ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NOS ANOS INICIAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410091044


KALLINE ANJO DE SOUZA BANDEIRA


RESUMO 

Este trabalho é o resultado de uma pesquisa em uma escola pública no município de Bayeux. O objetivo da mesma é destacar a importância da alfabetização e letramento no processo de ensino e aprendizagem dos alunos da escola. Para uma melhor compreensão deste processo selecionamos os alunos do 3° ano do Ensino Fundamental da Escola da rede Pública Municipal, Joana Fortunato de Souza. A análise das práticas de construção da língua falada e escrita oferece a criança uma base de sustentação, pois são desenvolvidos métodos no processo da alfabetização usando a criatividade através do lúdico, considerando o conhecimento que a criança traz consigo. Para abarcarmos a pesquisa nos respaldamos nos seguintes teóricos: BAUER,(2008), BOCK,FURTADO e TEIXEIRA (2007), BOCK(2001), CAVALLEIRO,(2007), CÓCCO, (1996), FERREIRO, (1996), FERREIRO, (2001), FREIRE Paulo, (1987), MARCUSHI, (2008), MOOL, (2009), OLIVEIRA, (2008), PRADO,(1981), SILVA,(1991), SOARES, (1999), SOARES, (2004), TFOUNI, (1995), WESZ, (2001) . O papel da família no processo de alfabetização é primordial para o desenvolvimento da criança. Letrar é mais que alfabetizar é ensinar a ler e a escrever dentro de um contexto, e que a leitura e a escrita faça parte da vida e do cotidiano do aluno.

PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização. Letramento. Práticas Docentes

ABSTRACT

This work is the result of a survey in a public school in the municipality of Bayeux. The purpose of this study is to highlight the importance of literacy and literacy in the teaching and learning process of the school students. For a better understanding of this process, we selected the students of the 3rd year of Primary School of the Municipal Public School, Joana Fortunato de Souza. The analysis of the practices of construction of spoken and written language offers the child a base of support, because methods are developed in the process of literacy using creativity through playfulness, considering the knowledge that the child brings with it. To cover the research, we support the following theorists: ABAURRE, (1991), BOCK, FURTADO e TEIXEIRA (2007), BOCK, (2001), CAVALLEIRO, (2007), CÓCCO, (1996), FERREIRO, (1996), FERREIRO, (2001), FREIRE Paulo, (1987), MARCUSHI, (2008), MOOL, (2009), OLIVEIRA, (2008), PRADO,(1981), SILVA,(1991),  SOARES, (1999), SOARES, (2004), TFOUNI, (1995), WESZ, (2001). The role of the family in the process of literacy is paramount for the child’s development. Letter is more than literacy are to teach reading and writing within a context, and that reading and writing is part of the life and daily life of the student.    

KEYWORDS: Literacy. Literature. Teaching Practices

Keywords: Palavrachave1eminglês; Palavrachave2; Palavrachave3. (mesmas especificações das palavras chaves em português).

1. INTRODUÇÃO 

2. O processo de alfabetização e letramento nos anos iniciais é fundamental para o desenvolvimento integral das crianças. O objetivo deste estudo é contribuir para esse processo, explorando métodos de ensino que considerem a visão de mundo da criança e promovam um ambiente de aprendizagem prazeroso e significativo. Buscaremos repensar o papel do professor e do aluno na dinâmica de ensino-aprendizagem, buscando alternativas que resultem em avanços significativos e criem momentos agradáveis durante a leitura e a escrita, despertando o interesse e o prazer pela leitura nas crianças.

2. Alfabetização e Letramento
  • Alfabetização e letramento, embora distintos, são interdependentes e indissociáveis. A alfabetização refere-se à aquisição do sistema convencional de escrita, enquanto o letramento diz respeito ao desenvolvimento de comportamentos e habilidades no uso da leitura e da escrita. Para Ferreiro (1996), a leitura e a escrita são sistemas construídos de forma gradual. As primeiras produções escritas dos educandos são valiosas, pois refletem os esforços iniciais para se expressar por meio da escrita.
  • Soares (2004) destaca que alfabetizar vai além de ensinar a ler e escrever; é também sobre ensinar a codificar e decodificar a escrita alfabético-ortográfica e desenvolver capacidades cognitivas e motoras para a manipulação dos instrumentos de escrita. O conceito de letramento, surgido mais recentemente, amplia a compreensão das práticas sociais de leitura e escrita, mostrando que a alfabetização só adquire pleno sentido quando inserida em contextos sociais reais de leitura e escrita.
3. Desafios e Perguntas

7. Frente aos desafios do ensino da leitura e da escrita, surgem perguntas fundamentais:

Quais métodos podem ser adotados para obter resultados satisfatórios na alfabetização? Como criar experiências prazerosas para as crianças ao ler e escrever? Esta pesquisa busca explorar o papel do professor nesse processo e desenvolver ações pedagógicas que favoreçam a linguagem e a construção do conhecimento da criança, partindo da leitura do mundo da criança e promovendo uma abordagem mais dinâmica e envolvente no processo de ensino.

4. Capítulos do Estudo

9. No primeiro capítulo, abordaremos os conceitos de alfabetização e letramento. No segundo, discutiremos o papel do professor na alfabetização, com a contribuição da professora Lourdes Silva. Finalmente, o terceiro capítulo explorará a participação da família no processo de alfabetiza  

5. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

COMO ENSINAR A CRIANÇA A LER E ESCREVER?  

5.1.  Alfabetização e Letramento   

         A Alfabetização e o Letramento são conceitos diferentes, uma vez que envolvem conhecimentos e habilidades distintas, porém são processos indissociáveis, simultâneos e que precisam caminhar juntos nos anos inicias do Ensino Fundamental. De acordo com Soares (2004, p.14).  

 […] a alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização. (SOARES, 2004, p.10).  

A alfabetização está vinculada a habilidades de codificar (representação escrita de fonemas e grafemas) e decodificar (representação oral de grafemas e fonemas). Ou seja, a representação da fala oral e escrita. O letramento é entendido como o desenvolvimento de comportamento e habilidades do uso da leitura e da escrita e a relação com o seu conhecimento de mundo.  

Um indivíduo é alfabetizado e letrado, quando conhece o código, consegue usálo para codificar e decodificar e é capaz de manejar a língua em seu contexto social. A linguagem oral da criança deve servir de suporte para o aprendizado da linguagem escrita, para desenvolver a comunicação oral desde cedo, é importante diversificar os assuntos tratados em sala de aula.  

Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupos de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade. (TFOUNI, 1995, p.20).   

A construção da linguagem escrita na criança faz parte de seu processo geral, se dá como um trabalho contínuo de elaboração cognitiva por meio de inserção no mundo da escrita pelas interações sociais e orais, considerando a significação que a escrita tem na sociedade.  

A alfabetização é um dos estágios mais importantes do aprendizado da criança, não apenas porque a criança passará a ler e a escrever, mas também por envolver todos os aspectos neste processo, pois a criança estará superando os obstáculos e dificuldades e passa a ter uma nova visão de mundo, em contato com o seu meio social.  

A criança para se alfabetizar é importante a interação com outras pessoas, outras crianças, ter contato com vários gêneros textuais, vivenciar uma prática em que envolva o concreto para que haja uma melhor absorção dos conteúdos. O trabalho com textos na alfabetização é necessário para enfocar os dois aspectos da aprendizagem da língua escrita, assim o aluno alfabetizado e letrado tem possibilidade de utilizar a escrita nas diferentes situações do cotidiano.   

Segundo Ferreiro (1996, p.24). O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças.  

Participar de práticas sociais de leitura e escrita é importante não só para o processo de alfabetização, mas também para a apropriação da língua escrita em situações reais de uso. Deste modo, a alfabetização na perspectiva do letramento deve evidenciar a importância do trabalho com os diversos gêneros textuais, com base nos diferentes suportes de leitura.  

Proporcionar ao aluno formas de utilização da escrita para diferentes finalidades, a partir das situações de letramento presentes em seu cotidiano, uma vez que os textos apresentam situações comunicativas diferenciadas, é possível o aluno compreender que a estrutura e a organização dos textos estão relacionadas a diferentes funções que exercem nas práticas cotidianas da realidade, ou seja, uma carta, uma receita culinária, uma bula de remédio, um anúncio de jornal, um bilhete, um folheto informativo, dentre outros suportes textuais.  

[…] além de aperfeiçoar as habilidades já adquiridas de produção de diferentes gêneros de textos orais, levar à aquisição e ao desenvolvimento das habilidades de produção de textos escritos, de diferentes gêneros e veiculados por meio de diferentes portadores […] (SOAREA, 1999,p.69)  

Podemos citar outros tipos de gêneros textuais: Fábulas, contos, gibi, tirinhas, convite, telefonema, romance, bilhete, reportagem, lista de comprar, cardápio de restaurante, anúncios, propaganda, entre outros. A aquisição dos textos desenvolve habilidades no conhecimento e na produção textual. Em situações cotidianas utilizamos os mais diversos gêneros textuais para nos comunicarmos.  

 Marcushi, (2008, p. 156) nos chama atenção para o fato de que essa distinção entre gênero e tipo textual não se configura como uma visão dicotômica dos conceitos, uma vez que ambos os aspectos são constitutivos do funcionamento da língua em situações comunicativas cotidianas.

Do ponto de vista linguístico e do ponto de vista cognitivo, para aprender a ler e a escrever é preciso fazer a relação dos sons (fonemas) com as letras (grafemas), porque a nossa escrita alfabética é o registro dos sons, de acordo com um sistema de representação bastante complexo.  

Para aprender a ler e escrever, o indivíduo necessita entender a relação estabelecida entre fala e escrita e conhecer o sistema de regras da escrita. Esse aprendizado é uma atividade sistemática e estruturada que se desenvolve gradualmente, é um momento particular de um processo mais geral de aquisição da linguagem. Segundo Abaurre (1991):  

…em contato com a representação escrita da língua que fala, o sujeito reconstrói a história da sua relação com a linguagem. A contemplação da forma escrita da língua faz com que ele passe a refletir sobre a própria linguagem, chegando, muitas vezes, a manipulá-la conscientemente… Abaurre, 1991, p.39  

A Autora nos afirma que o processo de leitura e de escrita é uma construção individual e gradual, cada indivíduo tem o seu tempo e ritmo necessários para o desenvolvimento no processo de aquisição da linguagem.  

5.2 O papel do Professor no processo de Alfabetização   

Nós professores enfrentamos uma grande dificuldade em relação à leitura e a escrita, pois infelizmente a realidade dos nossos alunos, devido à falta de incentivo e apoio das famílias, as condições sociais, nas tentativas frustradas das escolas em resgatar o valor da leitura e tantos outros fatores, tem contribuído para essa precariedade na alfabetização dos nossos alunos.  

Além disso, observamos a grande dificuldade em que os alunos têm em compreender textos, por isso faz-se necessário uma ação que leve os alunos a prática da leitura e da escrita, a imaginar, a compreender e interpretar os diversos tipos de textos.   

Sabemos que as crianças quando chegam à escola possuem ritmos diferentes de aprendizado. O papel do professor é de incentivar à prática de leitura e de escrita das crianças, utilizando diversos gêneros textuais, trabalhando o concreto para melhor absorção dos conteúdos propostos. As atividades lúdicas contribuem para um melhor desenvolvimento intelectual e cognitivo das crianças.  

O professor atua como uma primeira ponte que leva seus alunos a construir, inicialmente, e ampliar, dentro do possível para a faixa de escolarização, os conhecimentos registrados pela escrita, quanto mais conhecimentos escritos eles dominam, maior seu grau de letramento.  

O professor das séries iniciais, torna-se o maior responsável pelo desenvolvimento da capacidade leitora e escritora desses alunos. Ele precisa organizar de forma decidida e aberta, práticas de leitura e escrita com finalidades definidas, atuando com planos de aula eficientes e objetivos.  

 Nós professores somos muito mais que um mediador de conhecimentos, envolvemos relações afetivas, de respeito, amizade, companheirismo e descobertas. Essas relações facilitam a comunicação entre professor / alunos, acelerando o processo de ensino e aprendizagem.  

O papel do professor é estabelecer relações dialógicas de ensino e aprendizagem; em que professor, ao passo que ensina, também aprende. Juntos, professor e estudante aprendem juntos, em um encontro democrático e afetivo, em que todos podem se expressar. (FREIRE,1987).  

Cabe ao professor a tarefa de articular situações de aprendizado considerando as capacidades de planejar e de criar condições necessárias para o desenvolvimento das habilidades de cada criança. O que contribui para esse processo é um ambiente alfabetizador, um espaço organizado, articulado, com recursos que propicie uma harmonia e interação com os alunos.  

A interação social é fundamental para a construção da aprendizagem das crianças. A socialização das descobertas da aprendizagem feitas pelas crianças tem sido uma maneira satisfatória de conduzir as práticas e os objetivos relacionados à alfabetização.  

A Alfabetização é um processo de construção do conhecimento e, como tal, é desencadeada pela “interação” entre o educando e objeto de conhecimento […] transcende a escolha e à execução de um método de ensino; é um processo multifacetado no qual se confrontam a língua escrita, o educando e a intervenção didática do espaço escolar.( MOOL, 2009, p.179).  

O método de ensino deve visar o desenvolvimento das crianças, buscando trabalhar tudo que as envolvam, no seu cotidiano, no seu ambiente social. Silva diz: “A criança lê o mundo que a rodeia muito antes de um aprendizado sistemático da leitura e escrita”. (1991, p.21). Devemos trabalhar conteúdos como gêneros textuais (receitas, convites, propagandas, lista de supermercado, bula de remédio…), explorar o cantinho e roda de leitura, realizar pesquisas, contação de histórias e dinâmicas de leitura, assistir vídeos, em todos esses métodos envolver o lúdico, o concreto.  

Precisamos levar em conta o pensamento e a linguagem dos nossos alunos, bem como seus conhecimentos prévios e interesse naquele assunto, organizando situações de aprendizagem, nas quais novas experiências promoverão o crescimento e a equilibração necessários para que aconteça a aprendizagem. Devemos proporcionar situações significativas e relevantes em relação aos conteúdos do cotidiano.  

A  criança é um ser social, que nasce com capacidades afetivas, emocionais e cognitivas, que interage e que aprende com o meio, ampliando suas relações e formas de comunicação para manifestar-se livremente em suas percepções, trocas e compreensão da realidade  

5.3 A participação da família no processo de Alfabetização   

A família tem um papel fundamental no processo de alfabetização das crianças, pois ao chegar à escola, a criança traz consigo um conhecimento prévio que é adquirido no ambiente familiar e é construída relações e padrões comportamentais. A família é a primeira instituição que faz parte da vida da criança e é o fundamental agente de socialização, ocupa um lugar para toda a vida. Enquanto isso, a escola tem tempo limitado na formação do indivíduo, mas de grande importância no percurso de formação de um indivíduo.   

A convivência familiar proporciona experiências únicas que contribuem com a construção de padrões comportamentais na qual a família lhe permite através do cotidiano, pois quando a criança chega no ambiente escolar, traz consigo toda uma gama de conhecimentos de mundo e de si própria.  

A participação da família é fundamental e efetiva para o desenvolvimento da criança, independente do modelo de formação, seja ela tradicional ou contemporânea, pois esse processo não começa na escola, ele se inicia no ambiente familiar. É através da família que são transmitidos os valores, as crenças e os significados que estão presentes na sociedade, é através dela que a criança tem seus primeiros contatos com o mundo e com a linguagem.  

Os pais têm um papel primordial na educação de seus filhos, eles devem estimular e apoiá-los, independentemente do desempenho dos mesmos, pois o estímulo e o apoio propiciam o bom desenvolvimento e formação do educando. A escola e a família é uma parceria que juntas, resultam em efetivo aprendizado e na construção do conhecimento.  

De acordo com as pesquisas realizadas para esse trabalho as relações e interações entre família, a escola e a criança funcionam como forte influência para o desenvolvimento da alfabetização da criança. Pois a afetividade, e o apoio dos pais, através da sua presença neste processo, obtêm resultados satisfatórios na aprendizagem da criança.  

A família influencia positivamente, quando transmite afetividade, apoio e solidariedade, e negativamente quando impõe normas através de leis, dos usos e dos costumes.  (PRADO, 1981, p. 13)  

É de extrema importância o auxílio dos pais no processo de alfabetização do seu filho, pois primeiros padrões de conduta, como os direitos e deveres são estabelecidos na família, a sua interação na sociedade, e é nela que a criança centra a primeira visão da realidade, pois a busca na relação de parceria resulta no desenvolvimento intelectual, comportamental e afetivo da criança, é comprovado que as crianças que obtêm os melhores resultados são as que têm a parceria e apoio dos pais junto à escola.  

Temos que desconstruir essa cultura onde alfabetizar é uma especialidade que se restringe a escola e ao professor. Ferreiro (2001, p.64) diz que “estamos tão acostumados a considerar a aprendizagem da leitura e escrita como um processo da aprendizagem escolar que se torna difícil reconhecermos que o desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes da escolarização”. O processo de aprendizado do indivíduo se dá com o contato com a realidade, com o meio e com outras pessoas que o rodeiam.   

As crianças quando nascem já tem interesse de conhecer e compreender o mundo ao seu redor elas são construtoras de conhecimentos,a capacidade que a criança tem de desempenhar tarefas e habilidades com a ajuda de outras pessoas tornam-nas ainda mais capazes no desenvolvimento da aprendizagem. Oliveira (2008), diz:  

Vygotsky tem uma abordagem genética da escrita: preocupa-se com o processo de sua aquisição, o qual se inicia muito antes da entrada da criança na escola e se estende por muitos anos. Considera, então, que para compreender o desenvolvimento da escrita na criança é necessário estudar o que ele chama de ‘a pré- história da linguagem escrita’, isto é, o que se passa com a criança antes de sersubmetida a processos deliberados de alfabetização  

A criança no início do processo de alfabetização supõe que a escrita é uma forma de desenhar, passa por um conflito cognitivo em relação às hipóteses silábicas, no caminho dessa hipótese silábica se esforça para compreender a escrita, começando a diferenciar a representação da escrita do sistema da representação do desenho (WEISZ, 2001).  

Numa entrevista com a professora titular do 3° ano do Ensino Fundamental Lourdes Silva, da Escola Joana Fortunato de Souza, a mesma relatou que os alunos que tem mais dificuldades no processo de alfabetização são aqueles que os pais são ausentes da escola dos seus filhos, os que não procuram acompanhar o desenvolvimento, o comportamento e outros fatores que contribuem para este processo.  

A professora relatou que os alunos estão muito independentes e que a autoridade dos pais sobre os filhos está saindo do controle, “as crianças querem fazer o que bem querem”, deixando de lado a rotina de estudar e brincar e só se concentrando em conversas paralelas e passatempos não educativos.  

Segundo a professora a afetividade é primordial na vida de uma criança, quando os pais estão presentes neste processo, eles são mediadores, pois demonstra interesse, procura se informar sobre o andamento do seu filho na escola, participa das reuniões de pais e das realizações das atividades, portanto esta criança estará mais bem preparada e assistida neste processo.Afirma a professora Lourdes que:“Família e escola, trabalhando juntas, têm a responsabilidade de transmitir normas e valores necessários para a formação do indivíduo. A responsabilidade maior é da família”.  

No início dessa fase da criança, a família e a escola atuam como mediadores primordiais, apresentando e significando o mundo social do indivíduo (CAVALLEIRO, 2007).  

6. O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUA ESCRITA 

Os níveis de desenvolvimento da escrita, foram definidos a partir do momento em que o indivíduo compreende para que ela serve e qual é a sua utilidade. Para escrevermos temos que possuir o conhecimento sobre a função e uso da escrita, para que serve um bilhete, um convite, uma carta e qual a sua utilidade no meio social.  

As habilidades de leitura e escrita das crianças vêm da relação que elas têm desde pequenas com a escrita, pois independem muito menos dos métodos utilizados, mas do processo e aquisição dessas habilidades obtidas desde os primeiros contatos que elas têm com a leitura e a escrita.  

 “Mostramos que a aquisição das habilidades de leitura e escrita depende muito menos dos métodos utilizados do que da relação que a criança tem desde pequena com a cultura escrita”, afirma Ana Teberosky  

A escrita é uma representação gráfica com significados, os níveis de escrita segundo a psicogênese da língua escrita são os seguintes: nível pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.  

  • Nível pré-silábico   

Neste nível a criança não estabelece relação entre a escrita e a fala (pronuncia), ela exerce sua escrita por meio de desenhos, rabiscos e letras utilizando-as aleatoriamente. As principais hipóteses desse nível são: já percebe a função social da escrita (diferenciando-a de desenhos), usa critério quantitativo.  

  • Nível Silábico   

A criança já começa a ter consciência de que existe uma relação entre fala e escrita, entre os aspectos gráficos e sonoros das palavras, tentam dar valor sonoro a letras e sinais para representar as palavras, para cada sílaba pronunciada o indivíduo escreve uma letra (uma letra para cada sílaba), ou para cada palavra numa frase dita. E nesse nível a criança ainda utiliza o critério quantitativo e qualitativo, apresentados no nível pré-silábico.   

  • Nível silábico-alfabético  

Esse nível é uma transição do silábico para o alfabético. É uma escrita quase alfabética, onde a criança começa a escrever alfabeticamente algumas sílabas e para outras permanece silábico. Percebe primeiramente que a sílaba tem duas letras e posteriormente que existem sílabas com mais de duas letras, tem dificuldades em separar palavras quando escreve frase ou texto. É nesse nível em que alguns adultos usam o termo em que a criança estaria engolindo letras.  

  • Nível alfabético  

  Neste nível o aluno já compreendeu o sistema da escrita, faz relação sonora das palavras, escreve do jeito que fala, porém oculta as letras quando mistura a hipótese alfabética e silábica, apresenta dificuldades e problemas ortográficos.  

 (…) as histórias ouvidas e contadas pelas crianças (devem ser escritas pelo professor), bem como as tentativas de escrever seus nomes ou bilhetes. Essas atividades assumem grande importância no processo, pois são geradoras de espaço para descoberta dos usos sociais da linguagem- a escrita. É importante colocar a criança em situações de aprendizagem, em que ela possa utilizar suas próprias elaborações sobre a linguagem, sem que se exija dela ainda o domínio das técnicas e convenções da norma culta. (BOCK, 2008, p/140)  

  O professor como mediador, deve oferecer as crianças várias situações de aprendizagem, não se pode descartar das crianças as histórias contadas, mas elaborar atividades que a partir desse pressuposto elas possam descobrir sobre o uso da linguagem e gerar o desenvolvimento da leitura e da escrita sem exigir domínios e técnicas.  

Necessitamos estar preparados para desenvolver nas crianças o hábito pela leitura e a escrita, desenvolvendo atividades que proponha o desenvolvimento dessas habilidades. Portanto permaneçamos em continua construção, aonde vamos adquirindo e dominando a língua, através dos seus usos e funções durante toda a vida.  

7. RESULTADOS  

A partir da pesquisa realizada na turma do 3° ano da Escola Municipal Joana Fortunato de Souza, percebemos que, havia um ambiente alfabetizador, pois, a sala de aula apresentava cartazes de acolhida, calendário, alfabeto, cantinho da leitura, cantinho da matemática. Onde as crianças percebem um cenário de informações, interação e acolhimento. O contato com a leitura e a escrita num ambiente alfabetizador, é mais motivador e desperta interesse nas crianças.   

A existência de um ambiente acolhedor, não significa eliminar os conflitos, disputas e divergências presentes nas interações sociais, mas pressupõe que o professor forneça elementos afetivos e de linguagem para que as crianças aprendam a conviver, buscando as soluções mais adequadas para as situações com as quais se defrontam diariamente.   

O método de ensino visa o desenvolvimento das crianças, buscando trabalhar todos os ambientes que as envolvem, onde haja prática, onde as crianças possam se comunicar e expor seus sentimentos, emoções na construção de uma identidade pessoal.   

A rotina oferece às crianças momentos onde elas participam de modo ativo de diversas atividades que envolvem o corpo, compreendendo suas sensações, necessidades e desenvolvendo autonomia. O educador organiza o espaço pedagógico proporcionando as crianças diversas experiências.  

Porém como é comum encontramos sempre desafios e dificuldades no ambiente escolar, ocorreu um problema nas instalações superior da escola, a estrutura física teve infiltrações durante o período de chuva, e foi necessário interditar a maioria das salas de aula, provocando um grande estresse e desconforto, pois foi preciso juntar duas turmas em uma única sala, com isto ocorreram dificuldades na adaptação das turmas, dos professores e no processo ensino-aprendizagem.  

Observamos que uma parte das crianças se encontravam no nível alfabético, porém as outras partes ainda caminhavam para este processo de alfabetização. E que a maioria das crianças que ainda não são alfabetizadas, apresentam déficit de concentração e aprendizagem, não realiza as atividades frequentemente, não tem o incentivo e a participação efetiva da família envolvida neste processo e tem mais um fator que contribui para essa deficiência que é o desinteresse do aluno em desenvolver e praticar a leitura e a escrita, entre outros fatores.  

Mesmo em meio a tantas dificuldades os esforços das professoras em tornar esse processo satisfatório não para. Pois são realizadas atividades lúdicas, com jogos, músicas, interpretações teatrais, brincadeiras, dinâmicas, tudo envolvendo os conteúdos programáticos. E os resultados tem sido satisfatório, pois as crianças se envolvem mais nas atividades, quando trabalhadas de forma dinâmica e criativa, pois as aulas tornam-se mais prazerosas e produtivas.  

 As crianças estão se construindo, na interação com outras crianças e adultos como alguém com um modo próprio de agir, sentir e pensar. Elas são curiosas em relação ao entorno social. Conforme vivem suas experiências na coletividade, elaboram perguntas sobre si e os demais, aprendendo a se perceberem e a se colocarem no ponto de vista do outro.  

 Durante todo o processo de pesquisa, observamos que para o desenvolvimento das aulas serem efetivas, o professor deve sempre se adequar as propostas de acordo com a criatividade, com atividades organizadas, oportunizando alternativas que atendam às necessidades de cada aluno.  

A escola torna-se um novo lugar – um espaço que deve privilegiar o contato social entre seus membros e torná-los mediadores da cultura. Alunos e professores devem ser considerados parceiros nesta tarefa social. O aluno jamais poderá ser visto como alguém que não aprende possuidor de algo interno que lhe dificulta a aprendizagem. O desafio está colocado. Todos são responsáveis no processo. Não há aprendizagem que não gere desenvolvimento; não há desenvolvimento que prescinda da aprendizagem. Aprender é estar com o outro, que é mediador da cultura. Qualquer dificuldade neste processo deverá ser analisada como uma responsabilidade de todos os envolvidos. O professor torna-se figura fundamental; o colega de classe, um parceiro importante; o planejamento das atividades tornasse tarefa essencial e a escola, o lugar de construção humana. BOCK, FURTADO e TEIXEIRA (2001, p. 126):  

Vivenciamos ações que trabalham o contexto local dos alunos, através de atividades desenvolvidas do cotidiano deles, uma das atividades foi o supermercado do saber que com embalagens de produtos de supermercado que eles mesmos trouxeram de suas casas, foram colocados os preços em cada produto e foi trabalhado a adição, a subtração, o sistema monetário e a leitura das palavras.  

Toda criança que participa de atividades lúdicas, adquire novos conhecimentos e desenvolve habilidades de forma natural e agradável, que gera um forte interesse em aprender e garante o prazer.  

8. CONCLUSÃO

 A alfabetização e o letramento são processos complexos e interdependentes que necessitam de métodos inovadores e envolventes. A atuação do professor e a participação da família são cruciais para criar um ambiente de aprendizagem que promova o prazer pela leitura e escrita e contribua para o desenvolvimento integral das crianças.

9. REFERÊNCIAS (Use de preferência as referências conforme ABNT ou APA)

ABAUREE, M. B. M. A relevância dos critérios prosódicos e semânticos na elaboração de hipóteses sobre segmentação na escrita inicial. Boletim da Abralin, 1991.  

BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 14ª edição. São Paulo: Saraiva 2008  

BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2001.   CAVALLEIRO, E.S. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. Contexto, São Paulo, 2007.  

CÓCCO, Maria F. e HAILER, Marco Antônio. Didática da alfabetização: decifrar o mundo. Alfabetização e Socioconstrutivismo. São Paulo: Ed. FTD, 1996.  

FERREIRO, Emilia. Alfabetização em Processo. São Paulo: Cortez, 1996.  

_____________Cultura escrita e educação: conversas de Emilia Ferreiro com José Antonio Castorina, Daniel Goldin e Rosa MariaTorres. Porto Alegre: ARTMED, 2001.  

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.  MARCUSHI, Luiz Antonio. Produção textual, análises de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.  

MOOL, Jaqueline. Alfabetização possível, reinventando o ensinar e o aprender. 8 ed. Revisada e atualizada. Porto Alegre. Mediação, 2009.  

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Aprendizagem e desenvolvimento: um processo sócio histórico. São Paulo: Scipione, 2008.  

PRADO, Danda. O que é família. São Paulo. Brasiliense 1981.  

SILVA, Ezequiel Theodoro da. De olhos abertos: reflexões sobre o desenvolvimento da leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 1991.   

SOARES, Magda. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, São Paulo: Autores Associados, 2004.p.10,14.  

_________SOARES, Magda B. Letramento: um tema em três gêneros. Belo

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TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. São Paulo, Cortez, 1995, p.20.  WEISZ, Telma; SANCHES, Ana. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo, Ática: 2001.