resultados ainda não estão conforme o planejado e apenas 23,5% das crianças estão matriculadas em creches. Nesse contexto, evidencia-se que o brasileiro tem um período singular na escola durante sua vida como aluno. Ao contrário da maioria dos países desenvolvidos, onde o estudante fica tempo integral. A carga horária mínima de 800 horas anuais poderia ser cumprida e distribuída em 200 dias letivos, visando maior tempo para trabalhos escolares e plano de desenvolvimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendendo que a motivação está atrelada a condicionantes pessoais e contextuais, verificou-se vários pontos negativos encontrados e que urgentemente a educação brasileira necessita de uma nova forma de abordagem para eliminar o grande déficit escolar. Assim, deve ser planejada e desenvolvida para atender às necessidades formativas dos alunos desde a educação infantil com o objetivo de torná-los capazes e preparados para enfrentar as mudanças e desafios que o progresso e a evolução social naturalmente irão trazer.

Mas, outro ponto importante é que a organização curricular de uma escola deve se organizar de maneira flexível, ou seja, de maneira a diversificar o atendimento conforme as necessidades de seus alunos e assim construir uma nova prática pedagógica, rompendo com o caráter tradicional e alinhando-se às novas demandas sociais.

Por conseguinte, o fator avaliativo deve ser coerente, e ter como função básica acompanhar o desenvolvimento do aluno, fornecendo informações fundamentais para que o professor interprete o estágio de desenvolvimento dos alunos e direcionar a partir daí, a sua intervenção, pois verifica-se em muitos casos que os professores trabalham de forma individualizada, contando com os seus conhecimentos individuais para lidar com o fator motivacional das crianças em sala de aula.

Ainda vale ressaltar que se faz necessário para este novo olhar para a motivação, uma formação continuada e focada nos professores, pais e demais professores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

Observou-se que dentre os mecanismos que podem ser utilizados para a motivação da criança é o método expositivo verbal, qual pode ser muito eficiente se o professor conseguir mobilizar a atividade interna do aluno para o aumento da concentração, combinando com outros procedimentos, como o trabalho independente, a conservação e o trabalho em grupo além da conjugação com demonstração, ilustração e a exemplificação, possibilitando o enriquecimento da aula expositiva. A exposição verbal é um procedimento muito valioso para a aprendizagem, pois se o conteúdo da aula é interessante para a criança, vincula-se com seus conhecimentos e experiências prévias.

Para atrair a atenção do aluno para o assunto estudado, convém estimular todos os sentidos, lembrar filmes sobre o assunto, expor mapas, fazer experimentos(se possível), aguçar a curiosidade das crianças pois quanto mais jovem o aluno, maior a necessidade de se utilizar recursos variados. O conhecimento do progresso é um outro fator importante para a eficiência da aprendizagem, pois sem conhecer o resultado de seu esforço o aluno se desinteressa pelo processo de aprendizagem a que está submetido e seu rendimento será muito menor. A avaliação enquanto parte desse processo dinamiza e regula essas aprendizagens.

Em suma concluímos que entender a motivação no ensino e para a aprendizagem, exige considerar sempre um estudo da realidade de seus alunos, já que temos que conhecer as característica pessoais de cada aluno, tendo em vista que a motivação se mostra de forma diferente para cada indivíduo, à medida que possuem perspectivas de vida distintas, como também um conjunto de fatores importantes que se entrelaçam no contexto escolar e social, ao ponto que esses influenciam de forma significativa na motivação no processo de aprendizado de cada aluno.

Os pais têm ciência da necessidade do bom aprendizado e participam seguindo as orientações definidas pela instituição escolar. Ainda, observa-se uma falha institucional com relação a uma orientação complementar que possa auxiliar na motivação das crianças que apresentam os sintomas de desmotivação, não sendo aplicado nenhum programa que envolva a escola, os pais e a criança, objetivando estimular e motivar esta criança.

REFERÊNCIAS

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1Pedagoga pela Universidade Federal do Ceará, Pós-Graduada em Psicomotricidade Relacional pelo Integra, Mestrando em Artes pela Faculdade Célia Helena, SP. crismartins10122003@yahoo.com.br

2Graduando em pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú. danielef623@gmail.com

3Pedagoga, Pós-Graduada em Alfabetização de crianças e multiletramentos pela Universidade Estadual do Ceará. profaemilly@hotmail.com

4Pedagoga, Pós-Graduada em Psicopedagogia pela Faculdade Plus. rafaela312415@yahoo.com.br

5Pedagoga, Pós-Graduada em Administração Escolar. geovanaoliveira2@hotmail.com

6Psicóloga, Pós-Graduada em Estratégias de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher pela Escola de Saúde Pública do Ceará – ESP/CE, psi.guilhermina@gmail.com

7Pedagoga, Pós-Graduada em Psicopedagogia e Educação Especial

8Pedagoga, Pós-Graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Universidade Vale do Acaraú.  nataliasouza131289@hotmail.com

9Pedagoga, Pós-Graduada em Educação Infantil pela Faculdade Plus. lucilenegomes750@gmail.com

10Pedagoga, Pós-Graduada em Psicopedagogia.  estudaesemprebom@gmail.com