DISFUNÇÕES ORAIS E DISFAGIA EM NEONATOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202410141816


Caio Borges Santana Guimarães1
Ana Lúcia de Souza Campos2
Keilyane Andrade Pimenta3
Eduardo Jorge Custodio da Silva4
Josvaldo da Silva Viana Júnior5


RESUMO 

Diante da importância do tema e do risco de complicações ainda mais graves, buscou-se reunir informações com o propósito de responder ao seguinte problema de pesquisa: Como a disfunção motora oral e a disfagia podem influenciar na qualidade de vida e no prognóstico dos recém nascidos?. Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com a finalidade de sistematizar o conhecimento sobre o tema pela reunião dos principais dados disponíveis na literatura. Diante do exposto, pode-se concluir a escassez de publicações acerca das disfagias neonatais, representando um déficit nas pesquisas científicas sobre a temática.

INTRODUÇÃO 

As habilidades motoras orais são de extrema importância para o desenvolvimento das funções vitais. Alterações nessas habilidades caracterizam as disfunções motoras orais, relacionadas aos estágios iniciais da amamentação e apresentam uma diversidade de causas e fatores, dentre elas a prematuridade, déficits neurológicos e anomalias congênitas. Nos primeiros dias de vida, as disfunções orais podem interferir no aleitamento materno e nos reflexos orais do neonato, podendo ainda ocasionar dificuldades no ganho de peso, desmame precoce e desenvolvimento inadequado das estruturas orais. Questões como imaturidade neurológica, alterações no tônus muscular, reflexos orais rebaixados, e o grau de irritabilidade, causado pelo ambiente invasivo da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), podem reduzir a qualidade dessas habilidades motoras orais dos recém-nascidos pré-termos (Nevia 1). De forma geral, os RNPT apresentam imaturidade do sistema nervoso central, apresentando comportamento semelhante aos de bebês com dano encefálico, apresentando risco elevado de aspiração. São bebês com imaturidade global, que incluem o sistema estomatognático, pela inabilidade de sucção e à falta de coordenação do reflexo de sucção e das funções de sucção, deglutição e respiração (Dedivitis 2).

A disfagia é definida como um tipo de disfunção oral onde ocorre a inabilidade de deglutição. Em neonatos, a disfagia se constitui como um déficit na sucção, que pode levar a outras dificuldades, como engasgo, refluxo, desconforto respiratório e aspiração, além de outras alterações (Valerio 3). O estudo da disfagia neonatal assume uma importância cada está assumindo uma importância cada vez maior na área da saúde por se tratar de uma área de abordagem multidisciplinar que abarca diversas especialidades como fonoaudiologia, otorrinolaringologia, pediatria/neonatologia, pneumologia e gastroenterologia, entre outras. Inúmeras patologias podem levar ao comprometimento do sistema estomatognático ou alterações neuromotoras podendo resultar em disfagia, principalmente quando relacionadas à prematuridade (Siktberg 4).Diante da importância do tema e do risco de complicações ainda mais graves, buscou-se reunir informações com o propósito de responder ao seguinte problema de pesquisa: Como a disfunção motora oral e a disfagia podem influenciar na qualidade de vida e no prognóstico dos recém nascidos?

Para tanto, a pesquisa teve como objetivo realizar uma revisão sistemática de literatura sobre disfunções orais e a disfagia em neonatos. Em seguida buscou discutir assim como discutir os principais fatores relacionados às suas causas, e proporcionar um panorama atualizado sobre o diagnóstico e prognóstico das disfunções orais e disfagia em neonatos. Para tanto, a equipe multiprofissional precisa compreender a importância da disfagia no contexto neonatal através da realização de estudos que busquem aprofundar o tema. Nesse contexto, a proposta deste trabalho visa apresentar conceitos, identificar fatores relevantes e entender as causas, promovendo estratégias de reconhecimento dos fatores de risco por parte de toda equipe multiprofissional, a fim de garantir a intervenção precoce reduzindo os índices de complicações.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com a finalidade de sistematizar o conhecimento sobre o tema pela reunião dos principais dados disponíveis na literatura. Esse tipo de pesquisa sintetiza e revisita o estado do conhecimento de um determinado assunto (Botelho 5). O presente estudo envolveu as seguintes etapas: elaboração da pergunta norteadora; definição de palavras chaves e dos critérios de inclusão e exclusão de artigos, busca, seleção e análise dos artigos. A pergunta norteadora que norteou o presente estudo foi: “Quais são as principais causas das disfunções orais e disfagias ocorridas em neonatos?”. Para isso, a partir da consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), foram definidos as seguintes palavras chaves: “Transtornos da deglutição”, “Recém- nascido” ” Transtornos de Alimentação na Infância” “aleitamento materno” “Disfunção oral em neonatos”, “Disfagia em neonatos”, além de seus correspondentes em inglês. Como critério de inclusão estabeleceu-se a originalidade do artigo e foi publicado nos últimos 15 anos em língua portuguesa ou inglesa que versassem sobre o tema proposto. Utilizando como base de dados o Periódico Capes, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scielo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a realização da busca bibliográfica, foi possível encontrar 109 trabalhos quando não aplicados os filtros dos critérios de inclusão. A partir da utilização dos filtros, pode-se observar uma diminuição significativa no quantitativo de estudo que se enquadram na pesquisa, com o resultado de 3 trabalhos, principalmente quando se referido a periodicidade, demonstrando que há um déficit nos novos estudos sobre a temática proposta.

DISCUSSÕES

Sendo o aleitamento materno indubitavelmente necessário para a saúde do neonato, assim os aspectos que desencadeiam uma quebra nessa alimentação trata-se de um problema de saúde pública. As mudanças anatomofuncionais e comportamentais, como a habilidades orais durante os primeiros momentos de vida podem influenciar nas modalidades orais, tornando possível o surgimento de disfagias orais (Steinberg 6). A imaturidade neurológica desencadeia dificuldades alimentares, em decorrência de disfagias para solidos e líquidos, regurgitação e vômitos e constipação intestinal.

A ação motora voluntária de distúrbios no processo de deglutição causa problemas na alimentação, fazendo com que os neonatos percam peso e necessitem de intervenções médicas sobre o quadro de saúde (Menezes 7). Algumas síndromes congênitas podem desencadear também quadros de disfagia oral, por conta de quadros convulsionais. Sendo assim, estudos pesquisam o uso do canabidiol como terapia medicamentosa, entretanto, tal assunto entra em questões éticas e morais, se tornando um assunto sensível para a comunidade da saúde (Oliveira 8).

A disfagia neonatal é uma condição que afeta a capacidade de recém-nascidos e bebês pequenos de engolir adequadamente. Essa dificuldade pode ser causada por diversos fatores, como imaturidade do sistema neuromuscular, malformações congênitas, ou condições médicas subjacentes, como refluxo gastroesofágico. Os sinais incluem dificuldade para mamar, tosse ou engasgos durante a alimentação, e recusa do alimento. O diagnóstico é frequentemente realizado por meio de avaliações clínicas e, em alguns casos, exames de imagem. O tratamento pode envolver a reabilitação da deglutição, técnicas de alimentação adaptadas e, em situações mais graves, intervenções médicas. O acompanhamento multidisciplinar é fundamental para garantir que a criança receba a nutrição adequada e minimize riscos de complicações, como aspiração.

A disfagia neonatal pode variar em gravidade e é essencial identificar suas causas para um tratamento eficaz. Nos recém-nascidos, a imaturidade do sistema nervoso central pode resultar em reflexos de deglutição não coordenados. Isso é comum em bebês prematuros, que podem ter um desenvolvimento neurológico ainda em progresso.

Além de prematuridade, outras condições que podem contribuir para a disfagia incluem anomalias estruturais, como fissuras palatinas, que afetam a capacidade de criar um vácuo para sucção. Outras questões, como problemas neuromusculares ou condições genéticas, também podem interferir.

Os sinais clínicos são variados e podem incluir dificuldade em iniciar a alimentação, cianose (pele azulada) durante a amamentação, regurgitação frequente ou perda de peso. O diagnóstico pode envolver uma equipe multidisciplinar, incluindo pediatras, fonoaudiólogos e gastroenterologistas, que podem realizar avaliações detalhadas, como a videofluoroscopia da deglutição.

O tratamento pode incluir estratégias como a modificação da consistência dos alimentos, mudanças na posição do bebê durante a alimentação e técnicas específicas de manejo da deglutição. Em alguns casos, a nutrição enteral pode ser necessária para garantir que a criança receba os nutrientes adequados.

É importante monitorar o desenvolvimento geral da criança, pois a disfagia pode impactar não apenas a alimentação, mas também o crescimento e o desenvolvimento cognitivo. O acompanhamento contínuo e as intervenções precoces são cruciais para melhorar os resultados a longo prazo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, pode-se concluir a escassez de publicações acerca das disfagias neonatais, representando um déficit nas pesquisas científicas sobre a temática. Assim, a comunidade da saúde necessita de políticas públicas para o manejo adequado dos casos de disfagias neonatais, visto posto que tal problemática pode acarretar dificuldades para a alimentação desencadeando o emagrecimento e diminuição da imunidade, deixando assim propício para infecções oportunistas.

REFERÊNCIAS

Botelho R, Castro C, et al. O MÉTODO DA REVISÃO INTEGRATIVA NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS THE INTEGRATIVE REVIEW METHOD IN ORGANIZATIONAL STUDIES [Internet]. Availablefrom: https://moodle.ufsc.br/ pluginfile.php/4226295/mod_resource/content/1/BOTELHO%20 CUNHA%20O%20metodo%20da%20revisao%20integrativa%20 nos%20estudos%20organizacionais.pdf

Dedivitis, R.A., Santoro, P.P., Sugueno, L.A. Manual prático de disfagia: diagnóstico e tratamento [Internet]. pesquisa. bvsalud.org. 2017. p. 366–6. Available from: https://pesquisa. bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1086125

Menezes E da C, Santos FAH, Alves FL. Cerebral palsy dysphagia: a systematic review. Revista CEFAC. 2017 Aug;19(4):565–74. Neiva, F.C.B., Leone, C.R. Sucção em recém-nascidos pré-termo e estimulação da sucção. Pró-Fono Revista de Atualização Científica [Internet]. 2006 Aug1;18:141–50. Availablefrom: https://www.scielo.br/j/pfono/a/zxDx4Ytbr4qRkqtbx4WLdmc/ab stract/?lang=pt

Oliveira S, Machado E, Fóla F, Carneiro ZA, Lourenço CM. Uso de canabidiol como terapia adjuvante em paciente com síndrome de Zellweger: relato de caso. Medicina (Ribeirão Preto). 2020 Oct 14; 53(3):321–6.

Siktberg LL, Bantz DL. Management of children with swallowing disorders. Journal of Pediatric Health Care. 1999 Sep;13(5):223– 9.

Steinberg C, Menezes L, Nóbrega AC. Disfunção motora oral e dificuldade alimentar durante a alimentação complementar em crianças nascidas pré-termo. CoDAS. 2021;33(1).

Valério KD, Araújo CMT de, Coutinho SB. Influência da disfunção oral do neonato a termo sobre o início da lactação. Revista CEFAC. 2010 May 28;12(3):441–53.


1Universidad Abierta Interamericana / Revalidado UFMT – Universidade Federal do Mato Grosso
2Iunir revalidada unesp
3Faculdade: Unifaminas Muriaé
4UERJ
5UFRR