TEACHER HOMOSEXUALITY IN THE EDUCATIONAL CONTEXT: PERSPECTIVES OF PROFESSIONAL EDUCATION TEACHERS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410071757
Elvio Carlos da Costa1
Andréia Osti2
RESUMO
O objetivo geral deste estudo foi apresentar as representações de professores/as da educação profissional sobre a homossexualidade docente. Para o entendimento do arcabouço teórico, explorou-se conceitos relacionados à homossexualidade docente e seu ambiente de trabalho, bem como as representações sociais sobre homossexualidade no ambiente educacional. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva, sendo que o método utilizado consistiu na realização de um questionário online aplicado a 80 professores/as de uma Instituição de Ensino Profissional do Estado de São Paulo. Os resultados indicam que 66 (83%) dos participantes acreditam que o/a professor/a não influencia os/as alunos/as em relação à sua orientação sexual, simplesmente pelo fato de ser homossexual. No que concerne ao processo de ensino aprendizagem, 53 (66%) dos participantes declaram que o/a professor/a homossexual autodeclarado/a não pode influenciar o/a aluno/a no processo de ensino e aprendizagem, 15 (19%) acreditam que talvez, 5 (7%) afirmam que sim, e 7 (8%) não souberam responder. Em relação aos participantes terem ou não objeção em seus/as filhoas/as terem professores/as homossexuais, obteve-se que 75 (95%) disseram que não teriam nenhuma objeção, 2 (2%) alegaram ter objeções, 2 (2%) apontam que talvez e apenas 1 (1%) não soube responder. E, sobretudo pode-se concluir que é plausível pensar que a diversidade, no caso específico desta pesquisa sobre homossexualidade docente, enriquece a convivência e o relacionamento entre os atores escolares e, sobretudo, traz ganhos imensuráveis para o clima organizacional, profissional, pedagógico e afetivo da escola, por meio de novas possibilidades de interação, promovendo ricas transformações, conhecimentos e aprendizagens, em especial no que tange ao respeito à pluralidade humana.
Palavras-chave: Educação profissional. Representação Social. Homossexualidade docente. Diversidade. Inclusão.
ABSTRACT
The general objective of this study was to present the representations of professional education teachers about teacher homosexuality. In order to understand the theoretical framework, concepts related to homosexuality in teachers and their work environment were explored, as well as the social representations of homosexuality in the educational environment. This is a qualitative and descriptive research, and the method used consisted of an online questionnaire applied to 80 teachers of a Professional Education Institution in the State of São Paulo. The results indicate that 66 (83%) of the participants believe that the teacher does not influence the students in relation to their sexual orientation, simply because they are homosexual. Regarding the teaching-learning process, 53 (66%) of the participants stated that the self-declared homosexual teacher cannot influence the student in the teaching and learning process, 15 (19%) believed that maybe, 5 (7%) said yes, and 7 (8%) did not know how to answer. Regarding whether or not participants had an objection to their children having homosexual teachers, it was found that 75 (95%) said they would have no objection, 2 (2%) claimed to have objections, 2 (2%) indicated that they maybe, and only 1 (1%) did not know how to answer. And, above all, it can be concluded that it is plausible to think that diversity, in the specific case of this research on teacher homosexuality, enriches the coexistence and relationship between school actors and, above all, brings immeasurable gains to the organizational, professional, pedagogical and affective climate of the school, through new possibilities of interaction, promoting rich transformations, knowledge and learning. especially with regard to respect for human plurality.
Keywords: Professional Education; Social Representation; Teacher homosexuality. Diversity. Inclusion.
INTRODUÇÃO
A questão da diversidade sexual tem permeado cada vez mais as discussões contemporâneas sobre educação e ambiente de trabalho. Inclusive segundo Costa (2021) essa relação entre a identidade sexual dos/as professores/as e o ambiente acadêmico tem sido um tema de crescente interesse e debate nas últimas décadas. Em particular, as representações e percepções de professores/as sobre a homossexualidade docente são áreas de estudo fundamentais para compreender como a diversidade sexual é vivenciada e negociada dentro das instituições educacionais, e sobretudo a homossexualidade emerge como um tema de particular relevância e complexidade.
A educação profissional, sendo um campo que prepara indivíduos para ingressarem diretamente no mercado de trabalho, não está imune às dinâmicas sociais e culturais que permeiam a sociedade em geral. Sendo assim, a homossexualidade de professores/as, portanto, não é apenas uma questão pessoal, mas também uma dimensão significativa da diversidade que pode impactar o clima escolar, as relações interpessoais e a eficácia pedagógica.
Diante desse contexto específico referente ao corpo docente, o objetivo geral deste artigo é apresentar as representações de professores/as da educação profissional sobre a homossexualidade docente. Para tanto, os objetivos específicos se desdobram em: 1) levantar as percepções dos participantes quanto ao questionamento “se um/a professor/a homossexual pode ou não influenciar na orientação sexual de seus/as alunos/as”; 2) explorar as representações dos participantes quanto a “influência ou não desse/a professor/a homossexual no processo de ensino e aprendizagem”; 3) relatar se os participantes representam “objeções hipotéticas de o/a filho/a ter um/a professor/a homossexual”.
Este estudo busca não apenas documentar essas representações, mas também analisar como elas podem influenciar as dinâmicas dentro das instituições educacionais e contribuir para práticas inclusivas e respeitosas no ensino profissionalizante.
Dessa forma, a fim de contextualizar essa discussão, o presente trabalho aborda como aporte teórico conceitos relacionados à homossexualidade docente e seu ambiente de trabalho e representações sociais sobre homossexualidade no ambiente educacional. Além disso, considerar-se-á as implicações práticas de nossas descobertas para políticas educacionais e práticas pedagógicas que promovam um ambiente escolar acolhedor e diversificado. Além de oferecer insights significativos para pesquisadores, educadores e formuladores de políticas interessados em promover a igualdade e o respeito à diversidade sexual dentro do contexto da educação profissional.
1. Homossexualidade docente e seu ambiente trabalho
Embora atualmente a temática acerca da sexualidade venha ganhando terreno no campo social, político, econômico e nos meios de comunicação, destaca-se que no âmbito escolar a discussão sobre esse tema, ainda, é realizada timidamente. Não diferente da escola, segundo Alves e Galeão (2004) os ambientes de trabalho estão cada vez mais diferenciados e, sobretudo heterogêneos. Tal heterogeneidade, exige das organizações contemporâneas que criem, implementem e gerenciem políticas de inclusão de pessoas pertencentes a grupos minoritários, com a finalidade de disseminar o respeito à diversidade. Nessa direção, Irigaray (2008) elucida que não basta apenas as empresas oportunizarem esses indivíduos por meio de trabalho, mas acima de tudo, devem conscientizá-las da importância de conviver com pessoas de diferentes identidades.
No que se refere às identidades, segundo Hall (2006) são construções sociais, edificadas cotidianamente por meio das interações pessoais e coletivas, ou seja, resultam na interação entre o indivíduo e a sociedade. O autor, ainda, ressalta que o sujeito é constituído por um núcleo (essência interior), denominado de “eu real”, porém o mesmo, é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais ‘exteriores’ e, as identidades que esses mundos oferecem. Além do mais, na visão de Hall (2006), a entidade torna-se uma celebração móvel, definida historicamente e não biologicamente, com isso, o sujeito pode assumir diferentes identidades em momentos distintos.
Nessa perspectiva, conforme Lasser, Ryser e Price (2010) decidir revelar a identidade sexual no ambiente de trabalho é uma questão particular de cada pessoa, pois tal decisão, poderá acarretar-lhe consequências negativas, tais como sofrer homofobia, estigma social e estereótipos (Elliot, 2003). De acordo com Croteau (1996) uma orientação sexual que difere dos padrões da normalidade implica preconceito. Diante disso, os homossexuais fazem uso de inúmeras estratégias de sobrevivências no local de trabalho, por exemplo, a explicitação da orientação sexual nas dimensões sociais (família e trabalho), até a ocultação em todos os espectros de sua vida em sociedade (Saraiva; Irigaray; Carrieri, 2010).
Essas consequências são claramente demarcadas na profissão docente e quando professores e professoras transitam pelas fronteiras das sexualidades e dos gêneros, estranhamentos, conflitos, tensões, redescobertas, reestruturações e desafios podem emergir no contexto escolar, desencadeando avanços ou retrocessos no processo de construção da diversidade humana. Antecipa- se, no entanto, que o/a professor/a homossexual, ao exercer a profissão docente, não se desvincula das marcas da sexualidade e do gênero inscritas em seu corpo, provocando impactos nos diversos sujeitos que compõem a escola.
Dentro do ambiente escolar, segundo Louro (2014) é possível observar uma relação profissional, afetiva e social pautada na insegurança, interferindo muitas vezes na autoestima do/a professor/a homossexual, já que muitos preferem o silêncio ao enfrentamento do preconceito. Mas, diante de tantos desafios o/a educador/a encontra na sua profissão o prazer da troca, que lhe é permitida, assumindo assim o papel de mediador/a, desenvolvendo uma sensibilidade íntegra dentro do espaço onde atua.
Segundo a autora, para se pensar no/a professor/a homossexual como sujeito coadjuvante, capaz de interagir, formador de opinião, vale ressaltar que seu jeito peculiar de ser não muda em relação a sua conduta pessoal e sua práxis educacional. Ele/a é capaz de contribuir com a formação dos sujeitos críticos e participativos de forma eficiente.
De acordo com Mott (2011), no Brasil é comum observar um clima amistoso entre os estudantes, portanto, ter um colega homossexual é “normal”, porém ter professores/as homossexuais, foge dessa “normalidade”. Diante dessa problemática, muitos/as professores/as homossexuais preferem omitir sua orientação sexual, a fim de evitar conflitos, retaliações e/ou possíveis constrangimentos no ambiente escolar, inclusive muitos têm medo de se assumir e serem demitidos ou terem sua carreira prejudicada.
Luiz Mott (2011), por exemplo, enquanto professor universitário, revela ter sofrido preconceito no Ensino Superior e, destaca duas ocorrências: a primeira ocorreu quando ele foi convidado para lecionar na Universidade Federal da Bahia (UFBA), pois uma amiga o indicou para o cargo, e um certo professor fez o seguinte questionamento: Você sabia que ele é gay? E, essa amiga respondeu, naturalmente que sim, e acrescentou, o que está em jogo é a competência e não sua orientação sexual. A segunda ocorrência de discriminação aconteceu quando Luiz Mott já atuava no departamento de Antropologia da UFBA e havia sido indicado para o cargo de chefia, e na ocasião um colega professor indagou: mas “veado” pode ser chefe de departamento?
Nessa direção, Mott (2011) salienta que os casos de perseguição contra os docentes homossexuais são mais comuns do que se imagina. Uma pesquisa da Teacher Support Network, realizada em 2006, constatou que dois terços dos/as professores/as homossexuais haviam passado por discriminação ou assédio moral no trabalho devido à sua orientação sexual. Para 81% daqueles que sofreram discriminação de qualquer espécie, 46% dizem ter sido discriminados por colegas, 33% por dirigentes e 21% por alunos. Ainda, neste sentido, o estudo de Molina (2013) apresenta uma discussão referente à problemática da vivência diária do/a professor/a homossexual frente à Instituição Escolar, e os preconceitos que estes/as professores/as sofrem dentro do ambiente acadêmico.
Considerando que a escola/faculdade/universidade é o ambiente de trabalho dos/as professores/as, aqueles/as que se assumem homossexuais enfrentam cotidianamente essas dificuldades. Nessa direção, Louro (2019) relata que a escola é um espaço difícil para uma pessoa se “assumir” homossexual. Pois, segundo a autora, quando os docentes homossexuais exercem a criticidade por meio de seu protagonismo, consequentemente, contribuem para a formação crítica dos alunos, e passam a ser vistos pela sociedade sob o prisma da “anormalidade”. Dessa forma, quando alguém da escola (aluno/a ou professor/a decide “assumir” sua identidade homossexual, certamente, são alvos de ações negativas por parte da comunidade escolar.
Ainda, neste sentido, o trabalho de Santana (2017) analisou como os docentes homossexuais geram sua identidade nas interações que mantêm no seu ambiente de trabalho. Tal estudo, possibilitou uma maior compreensão sobre o que é ser professor/a homossexual, mostrando os seus desafios e barreiras impostos pela sociedade, vistos e vivenciados diariamente no ambiente escolar. Verificou-se, também, que a revelação de muitos/as professores/as quanto à sua orientação sexual, homossexual, é silenciada perante a comunidade escolar, devido ao medo de serem estigmatizados, portanto, para a maioria dos/as professores/as pesquisados/as, romper com os paradigmas do ambiente acadêmico é bastante difícil. Nesta mesma circunstância, a pesquisa de Molina (2013) promove uma discussão referente à vivência do/a professor/a homossexual frente à instituição escolar, sendo que o pressuposto inicial é que estes/as professores/as vem sofrendo algum tipo de preconceito devido à sua orientação sexual, reforçando os privilégios de um sexo sobre o outro.
No que concerne à homossexualidade docente masculina, especificamente na Educação Infantil, Oliveira (2018) reforça a resistência cotidiana contra as violências institucionais de gênero frente às relações com as famílias, educadores/as e gestão de creches e pré-escolas. Embora esses professores tenham a formação acadêmica necessária para atuarem em sala de aula neste nível de ensino, os mesmos, enfrentam diversos desafios e obstáculos para exercerem a função docente, por exemplo, o alto índice do preconceito institucionalizado por meio da desconfiança de presença de um homem nesta profissão, para trabalhar com crianças, fazendo com que dimensões perversas permeiam o ambiente de trabalho. Tal crença, também foi identificada no estudo de Ramos (2011), que aponta que o homem na docência passa por dois estágios para ser efetivado no cargo, o primeiro requer que o professor precisa provar que é um profissional competente e, o segundo deve provar que não vai causar nenhuma violência física em nenhuma criança, ou seja, o abuso sexual.
Outra investigação que merece destaque é a de Rabelo (2013) que analisou as representações de gênero que envolvem à docência nas séries inicias do Ensino Fundamental. Tais representações, associam o magistério ao feminino e justificam que os professores homens estariam fora de lugar, ou seja, no imaginário coletivo, trabalhar com crianças na escola, é papel, exclusivamente, da mulher. Porém, o autor, salienta que o homem também pode desenvolver a atividade docente, com crianças, pois a aptidão para o magistério não depende do gênero.
2. Representação social sobre homossexualidade no ambiente educacional
No que tange ao aspecto conceitual, Moscovici (1978) elucida que representação social é um conhecimento de senso comum, formado por razão do cotidiano, além de ser um tipo de realidade. Moscovici (1978, p. 37) acrescenta que “elas são impostas sobre nós, transmitidas e são o produto de uma sequência completa de elaborações e mudanças que ocorrem no decurso do tempo e são o resultado de sucessivas gerações”. É uma forma de interpretar a realidade. As representações sociais apresentam duas funções: 1) convencionalizar objetos, pessoas e acontecimentos, 2) prescrever atitudes e pensamentos. O conceito de representação social corresponde a uma substância simbólica e a prática que produz. São entidades que circulam, cruzam e se cristalizam através de uma fala, um gesto, um encontro, em nosso universo cotidiano (Moscovici, 1978).
Já no que concerne a homossexualidade, nota-se que ainda hoje, é uma temática bastante polemizada, evitada e velada nas escolas, devido à complexidade da sexualidade humana e, sobretudo pela dificuldade de admitir a existência de uma diversidade sexual neste ambiente de ensino e aprendizagem. Tal complexidade, favorece o surgimento de preconceito, discriminação e de exclusão de atores educacionais (alunos/as, professores/as, gestores/as, funcionários/as de apoio administrativo etc.) que não se enquadram nos padrões heterossexistas prestigiados socialmente.
Nessa direção o estudo de Silva Junior (2010) investigou as representações que professores do ensino médio de duas escolas públicas paulistanas têm sobre homossexualidade e diversidade sexual no cotidiano escolar. Neste trabalho, o autor detectou diferentes formas de preconceitos contra pessoas homossexuais na escola. Por conseguinte, evidenciou-se que a articulação entre a discriminação e a homossexualidade funda-se em uma questão cultural, enraizada em dogmas, crenças e representações construídas socialmente, a fim de conservar a hegemonia heterossexual, além disso, subalternizar e inferiorizar as pessoas com orientações sexuais consideradas fora do padrão imposto pela sociedade.
De maneira intencional ou não, a escola é um dos lugares em que ocorre a (re)construção de significados e sentidos com relação à diversidade sexual. Neste sentido o trabalho de Coelho (2014) analisou os sentidos atribuídos por professores/as de Ciências e alunos/as à diversidade sexual. Com relação à sexualidade, muitos significados estabelecidos sócio historicamente remetem à exclusão, estigmatização e marginalização da população LGBTQIA+(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis/Transexuais, Queers, Intersexos e Assexuados +) por suas orientações sexuais e identidades de gênero fugirem ao padrão heterossexista socialmente difundido e aceito como natural. Destaca-se que os/as professores/as de Ciências são reconhecidos por pais, alunos/as e demais colegas como profissionais aptos/as e preparados/as para tratar de questões relacionadas à sexualidade, assumindo um papel importante quando se discute as relações entre escola e diversidade sexual.
De modo geral, os/as alunos/as assumem a população LGBTQIA+ como “estranhos”, mesmo muitos acreditando terem o dever de respeitar as ‘escolhas’ de cada um. As travestis foram declaradamente apresentadas com repúdio por eles/as, sendo a homossexualidade e bissexualidade aparentemente mais aceitas, mesmo sendo consideradas ‘estranhas’. Enquanto os/as professores/as reconhecem as identidades LGBTQIA+ e o preconceito existente contra pessoas homossexuais. Ressalta-se por meio dos relatos de professores/as, que significados religiosos e outros veiculados pela mídia parecem influenciar a construção de sentidos dos alunos sobre a diversidade sexual. Além de significados heteronormativos se expressam nas falas dos/as alunos/as, porém alguns sentidos indicam o respeito e reconhecimento das identidades LGBTQIA+ (Coelho, 2014).
Por se tratarem de uma construção pessoal, mas ao mesmo tempo social e histórica, os sentidos podem propor novos entendimentos sobre significados socialmente aceitos, como foi possível identificar nos relatos de alguns discentes e nos sentidos de alguns docentes. Estes parecem manter aulas que não abordam estas questões, mesmo o ensino de Ciências sendo um momento privilegiado para problematizações sobre diversidade sexual e gênero (Coelho, 2014). O autor revela, também, a importância de promover discussões sobre esses temas na formação inicial e continuada de professores/as, buscando a construção de novos sentidos e práticas que se preocupem com o desvelamento de significados preconceituosos sobre gênero e diversidade sexual no ambiente escolar.
Nesse contexto, a disciplina de Educação Física, também, se encontra inserida em sistemas discursivos que constroem representações sobre condutas normalizadas em nossa sociedade. Dessa forma, a pesquisa de Prado (2014) objetivou compreender de que maneira os discursos utilizados por essa disciplina produzem marcas associadas ao gênero e a sexualidade, tendo a heterossexualidade como base normativa. Assim, foi investigado como sujeitos (jovens que se autorrepresentam homossexuais) que questionam os padrões de normalidade heterossexual são representados nos espaços escolares e como constroem resistências para transitarem por eles. Os resultados obtidos apontam que a Educação Física escolar é gerenciada pelos mecanismos reguladores de gênero na qual a heterossexualidade é tomada como padrão de normalidade. Para tanto, sujeitos que não performatizam a masculinidade hegemônica, ou pautada na noção de virilidade e subjugação do feminino, são alvos constantes de marcações de diferenças que objetivam ‘materializar’ suas ‘não adequações’ no cenário escolar e, mais especificamente, durante as aulas de educação física.
Outro estudo que merece destaque foi desenvolvido por França (2014), que investigou a repercussão de uma intervenção pedagógica na modalidade de círculo dialógico sobre as representações sociais de gênero de professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental e funcionárias de uma escola da rede pública da cidade de Campo Mourão/PR. Os resultados obtidos permitiram inferir a predominância de representações sociais hegemônicas sobre gênero: uma visão sexista e binária. A autora ressalta que o contato dos participantes da pesquisa com representações sociais diferentes das suas permitiram problematizar suas ideias e práticas pedagógicas e cotidianas sobre gênero, bem como construir outras ancoragens e objetivações. Por um lado, as representações foram ancoradas em discursos hegemônicos de que a mulher deve ser obediente e comportada, enquanto homens são racionais e estão autorizados a assumir o poder. De outro lado, foi constatado que as representações contraditórias com abertura a outras ancoragens em que mulheres assumem o poder em espaços públicos e privados e requerem seus direitos.
O trabalho de Lima (2017) verificou as práticas sociais relacionadas a sexualidade e a gênero entre jovens universitários de duas Instituições de Ensino Superior, uma pública e outra privada, em Anápolis/GO. Os participantes da pesquisa percebem a questão de gênero (em particular, a homossexualidade) dentro das representações sociais que foram sendo estruturadas no decorrer do seu desenvolvimento e a partir do convívio dentro e fora da universidade, e verificou quais sentidos e significados eles foram construindo ao longo do seu processo educativo e nas suas relações com o outro.
Nesse sentido, o processo de escolarização de pessoas homossexuais, bem como as implicações deste percurso em seu projeto de vida foi investigado por Duarte (2015), por meio de análise de representações sociais de universitários de sexualidades LGBTQIA+. De acordo com o autor, percebeu-se que os sujeitos analisados possuem consensos e partilhas sobre as imagens e os sentidos atribuídos à escola e à sua sexualidade, buscando na escolarização uma forma de legitimação de si e empoderamento como compensação dos enfrentamentos que impactaram em seus projetos de vida.
Na mesma direção, Quirino (2018) identificou as representações de jovens homossexuais sobre suas sexualidades, bem como verificou as suas experiências durante o processo de escolarização no contexto de educação formal. Essa investigação possibilitou a reflexão sobre até que ponto esses sujeitos considerados ‘anormais’ podem transitar em espaços escolares formais, apesar da constatação destes espaços se configurarem como homofóbicos, violentos, opressivos e que produzem sofrimento psíquico em pessoas que não se enquadram em padrões heteronormativos.
Outro estudo sobre representações sociais acerca de homossexualidade entre estudantes do Ensino Médio regular, em uma escola pública da baixada fluminense, no Estado do Rio de Janeiro foi desenvolvido por Gonzaga, Praça e Lannes (2014). Para tanto, foi aplicado uma questão de associação livre de palavras a partir do termo indutor “GAY”, bem como uma questão aberta sobre “O que você pensa da União Homoafetiva”. Diante disso, os dados demostraram uma crença conflitante e indefinida acerca do ser “GAY” em ambos os sexos, assim como discursos coletivos sobre a união homoafetiva são aceitos pelas meninas e percebeu-se homofobia pelos meninos.
As práticas discursivas sobre homossexualidade, preconceito e discriminação nos espaços escolares estão presentes no trabalho de Santos (2015), que objetivou entender as marcas registradas de preconceitos, discriminações e as estratégias de resistências e transgressões vividas nestes percursos de escolarização ocorridas nos ambientes de ensino e aprendizagem nas áreas urbanas de Belém. Apontam-se com resultados a reinvenção e a ressignificação sociocultural e política dos espaços de escolarização e a inserção de outras percepções acerca do respeito à diferença no contexto de produção dos sujeitos e da (re)invenção da sexualidade e do envelhecimento através da utilização de ferramentas que possibilitem práticas educativas que respeitem as diversidades.
Neste contexto, o trabalho de Beltrão (2015) analisou as representações de docentes da rede pública de ensino da cidade de Cocalinho/MT, acerca da homossexualidade discente. Além disso, buscou-se compreender em que medida a reflexão crítica, em cursos de formação contínua, contribui para a desestabilização de possíveis posicionamentos homofóbicos. Os resultados obtidos apontam que, apesar de não possuírem um posicionamento homofóbico, todos os professores apresentaram traços ideológicos em seus enunciados que remetem a um discurso homofóbico, como a repressão sexual e a homossexualidade vista como doença. Nesse sentido, de acordo com o resultado do estudo de Toledo (2018) o preconceito e a discriminação contra a população LGBTQIA+ , na maioria das vezes, resulta em situações nas quais essas pessoas são humilhadas e/ou agredidas, inicialmente, por sua expressão de gênero/sexualidade considerada fora dos padrões de heternormatividade.
Em relação a formação docente, a pesquisa de Paz (2014) analisou as representações de profissionais da Educação Básica do Distrito Federal sobre gênero e sexualidade relacionado a seu trabalho pedagógico. Para tanto, buscou-se conhecer a formação inicial e a trajetória profissional desses/as professores/as, além de identificar a participação desses/as profissionais em cursos de formação continuada nas áreas de gênero e sexualidade e identificar como desenvolvem seu trabalho pedagógico na escola. Face a esse contexto, verificou-se que a maioria dos profissionais demonstra preconceito em suas representações, pois demonstram claramente não ‘aceitar’ a homossexualidade no ambiente escolar, apesar de afirmarem respeitar os estudantes homossexuais. Portanto, é notório a dificuldade que os professores têm em lidar com essas temáticas, sendo assim, necessário investir em formação continuada.
No cerne dessa discussão, o estudo de Castro (2014) articula problematizações acerca da formação docente para as temáticas relacionadas a gênero, sexualidade e educação, por meio de práticas e experiências construídas e desenvolvidas em uma disciplina do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Discutiu- se a questão das homossexualidades, atravessada pela heteronormatividade e pela homofobia, o discurso religioso-cristão como instância de assujeitamento e as relações de poder que assujeitam e promovem o machismo e as violências contra as mulheres.
Cabe destacar, também, o trabalho de Garcia (2015) que analisou as experiências em gênero e diversidade sexual com base em representações de professores e professoras que participaram de uma formação docente sobre gênero e diversidade sexual na escola. Desse modo, revelou que todos apreenderam os conceitos de maneira uniforme, porém com diferentes intensidades e subjetividades. Verificou-se, ainda, que os processos pelos quais se consolidam e reelaboram os próprios conceitos sobre gênero e diversidade sexual são contraditórios, além de serem marcados por pausas, avanços e retrocessos. Na mesma direção, a pesquisa empreendida por Freitas (2017) investigou as representações de professores/as de um Centro de Referência de Educação Infantil (CREI) em João Pessoa/PB por meio da análise de suas práticas pedagógicas após a formação continuada sobre gênero e sexualidade.
No que tange ao objeto de pesquisa da presente investigação, homossexualidade docente, França (2014) problematiza as maneiras pelas quais os/as professores/as vão se constituindo enquanto docentes homossexuais, além de discutir como esses docentes agem nas relações de poder, nas relações com o ‘outro’ e, sobretudo como se relacionada com a instituição escolar. Tal atitude é um ato político que expõe as múltiplas possibilidades de vivência da sexualidade na escola.
Nessa direção, o estudo de Novo (2015) discutiu sobre as condições de visibilidade de professoras lésbicas e professores gays nas escolas da rede de Educação Básica e a forma como essas pessoas negociam a sua posição desviante da heterossexualidade nas relações que estabelecem com os colegas docentes e discentes. Neste sentido, destaca-se também, o trabalho de Carvalho (2018) que buscou compreender os distintos significados do que é ser professora lésbica no ambiente escolar. Os resultados mostraram que no lugar de uma invisibilidade suposta inicialmente, ganhou destaque a busca de uma visibilidade pedagógica, ou de uma tentativa consciente de construir uma possibilidade de existência legítima no ambiente escolar.
A violação de direitos humanos da população LGBTQIA+ tem levado a Organização Internacional do Trabalho(OIT), Organização das Nações Unidas(ONU) e diversas empresas à promoção do trabalho decente para este referido grupo. Desse modo, o trabalho de Oliveira (2017) analisou se orientação sexual interfere no desenvolvimento da carreira do indivíduo homossexual no ambiente de trabalho. No entanto, baseado nas representações dos participantes da pesquisa, a autora aferiu que a orientação sexual pode ter impacto negativo para a carreira da pessoa que tem sua homossexualidade assumida, principalmente no nível operacional. Ressalta-se, ainda, que os indivíduos considerados “efeminados” são mais vulneráveis a essa interferência.
Refletindo sobre o exposto, observa-se uma variedade considerável de pesquisas que abarcam sobre a temática gênero, sexualidade e educação. É importante destacar, que os trabalhos aqui apresentados abordam sobre diversidade sexual e homossexualidade no cotidiano escolar, sobre a necessidade latente de formação docente sobre essa temática e, a homofobia é intensamente constatada no contexto escolar por meio de comportamentos e atitudes preconceituosos e discriminatórios tanto por parte de professores/as quanto de alunos/as. Por outro lado, verifica-se que a maioria dos trabalhos foca na homossexualidade de aluno/a. E, portanto, há poucos trabalhos que efetivamente focam como objeto de estudo, a homossexualidade docente.
Diante dessa constatação, considera-se extremamente importante conhecer as representações de professores/as sobre homossexualidade docente no ambiente escolar das Escolas Técnicas Estaduais. Não se pode deixar de destacar o papel crucial da escola e sua função política e social como uma instituição que deve estar orientada pela lógica da inclusão, o que significa permitir o acesso ao conhecimento a todos, respeitando as diferenças sociais, raciais, religiosas e de orientações sexuais. Dessa forma, cabe lembrar que as relações e práticas escolares, assim como a cultura escolar, podem contribuir para a construção e reprodução de estereótipos, preconceitos e discriminações, seja de raça, de classe social ou de gênero.
3. METODOLOGIA
Esta pesquisa é de natureza qualitativa e descritiva. Para tanto, contou com o envolvimento de 80 participantes, sendo eles/as professores/as do Ensino Profissional do Estado de São Paulo, sendo aqui representados de P01 até P80.
3.1 Intrumento, procedimentos de coleta e análise de dados
Para a coleta de dados aplicou-se o questionário, que de acordo com Gil (2008) trata-se de uma técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas as pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado. Salienta-se que o questionário foi elaborado por meio do formulário Google Forms e posteriormente enviado por email, individualmente, para assegurar o anonimato de cada um dos participantes. Ressalta-se que o questionário foi composto por três questões, sendo a primeira, “se um/a professor/a homossexual pode ou não influenciar na orientação sexual de seus/as alunos/as”; a segunda acerca da “influência ou não desse/a professor/a homossexual no processo de ensino e aprendizagem” e por fim, a terceira se refere as “objeções hipotéticas de o/a filho/a ter um/a professor/a homossexual”.
O trabalho foi submetido à Plataforma Brasil, de acordo com a Resolução 510/16, direcionado ao Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos (CEP) do Instituto de Biociências – Unesp/Campus de Rio Claro, sendo aprovado sob o número do parecer 3.255.918. Destaca-se que os participantes que expressaram concordância de espontânea vontade em participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Por fim, os dados foram tratados e analisados por meio da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2016).
4.RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Representações sobre “se os/as professores/as homossexuais podem ou não influenciar na orientação sexual dos/as alunos/as
Nesta subseção são apresentadas as representações de professores/as, sobre homossexualidade docente no ambiente das Escolas Técnicas Estaduais. Para tanto, os participantes foram questionados se um/a professor/a homossexual pode ou não influenciar o/a aluno/a na sua orientação sexual. Os resultados indicam que 66 (83%) dos participantes acreditam que o/a professor/a não influencia os/as alunos/as em relação à sua orientação sexual, simplesmente pelo fato de ser homossexual. Apenas 2 (2%) revelam que os estudantes podem ser influenciados. Enquanto 10 (13%) participantes apontam que talvez o/a professor/a homossexual possa influenciar na orientação sexual dos discentes e 2 (2%) não souberam responder tal questionamento.
O Quadro 01 expõe o posicionamento dos 66 (83%) participantes que disseram que o/a professor/a homossexual não pode influenciar a orientação sexual do/a aluno/a:
Quadro 01: Justificativas de que o/a professor/a homossexual não pode influenciar a orientação sexual do/a aluno/a
Vezes mencionadas Justificativas | Depoimento dos Participantes |
47 Ninguém influencia ninguém quanto à orientação sexual. | “Acredito que ninguém pode influenciar outra pessoa no que se refere a orientação sexual” (P45) “É óbvio que não, pois ninguém tem a capacidade de influenciar a sexualidade de outra pessoa” (P51) “Não acredito que a orientação sexual de alguém influencie outra pessoa” (P54) “Ninguém influencia ninguém a ser homossexual” (P58) “Sempre tive 90% de amigos héteros e isso não me fez ser hétero, portanto ninguém influencia a sexualidade de outras pessoas” (P73) |
05 A atuação do/a professor/a deve ser estritamente profissional. | “Penso que o trabalho docente deve se pautar somente no campo profissional” (P04) “O professor deve atuar profissionalmente, e os que conheço são éticos e desempenha sua função profissional muito bem” (P13) “Acredito que o professor antes de tudo deve ser profissional, sendo assim jamais irá influenciar a orientação sexual dos alunos” (P31) |
04 O papel do/a professor/a é ensinar os alunos, independentemente de sua orientação sexual. | “O professor está ali para ensinar, ou seja, para desenvolver a aprendizagem no aluno, não depende de sua orientação sexual” (P01) “O professor deve ensinar o aluno os conteúdos de sua disciplina, mas jamais irá influenciar sua orientação sexual” (P15) “O aluno está na escola para aprender e o professor para ensinar, portanto não deve existir essa conotação sexual” (P67) |
04 A homossexualidade é questão de genética, portanto, não pode influenciar. | “Como acredito em questões genéticas, não posso imaginar que alguém possa ser influenciado a tornar-se homossexual” (P18) “Por crer em disposição genética não acredito na influência sobre a orientação sexual” (P19) “Acredito que os homossexuais já nascem assim, pois é genético, no entanto o professor não pode influenciar o aluno na orientação sexual” (P70) |
03 O/a professor/a pode ajudar na compreensão da diversidade sexual, mas nunca influenciar o/a aluno/a na orientação sexual. | “Acredito que possa ajudar no processo de compreensão e aceitação quanto à diversidade de gêneros, mas nunca influenciar os alunos em suas escolhas sexuais” (P17) “O fato do professor ser homossexual autodeclarado pode ajudar o aluno a ter esclarecimentos sobre a homossexualidade, e ampliar seus conhecimentos nessa área, mas jamais irá influenciar sua orientação sexual” (P56) |
02 Não há embasamento científico. | “Não existe embasamento científico que comprove a homossexualidade como algo que seja oriundo da influência de meios externos” (P23) “Não há indícios científicos que uma pessoa pode influenciar a orientação sexual de outra pessoa” (P69) |
01 Se agir com naturalidade, não há problema. | “Se o professor agir naturalmente com o aluno, não vejo problema” (P02) |
07 diferentes justificativas | 66 (participantes) |
Fonte: Dados da Pesquisa – Elaborado pelos autores.
Dentre o agrupamento das sete justificativas expostas no Quadro 01, verificamos que, majoritariamente, 47 (59%) participantes afirmam, veementemente, que ninguém influencia ninguém quanto à orientação sexual. Nessa direção, enfatiza-se que não há ninguém que possa dizer qual é a orientação sexual de outrem (Britzman, 1996). Aqui, também, é fundamental refletir que nenhum indivíduo precisa se sentir pressionado para se receber um “rótulo”, como tendo esta ou aquela orientação sexual, já que algumas pessoas descobrem a sua orientação sexual muito cedo e outras demoram algum tempo a perceber o que os fazem sentir confortáveis.
A atuação do/a professor/a deve ser estritamente profissional, esta é a opinião de cinco participantes. E, quatro, acreditam que o papel do/a professor/a é de ensinar os estudantes, independentemente de sua orientação sexual. E o mesmo número, também alega que a homossexualidade envolve questões genéticas, portanto, a orientação sexual não pode ser influenciada. Enquanto, três participantes pensam que o/a professor/a pode ajudar na compreensão da diversidade sexual, mas nunca influenciar o/a aluno/a em sua orientação sexual. Duas pessoas descrevem que não há embasamento científico que comprove que os meios externos podem influenciar a sexualidade. E, somente uma pessoa diz que se o/a professor/a agir com naturalidade, não haverá problema.
Neste questionamento, fica evidente que muitas respostas expressam dúvidas, incertezas e, principalmente contradições. Embora, de um modo geral, os relatos demonstrem uma postura mais voltada à igualdade, ao respeito, ao profissionalismo docente, identifica-se a existência de preconceitos e discriminações veladas, por exemplo, se o/a professor/a for discreto/a ele/a não irá influenciar na orientação sexual dos estudantes, caso contrário, sim. Tal posicionamento de P02 deixa claro que o/a professor/a até pode ser homossexual, porém não precisa declarar para a comunidade escolar. O que nos faz refletir, se tal professor/a é assumidamente homossexual, e é afeminado ou masculinizado, esse/a deverá se autorreprimir para atender aos anseios da heteronormatividade? Essa reflexão é semelhante ao pensamento de Louro (2014) quando observa que o/a professor/a homossexual muitas vezes prefere o silêncio ao enfrentamento do preconceito. Entendemos que tal postura não nos remete ao discurso de igualdade e respeito, pregado pela maioria que foge do viés preconceituoso.
Assumindo um outro ponto de vista, 2 (2%) dos participantes admitem que o/a professor/a pode, com certeza, influenciar na orientação sexual do/a aluno/a, segundo o Quadro 02:
Quadro 02:Representações de que o/a professor/a pode influenciar a orientação sexual do/a aluno/a
Comentário | Participante |
“Com certeza, pode sim influenciar a orientação sexual do aluno, principalmente se este for oriundo de uma família desestruturada” | P11 |
“Com certeza influencia, pois o aluno sempre se espelha no professor” | P42 |
Fonte: Dados da Pesquisa – Elaborado pelos autores
Ainda nesse contexto, 10 (13%) dos participantes pressupõem que talvez o/a professor/a homossexual possa influenciar a orientação sexual dos estudantes, segundo os relatos expostos no Quadro 03:
Quadro 03: Representações de que talvez o/a professor/a pode influenciar a orientação sexual do/a aluno/a
Comentário | Participante |
“A admiração do (a) aluno (a) para com o (a) professor (a) pode sim inspirar e influenciar a assumir o comportamento homossexual” | P02 |
“Isso depende de vários fatores, muitas vezes a pessoa já tem os traços e a partir de uma pessoa que lhe passe confiança, possivelmente irá assumir a homossexualidade” | P48 |
“Penso que o aluno, principalmente adolescente, pode sim se deixar influenciar, mas não que isso seja “culpa” do docente, o aluno pode apenas se espelhar nele, no estilo de vida” | P71 |
Fonte: Dados da Pesquisa – Elaborado pelos autores.
Nestes casos, ficam mais evidentes as representações negativas de indivíduos homossexuais, conforme as descrições, predominam ainda a concepção da homossexualidade como algo “transmissível” ou “influenciável” como afirma Britzman (1996), ainda existe o medo de que a mera menção da homossexualidade irá encorajar os jovens a se envolverem em práticas homossexuais e se juntarem à comunidade LGBTQIA+. Nossos dados se aproximam dos resultados do estudo de Dinis e Cavalcanti (2008) em relação à influência do/a professor/a homossexual sobre o/a aluno/a, sendo que a maioria, 74%, nega tal influência, enquanto 26% acreditam que o/a professor/a pode influenciar na orientação sexual do/a aluno/a.
No ambiente escolar, ocorrem múltiplas relações, sendo a relação professor-aluno uma das mais importantes. Tal relação se caracteriza pela assimetria e pela troca de influências entre as individualidades distintas e a interação intergrupal. Apesar de acreditarmos que o/a professor/a seja referência para os/as alunos/as, principalmente no que tange à sua prática docente e ao seu caráter, discordamos de que o/a mesmo/a possa influenciar na orientação sexual dos estudantes.
No que concerne ao processo de ensino aprendizagem, 53 (66%) dos participantes declaram que o/a professor/a homossexual autodeclarado/a não pode influenciar o/a aluno/a no processo de ensino e aprendizagem, 15 (19%) acreditam que talvez, 5 (7%) afirmam que sim, e 7 (8%) não souberam responder.
O Quadro 04 mostra que 24 (30%) participantes declaram que o processo de ensino e aprendizagem depende da capacidade e da postura profissional do/a professor/a e não de sua sexualidade. Já, 19 (24%) dizem não ter nenhuma relação, pois a sexualidade do/a professor/a não interfere no processo de ensino e aprendizagem. Enquanto, 10 (13%) enfatizam que o fator determinante para a aprendizagem do/a aluno/a é a didática e a metodologia de ensino utilizada em sala de aula, independentemente de o/a professor/a ser ou não homossexual.
Quadro 04: Justificativas da não influência do/a professor/a homossexual no processo de ensino e aprendizagem
Vezes mencionadas Justificativas | Depoimentos dos participantes |
24 O que importa é a capacidade e a postura profissional, e não a sexualidade. | “Seu profissionalismo que importa, não sua sexualidade” (P01) “Acredito que a capacidade profissional é a que prevalece” (P03) “O que influencia o processo de ensino e aprendizagem é a competência profissional de uma pessoa, e não sua orientação sexual” (P37) “Entendo que o que influencia o processo supracitado seja a competência profissional do docente e não sua orientação sexual” (P54) |
19 Não há relação, pois a sexualidade do (a) professor (a) não interfere no processo de ensino e aprendizagem. | “O processo de ensino e aprendizagem nada tem a ver com a orientação sexual do docente” (P36) “A vida pessoal não deve e não pode chegar na sala de aula” (P42) “Acho que o fato do professor ou professora ser homossexual não tem interferência no processo de ensino e aprendizagem” (P49) “Ser homossexual, não diz nada em relação ao processo de ensino e aprendizagem” (P80) |
10 O que determina a aprendizagem do aluno é a didática e a metodologia de | “A homossexualidade do/a professor/a não define o modo de ensinar e do aluno aprender, mas sim a metodologia de ensino utilizada” (P21) |
ensino utilizada em sala de aula, independentemente de o(a) professor(a) ser ou não homossexual. | “A homossexualidade é da pessoa, o profissional precisa ter didática e conhecimento para ministrar as aulas” (P26) “A principal função do professor é saber ensinar e ter uma boa didática, o fato da sua orientação sexual não faz diferença nenhuma” (P65) “O professor é o profissional que prepara suas aulas, e cria maneiras pedagógicas dos alunos entenderem os conteúdos, a opção sexual não influencia em nada” (P67) |
08 A sociedade ainda é preconceituosa. | “Infelizmente ainda muitas pessoas são preconceituosas quanto à homossexualidade, principalmente se for do (a) professor (a)” (P29) “Existe preconceito na sociedade, em especial por parte da família, não querem ter um (a) professor (a) homossexual, com algum medo” (P44) “Em se tratando de educação de jovens o preconceito de alguns alunos pode gerar uma antipatia com a pessoa do professor, o que interfere na maneira de como este aprende” (P64) |
04 Depende da bagagem cultural e da estrutura familiar do aluno. | “Acredito se o aluno não tiver uma boa estrutura familiar, não fazer parte da bagagem cultural dele, irá prejudicar no processo de ensino e aprendizagem” (P02) “Em alunos com educação familiar heterossexual rígida, acredito que a homossexualidade do (a) professor (a) pode causar desinteresse do aluno em aprender” (P18) |
03 Se o professor abordar pautas homossexuais em sala de aulas. | “Se o Professor defender e levantar a bandeira do homossexualismo como pauta recorrente em sala de aula, acho que pode influenciar, inclusive de maneira negativa” (P22) “Um (a) professor (a) homossexual autodeclarado pode abrir diálogo com os estudantes sobre os temas da diversidade, e assim prejudicar o processo de ensino e aprendizagem” (P08) |
06 diferentes justificativas | 68 (participantes) |
Fonte: Dados da Pesquisa – Elaborado pelos autores.
As três primeiras representações expostas no Quadro 04, estão ancoradas na capacidade profissional dos/as professores/as homossexuais, ou seja, não podemos fazer relação entre o processo de ensino e aprendizagem e a orientação sexual dos/as professores/as. Fica evidente, que o fator primordial para a eficácia deste processo reside na atuação docente. À luz desse entendimento, Tardif (2002)
elucida que o processo de ensino e aprendizagem se dirige a seres humanos que são ao mesmo tempo seres individuais e sociais. Neste sentido, concordamos com a compreensão do autor, que o objeto do trabalho docente são os seres humanos que possuem características peculiares, pois são sujeitos únicos e heterogêneos, são constituídos por diferentes histórias, ritmos, interesses, necessidades e afetividades.
Com isso, as situações de ensino tornam-se complexas, imprevisíveis e incabíveis em generalizações pré-definidas de ação. Para Moscovici (2005) alguns profissionais no exercício de sua profissão, como por exemplo os professores, criam e transmitem as representações, mesmo sem saber que o fazem. E essas representações criadas, se atraem ou se repelem, transformando-se em outras. Portanto, pode-se afirmar que as representações sociais são criadas mentalmente, e as mesmas, são produto das nossas ações e comunicações.
Outro fator crucial, está na forma como o/a professor/a executa seu trabalho, isto é, a didática e as metodologias de ensino utilizadas para promover à aprendizagem dos estudantes. Por ser um trabalho interativo, o ensino exige um investimento pessoal do docente para envolver o/a aluno/a no processo de aprendizagem, a fim de despertar seu interesse e participação nos trabalhos escolares. Assim, Tardif (2002) afirma que a personalidade do professor é um elemento de seu trabalho, denominado pelo autor de trabalho investido, ou seja, o/a professor/a empenha e investe o que ele/a é como pessoa. Diante disso, acreditamos que a competência profissional do docente é a razão pelo sucesso escolar dos/as alunos/as, e não a orientação sexual do docente.
Conforme as três últimas representações apresentadas no Quadro 04, verificamos que oito participantes relatam que a sociedade é preconceituosa no que se refere à homossexualidade. Quatro justificam que se o/a professor/a abordar pautas homossexuais em sala de aula, isso poderá prejudicar negativamente o processo de ensino e aprendizagem, enquanto outros três dizem que essa questão depende muito da bagagem cultural e da estrutura familiar do/a aluno/a.
A partir dessas justificativas, observa-se um certo preconceito, pois não existe uma total aceitação no convívio diário com uma pessoa que se declare homossexual, a maioria não se importa com a orientação sexual de outrem, desde que, este não viva sua sexualidade fora do convívio dos ditos homens e mulheres “normais”. Não é novidade para ninguém que o preconceito, em todos os aspectos, permeia a nossa sociedade, com as questões de homossexualidade não é diferente.
Por outro lado, não acreditamos que o/a professor/a, independentemente de sua orientação sexual, ao promover discussões de pautas referente à diversidade sexual, irá influenciar (negativa ou positivamente) no processo de aprendizagem dos estudantes, conforme compreendem P08 e P22. Nesta direção, a lei preconiza a universalização da educação para todos, garantindo o direito ao acesso, à permanência e ao sucesso dos alunos.
No entanto, a realidade educacional contemporânea coloca a escola, principalmente a pública, como o palco da diversidade, pois é neste ambiente escolar que encontramos a pluralidade social, sexual e de ideias. Assim, o trabalho pedagógico precisa voltar-se à diferença e à diversidade, valorizando as especificidades e potencialidades de cada um, reconhecendo a importância do ser humano, lutando contra os estereótipos, as atitudes de preconceito e de discriminação em relação aos que são considerados diferentes dentro da escola. Tal discussão, em nossa perspectiva, ao invés de prejudicar o alunado, contribui para a promoção da tolerância entre as diversas maneiras de se expressar, e os diferentes pensamentos e modos de se viver presentes em nossa sociedade (Costa, 2021).
É importante destacar que os seis participantes (7%) que responderam que o(a) professor(a) homossexual pode influenciar no processo de ensino e aprendizagem, justificam que tais influências abarcam somente aspectos positivos, de acordo com comentários apresentados no Quadro 06:
Quadro 05: Influência do/a professor/a homossexual no processo de ensino e aprendizagem dos/as alunos/as
Comentário | Participante |
“Influencia positivamente, pois a pessoa é mais feliz e segura” (P06) | P06 |
“O professor homossexual é muito mais dedicado” (P16) | P16 |
“São pessoas respeitosas e profissionais” (P62) | P62 |
“São éticos, engajados, competentes e podem contribuir favoravelmente para a formação dos alunos” (P75) | P75 |
Fonte: Dados da Pesquisa – Elaborado pelos autores.
Salientamos que apesar de esses seis participantes afirmarem que o/a professor/a homossexual pode influenciar positivamente o processo de ensino e aprendizagem, pelos argumentos aferidos para tal posicionamento, essa influência também ocorre com professores/as heterossexuais. Assim, reafirmamos nossa concepção de que a orientação sexual não interfere em tal processo.
Os participantes responderam, colocando-se no lugar dos pais, se teriam ou não alguma objeção do fato de o/a filho/a ter um/a professor/a homossexual da seguinte forma: 75 (95%) disseram que não teriam nenhuma objeção, 2 (2%) alegaram ter objeções, 2 (2%) apontam que talvez e apenas 1 (1%) não soube responder.
Em relação aos 2 (2%) dos participantes que apresentam objeções, as justificativas têm sido retoricamente empregadas na história dos discursos sobre a sexualidade no ocidente, principalmente as que estão alicerçadas em matizes religiosas e científicas, responsabilizando-se pelo teor das representações sociais presente no imaginário da sociedade, e também presentes neste estudo. Tal representação converge com o resultado do estudo de Natividade e Oliveira (2009) em que salientam o fato de a religião ser considerada, ainda atualmente, uma das principais promotoras da homofobia, sendo assim, esse discurso religioso ecoa fortemente nos discursos científicos, jurídicos e também no imaginário social. Já os 2 (2%) dos participantes que dizem que talvez teriam objeções, os argumentos estão pautados nos princípios familiares e religiosos.
Dentre os 75 (95%) dos participantes que disseram não terem nenhuma objeção, as respostas foram organizadas em três diferentes justificativas, de acordo com o Quadro 20, 43 apontam que a competência e a prática profissional do/a professor/a são os fatores mais importantes, 22 salientam que o processo de ensino e aprendizagem sendo desenvolvido eficazmente é o mais relevante e, 10 pessoas focam no respeito ao ser humano acima de tudo, independentemente da orientação sexual.
Quadro 06: Justificativas dos participantes que não apresentam nenhuma objeção
Vezes mencionadas Justificativas | Depoimentos dos participantes |
43 A competência e a prática profissional do professor. | “O que importa é a prática profissional” (P08) “Considero que a competência profissional é o mais importante” (P26) “A competência profissional independe da orientação sexual” (P36) |
22 O processo de ensino e aprendizagem ser eficaz. | “O principal é o professor desenvolver eficazmente o processo de ensino e aprendizagem” (P12) “Nenhuma objeção, o papel do professor e ensinar e o aluno aprender, portanto a orientação sexual não interessa” (P14) “O conteúdo acadêmico deve ser o ponto fundamental, e não a orientação sexual” (P45) |
10 Respeitar o ser humano, independentemente de sua sexualidade. | “O respeito ao próximo cabe em todo o lugar, pois todos somos seres humanos e criação de Deus” (P13) “Claro que não tenho objeção, inclusive nós pais temos que ensinar desde crianças nossos filhos a respeitar as pessoas na sua totalidade” (P19) “Acima de tudo é um profissional que merece ser respeitado, independente de sua orientação sexual” (P58) |
3 diferentes justificativas | 75 (participantes) |
Fonte: Dados da Pesquisa – Elaborados pelo autores.
De acordo com os dados expostos no Quadro 06, acreditamos que o fato de a maioria 75 (95%) não se contrapor a um/a professor/a homossexual de seu/a filho/a, implica as representações dos participantes estarem ancoradas na competência profissional docente em desenvolver um eficaz processo de ensino e aprendizagem e, sobretudo, no respeito ao ser humano.
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cenário trazido pela pesquisa sugere uma reflexão crítica das representações sobre a homossexualidade docente no contexto escolar. Nesse sentido, podemos afirmar que, embora todos os participantes trabalhem na mesma Instituição de Ensino (Centro Paula Souza), cada ETEC corresponde a uma realidade, sendo assim, constatamos no contexto geral, que a maioria dos participantes apresenta representações ancoradas no respeito a diversidade, ou seja, sentem-se confortáveis em trabalhar e conviver com professores/as homossexuais. Diante disso, percebemos que as justificativas para tais representações estão pautadas na competência, no respeito, na igualdade, na pluralidade social e cultural entre as pessoas.
Quanto à influência do/a professor/a sobre a orientação sexual dos/as alunos/as, identificamos que, majoritariamente, os participantes acreditam que o/a professor/a não influencia os/as estudantes em relação à sua orientação sexual apenas por ser homossexual. Tais justificativas estão pautadas na representação de que “ninguém influencia ninguém quanto à orientação sexual”. Por outro lado, nossos dados também evidenciam que alguns participantes alegam que o professor homossexual pode influenciar a orientação sexual dos/as estudantes. Tais representações estão ancoradas na concepção familiar, e pelo fato de muitas vezes o/a aluno/a se espelhar no/a professor/a. Baseado nisso, entendemos que a orientação sexual de uma pessoa não pode ser “transmitida” para outrem, em razão da homossexualidade não ser um “vírus” ou uma “doença”.
Por isso, reforçamos o importante papel da escola, especialmente dos/as professores/as, em problematizar esses assuntos considerados tabus, pois compreendemos que a sexualidade é inerente à vida e à saúde dos seres humanos. Embora, na relação professor-aluno, o/a professor/a desempenhe uma posição privilegiada em relação ao “poder”, faz-se necessário salientarmos que muitas vezes o/a aluno/a enxerga esse/a professor/a como uma referência; evidenciamos que o lugar de autoridade que o/a docente exerce pode influenciar não na orientação, mas em como o/a discente experiencia sua própria orientação no tocante à autoaceitação e à própria vivência da sexualidade.
No que se refere ao processo de ensino aprendizagem, concordamos com muitos dos participantes desta pesquisa (66%) quando declaram que o/a aluno/a não pode ser influenciado pelo/a professor/a homossexual autodeclarado no desenvolvimento de tal processo. Compreendemos que o fator crucial deste processo é a competência profissional pautada em habilidades técnicas, comportamentais e pedagógicas deste/a professor/a no exercício de sua função docente.
Dessa forma, é plausível pensar que a diversidade enriquece a convivência e o relacionamento entre os atores escolares e, sobretudo, traz ganhos imensuráveis para o clima organizacional, profissional, pedagógico e afetivo da escola, por meio de novas possibilidades de interação, promovendo ricas transformações, conhecimentos e aprendizagens, em especial no que tange ao respeito à pluralidade humana. A inclusão e a participação da população LGBTQIA+ nos diferentes espaços sociais é direito de todos/as, de modo que possam assumir diferentes posições/funções profissionais, inclusive no ambiente acadêmico, pois acreditamos que esse local pode subsidiar a construção da autonomia e criticidade de toda comunidade escolar, além de promover o respeito, a equidade e igualdade entre as pessoas.
Esta pesquisa sobre as representações de professores/as da educação profissional sobre homossexualidade docente revelou uma variedade de percepções e atitudes que são essenciais para entendermos o ambiente educacional contemporâneo. Essas percepções variam desde apoio e aceitação até desconfiança e desconforto. Destaca-se que atitudes positivas podem promover um clima de respeito e inclusão, enquanto atitudes negativas podem criar barreiras para o ensino e o aprendizado. Há uma clara necessidade de programas de sensibilização e educação para professores/as sobre diversidade sexual e identidade de gênero, tais programas podem ajudar a desconstruir estereótipos prejudiciais e promover um ambiente educacional mais acolhedor para todos/as. Ao mesmo tempo, identificam oportunidades para desenvolver políticas e práticas institucionais que apoiem a diversidade e a inclusão.
Reconhecemos a carência e a necessidade de ampliar as pesquisas acerca da homossexualidade docente no ambiente acadêmico, e sobretudo as múltiplas possibilidades de investigação nesse campo do conhecimento. Todavia, esperamos que os resultados deste estudo tenham contribuído para motivar possíveis discussões sobre a importância da escola em estimular e implementar ações de prevenção e enfrentamento ao preconceito e discriminação, em todos os sentidos, especialmente a homofobia. Para tanto, é necessário munir a comunidade escolar de informações e conhecimento acerca da temática de gênero e sexualidade, a fim de subsidiar os agentes escolares na promoção de estratégias pedagógicas que combatam as diferentes nuances da homofobia.
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1 Pós-doutorando em Educação pela Unesp – Campus de Rio Claro – SP; Doutor em Educação pela Unesp -Campus de Rio Claro – SP. Mestre em Processos de Ensino, Gestão e Inovação pela Universidade de Araraquara; elvio.costa@fatec.sp.gov.br
2 Professora Livre Docente e credenciada no programa de Pós-Graduação em Educação da Unesp de Rio Claro. Doutora e Mestre em Educação; andreia.osti@unesp.br