ANÁLISE DAS ATUAIS CONDIÇÕES ARQUITETÔNICAS DO GINÁSIO DE ESPORTES RAUL FERRAZ NA CIDADE DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410131530


Helen Dias Santos Teixeira1;
Thiago Pedroso2;
Philipe do Prado Santos3


RESUMO

O aumento do sedentarismo e de hábitos de vida não saudáveis no Brasil é uma preocupação crescente, refletindo em altas taxas de obesidade e doenças crônicas. Nesse cenário, os espaços esportivos se destacam como ferramentas essenciais para promover a saúde e a integração social. O esporte, além de contribuir para o bem-estar físico, atua como um meio de inclusão social e fortalecimento comunitário, sendo essencial para promover uma comunidade mais unida e engajada. Dentre os espaços esportivos na cidade de Vitória da Conquista, o Ginásio de Esportes Raul Ferraz destaca-se como um exemplo importante de infraestrutura esportiva, no entanto, se encontra em estado de degradação e interditado, evidenciando a necessidade de uma revitalização. A pesquisa em questão visa avaliar as condições arquitetônicas atuais do ginásio e propor diretrizes para sua revitalização, com o objetivo de restaurar sua funcionalidade. Visando isso, para entender o conceito relacionado a temática, foi feita uma revisão bibliográfica e, em seguida, aplicada uma análise exploratória e descritiva para identificar as particularidades do local. Os resultados revelaram que o ginásio apresenta problemas significativos de infraestrutura que comprometem a utilização e segurança, e reflete a necessidade de reformas para devolver ao ginásio suas atividades habituais e melhorar o impacto social que ele pode proporcionar.

Palavras-chave: Integração social. Prática Esportiva. Arquitetura Esportiva. Infraestrutura. Revitalização. Equipamentos esportivos.

ABSTRACT

The increase in sedentary lifestyles and unhealthy habits in Brazil is a growing concern, reflected in high rates of obesity and chronic diseases. In this context, sports facilities stand out as essential tools for promoting health and social integration. Sports, in addition to contributing to physical well-being, serve as a means of social inclusion and community strengthening, playing a vital role in fostering a more united and engaged community. Among the sports facilities in the city of Vitória da Conquista, the Raul Ferraz Sports Gymnasium stands out as an important example of sports infrastructure; however, it is currently in a state of disrepair and has been closed, highlighting the need for revitalization. This research aims to assess the current architectural conditions of the gymnasium and propose guidelines for its revitalization, with the goal of restoring its functionality. To achieve this, a literature review was conducted to understand the relevant concepts, followed by an exploratory and descriptive analysis to identify the specific characteristics of the site. The results revealed that the gymnasium has significant infrastructure problems that compromise its use and safety, underscoring the need for renovations to restore its regular activities and enhance the social impact it can provide.

Keywords: Social integration. Sports practice. Sports architecture. Infrastructure. Revitalization. Sports equipment.

1 INTRODUÇÃO

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o sedentarismo e os hábitos de vida pouco saudáveis têm se tornado uma preocupação crescente, contribuindo para o aumento das taxas de obesidade e doenças relacionadas. Um levantamento feito em 2023 pelo Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica (CPCE) da USP, utilizando dados da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), em colaboração com pesquisadores da Noruega e EUA, revelou que 60% dos brasileiros não praticam nenhuma atividade física. Caracterizado pela falta de atividade física regular, o sedentarismo é um problema crescente que afeta a população brasileira de forma abrangente. O epidemiologista Arão Oliveira, da CPCE, ainda afirma que um terço da população brasileira tem uma rotina sedentária, passando seis horas ou mais por dia em atividades com uso de dispositivos eletrônicos ou assistindo televisão.

Com o advento da pandemia de COVID-19, a prática de atividades físicas diminuiu ainda mais na população brasileira, conforme observado em pesquisas online. Essa inatividade física tem sido associada a diversos problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, câncer e distúrbios mentais, contribuindo significativamente para a morbidade e mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), por isso é importante compreender o contexto do sedentarismo como um obstáculo significativo para a promoção da saúde e coesão social e o esporte como um meio acessível para tal.

Por outro lado, considerando a importância do esporte como uma ferramenta de inclusão social, é fundamental reconhecer seu potencial para promover a coesão comunitária e o desenvolvimento pessoal. O esporte, ao proporcionar oportunidades de participação e integração, pode desempenhar um papel crucial na inclusão de indivíduos e grupos marginalizados na sociedade. Conforme destacado por Thomassin (2010), a vivência esportiva oferece às crianças e jovens acesso a valores e comportamentos sociais positivos, ampliando suas perspectivas de futuro e contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e equitativa.

A prática esportiva é uma manifestação universal que transcende barreiras culturais e sociais, desempenhando um papel fundamental na promoção da saúde, integração comunitária e desenvolvimento pessoal. No entanto, com o avanço da tecnologia e o surgimento de formas alternativas de entretenimento, como redes sociais e videogames, tem havido uma diminuição progressiva do interesse e participação em atividades desportivas, especialmente entre crianças e jovens.

Diante da importância dos espaços esportivos para a promoção da saúde, bem-estar e integração social, é essencial que esses ambientes sejam preservados e revitalizados para continuar incentivando a prática esportiva e o convívio comunitário. O Ginásio de Esportes Raul Ferraz, situado na cidade de Vitória da Conquista – BA, desempenha um papel crucial como ponto de encontro e conexão entre pessoas de diferentes idades e origens. Considerado o melhor equipamento esportivo do interior da Bahia na década de 80, o ginásio foi construído e inaugurado no ano de 1981 na gestão do prefeito homenageado Raul Carlos Andrade Ferraz (PMVC, 2023), que teve um papel significativo na infraestrutura urbana e na promoção da qualidade de vida da cidade de Vitória da Conquista.

A construção de ginásios esportivos nessa época refletia a preocupação com a criação de espaços que não apenas incentivassem o esporte, mas que também funcionassem como centros de formação cidadã e identidade cultural. O Ginásio Raul Ferraz, portanto, ultrapassa sua função prática como equipamento esportivo, sendo também um símbolo da história e do desenvolvimento do município. Desta maneira, a análise arquitetônica e discussão de revitalização deste equipamento esportivo propõe não apenas conservar sua relevância na cidade, como também potencializar seu impacto positivo na formação de uma população mais ativa, saudável e interligada socialmente.

Em Vitória da Conquista – BA, apesar do seu grande desenvolvimento urbano e econômico (Secom GOVBA, 2024), observa-se uma carência significativa de equipamentos esportivos acessíveis, inclusivos e integrados. Embora a cidade possua espaços destinados à prática esportiva, não existe uma estratégia de implantação dos locais e estes, muitas vezes, sofrem com infraestrutura precária e necessitam de reformas, o que aumenta a dificuldade de acesso. A carência de um equipamento esportivo bem estruturado e que atenda às necessidades e interesses variados da comunidade torna-se evidente, refletindo não apenas uma lacuna física, mas também uma oportunidade de promover o bem-estar e a coesão social na cidade.

A exemplo desses espaços que requerem uma maior infraestrutura está o Ginásio Esportivo Raul Ferraz, na cidade de Vitória da Conquista – Bahia, que se encontra interditado desde 2019 (PMVC, 2024) e cujas edificações encontram-se em estado de degradação, com área externa quase que abandonada. Tal condição fundamenta a principal razão para a necessidade e relevância de uma análise arquitetônica para a revitalização deste equipamento esportivo, pois, apesar das condições adversas, esses espaços ainda são utilizados pela população, que se adequa às condições limitadas dos equipamentos disponíveis.

Espaços esportivos mais conhecidos pela cidade como o Estádio Municipal Lomanto Junior, Estádio Municipal Edvaldo Flores e o Campo do Cruzeiro foram revitalizados no ano de 2019 com ordem de serviço do ex-prefeito Herzem Gusmão (PMVC, 2019), porém essa revitalização não abrangeu todas as necessidades da cidade. Equipamentos como o Ginásio Esportivo Raul Ferraz ficaram de fora desse processo, permanecendo em estado de abandono, principalmente durante a pandemia do covid-19 (PMVC, 2024). Isso ressalta a desigualdade na distribuição dos investimentos e a urgência de uma análise arquitetônica que não apenas avalie o cenário atual desse espaço, mas também destaque a importância de uma revitalização abrangente que atenda às demandas de toda a comunidade. A insuficiência de intervenção no Ginásio Raul Ferraz contrasta com os esforços feitos em outros locais, evidenciando a necessidade de um planejamento urbano mais equilibrado e inclusivo.

A análise arquitetônica da atual situação do ginásio destaca a importância de revitalizar essas instalações para promover a manutenção de todos os bens culturais de uma cidade e o bem-estar e a saúde da população (CARTA DE NAIROBI,1976). Com o aumento dos índices de sedentarismo e problemas relacionados à saúde física e mental é essencial que esses espaços sejam adequados e funcionais para enfrentar esses desafios e promover um estilo de vida mais saudável entre os habitantes de Vitória da Conquista.

Outro aspecto relevante é a integração social proporcionada por ginásios ou centros esportivos, que podem se tornar um ponto de encontro e convivência para pessoas de diferentes idades, origens e condições sociais. A prática esportiva tem o potencial de unir indivíduos em torno de interesses comuns, promovendo a coesão social e fortalecendo os laços comunitários, já que é perceptível um distanciamento social cada vez mais evidente, muitas vezes influenciado pelo uso excessivo da tecnologia ou pela desigualdade social.

O artigo 217 da Constituição Federal de 1988 aborda que é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito do cidadão. Segundo as ideias expressas por Hirai (2009, p. 17), o esporte não deve ser encarado apenas como um privilégio ou uma atividade de lazer, mas sim como um direito humano fundamental.  A oportunidade de praticar esportes é essencial para que todas as pessoas possam desfrutar de uma vida saudável e satisfatória, contribuindo para a melhoria da saúde e a redução do risco de doenças.

Por isso, Melo (2005), destaca o esporte como um dos mais significativos fenômenos culturais, ressaltando sua capacidade de promover a socialização e a cidadania, reforçando, com essa perspectiva, a relevância do esporte como ferramenta essencial no enfrentamento do distanciamento social.

Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma análise arquitetônica para a revitalização do Ginásio de Esportes Raul Ferraz, na cidade de Vitória da Conquista – BA, visando readaptar o espaço existente para incentivar a prática esportiva e fortalecer a convivência comunitária. A análise do ginásio busca propor um ambiente mais funcional, acessível e atrativo, capaz de atender às necessidades de diversas modalidades esportivas, recreativas e de lazer, promovendo o desenvolvimento físico, social e emocional dos cidadãos.

Além disso, o trabalho também apresenta como objetivos específicos:

– Realizar um levantamento histórico e contextual do Ginásio Raul Ferraz, abordando sua evolução desde a construção até o estado atual de conservação;

– Analisar o potencial do Ginásio Raul Ferraz como um centro de convivência comunitária, além de sua função como espaço para a prática esportiva, destacando sua relevância social e cultural;

– Identificar carências de infraestrutura do Ginásio Raul Ferraz.

– Propor diretrizes de revitalização que levem em consideração as necessidades da comunidade e as boas práticas de acessibilidade, segurança e funcionalidade em equipamentos esportivos;

Dito isso, de que maneira a avaliação das condições atuais do Ginásio de Esportes Raul Ferraz pode evidenciar a urgência da sua revitalização para atender às necessidades da comunidade em Vitória da Conquista – BA?

2 METODOLOGIA

Para a elaboração da pesquisa, foi adotada uma abordagem exploratória-descritiva com foco qualitativo, voltada para a análise das condições arquitetônicas atuais do Ginásio de Esportes Raul Ferraz, localizado em Vitória da Conquista – BA. A metodologia exploratória, conforme descreve Gil (2017), tem como objetivo proporcionar uma compreensão aprofundada de características específicas de um local, fenômeno ou população. No contexto deste trabalho, o objetivo é investigar os problemas estruturais e funcionais presentes no ginásio, com base em referenciais teóricos e normativos aplicáveis à arquitetura esportiva.

A investigação seguiu um método qualitativo, embasado em observações diretas no local, para avaliar a situação do ginásio e compreender de que maneira essas deficiências impactam o uso e a segurança dos usuários. Tal escolha se justifica pela necessidade de uma avaliação detalhada dos aspectos físicos e estruturais do equipamento esportivo, permitindo identificar pontos críticos que exigem atenção. Além disso, foram analisados materiais relevantes que tratam da arquitetura esportiva, a fim de embasar a análise crítica das condições atuais do ginásio.

A coleta de dados foi realizada através de pesquisa bibliográfica e documental, incluindo normas técnicas como a NBR 9050, que rege a acessibilidade nas edificações, e legislações municipais, com destaque para o Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo e de Obras e Edificações do Município de Vitória da Conquista – Lei n°1481/2007 e nº2043/2015 e o Decreto nº 16.302, do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, que inclui as Instruções técnicas de Acesso de Viaturas da Edificação (IT Nº 06/2016) e a de Centros Esportivos e de Exibição (IT Nº 12/2016). Essa análise permitirá a identificação de diretrizes legais a serem observadas na análise do ginásio, garantindo sua conformidade com as exigências normativas e regulatórias.

Esse procedimento possibilitou a formulação de uma análise criteriosa sobre a situação do Ginásio Raul Ferraz, evidenciando a necessidade de revitalização do espaço para promover acessibilidade, segurança e adequação para a prática esportiva.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Os ginásios esportivos têm uma longa e significativa história, desde o antigo Estádio de Delphi na Grécia, onde os Jogos Píticos promoviam a excelência atlética e a união das cidades-estado, até o renascimento dos Jogos Olímpicos modernos em 1896, simbolizando unidade e paz global (Pinto, 2013). A prática esportiva tem sido reconhecida como essencial para a qualidade de vida, com os centros esportivos desempenhando um papel crucial na promoção de atividades e na oferta de espaços para exercício, socialização e lazer. Além de promover a saúde, o esporte atua como uma ferramenta de inclusão social e cidadania, e evoluiu para que arquitetura esportiva criasse instalações seguras, funcionais e esteticamente agradáveis, que atendem a uma população diversa e contribuem para o desenvolvimento urbano e econômico das cidades (Silva, 2017).

3.1 EVOLUÇÃO E IMPACTO DO ESPORTE

Os centros esportivos têm uma rica história que remonta à antiguidade, destacando-se o antigo Estádio de Delphi na Grécia, onde os Jogos Píticos eram realizados em honra ao deus Apolo, reunindo atletas de toda a Grécia em competições de corrida, salto e luta (Pinto, 2013). Esses eventos não apenas simbolizavam a busca pela excelência atlética, mas também promoviam a união das cidades-estado gregas em torno de uma tradição esportiva comum, fortalecendo o senso de comunidade entre os gregos.

Com o ressurgimento dos Jogos Olímpicos na era moderna, em 1896, em Atenas, o movimento olímpico emergiu como um símbolo de unidade e paz entre as nações (Pinto, 2013). Os Jogos Olímpicos tornaram-se o maior evento esportivo do mundo, celebrando a excelência atlética e a camaradagem entre atletas de todo o mundo, além de promoverem valores como amizade, respeito e espírito esportivo, reforçando o papel do esporte como um veículo para a paz e a compreensão internacional.

Ao longo da história, a prática esportiva tem sido reconhecida como um componente essencial da qualidade de vida, contribuindo para a saúde física e mental das pessoas (Andrews, 2009). Os centros esportivos desempenham um papel crucial na promoção da atividade física e no fornecimento de espaços para exercícios, socialização e relaxamento. Esses espaços não só incentivam a prática esportiva, mas também contribuem para a qualidade de vida urbana, oferecendo oportunidades para recreação, lazer e interação social.

De acordo com Barbanti (2012), o esporte é uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforços vigorosos ou o uso de habilidades motoras complexas por um indivíduo. Melo (2005) destaca que, por meio de projetos sociais, o esporte assume uma dimensão socializante na promoção da cidadania, especialmente para aqueles marginalizados pelo poder público. Além disso, a promoção do esporte como política pública de inclusão social, como apontado por Oliveira (2007), está relacionada ao desenvolvimento da cidadania e à criação de oportunidades para crianças e jovens, afastando-os das ruas e contribuindo para sua saúde física e psicológica.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2019), o estímulo à prática esportiva proporciona à sociedade ganhos em várias áreas, desde a melhoria da qualidade de vida até a inclusão social em um contexto digno, capaz de fornecer autonomia para as vidas dos indivíduos. A prática esportiva nos Estados Unidos serve de referência para outros países (Slocum, 2020), valorizando e incentivando desde a infância até a vida adulta, tornando-se uma carreira para muitos e um hobby para outros.

Escrita no pórtico do Templo de Apolo em Delfos, a frase “conhece-te a ti mesmo” tem suas origens na Grécia Antiga. Ela leva a reflexão de que o autoconhecimento é essencial para compreendermos não apenas a nós mesmos, mas também o mundo ao nosso redor. O esporte, ao desafiar os limites físicos e mentais, permite explorar habilidades, identificar fraquezas e descobrir o verdadeiro potencial. Ampliando o autoconhecimento como indivíduos, torna-se possível interagir de forma mais autêntica e significativa com os outros, enriquecendo a experiência no mundo do esporte.

3.2 ESPORTE E INCLUSÃO SOCIAL

A inclusão social por meio do esporte é um processo complexo e abrangente, que visa integrar e dar oportunidades a todos os membros da sociedade, independentemente de sua origem, condição socioeconômica ou habilidades. Esse conceito está intrinsecamente ligado à ideia de cidadania e pertencimento, refletindo a busca por uma sociedade mais igualitária e justa. Na Constituição Federal de 1988, art. 217, o esporte é reconhecido como um direito social, sendo visto não apenas como uma atividade física, mas como uma ferramenta de promoção da saúde, educação e integração social (Brasil, 1988). Além disso, o conceito de esporte pode ser abordado como:

Uma ação social institucionalizada, convencionalmente regrada, que se desenvolve com base lúdica em forma de competição entre duas ou mais partes oponentes ou contra a natureza, cujo objetivo é, através de uma comparação de desempenhos, designar o vencedor e registrar o recorde. Esta é uma definição geral do que o conceito esporte pode significar, pois ele é plural e múltiplo, além de conter muitas peculiaridades. (Galatti e Paes apud Betti, 2007, p. 33)

Ao longo das últimas décadas, o esporte tem sido cada vez mais valorizado como um meio de promover a inclusão social e a coesão comunitária. Projetos e iniciativas voltadas para o desenvolvimento esportivo têm se multiplicado, buscando alcançar grupos historicamente marginalizados e oferecer-lhes oportunidades de participação e desenvolvimento (Sanches e Rubio, 2011). Essas iniciativas são fundamentais para garantir que todos os cidadãos possam desfrutar dos benefícios do esporte e se sintam parte integrante da sociedade.

Um exemplo marcante do poder transformador do esporte é a história de Isaquias Queiroz dos Santos, atleta brasileiro de canoagem. Originário de uma família humilde, filho de faxineira, Isaquias superou inúmeras dificuldades para se tornar um dos maiores expoentes do esporte nacional. Sua trajetória inspiradora, culminando na conquista de uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2020, que ocorreram em 2021 na cidade de Tóquio, Japão, devido a pandemia, demonstra como o esporte pode ser uma ferramenta eficaz de inclusão social e mobilidade ascendente.

Além de proporcionar benefícios físicos e emocionais, o esporte desempenha um papel crucial na formação de valores e habilidades sociais. A prática esportiva estimula o trabalho em equipe, o respeito mútuo, a disciplina, superação de desafios, equilibra o corpo e mente (Mota, et al., 2006) e contribuindo para o desenvolvimento integral dos indivíduos e para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

A inclusão social por meio do esporte vai além da mera participação em atividades esportivas. Envolve também a implementação de políticas públicas, como a Lei de Incentivo ao Esporte, que visam promover o acesso equitativo a espaços esportivos, equipamentos e recursos (BRASIL, Lei nº 11.438/2006). Além disso, essa legislação desempenha um papel crucial no combate a todas as formas de discriminação e exclusão, ao proporcionar recursos financeiros para o desenvolvimento de programas e projetos esportivos inclusivos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013), a prática esportiva ainda é pouco difundida no Brasil, o que reforça a importância de políticas de incentivo como a Lei de Incentivo ao Esporte.

3.3 ARQUITETURA ESPORTIVA

A arquitetura esportiva evoluiu significativamente ao longo dos anos, acompanhando o desenvolvimento do próprio esporte. Desde 2500 a.C., quando as atividades esportivas ainda eram voltadas para a sobrevivência do homem medieval e não para a saúde e a estética, houve a necessidade de organizar espaços dedicados a essas práticas. Com o tempo, o avanço dos esportes e as mudanças sociais levaram ao surgimento de novos modelos de ambientes para o desenvolvimento dessas práticas, como estádios e ginásios. No entanto, foi apenas recentemente, especialmente para a realização de eventos internacionais como as Olimpíadas e a Copa do Mundo, que surgiram centros esportivos mais sofisticados, demandando uma arquitetura técnica e acessível (Murayama, 2012).

Profissionais que atuam na área da arquitetura esportiva têm como objetivos principais: projetar instalações que atendam às necessidades de pessoas com diferentes idades, habilidades e condições físicas, garantindo que todos possam desfrutar dos benefícios do esporte; promover a segurança e prevenção de lesões, através do uso de materiais adequados e espaços bem projetados; e alinhar isso a estética e funcionalidade, garantindo ainda, sustentabilidade ambiental. Essa busca pela excelência arquitetônica está presente desde a concepção dos projetos até sua execução, levando em consideração normas e manuais que tratam de acessibilidade e segurança. A integração do centro esportivo com o ambiente natural também é valorizada, proporcionando espaços de circulação e lazer para os usuários (Silva, 2017).

A arquitetura esportiva não se restringe apenas à construção de espaços físicos, mas também envolve o planejamento e a gestão de instalações esportivas de alto desempenho com elementos específicos para cada prática. A construção de estádios, pistas, piscinas e quadras requer cuidados especiais para garantir o conforto, a segurança e o desempenho dos atletas (Effect Arquitetura). Essa adaptação dos espaços às necessidades específicas é fundamental para promover o desenvolvimento do esporte e incentivar a prática regular das atividades.  E é por isso que, para Erick Tonin e Celso Grion (arquitetos da Effect), projetos esportivos possuem uma carga de importância ainda maior que construções residenciais de pequeno a grande porte:

Muitas vezes por se tratarem de esportes de alto rendimento, o projeto correto, seguindo normas e garantindo a qualidade de execução de uma quadra ou campo, pista ou piscina, pode ser a diferença em fazer um gol, um ponto ou bater um recorde mundial. Estes equipamentos demandam atenção especial para sua qualidade, pois influenciam diretamente no desempenho dos atletas (Effect Arquitetura, Archdaily, 2023, n.p.)

Além disso, a arquitetura esportiva desempenha um papel importante na promoção de grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas, contribuindo para a revitalização de áreas urbanas e o desenvolvimento econômico e turístico das cidades-sede (Silva, 2017). Para isso, é necessário um planejamento cuidadoso e investimentos adequados para garantir a qualidade das instalações e a segurança dos participantes e espectadores. Já que a proposta de ampliar um programa único para abranger uma variedade tão ampla de atividades, em um mesmo espaço, deriva da ideia de que a convivência entre elas poderia gerar boas sinergias e interações sociais. Além disso, permite que os visitantes tenham acesso a diferentes tipos de atividades que talvez nunca tenham experimentado antes, provocando de forma indireta um possível envolvimento futuro.

Buscamos criar um sistema simbiótico integrando pessoas, edifícios e cidades. A existência de humanos e eventos baseados em comportamentos humanos moldará profundamente a aparência de edifícios e cidades. A arquitetura não é apenas um recipiente para comportamentos, mas também um estímulo para sua ocorrência diversa, dotando o espaço de vitalidade e flexibilidade espontâneas. (Dong Danshen, Archdaily, 2023, n.p.)

Portanto, a arquitetura esportiva é uma disciplina multifacetada que requer conhecimentos técnicos e criatividade para criar espaços que promovam o esporte, o lazer e a qualidade de vida da população. Por meio de uma abordagem integrada e sustentável, os arquitetos podem contribuir significativamente para o desenvolvimento de espaços esportivos que atendam às necessidades dos usuários e promovam o bem-estar físico, social e ambiental.

3.4 GINÁSIO DE ESPORTES RAUL FERRAZ: CONCEPÇÃO, CONSTRUÇÃO E REFORMAS

O Ginásio de Esportes Raul Ferraz foi inaugurado em 1981, durante a gestão do prefeito Raul Carlos Andrade Ferraz, em Vitória da Conquista – BA. A construção do ginásio, situado no bairro Jurema, na Rua das Antilhas, foi realizada em um terreno de 30 mil metros quadrados, que anteriormente pertencia à 2ª Igreja Batista e à União Espírita de Vitória da Conquista. Após negociações, o terreno da Igreja Batista foi trocado por outro localizado na Lauro de Freitas, onde foi erguido um novo templo, e o terreno da UEVC foi permutado por um local onde foi construído o Asilo de Idosos, também construído pela Prefeitura.

A obra foi executada pela empresa municipal de urbanização de Vitória da Conquista, a EMURC, com recursos exclusivamente da prefeitura. O projeto arquitetônico foi desenvolvido por uma equipe de engenheiros composta por Ana Maria G. Ribeiro, Augusto Franklin Ferraz, Eduardo Saldanha, Eliu Matos, Jose Itamario de Oliveira, José F. Pedral Sampaio, Manoel Inocencio Santos, Paulo Borba e Siberia Maria R. Correia, e levou aproximadamente 23 meses para ser concluído4.

Desde sua inauguração, o Ginásio Raul Ferraz se destacou como um dos melhores equipamentos esportivos do interior do Estado da Bahia, por sua estrutura e por ser um dos únicos ginásios do estado a possuir uma quadra poliesportiva emborrachada. Com uma área ampla e bem equipada, com pista de skate, campo society, quadra de areia, quiosques e a quadra poliesportiva com capacidade para em média 1500 pessoas, o ginásio foi um importante centro para a promoção de atividades esportivas e culturais na cidade, acolhendo eventos como campeonatos de skate, jogos de vôlei, futsal, além de manifestações religiosas e apresentações musicais (BLOG DO AGITO GERAL, 2024). A entrada é aberta para toda a população, porém, a utilização dos espaços é somente mediante reserva de horário, entrando em contanto com a Coordenação de Esporte e Lazer do município.

Apenas depois de mais de 25 anos, em 2007, após apresentar problemas estruturais, elétricos e na rede hidráulica que passa por baixo da quadra principal, que o ginásio recebeu a sua primeira grande reforma, realizada por meio de uma cooperação entre a Prefeitura de Vitória da Conquista, a Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (SUDESB) e a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), que contaram com um investimento de R$ 60 mil (Secom GOVBA, 2007). As melhorias incluíram a substituição e atualização da infraestrutura hidráulica, a reforma completa da quadra principal e a aquisição de novos equipamentos esportivos, como tabelas de basquete profissionais, um placar eletrônico moderno e pintura completa do espaço.

Durante a cerimônia de entrega das obras de 2007, foi proposta a construção de uma piscina semi-olímpica no centro esportivo (Secom GOVBA, 2007), com arquibancadas para 250 pessoas, chuveiros individuais e uma estação de tratamento de água, com um investimento previsto de aproximadamente R$ 244 mil. No entanto, esse projeto não foi cumprido e a construção da piscina não foi realizada. Mais de uma década depois, em 2018, a reforma do ginásio foi incluída no plano orçamentário do FINISA I e posteriormente do FINISA II (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento), uma iniciativa do então prefeito Herzem Gusmão, que prometeu um aporte de R$ 6 milhões para a revitalização do espaço, segundo a Câmara Municipal de Vitória da Conquista (2024),  mas na prática, mais uma vez, nenhuma ação foi realizada e, em 2019, com o início da pandemia do Covid, o ginásio foi totalmente fechado, agravando ainda mais sua situação.

Apenas após o término da crise sanitária, a parte externa do espaço foi reaberta ao público. No entanto, a parte interna está interditada pelo Corpo de Bombeiros, em razão das precárias condições de infraestrutura, que destacam a urgência de uma intervenção efetiva.

Já em 2023, um novo projeto de revitalização do Ginásio Raul Ferraz foi proposto, dividido em duas fases. A primeira fase, que teve início em 2024, foca na parte externa, incluindo a modernização da iluminação com lâmpadas de LED, a implementação de um sistema de monitoramento por câmeras, operado pela Guarda Municipal e a recuperação das áreas externas, como os campos de futebol, quadras de vôlei e futevôlei e a pista de skate. Todavia, essa fase sofreu uma pausa e ainda não foi finalizada. A segunda fase, que ainda não começou, envolve a reforma de toda a estrutura interna do ginásio, que ainda se encontra interditado (PMVC, 2024).

Por fim, uma emenda do ex-deputado federal Mão Branca (PV), no valor de mais de R$ 1 milhão, destinada à recuperação do ginásio e do Estádio Municipal da Zona Oeste, também não foi utilizada. A falta de aplicação desses recursos tem gerado críticas e dúvidas por parte da comunidade local, e especialmente do vereador Valdemir Dias (PT), que tem pressionado a Prefeitura (SAPL, 2023), do por que esses investimentos prometidos não estão sendo efetivamente aplicados.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A ausência de reformas substanciais e a falta de aplicação de recursos para o Ginásio Raul Ferraz suscitam questionamentos sobre a preservação e valorização da infraestrutura esportiva no município, além de refletir uma visão de negligência em relação ao potencial que esse equipamento possui para promover atividades esportivas e culturais. Equipamento este, que ainda se encontra interditado pelo corpo de bombeiros, destacando-se como principal motivo o vazamento dos encanamentos hidrossanitários, impossibilitados de uso, devido ao estado de degradação avançada.

Figura 01 – Fachadas do Ginásio Esportivo Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

Além disso, após tantos anos fechado e abandonado, o local sofreu com o acúmulo de lixo, mato, degradação estrutural e vandalismo, impedindo o uso adequado para eventos esportivos ou culturais e dessa forma, comprometendo também a segurança dos frequentadores. Algumas pinturas foram feitas com o objetivo de amenizar e esconder as pichações nas paredes, mas ainda assim, foram parciais e insuficientes.

Figura 02 – Escada com pichações no Ginásio de Esportes Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

Figura 03 – Sala de Controle do Ginásio de Esportes Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

Juntamente a isso, o Ginásio Raul Ferraz também enfrenta sérios problemas estruturais, a exemplo das péssimas condições da quadra poliesportiva que, originalmente construída em material emborrachado, hoje reformada com concreto, apresenta rachaduras e desgastes significativos, assim como infiltrações que causaram danos adicionais ao revestimento e à estrutura subjacente da quadra, intensificando o estado de deterioração.

Figura 04 – Quadra Poliesportiva do Ginásio de Esportes Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

Os vestiários e banheiros do ginásio também estão em condições precárias. Os sistemas hidráulicos estão ultrapassados e apresentam vazamentos contínuos que, além de causarem mau odor aos sanitários, geram problemas de umidade nas paredes e piso, assim como o surgimento de mofo e bolor, resultando em um ambiente insalubre que compromete a saúde dos frequentadores. A falta de manutenção causou entupimentos frequentes e o deterioramento das instalações sanitárias, tornando os banheiros inadequados para uso público.

Figura 05 – Sanitários do Ginásio de Esportes Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

Figura 06 – Vestiários do Ginásio de Esportes Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

O telhado do ginásio é outro ponto crítico. A ação das intempéries e a falta de manutenção, resultaram em ferrugem e degradação das estruturas metálicas, vazamentos e infiltrações que afetaram a estrutura interna do edifício.

Figura 07 – Fachada e Telhado do Ginásio Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

A falta de acessibilidade no interior do Raul Ferraz também é evidente em diversos aspectos. O espaço não possui piso tátil direcional ou de alerta instalado da forma correta (figura 08) o que dificulta a locomoção de pessoas com deficiência visual. As arquibancadas não foram projetadas com áreas reservadas para cadeirantes, tampouco contam com rampas de acesso adequadas, em desacordo com as exigências da ABNT NBR 9050, que regulamenta a acessibilidade em edificações. A ausência de sanitários adaptados compromete o uso por pessoas de mobilidade reduzida, dificultando o pleno acesso nas atividades do ginásio.

Figura 08 – Piso tátil direcional e arquibancadas do Ginásio de Esportes Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

A área externa do ginásio, que inclui campos de futebol, quadras de vôlei e uma pista de skate, também está em estado de abandono. Embora o início da revitalização tenha amenizado parcialmente a situação, essas áreas ainda precisam de manutenção constante e reformas. A pista de skate, por exemplo, está ultrapassada para as demandas modernas, com uma estrutura calculada indevidamente, superfícies desgastadas e obstáculos danificados, que acabam por comprometer a segurança e limitam a funcionalidade do espaço.

Figura 09 – Pista de Skate do Ginásio de Esportes Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

Figura 10 – Campo Society do Ginásio de Esportes Raul Ferraz

Fonte: Autoria Própria (2024)

Esses problemas estruturais e de manutenção, tanto internos quanto externos, evidenciam o abandono do centro esportivo. A situação requer uma intervenção de forma abrangente que restaure a funcionalidade e a segurança do espaço, permitindo que ele possa novamente servir à comunidade para práticas esportivas.

Diante das diversas patologias e degradações encontradas no Ginásio de Esportes Raul Ferraz, torna-se indispensável uma abordagem de revitalização pautada nas normas técnicas e diretrizes vigentes. A primeira medida para solucionar os problemas hidrossanitários e infiltrações identificadas deve ser a substituição completa das tubulações por materiais resistentes à corrosão e ao desgaste, como tubos de PVC, conforme a ABNT NBR 5626, que regulamenta sistemas prediais de água fria, ou a NBR 8160, que trata das redes de esgoto. Além disso, a aplicação de mantas impermeabilizantes seria importante para garantir a durabilidade da reforma da quadra e dos sanitários.

Em relação à cobertura, é necessária uma manutenção em toda a sua extensão e caso necessário, sugere-se uma substituição das estruturas metálicas comprometidas por novas que sejam tratadas adequadamente contra a corrosão. Além disso, a instalação de calhas e sistemas de drenagem eficientes é essencial para evitar infiltrações e reduzir o impacto da água sobre a estrutura, garantindo a durabilidade da obra.

Para garantir a segurança do público e dos atletas que frequentam o ginásio, é imprescindível que as saídas de emergência e a sinalização de rotas de fuga estejam de acordo com as leis estabelecidas pelo Corpo de Bombeiros, específica para centros esportivos e de exibição. O ginásio deve ser equipado com portas corta-fogo em todas as rotas de fuga, assegurando a proteção adequada e a conformidade com as normas de segurança contra incêndio e pânico.

Para a quadra poliesportiva, é recomendável ser restaurada ao seu padrão original de revestimento emborrachado, já que este oferece uma melhor absorção de impactos, o que melhora o rendimento dos jogadores e reduz o risco de lesões. Além disso, os vestiários e banheiros exigem uma reforma para a adaptação dos ambientes e instalação de barras de apoio, para que atendam às exigências de acessibilidade estabelecidas pela ABNT NBR 9050. Assim como assegurar que a inclinação das rampas e obstáculos estejam de acordo com as normas de segurança.

No âmbito externo, propõe-se a revitalização da pista de skate para uma nova estrutura que atenda as demandas contemporâneas de segurança e funcionalidade, assim como torná-la esteticamente mais atrativa. Ainda sobre a parte externa, incluindo os quiosques, campo de futebol e quadras de areia, precisam de limpeza e manutenção regular, para impedir que fiquem coberto de lixo ou vegetações invasivas. É importante ainda a instalação de bebedouros dentro e fora do ginásio, para evitar que os usuários se desloquem por longas distâncias.

Por fim, a revitalização do Ginásio Raul Ferraz deve também estar em conformidade com as legislações municipais, como a Lei nº 1.385/2006 (Plano Diretor Urbano) e a Lei nº 1.481/2007 (Código de Obras do Município), assegurando que todas as reformas e intervenções respeitem as normas locais atuais, já que sua construção foi em 1980 e não atende mais as leis vigentes. Uma reforma abrangente e normatizada, vai garantir que o espaço esteja em conformidade com as legislações municipais, e proporcione segurança, acessibilidade e conforto para todos os seus usuários, além de gerar integridade visual e estrutural, reestabelecendo o papel do ginásio como um importante centro de práticas esportivas e culturais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo revelou, por meio de uma análise arquitetônica detalhada, a necessidade de uma revitalização urgente no Ginásio de Esportes Raul Ferraz, em Vitória da Conquista – BA. A pesquisa demonstrou que a falta de manutenção adequada e o fechamento do ginásio durante a pandemia de COVID-19 agravaram a deterioração da estrutura, e comprometeu o uso seguro e funcional deste espaço. Além de servir como um equipamento esportivo, o ginásio atua como um espaço multifuncional que possibilita a interação social e o desenvolvimento de atividades comunitárias, bem como contribui para a promoção da inclusão e da saúde física da população.

Os problemas identificados, como acúmulo de lixo, infiltrações, deterioração dos sistemas hidrossanitários, ausência de acessibilidade, falta de manutenção nas instalações elétricas e a condições de abandono das áreas externas, evidenciam a falência de gestões anteriores em garantir a preservação de um equipamento público de tamanha importância histórica, cultural e funcional. As soluções propostas, como a restauração da acessibilidade e a substituição de materiais deteriorados, buscam solucionar esses problemas e transformar o ginásio em um espaço moderno, alinhado às exigências normativas e às necessidades dos usuários.

A metodologia utilizada, que incluiu a observação direta e a análise das normas aplicáveis à arquitetura esportiva, forneceu uma base sólida para a identificação das patologias e a formulação de propostas de intervenção. No entanto, a falta de transparência e de informações recentes sobre a execução dos recursos públicos destinados ao ginásio representou um obstáculo para uma análise mais aprofundada. Essa situação evidencia a necessidade de um aprimoramento na atuação da Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do município, com um acompanhamento rigoroso dos recursos, para assegurar que os investimentos na revitalização dos equipamentos esportivos sejam realmente efetivos.

Os resultados obtidos confirmam que o Ginásio de Esportes Raul Ferraz, em seu estado atual, está longe de cumprir sua função como centro esportivo. No entanto, o trabalho também mostrou que, com a implementação das soluções propostas, é possível recuperar o espaço e ampliar sua capacidade de atender às demandas da população de Vitória da Conquista e assim, contribuir para a promoção da prática esportiva e para a inclusão social.

Esse estudo também abre caminho para investigações futuras sobre a importância de recursos destinados a equipamentos esportivos, a aplicação de tecnologias sustentáveis na arquitetura esportiva e a análise do impacto social dessas intervenções na melhoria da qualidade de vida dos moradores. Estudos comparativos entre diferentes cidades da Bahia, poderiam oferecer um panorama mais amplo sobre as estratégias de preservação e desenvolvimento de espaços esportivos no estado.


4Informações obtidas na placa de homenagem localizada na entrada do Ginásio de Esportes Raul Ferraz.

REFERÊNCIAS

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WIKIPÉDIA. Raul Ferraz. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Ferraz>.Acesso em: 08 set. 2024.


1Estudante de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Independente do Nordeste. E-mail: helendias61@gmail.com

2Orientador. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Salvador (2015). Especialista em Docência Superior pela Unyleya (2019). E-mail: Thiago@fainor.com

3Coorientador. Mestrando no Programa de Pós-graduação em Nível de Mestrado Acadêmico em Ensino na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – PPGEn/UESB. Pós-graduado em Gestão de Obras na Construção Civil. Graduado em Engenharia Civil, Administração, Arquitetura e Urbanismo. Licenciado em Pedagogia. Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo na Faculdade Independente do Nordeste. E-mail: philipe.prado@hotmail.com.