O ENSINO DA GRAMÁTICA: O PROGRAMA DE CHOMSKY NA ESCOLA                                                                                                                                   

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102410141514


Thamires Veras de Oliveira
Orientador: Diógenes José Gusmão Coutinho


 RESUMO

Este artigo visa aplicar a Gramática Universal de Chomsky no ensino de gramática na escola. O problema central é investigar como essa implementação pode melhorar a compreensão dos alunos sobre a estrutura linguística. A justificativa inclui a exploração dos princípios da teoria linguística de Chomsky, a análise da gramática gerativa e a evolução da gramática universal. O Artigo também compara o programa de Chomsky com abordagens tradicionais, argumentando que a teoria de Chomsky pode promover uma compreensão mais profunda das estruturas linguísticas. Os objetivos incluem a importância da Gramática de Chomsky no desenvolvimento linguístico dos estudantes,metodologias eficazes para o ensino da Gramática: uma Abordagem Chomskyana e a comparação entre gramática normativa, descritiva e internalizada no contexto educacional. A metodologia envolve um estudo bibliográfico com abordagem exploratória.

Palavras-chave: Gramática Universal, Chomsky, gerativismo, Ensino da gramática.

ABSTRACT

This article aims to apply Chomsky’s Universal Grammar to teaching grammar at school. The central problem is to investigate how this implementation can improve students’ understanding of linguistic structure. The rationale includes exploration of the principles of Chomsky’s linguistic theory, analysis of generative grammar, and the evolution of universal grammar. The Article also compares Chomsky’s program with traditional approaches, arguing that Chomsky’s theory can promote a deeper understanding of linguistic structures. The objectives include the importance of Chomsky’s Grammar in the linguistic development of students, effective methodologies for teaching Grammar: a Chomskyan Approach and the comparison between normative, descriptive and internalized grammar in the educational context. The methodology involves a bibliographic study with an exploratory approach.

Keywords: Universal Grammar, Chomsky, generativismo, Teaching grammar.

  1. INTRODUÇÃO

Gramática universal, na época clássica, era considerada uma ciência que investigava as condições necessárias para que qualquer sistema de signos pudesse representar completamente o pensamento e comunicá-lo de forma eficaz. Segundo Leclerc (2008), todas as línguas naturais atendem a essas condições e às regras constitutivas desses sistemas.

A gramática universal busca refletir empiricamente os aspectos mais universais das gramáticas faladas por diferentes povos, tornando explícitas as regras que os gramáticos de cada língua tentam descrever. A linguagem, dentro da gramática universal, é definida como a expressão do pensamento. Como a natureza humana é constante em todas as épocas e lugares, a gramática universal se baseia em duas teorias filosóficas universalistas: a Teoria das Ideias e a Teoria Lógica do Juízo, herdada da lógica aristotélica.

Diante dessa perspectiva, é perceptível a importância de inserir o ensino da gramática de Chomsky no desenvolvimento das habilidades linguísticas dos estudantes na escola. A abordagem tradicional, focada na memorização de regras gramaticais, tem se mostrado insuficiente para promover uma compreensão profunda e funcional da língua. Portanto, é essencial explorar metodologias mais eficazes que estimulem o aprendizado significativo e a aplicação prática dos conhecimentos gramaticais.

A partir desses conceitos, destacam-se três tipos de gramática: a gramática normativa, que prioriza a língua escrita e é comumente ensinada nas escolas; a gramática descritiva, que registra fatos da língua em um dado momento, abrangendo tanto a variedade padrão quanto a oral; e a gramática internalizada, que são as regras dominadas pelo falante e que permitem o uso eficaz da língua.

O programa de Chomsky tem relevância significativa para o ensino da língua portuguesa na escola. Chomsky propôs que os seres humanos têm uma capacidade inata para adquirir e produzir linguagem. Seu programa gerativo enfatiza a estrutura profunda (regras universais subjacentes) e a estrutura superficial (a forma como as frases são expressas).

 No ensino, isso implica ajudar os alunos a entenderem a lógica subjacente à gramática, em vez de apenas memorizar regras. A abordagem de Chomsky incentiva a análise crítica da linguagem, permitindo que os alunos examinem como as estruturas gramaticais afetam o significado e a comunicação, além de considerar o contexto social e cultural em que a língua é usada, incluindo variações regionais, gírias e registros formais/informais.

Ao ensinar gramática, pode-se focar na lógica por trás das regras, não apenas na memorização. Por exemplo, em vez de simplesmente ensinar concordância verbal, explicar por que ela ocorre e como as palavras se relacionam. A abordagem de Chomsky enriquece o ensino da gramática, promovendo uma compreensão profunda e aplicação prática. Um ponto imprescindível é a avaliação formativa e somativa. Segundo Josely Iris e Maria Inês (2012), uma avaliação formativa requer que os alunos avaliem conscientemente seu próprio aprendizado, estabeleçam metas de conhecimento e determinem estratégias para progredir.

  • A Evolução da Gramática Universal e Suas Implicações no Ensino Moderno

No contexto educacional moderno, a gramática universal tem implicações significativas. A abordagem tradicional de ensino de gramática, focada na memorização de regras, tem se mostrado insuficiente para promover uma compreensão profunda e funcional da língua. A introdução das ideias de Chomsky no ensino da língua portuguesa, por exemplo, enfatiza a importância de entender a lógica subjacente à gramática, em vez de apenas memorizar regras (Oliveira e Brito, 2020).

Essa abordagem incentiva a análise crítica da linguagem, permitindo que os alunos examinem como as estruturas gramaticais afetam o significado e a comunicação. Além disso, considera o contexto social e cultural em que a língua é usada, incluindo variações regionais, gírias e registros formais/informais (Oliveira e Brito, 2020).

Ao focar na lógica por trás das regras gramaticais, os alunos desenvolvem habilidades de leitura, escrita e comunicação mais sólidas. Por exemplo, em vez de simplesmente ensinar concordância verbal, os professores podem explicar por que ela ocorre e como as palavras se relacionam. Isso promove uma compreensão mais profunda e uma aplicação prática dos conhecimentos gramaticais (Oliveira e Brito, 2020).

Em síntese, a evolução da gramática universal e sua aplicação no ensino moderno representam um avanço significativo na forma como a linguagem é ensinada, promovendo um aprendizado mais significativo e eficaz.

  • Evolução da Gramática Universal

A teoria da Gramática Universal (GU) foi proposta por Noam Chomsky e sugere que todos os seres humanos nascem com uma capacidade inata para adquirir linguagem. Segundo Chomsky, essa gramática é uma estrutura mental que permite a compreensão e produção de qualquer língua humana. A evolução dessa teoria ao longo do tempo tem sido marcada por várias revisões e expansões.

Inicialmente, Chomsky propôs que a GU consistia em um conjunto de regras e princípios universais que todas as línguas compartilhavam. Ele argumentou que essas regras eram inatas e não aprendidas, uma ideia que revolucionou o campo da linguística. Como Chomsky afirmou, “a gramática universal é a essência da linguagem humana” (CHOMSKY, 1980, p. 50).

Com o tempo, a teoria foi refinada para incluir a ideia de parâmetros, que são ajustes específicos que cada língua faz dentro da estrutura universal. Isso significa que, enquanto os princípios básicos da gramática são os mesmos em todas as línguas, as variações ocorrem nos parâmetros que são definidos durante a aquisição da língua. De acordo com Chomsky, “os parâmetros são as diferenças que caracterizam as várias línguas do mundo” (CHOMSKY, 1995, p. 30).

A evolução da GU também foi influenciada por descobertas em neurociência e psicologia cognitiva, que forneceram evidências adicionais para a ideia de que a capacidade linguística é inata. Estudos de neuroimagem, por exemplo, mostraram que certas áreas do cérebro são ativadas durante o processamento da linguagem, sugerindo uma base biológica para a GU.

A teoria da Gramática Universal de Chomsky evoluiu de uma ideia revolucionária sobre a natureza inata da linguagem para um modelo mais complexo que incorpora parâmetros e evidências neurocientíficas. Como resultado, a GU continua a ser uma área central de pesquisa na linguística e nas ciências cognitivas.

Historicamente, a gramática universal foi vista como uma ciência que investigava as condições necessárias para que qualquer sistema de signos pudesse representar completamente o pensamento e comunicá-lo de forma eficaz. Na época clássica, essa abordagem era fundamentada em teorias filosóficas como a Teoria das Ideias e a Teoria Lógica do Juízo, herdada da lógica aristotélica (LECLERC, 2008).

Com o avanço dos estudos linguísticos, especialmente a partir do século XX, a gramática universal passou a ser entendida como uma ciência reconstrutiva. Ela busca refletir empiricamente os aspectos mais universais das gramáticas faladas por diferentes povos, tornando explícitas as regras que os gramáticos de cada língua tentam descrever (LECLERC, 2008).

  • Implicações no Ensino Moderno

A gramática gerativa de Noam Chomsky trouxe profundas implicações para o ensino moderno de línguas. Chomsky propôs que a capacidade linguística é inata e que todos os seres humanos possuem uma gramática universal, uma estrutura subjacente comum a todas as línguas. Essa perspectiva contrasta com a abordagem tradicional, que enfatiza a memorização de regras gramaticais e a repetição.

Implicações no Ensino Moderno: Foco na Competência Linguística: Chomsky distingue entre competência (conhecimento implícito das regras da língua) e desempenho (uso real da língua). No ensino, isso sugere uma ênfase maior na compreensão e na aplicação das regras subjacentes da língua, em vez de apenas na correção gramatical superficial.

Aprendizagem Ativa: A teoria de Chomsky incentiva métodos de ensino que promovam a descoberta ativa das regras gramaticais pelos alunos, em vez de apenas apresentá-las de forma explícita. Isso pode incluir atividades que envolvam a análise e a manipulação de estruturas linguísticas.

Contextualização: Em vez de ensinar gramática de forma isolada, a abordagem chomskyana sugere que a gramática deve ser ensinada dentro de contextos significativos, onde os alunos possam ver como as regras são aplicadas na comunicação real.

Segundo Chomsky (1965, p. 3), “a gramática de uma língua é um sistema de regras que especifica as combinações possíveis de palavras em uma língua”.

Ilari (1992) argumenta que o ensino tradicional da gramática no Brasil tem sido predominantemente prescritivo, focado na memorização de regras normativas, o que contrasta com a abordagem gerativa que enfatiza a compreensão das regras subjacentes (ILARI, 1992).

No contexto educacional moderno, a gramática universal tem implicações significativas. A abordagem tradicional de ensino de gramática, focada na memorização de regras, tem se mostrado insuficiente para promover uma compreensão profunda e funcional da língua. A introdução das ideias de Chomsky no ensino da língua portuguesa, por exemplo, enfatiza a importância de entender a lógica subjacente à gramática, em vez de apenas memorizar regras (OLIVEIRA; BRITO, 2020).

Essa abordagem incentiva a análise crítica da linguagem, permitindo que os alunos examinem como as estruturas gramaticais afetam o significado e a comunicação. Além disso, considera o contexto social e cultural em que a língua é usada, incluindo variações regionais, gírias e registros formais/informais (OLIVEIRA; BRITO, 2020).

Ao focar na lógica por trás das regras gramaticais, os alunos desenvolvem habilidades de leitura, escrita e comunicação mais sólidas. Por exemplo, em vez de simplesmente ensinar concordância verbal, os professores podem explicar por que ela ocorre e como as palavras se relacionam. Isso promove uma compreensão mais profunda e uma aplicação prática dos conhecimentos gramaticais (OLIVEIRA; BRITO, 2020).

Em sintase, a evolução da gramática universal e sua aplicação no ensino moderno representam um avanço significativo na forma como a linguagem é ensinada, promovendo um aprendizado mais significativo e eficaz.

  • A Importância da Gramática de Chomsky no Desenvolvimento Linguístico dos Estudantes.

A gramática de Noam Chomsky, especialmente sua teoria da Gramática Gerativa, desempenha um papel crucial no desenvolvimento linguístico dos estudantes. Chomsky propôs que todos os seres humanos possuem uma capacidade inata para a linguagem, conhecida como Dispositivo de Aquisição da Linguagem (LAD). Essa teoria sugere que as crianças nascem com uma gramática universal, um conjunto de regras linguísticas que são comuns a todas as línguas humanas.

Essa abordagem revolucionou a forma como entendemos a aquisição da linguagem. Antes de Chomsky, acreditava-se que a linguagem era aprendida exclusivamente através da imitação e do reforço. No entanto, Chomsky argumentou que a complexidade da linguagem não poderia ser explicada apenas por esses métodos. Ele introduziu a ideia de que as crianças são capazes de gerar frases nunca ouvidas, o que indica a existência de uma estrutura mental inata para a linguagem.

No contexto educacional, a teoria de Chomsky tem implicações significativas. Ela sugere que os educadores devem focar não apenas na exposição dos estudantes a novas palavras e frases, mas também em ajudar os alunos a entenderem as regras subjacentes da gramática. Isso pode ser feito através de atividades que incentivem a exploração e a manipulação das estruturas linguísticas, promovendo um entendimento mais profundo e intuitivo da linguagem.

Além disso, a gramática de Chomsky destaca a importância de um ambiente rico em linguagem para o desenvolvimento linguístico. Embora as crianças tenham uma capacidade inata para a linguagem, a qualidade e a quantidade de exposição à linguagem são cruciais para o desenvolvimento pleno dessa habilidade. Portanto, criar um ambiente educacional que estimule a interação verbal e a exploração linguística é essencial para o desenvolvimento linguístico dos estudantes.

A teoria de Chomsky também enfatiza a importância da competência linguística, que é a capacidade inata dos indivíduos de compreender e produzir uma quantidade infinita de frases em sua língua nativa. Segundo Chomsky, “a competência linguística é uma habilidade mental que permite aos falantes nativos gerarem e entender frases que nunca foram ouvidas antes” (CHOMSKY, 1965, p. 4).

Essa habilidade é fundamental para o desenvolvimento linguístico dos estudantes, pois permite que eles não apenas memorizem frases, mas também compreendam as regras subjacentes que governam a estrutura da linguagem. Portanto, a gramática de Chomsky não apenas fornece uma base teórica para a compreensão da aquisição da linguagem, mas também oferece diretrizes práticas para o ensino eficaz da linguagem. Ao focar na competência linguística e na exposição a um ambiente linguístico rico, os educadores podem ajudar os estudantes a desenvolverem uma compreensão profunda e intuitiva da linguagem.

Para aplicar de maneira prática é necessário foco na Estrutura Inata: Chomsky sugere que todos os seres humanos nascem com uma capacidade inata para aprender a linguagem. Isso significa que, ao ensinar gramática, podemos nos concentrar em como as estruturas gramaticais são universais e comuns a todas as línguas. Isso ajuda os estudantes a entenderem que, apesar das diferenças superficiais, todas as línguas compartilham uma base comum.

Ensino de Sintaxe: A gramática gerativa de Chomsky enfatiza a importância da sintaxe. Ao ensinar, podemos focar em como as frases são estruturadas e como diferentes elementos da frase se relacionam. Isso pode ser feito através de exercícios práticos que envolvem a construção e a desconstrução de frases. Usar exemplos universais: Utilizar exemplos de diferentes línguas para mostrar como certos princípios gramaticais são universais. Isso não só enriquece o conhecimento dos estudantes sobre outras culturas, mas também reforça a ideia de que a gramática é uma característica humana universal.

Incentivar à Criatividade Linguística: Chomsky acredita que a linguagem é criativa e infinita. Incentivar os estudantes a criarem suas próprias frases e a experimentarem com a linguagem. Isso pode ser feito através de atividades de escrita criativa e debates em sala de aula. Abordagem Cognitiva: A teoria de Chomsky também está ligada ao desenvolvimento cognitivo. Ao ensinar gramática, pode-se integrar atividades que estimulam o pensamento crítico e a resolução de problemas, ajudando os estudantes a entenderem não apenas as regras gramaticais, mas também o “porquê” por trás delas.

  • Metodologias Eficazes para o Ensino da Gramática: Uma Abordagem Chomskyana

O ensino da gramática tem sido um desafio constante para educadores, especialmente no contexto das mudanças pedagógicas e tecnológicas das últimas décadas. A abordagem chomskyana, baseada na teoria gerativa de Noam Chomsky, oferece uma perspectiva inovadora e profunda sobre como a gramática pode ser ensinada de maneira eficaz. Este trabalho visa explorar metodologias eficazes para o ensino da gramática, fundamentadas na abordagem chomskyana, destacando suas vantagens e desafios.

Noam Chomsky revolucionou a linguística com sua teoria gerativa, que propõe que a capacidade de linguagem é inata e universal. Segundo Chomsky (1965), a gramática gerativa é um conjunto de regras que permite a geração de todas as frases gramaticalmente corretas em uma língua. Essa teoria sugere que o aprendizado da gramática deve focar na compreensão dessas regras subjacentes, em vez de apenas memorizar estruturas superficiais.

A aplicação da teoria gerativa no ensino da gramática envolve a identificação e a explicação das regras universais que governam a estrutura das línguas. De acordo com Cruz (1996), “a teoria gerativa pode ser aplicada no ensino da gramática ao focar na compreensão das regras subjacentes que são comuns a todas as línguas”. Isso implica um ensino mais analítico e menos prescritivo, onde os alunos são incentivados a descobrir e formular as regras gramaticais por si mesmos.

Uma metodologia eficaz para o ensino da gramática, alinhada com a abordagem chomskyana, é o uso de metodologias ativas e contextualizadas. Segundo Faria (2021), “o ensino da gramática deve ser contextualizado e integrado às práticas de leitura e escrita, promovendo uma aprendizagem significativa”. Isso pode ser feito através de atividades interativas, como debates, análises de textos e produção escrita, onde os alunos aplicam as regras gramaticais em contextos reais.

A implementação da abordagem chomskyana no ensino da gramática apresenta tanto desafios quanto vantagens. Um dos principais desafios é a necessidade de formação contínua dos professores para que possam aplicar essas metodologias de forma eficaz. Por outro lado, uma das vantagens é o desenvolvimento de uma compreensão mais profunda e crítica da língua pelos alunos, o que pode levar a uma maior proficiência linguística.

A abordagem chomskyana oferece uma perspectiva inovadora e eficaz para o ensino da gramática, focando na compreensão das regras subjacentes e na aplicação contextualizada dessas regras. Embora existam desafios na implementação dessa abordagem, as vantagens em termos de desenvolvimento cognitivo e proficiência linguística dos alunos são significativas. Portanto, é essencial que educadores e instituições de ensino considerem a adoção de metodologias baseadas na teoria gerativa de Chomsky para aprimorar o ensino da gramática.

Para essa metodologia ser aplicada de forma prática é importante que os alunos sejam incentivados a desenvolver uma compreensão intuitiva das regras gramaticais através da exposição a uma variedade de contextos linguísticos. Isso é alcançado por meio de leitura extensiva e atividades de escuta que envolvem a língua padrão.

É necessário atividades que incentivam a interação e o uso da linguagem em situações reais são promovidas. Jogos de linguagem, debates e dramatizações ajudam os alunos a internalizarem as regras gramaticais de maneira natural.

O uso detextos para analisar e discutir estruturas gramaticais. Os alunos podem ser convidados a identificar e explicar o uso de diferentes construções gramaticais em textos que leem ou ouvem. Percursos didáticos para integrar a gramática com outras áreas do conhecimento. Por exemplo, ao ensinar história ou ciências, destaca-se como a gramática é usada nos textos dessas disciplinas. Feedback constante e construtivo é fornecido sobre o uso da gramática. Isso é feito através de correções durante atividades orais ou escritas, sempre explicando o porquê das correções.

5.Comparação entre Gramática Normativa, Descritiva e Internalizada no Contexto Educacional

Gramática Normativa

A gramática normativa é aquela que prescreve regras e normas para o uso correto da língua, baseando-se na norma culta. Segundo Bechara (2009), a gramática normativa “reúne as regras que devemos usar para falar e escrever português, numa determinada época, de acordo com a norma culta”. Essa abordagem é amplamente utilizada no ensino formal, onde os alunos aprendem as regras ortográficas, de acentuação, sintáticas e morfológicas. A principal crítica à gramática normativa é que ela pode ser vista como rígida e descontextualizada, não refletindo as variações linguísticas presentes na fala cotidiana.

Gramática Descritiva

A gramática descritiva, por outro lado, busca descrever a língua como ela é realmente usada pelos falantes. Possenti (1996) argumenta que a gramática descritiva “tem como objetivo descrever e registrar os aspectos fonético, morfossintático e léxico da língua”. Essa abordagem é mais flexível e inclusiva, reconhecendo as variações linguísticas e os diferentes contextos de uso. No contexto educacional, a gramática descritiva pode ser uma ferramenta poderosa para promover a compreensão e valorização das diversas formas de expressão linguística.

Gramática Internalizada

A gramática internalizada refere-se ao conjunto de regras que os falantes dominam intuitivamente, sem necessariamente terem aprendido formalmente. Segundo Chomsky (1965), essa gramática é “o conhecimento implícito que os falantes têm de sua língua”. No contexto educacional, reconhecer a gramática internalizada dos alunos pode ajudar os professores a construírem pontes entre o conhecimento intuitivo e o conhecimento formal, facilitando o aprendizado.

Comparação e Implicações Pedagógicas

Comparar essas três abordagens gramaticais revela suas diferentes funções e aplicações no ensino de línguas. A gramática normativa é essencial para garantir a uniformidade e a clareza na comunicação escrita formal, enquanto a gramática descritiva promove a compreensão das variações linguísticas e a inclusão. A gramática internalizada, por sua vez, destaca a importância do conhecimento intuitivo dos alunos, que pode ser utilizado como base para o ensino formal.

No contexto educacional, é importante que os professores equilibrem essas abordagens para atender às necessidades dos alunos. Segundo Neves (2002), “o ensino de gramática deve ir além da mera prescrição de regras, incorporando a descrição e a valorização do conhecimento intuitivo dos alunos”. Isso pode ser alcançado através de práticas pedagógicas que integrem a gramática normativa, descritiva e internalizada, promovendo um ensino mais holístico e inclusivo.

A compreensão das diferentes abordagens gramaticais é crucial para o desenvolvimento de práticas pedagógicas eficazes no ensino de línguas. A gramática normativa, descritiva e internalizada oferecem perspectivas complementares que, quando integradas, podem enriquecer o processo de ensino-aprendizagem. Ao valorizar tanto as normas formais quanto as variações linguísticas e o conhecimento intuitivo dos alunos, os educadores podem promover um ensino mais inclusivo e eficaz.

Em síntese a gramática normativa o objetivo é ensinar as regras da língua padrão, ou seja, a norma culta. Utilizada em contextos formais, como redações escolares, documentos oficiais e comunicação acadêmica.

Gramática Descritiva tem como alvo descrever como a língua é realmente usada pelos falantes, sem julgar se está certo ou errado. É importante para estudos linguísticos e para entender variações regionais e sociais da língua.

Gramática Internalizada refere-se ao conhecimento intuitivo que os falantes têm da sua língua materna. Essencial para a aquisição da linguagem, pois é a gramática que usamos inconscientemente ao falar e entender a língua. Um exemplo: Uma criança aprende a falar corretamente sem precisar de instrução formal, simplesmente ouvindo e interagindo com os falantes ao seu redor.

No contexto educacional, é importante que os professores reconheçam e valorizem essas três abordagens. Enquanto a gramática normativa é fundamental para a comunicação formal, a gramática descritiva ajuda a entender e respeitar as variações linguísticas, e a gramática internalizada é a base do aprendizado natural da língua

  • A Gramática Universal e a Teoria das Ideias: Fundamentos e Aplicações no Ensino

 Gramática Universal é uma teoria linguística proposta por Noam Chomsky, que sugere que todos os seres humanos nascem com uma capacidade inata para aprender e compreender a linguagem. Segundo essa teoria, existe um conjunto de regras e princípios gramaticais universais que são comuns a todas as línguas naturaisEssas regras são governadas por um dispositivo mental chamado Dispositivo de Aquisição de Linguagem (LAD, na sigla em inglês), que permite às crianças aprenderem qualquer língua a que sejam expostas durante a infância.

A Teoria das Ideias, por outro lado, tem suas raízes na filosofia, especialmente nos trabalhos de Platão e Descartes. Essa teoria propõe que as ideias são inatas e que o conhecimento é, em grande parte, uma questão de recordar essas ideias inatas através da experiência e da educação.

Quando aplicamos essas teorias ao ensino, especialmente no contexto da aprendizagem de línguas, podemos observar algumas implicações importantes:

Abordagem Natural: A Gramática Universal sugere que a aprendizagem de uma língua deve ser um processo natural e intuitivo. Isso implica que métodos de ensino que imitam a forma como as crianças aprendem sua língua materna podem ser mais eficazes. Por exemplo, a imersão linguística e a exposição constante à língua alvo podem facilitar a aquisição da linguagem.

Foco na Compreensão: Com base na Teoria das Ideias, o ensino deve focar não apenas na memorização de regras gramaticais, mas também na compreensão profunda dos conceitos e ideias subjacentes. Isso pode ser alcançado através de atividades que incentivem o pensamento crítico e a reflexão sobre o uso da língua.

Personalização do Ensino: Reconhecendo que cada indivíduo pode ter diferentes predisposições inatas para a aprendizagem, os educadores podem adaptar suas abordagens para atender às necessidades específicas de cada aluno. Isso pode incluir o uso de diferentes métodos e recursos didáticos para acomodar diversos estilos de aprendizagem.

Integração de Conteúdos: A integração de conteúdos culturais e contextuais no ensino de línguas pode ajudar os alunos a conectar novas informações com suas ideias inatas, facilitando a aprendizagem e a retenção do conhecimento.

Essas teorias fornecem uma base sólida para o desenvolvimento de métodos de ensino mais eficazes e personalizados, que respeitam a natureza inata da aprendizagem humana e promovem uma compreensão mais profunda e significativa da linguagem.

A Gramática Universal (GU) também é uma teoria linguística que propõe a existência de princípios comuns a todas as línguas naturais, governados pelo Dispositivo de Aquisição de Linguagem (LAD) presente no cérebro humano (Chomsky, 1957). Segundo Chomsky, “a pobreza do estímulo” argumenta que as crianças não são expostas a dados linguísticos suficientes para aprender uma língua apenas por meio da experiência, sugerindo, assim, uma capacidade inata para a linguagem (Chomsky, 1965).

A Teoria das Ideias, originada na filosofia de Platão, sugere que o conhecimento é inato e que a aprendizagem é um processo de recordação. No contexto linguístico, essa teoria complementa a Gramática Universal ao sugerir que a capacidade de compreender e produzir linguagem está presente desde o nascimento e é ativada pela exposição ao ambiente linguístico.

A aplicação dessas teorias no ensino de línguas pode ser observada em diversas metodologias pedagógicas. Por exemplo, a abordagem comunicativa no ensino de línguas enfatiza a interação e o uso prático da linguagem, alinhando-se com a ideia de que os alunos possuem uma capacidade inata para adquirir estruturas linguísticas complexas (Richards & Rodgers, 2001).

Além disso, a teoria da Gramática Universal sugere que os professores devem focar em fornecer um ambiente rico em estímulos linguísticos, permitindo que os alunos ativem suas capacidades inatas de aprendizagem. Estudos mostram que a exposição a múltiplos contextos linguísticos pode acelerar o processo de aquisição de uma segunda língua (Lightbown & Spada, 2013).

A Gramática Universal e a Teoria das Ideias oferecem uma base sólida para entender como os seres humanos adquirem e compreendem a linguagem. Suas aplicações no ensino de línguas destacam a importância de um ambiente rico em estímulos e a utilização de metodologias que valorizem a capacidade inata dos alunos para aprender. Assim, essas teorias não apenas enriquecem o campo da linguística, mas também fornecem diretrizes valiosas para práticas pedagógicas eficazes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gramática universal, conforme proposta por Noam Chomsky, revolucionou a forma como entendemos a aquisição e o ensino da linguagem. A teoria de Chomsky sugere que todos os seres humanos possuem uma capacidade inata para a linguagem, conhecida como Dispositivo de Aquisição da Linguagem (LAD). Essa ideia de uma gramática universal, que subjaz a todas as línguas humanas, oferece uma base sólida para o desenvolvimento de metodologias de ensino mais eficazes e inclusivas.

Historicamente, a gramática universal foi vista como uma ciência que investigava as condições necessárias para que qualquer sistema de signos pudesse representar completamente o pensamento e comunicá-lo de forma eficaz. Na época clássica, essa abordagem era fundamentada em teorias filosóficas como a Teoria das Ideias e a Teoria Lógica do Juízo, herdada da lógica aristotélica.

Importância da Análise Crítica: A introdução das ideias de Chomsky no ensino da língua portuguesa enfatiza a importância de entender a lógica subjacente à gramática, em vez de apenas memorizar regras. Isso incentiva a análise crítica da linguagem, permitindo que os alunos examinem como as estruturas gramaticais afetam o significado e a comunicação.

Contexto Social e Cultural: O ensino de gramática deve considerar o contexto social e cultural em que a língua é usada, incluindo variações regionais, gírias e registros formais/informais. Isso torna o aprendizado mais relevante e aplicável à vida cotidiana dos alunos.

Metodologias Eficazes: A abordagem chomskyana oferece uma perspectiva inovadora sobre como a gramática pode ser ensinada de maneira eficaz. Metodologias baseadas na teoria gerativa de Chomsky destacam-se por sua capacidade de promover uma compreensão mais profunda e funcional da língua.

Comparação entre Gramáticas: A gramática normativa, descritiva e internalizada têm suas próprias vantagens e desafios no contexto educacional. Enquanto a gramática normativa prescreve regras para o uso correto da língua, a gramática descritiva busca descrever a língua como ela é realmente usada pelos falantes. A gramática internalizada, por sua vez, refere-se ao conhecimento intuitivo que os falantes têm de sua própria língua.

Desafios e Oportunidades: O ensino de gramática enfrenta desafios constantes, especialmente no contexto das mudanças pedagógicas e tecnológicas das últimas décadas. No entanto, essas mudanças também oferecem oportunidades para inovar e melhorar as práticas de ensino, tornando-as mais eficazes e inclusivas.

Em resumo, a evolução da gramática universal e suas implicações no ensino moderno destacam a necessidade de uma abordagem mais crítica, contextual e inovadora no ensino da língua. Ao integrar essas perspectivas, podemos promover um aprendizado mais profundo e significativo para os alunos.

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SAMPAIO, T. O. M. Noam Chomsky e o funcionamento da linguagem: menos é mais. Blogs Unicamp, 2020. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/linguistica/2020/01/10/noam-chomsky-e-o-funcionamento-da-linguagem-menos-e-mais/. Acesso em: 19 set. 2024.


Graduada em Pedagogia e Letras – Português.
Mestranda em Ciências da Educação pela CBS- CRISTIAN BUSINESS SCHOOL
E-mail: thamirestatto@outlook.com
Orientador: Diógenes José Gusmão Coutinho, Doutor em Biologia pela UFPE.
Email: diogenses.gusmão@cbseducationead.com