REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409241259
Roberto de Souza Oliveira Filho1;
Myriam Angélica Dornelas2;
Danielle Nunes Valadão3;
Juliano Mendonça Terra4
Resumo
O empreendedorismo é a capacidade de desenvolver algo inovador e de valor, transformando a situação de um indivíduo ao buscar novas oportunidades de negócio. Essa cultura é fundamental para o desenvolvimento de produtos e serviços que influenciam a eficiência e a competitividade do mercado. O artigo destaca o empreendedorismo social, que se diferencia do tradicional por focar em soluções para problemas sociais e ambientais, ao invés de apenas buscar lucro. Empreendedores sociais devem possuir habilidades específicas para gerar impacto positivo na sociedade. O estudo também analisa a literatura acadêmica sobre empreendedorismo social, identificando a evolução do conceito e a importância de sua disseminação para uma sociedade mais justa.
Palavras-chave: empreendedorismo, empreendedorismo social, inovação, impacto social, oportunidades de negócios
1 INTRODUÇÃO
O Empreendedorismo é uma ação tomada no objetivo de desenvolver algo novo, mudando toda a situação atual de um indivíduo, buscando de forma contínua novas oportunidades de negócios, que sejam inovadores e carreguem valor. O empreendedor, deve assumir um comportamento totalmente proativo diante do que precisa ser resolvido. Para Teixeira (2000), empreender é ter anseio para a transformação, além do estímulo à descoberta de novas oportunidades, partindo daquilo que já é existente no mercado atual empregando-lhe inovação e vitalidade.
A cultura empreendedora, é o fator principal para a concepção e conhecimento de bens, produtos e serviços, que virão futuramente a empregar um papel importante no processo de aprendizagem, além disso, os impactos das iniciativas de empreender causam certo aumento na eficiência, concorrência, mudanças nos hábitos dos consumidores, que por sua vez, irão optar pelas novas tendências que estão sendo lançadas no mercado respectivo (Audretsch; Feldman, 1996). Dornelas (2011), descreve que, durante os anos 90 aos 2000, houve um acelerado crescimento da vertente empreendedora por todo o mundo, devido principalmente ao incentivo de programas que tiveram o intuito de: incubar empresas; criação de centros de inovação tecnológica; formulários que aprimoram o empreendedorismo em todos os níveis educacionais; forte incentivo governamental, para a promoção tecnológica; agências de suporte ao empreendedorismo; incentivo à criação de negócios, bem como a diminuição da burocracia, face ao acesso creditício às pequenas empresas.
Há várias vertentes e classificações para o empreendedorismo e o foco deste estudo é o empreendedorismo social. Surgindo como uma vertente do empreendedorismo, o Empreendedorismo Social (ES), é caracterizado pela aplicação dos princípios e técnicas empresariais para resolver problemas sociais e ambientais. Há uma ruptura com o empreendedorismo tradicional, que tem como objetivo final o lucro financeiro. O Empreendedorismo Social, tem como objetivo principal a geração de um impacto positivo na sociedade, uma vez que a sua abordagem, é focada nas pessoas, e é altamente impulsionado pela inovação.
Oliveira (2004), preconiza que o termo Empreendedorismo Social, é recente conforme a sua configuração vigente, entretanto já existe em seu âmago há algum tempo, e cita ainda que líderes como Martin Luther King e Mahatma Gandhi, podem ser considerados como empreendedores sociais, visto que ambos possuíam aptidões de liderança e inovação quanto às mudanças sociais. Nicholls (2010), pontua ainda que, conforme a suas pesquisas de campo, não há uma definição correta acerca do termo Empreendedorismo Social, e ainda não há uma agenda de pesquisa para essa definição epistemológica. O empreendedor social, cria novos negócios que buscam fomentar impacto social, partindo das situações do mercado com os problemas sociais existentes, devendo ser dotado de competências, habilidades e conhecimentos para que possa solucioná-los, como: possuir visão de futuro; senso; ter equilíbrio e participação em seu projeto (Oliveira, 2004).
Considerando que a revisão sistemática trata-se de um tipo de investigação focada em questão bem definida, que visa identificar, selecionar, avaliar e sintetizar as evidências relevantes disponíveis sobre determinado tema (Galvão; Pereira, 2014), diante do que já foi exposto e com vistas a se conhecer o que foi publicado sobre o empreendedorismo social, o presente estudo tem como problemática a seguinte questão norteadora: “Em qual o contexto tem sido as publicações em artigos científicos sobre a temática do empreendedorismo social?” Este estudo utilizou como suporte de dados a Plataforma Periódicos Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um dos maiores acervos científicos virtuais do País, que reúne e disponibiliza conteúdos produzidos nacionalmente e outros assinados com editoras internacionais a instituições de ensino e pesquisa no Brasil (Periódicos Capes, 2023).
Desta forma, o presente estudo se justifica pelo caráter exploratório de conhecer o que foi pesquisado e publicado acerca do que tem sido feito pelas academias, organizações, instituições e empresas, acerca do tema empreendedorismo social. Os resultados deste estudo poderão contribuir para o aprimoramento sobre o entendimento e tendências sobre o tema, ainda tão pouco explorado e com relevante importância para uma sociedade mais justa. Desta forma, o objetivo geral deste estudo foi analisar a ótica do empreendedorismo social na literatura, e o que tem sido realizado pelas organizações para que esse empreendedorismo ocorra de fato.
2 EMPREENDEDORISMO
Dornelas, Timmons e Spinelli (2010), afirmam que o empreendedorismo envolve a criação de uma nova instituição, ou renovação de uma que já exista, como uma forma de se dar retorno a uma oportunidade encontrada. Assim sendo, é possível analisar que o empreendedorismo é capaz, tanto de criar negócios, quanto capaz de identificar e aproveitar oportunidades em organizações já existentes. O empreendedorismo, é uma ação mundial que está diretamente atrelada ao crescimento da economia, sendo assim, é de extrema importância que ele desenvolva atuadores que apoiem a nação, dessa forma, surgirão mais oportunidades de trabalho, geração de renda e investimentos (Valenciano; Barboza, 2005). Além disso, destaca-se que o desenvolvimento econômico de um país, está subordinado às empresas que nele estão inseridas. Dolabela (1999), ainda destaca que, quanto mais forte for o empreendedorismo em um país, consequentemente, maior será o seu desenvolvimento econômico.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2017), pontua que o empreendedorismo é dividido primeiramente, em duas categorias: o empreendedorismo por oportunidade e por necessidade. No nicho do empreendedorismo por oportunidade, os empreendedores são capazes de identificar uma lacuna no mercado que ainda não foi preenchida, observando assim, uma nova oportunidade de empreender, de forma que se garanta a geração de emprego e renda. No entanto, o empreendedorismo por necessidade, surge quando os empreendedores não conseguem opções de emprego e renda, e precisam mudar o panorama geral da sua vida, assim sendo, eles optam pela abertura de um negócio que apenas gere um certo lucro, para garantir a sua renda.
Hisrich (1986), em sua análise histórica acerca do empreendedorismo, destaca que a palavra “empreendedor”, é de origem francesa (entrepreneur), e significa aquele que assume riscos e aceita começar algo novo. Dornelas (2016), acredita que o primeiro uso do termo “empreendedorismo”, deva ser creditado a Marco Polo, que buscou criar uma rota comercial para o Oriente, a partir da assinatura de um contrato com um mercador, na tentativa de vender as mercadorias do homem. É possível ainda perceber, a diferença entre o “comerciante” que assumia riscos de forma passiva, e o “empreendedor”, que tomava um papel ativo, correndo todos os riscos possíveis. No Quadro 1, é possível analisar de forma ampla, a evolução histórica acerca do termo do empreendedorismo, de acordo com Dornelas (2016).
Quadro 1 – Análise da evolução do termo “empreendedorismo”.
Idade Média | O termo era utilizado para descrever a pessoa responsável por gerenciar grandes projetos de produção. De certa forma, não assumia grandes riscos e, utilizava de recursos governamentais para executar os projetos. |
Século XVII | Surgiram as primeiras relações entre assumir riscos e empreender. O empreendedor era responsável por estabelecer um acordo com o governo, para realizar serviços e fornecer produtos, sendo o empreendedor responsável por eventuais prejuízos. Nesse período, Richard Cantillon, fez a diferenciação entre o empreendedor (o que assume riscos), do capitalista (o que fornece o capital). |
Século XVIII | Interim em que o empreendedor finalmente se diferenciou do capitalista, fato devido ao início da industrialização que ocorria. |
Século XIX e XX | Durante esse período, os empreendedores eram facilmente confundidos com os gerentes e administradores, por serem os responsáveis por organizar e definir as atividades da empresa. Fica cunhado que, todo empreendedor deve ser um bom administrador para se obter sucesso, mas deve ir além, para se diferenciar do tradicional. |
Fonte: Adaptado de Dornelas (2016).
Infere-se, após a leitura e análise do quadro, que apenas durante o século 19 e 20, que o empreendedorismo tomou a forma em que é conhecido atualmente. O conceito de empreendedor, sofreu diversas modelagens até chegar ao conceito corrente. Segundo o SEBRAE (2021), o termo empreendedorismo se refere a habilidade que um empreendedor tem para solucionar problemas, gerar oportunidades, criar soluções e investir na criação de ideias relevantes para seu público e sociedade.
Filion (1999), destaca por sua vez, que a criação e estabelecimento de novas empresas e negócios de quaisquer naturezas, são capazes de implementar o crescimento do desenvolvimento da economia de um país, aumentando por consequência os níveis de emprego, renda e o desenvolvimento social. O autor pontua também, que o responsável pela execução do novo empreendimento – o empreendedor, funciona como uma engrenagem para todo o sistema econômico, uma vez que é a força motriz para a identificação de novas oportunidades e abertura de empreendimentos que estejam diretamente atrelados com a inovação. O empreendedorismo, associa-se a inovações para se explicar o desenvolvimento da economia pela introdução de recursos inéditos, ou diferenciação dos recursos já existentes no mercado (Schumpeter, 1982).
Dornelas (2012), descreve que a vertente do empreendedorismo no Brasil, tomou forma e força sobretudo em 1990, quando órgãos como Sebrae e Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram instituídos. Anterior a este período pouco se falava sobre o empreendedorismo no país, devido ao fato de não possuir um ambiente político e econômico favorável, além disso, não havia recomendações para auxiliar alguém na jornada do empreendimento.
2.1 O empreendedorismo social
Em suma, o empreendedorismo social é caracterizado por ser inserido em organizações sem fins lucrativos, com fins lucrativos e no setor público. Esses múltiplos ajustes, apresentam um esforço para que se atenda e solva os problemas que concernem a sociedade. A principal razão para que o empreendedorismo social ocorra, é o problema social que está sendo analisado (Austin, 2006). Atrelado à essa premissa, Dees (2001), acredita que essa tipologia de empreendedorismo, surgiu como uma ação da sociedade para enfrentar os problemas contidos em comunidade de forma contínua, no entanto atingiu a fusão de uma missão social, com a inovação nos negócios.
Santos (2012), pontua que o empreendedorismo social, surge da carência do cooperativismo entre os indivíduos que envoltos com o negócio e geração de valor. Dessa maneira, estabelece-se o paralelo de que o seu principal foco, é o contato entre os governos e a sociedade, para que se proporcione melhores condições sociais e econômicas à população. Baggenstoss e Donadone (2013), ainda descrevem que essa vertente do empreendedorismo, tem o seu foco voltado a sociedade, sendo caracterizado por ser o fenômeno que promove meios para a autonomia da sociedade, através de opções para resolver seus problemas, promovendo a mudança dos padrões sociais.
O SEBRAE (2017), discorre que a principal diferença entre o empreendedorismo social e clássico, se dá ao fato de que o empreendedor clássico não realiza ações sociais, apenas ações sazonais em datas comemorativas, bem como natal e dia das crianças. Por outro lado, o empreendedor social, desenvolve o seu negócio de tal maneira que ele sirva de forma constante uma causa específica, bem como ações que criam negócios voltados à diminuição da população vulnerável, por intermédio de uma instituição que vise a contratação dessas pessoas. Huybrechts e Nicholls (2012), dividem a iniciativa do empreendedorismo social em seis áreas principais, com o foco de atuação em diferentes imbróglios existentes na sociedade, que podem ser observadas no Quadro 2.
Quadro 2 – Focos de atuação do empreendedorismo social
Foco do empreendedorismo | Exemplos de aplicação |
Assistência Social | Hospitais públicos e assistência aos menos favorecidos; |
Educação e Formação | Comitês que democratizam o acesso à tecnologias e, demais plataformas de capacitação; |
Desenvolvimento econômico | Empresas sociais de fomento ao trabalho; |
Assistência às catástrofes | Projetos que assistem pessoas em casos de catástrofes naturais; |
Justiça Social | Projetos que assistem grupos excluídos; |
Planejamento e Gestão Ambiental | Comitês que realizam planejamentos sustentáveis quanto às atividades relacionadas ao meio ambiente. |
Fonte: Adaptado de Huybrechts e Nicholls, 2012.
Após essa classificação geral, o SEBRAE (2017), contempla exemplos que contextualizam a abordagem geral dos focos do empreendedorismo, e complementam o que os autores supracitados abordaram em seu estudo. Dessa forma, elenca-se esses exemplos no Quadro 3, de forma mais esclarecida.
Quadro 3 – Contextualização da aplicação dos focos do empreendedorismo social
Focos de atuação | Exemplos de aplicação |
Educação | Educação, alfabetização e inclusão digital; |
Bem-estar e saúde | Moradia de baixo custo, saúde e nutrição comunitárias; |
Planejamento Ambiental | Reciclagem, indústrias limpas energias alternativas, agricultura floresta e uso de água; |
Justiça Social | Diversidade, multiculturalismo, oportunidades para deficientes e direitos humanos; |
Justiça Social | Oportunidades para deficientes; |
Desenvolvimento Econômico | Apoio ao empreendedorismo, microcrédito e serviços em geral. |
Fonte: Adaptado de SEBRAE (2017).
O empreendedorismo social foi criado por meio da junção de negócios com as demandas sociais, devido a presença de objetivos e imbróglios sociais, que podem ser resolvidos por meio do empreendimento. Dessa forma, deve-se haver um gerenciamento da ideia que se teve, combinando as estratégias de negócios tradicionais já existentes, com a criação de missão e valores sociais, de forma que se gere lucro e promova a mudança social, além da geração de valor (Smith; Gonin; Besharov, 2013).
Para Thorpe (2019), esse termo foi cunhado primeiramente, por volta de 1980, quando houve a fundação da “Ashoka”, uma instituição sem fins lucrativos e atualmente símbolo de ajuda aos empreendedores sociais, que partiu da observação de seu fundador, ao notar que o empreendedor poderia causar impactos sistémicas e profundas, que acarretavam mudanças profundas na vida das pessoas de uma sociedade.
O Empreendedorismo Social, tem como função principal, transformar positivamente a vida de pessoas e comunidades que convivem com a vulnerabilidade social, principalmente os que não são assistidos por órgãos públicos (Wagner, 2021). Além disso, o autor ressai que a vertente engloba três conceitos principais: 1) Propostas inovadoras de solução dos problemas (descobrem maneiras inteligentes de abordar desafios sociais, assim como empresas exploram estratégias criativas para obter lucro com suas atividades); 2) Existência ou ausência de lucro (um empreendimento social pode ou não ter como objetivo principal a geração de lucro, além do benefício para a sociedade); 3) Finalização de problemas de forma sustentável (procuram solucionar um problema de forma sustentável, com uma solução que seja aplicável a longo prazo, em vez de uma intervenção pontual).
2.2 Diferenças entre o empreendedor social e tradicional
O empreendedor é alguém que identifica oportunidades de negócios e assume os riscos necessários para transformar essas oportunidades em empreendimentos lucrativos. O empreendedor é caracterizado por sua capacidade de inovação, visão estratégica, resiliência, liderança e habilidades de tomada de decisão (Drucker, 1985). Dornelas (2008), define empreendedor como o indivíduo responsável pela identificação de oportunidades e estabelece a criação de um negócio que possua fins lucrativos, além de ser responsável pelos riscos de tal atividade. Além disso, o autor ainda pontua características inerentes ao empreendedor: possui interesse aguçado para dar iniciativa aquilo novo e que desperta interesse, além de ter gosto pelo que faz; se vale de recursos criativos, para modificar o contexto socioeconômico que está inserido e; aceitabilidade e concordância em se expor aos riscos e possíveis fracassos.
Enquanto isso, o empreendedor social tem como objetivo principal gerar impacto social positivo e resolver problemas sociais. Para Dees (2001), Martin e Osberg (2007), o objetivo principal do empreendedor social é o impacto relacionado à missão que ele executa, além de gerar valores sociais com benefícios transformadores que atendam diversos segmentos da comunidade em que se vive, que sofram: de mal assistência; negligência; desfavorecimento e desamparo políticos frente à obtenção de recursos para si próprio.
Nicholls (2010), acrescenta que empreendedores sociais, tem como a obrigação principal de centralizar as suas atenções para os problemas sociais existentes, e acabam requerendo desse ator habilidades na procura de soluções que permitam a realização de mudanças na esfera em que esteja contido. Nesse sentido, a inovação é um fator indispensável para os empreendedores sociais, uma vez que devem transformar todo o cenário social para melhor. Assim sendo, há uma série de adoções que o empreendedor precisa tomar, para que ele seja considerado como social (Dees, 2001): adoção de visões para criar e manter valores sociais, não apenas o privado; reconhecer e procurar novas oportunidades para a identificação de sua missão e realizá-la; envolvimento do processo contínuo de inovação, adaptação e aprendizagem contínuo; agir com coragem e motivação, sem limitação de recursos disponíveis; demonstrar maior responsabilidade com o grupo que servirá a missão e os resultados que foram criados.
Nesse viés, o empreendedor social, está estritamente ligado ao processo de inovação, na maneira de criar e adotar missões para a melhoria contínua na criação de valores e melhorias na comunidade. Além disso, ele age conforme a sua motivação, sem a necessidade de muitos recursos disponíveis, e não busca o lucro como o intuito principal de seu trabalho.
Por essa premissa, há o rompimento com o empreendedor tradicional, cuja preocupação funcional, é o estabelecimento no mercado, bem como a ampla produção de bens e serviços voltados à comercialização e ao consumo. O mesmo, ainda age conforme a sua individualidade e se expõe a competitividades do mercado, assumindo por sua vez um risco maior, além de lidar com maiores incertezas. Dessa maneira, o Quadro 4, estabelece algumas diferenças acerca do empreendedor tradicional e social.
Quadro 4 – Diferenças entre o empreendedor Tradicional e Social
Empreendedor Tradicional | Empreendedor Social |
É individual; | É coletivo; |
Produz produtos e serviços voltados ao mercado; | Produz produtos e serviços voltados à sociedade; |
Foco no mercado; | Foco na solução de problemas da comunidade; |
O lucro é a medida de desempenho; | O impacto social é a medida de desempenho; |
Satisfaz as necessidades de seus clientes, visando ampliar o seu negócio | Há uma retomada de pessoas em situação de risco social e promove as suas atividades. |
Fonte: Adaptado de FIA Business School (2020).
A sua principal diferença, é marcada principalmente, pelo empreendedor tradicional buscar principalmente o lucro e a criação de valor para si mesmo e para seus acionistas, enquanto o empreendedor social tem como objetivo principal gerar impacto social positivo e resolver problemas sociais, além disso, ele retoma as pessoas menos favorecidas para que suas atividades cotidianas possam desenvolver-se, ademais, esse empreendedor não precisa de alto investimento para iniciar a sua carreira.
3 METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, de caráter exploratório, realizada por meio do método da revisão sistemática da literatura. O estudo é considerado descritivo por estabelecer protocolo de pesquisa, parâmetros de inclusão e exclusão próprios e descrever posteriormente os artigos selecionados para este estudo. E o caráter exploratório se deu pela finalidade de ganhar familiaridade e adquirir novos insights sobre o empreendedorismo social.
A coleta de informações foi dividida em duas etapas. Na primeira etapa, foi realizada uma pesquisa bibliográfica para a construção do referencial teórico que abordou o conceito de empreendedorismo, evolução histórica do empreendedorismo, conceito de empreendedorismo social, diferenças entre o empreendedor tradicional e social. A segunda etapa da pesquisa consistiu na coleta de informações para a construção dos resultados propriamente dito deste estudo. Tal coleta foi programada inicialmente criando-se um protocolo de pesquisa e parâmetros de inclusão e exclusão com o foco em artigos científicos oriundos de periódicos acadêmicos disponíveis na Plataforma Periódicos CAPES.
O Quadro 5 apresentou o protocolo criado para esta investigação ocorrida no dia 25 de agosto de 2023, cujos termos de busca (descritores) foram: “Empreendedorismo Social”, “Empreendedor Social”, com os filtros de serem artigos científicos, revisados por pares e de acesso aberto nos idiomas português, inglês e espanhol.
Quadro 5 – Protocolo de Pesquisa.
Plataforma | Períodicos Capes |
Data | 25/08/2023 |
Termo de busca | Empreendedorismo Social/ Empreendedor Social |
Disponibilidade | Artigos revisados por pares / Acesso Aberto |
Tipo de recurso | Artigo científico |
Data de criação | A partir de 2013 |
Idioma | Português, Inglês e Espanhol |
Resultado geral a partir dos termos de busca | 2.121 artigos |
Fonte: Os autores, 2023.
Após a execução do protocolo supracitado, foram adotados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados nos últimos 10 (dez) anos, nos idiomas inglês, espanhol e português, disponibilizados na íntegra de modo gratuito. Por sua vez, os critérios de exclusão foram: artigos de revisão de literatura, abordagem diferente da área estudada, publicados há mais de 10 (dez) anos ou que não estivessem disponíveis gratuitamente em texto completo, conforme as informações do Quadro 6.
Quadro 6 – Protocolo de Exclusão
– Exclusão de artigos que não apresentem os termos empreendedorismo social ou empreendedor social, no título. |
– Exclusão de artigos que não apresentem os termos empreendedorismo social ou empreendedor social, no resumo. |
– Exclusão de artigos em que o tema não tenha relação com os termos empreendedorismo social ou empreendedor social. |
– Exclusão de artigos com idiomas diferentes de português, inglês e espanhol. |
– Exclusão de quaisquer trabalhos que não sejam artigos de periódicos/revistas (podendo se excluir TCC, dissertação, tese, monografia de especialização, artigos de eventos e livros/e-books). |
– Exclusão de artigos repetidos na mesma plataforma. |
– Exclusão de artigos com abordagem de revisão de literatura e, estudos que não fossem qualitativos |
– Exclusão de artigos com texto incompleto/disponibilização incompleta gratuita. |
– Exclusão de artigos com data de publicação anterior ao período de 10 (dez) anos. |
Fonte: Os autores, 2023.
Após pesquisa ampla na plataforma, a busca eletrônica retornou identificando 2.121 artigos. No entanto, desses, 2.040 foram removidos, por não atenderem os critérios do protocolo de inclusão. No restante, os 81 artigos foram selecionados pelo título, e 16 foram removidos por serem “Revisão de Literatura”, 32 por abordarem áreas diferentes do estudo, 9 (nove) por estarem duplicados. Dessa forma, foram considerados como elegíveis para a leitura e constituição do trabalho 24 artigos. Dentre esses, 8 (oito) foram excluídos por não estarem acessíveis e, 6 (seis) devido à abordagem não ser qualitativa ou por englobar revisões de literatura. Por fim, 11 (onze) artigos foram selecionados para compor a discussão deste estudo (Quadro 7) .
Quadro 7 – Caracterização dos artigos selecionados.
N° | Autoria | Título | Ano |
1 | Carmo et al. | “Empreendedorismo social no enfrentamento econômico da Covid-19”. | 2021 |
2 | Lengler, Estivalete | “Configurações dos valores pessoais e das características dos empreendedores sociais em organizações sociais brasileiras e portuguesas”. | 2021 |
3 | Machado, Lenzi, Verdú | “A análise do discurso em empreendedorismo social: o caso da rede IVG- Brasil” | 2020 |
4 | Lopes Júnior et al. | “Fatores socioeconômicos como motivadores para o empreendedorismo social” | 2019 |
5 | Kangerski, Neves | “Empreendedorismo Social: as lições que vem de um brechó” | 2019 |
6 | Carvalho, Veríssimo | “Do empreendedorismo social à responsabilidade social corporativa: um estudo de caso” | 2018 |
7 | Estivalete, Andrade, Costa | “Contribuições do Empreendedorismo Social para o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho”. | 2018 |
8 | Aveni, Ferreira | “Empreendedorismo social: a inovação do movimento de empresas Júnior no Brasil” | 2016 |
9 | Vaz, Teixeira, Olave | “Empreendedorismo social feminino e motivações para criar organizações sociais: estudo de casos múltiplos em Sergipe”. | 2015 |
10 | Kuyumjian, Souza, Sant’Anna | “Uma análise a respeito do desenvolvimento local: o empreendedorismo social no Morro do Jaburu- Vitória (ES), Brasil.” | 2014 |
11 | Pérez-Daruiz, Briones-Peñalver | “Empreendedorismo e responsabilidade social em organizações voltadas para atuação em serviço social: estudo de casos na região de Múrcia, Espanha”. | 2014 |
Fonte: Os autores, 2023.
Após a seleção e leitura dos 11 (onze) artigos, realizou-se uma análise de conteúdo detalhada, que envolveu a tradução e leitura completa e minuciosa de todos os artigos. Segundo Bardin (2016), infere-se que a análise de conteúdo, como um conjunto de ferramentas metodológicas em constante aprimoramento, usadas para examinar uma ampla variedade de conteúdo. A autora destaca que a interpretação dos dados coletados é a etapa central de um projeto de pesquisa, e essa é a função principal da análise de conteúdo. Dessa forma, após a leitura e caracterização geral destes trabalhos, foi realizada a criação de categorias de análise, nomeados respectivamente como: “Principais motivações do empreendedor social” e “Ações realizadas pelos empreendedores sociais ao longo do tempo”.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Quadro 8 apresentou a caracterização geral dos artigos apresentando a citação, seus objetivos, amostra utilizada e principais resultados de cada estudo sobre o empreendedorismo social.
Quadro 8 – Caracterização geral dos artigos selecionados
N° | Citação | Objetivo | Amostra | Resultados |
1 | Carmo et al. (2021) | Descrever as características do projeto Rio Pomba e Região de Mãos Dadas, demonstrando não só sua operacionalização como apresentando os resultados conquistados. | 1 empreendedor | Os resultados colaboram com a disseminação de ideias práticas, que se aproveitam de tecnologias existentes e acessíveis, para impulsionar a economia nesse momento delicado, sem deixar, contudo, de contribuir com aspectos relacionados às boas práticas de manipulação de produtos, tema tão essencial, especialmente na contemporaneidade. |
2 | Lengler, Estivalete (2021) | Analisar como se configuram os valores pessoais e as características dos empreendedores sociais em organizações sociais brasileiras e portuguesas do setor da educação | 3 empreendedores sociais no Brasil e 3 em Portugal | Dentre as características convergentes, destaca-se ainda que os pesquisados possuem foco para o valor social e almejam criar valor social ao desenvolverem suas atividades com o propósito de transformação da sociedade em um lugar melhor. |
3 | Machado, Lenzi e Verdú (2020) | Identificar os valores sob a ótica dos sujeitos de uma rede de organizações sociais, chamada Rede IVG. | 21 indivíduos que participam de forma direta ou indireta do empreendimento brasileiro. | Os sujeitos são afetados pelas condições socioeconômicas que influenciam seus valores, pois a sobrevivência é fator determinante afetados pelos fatores sociais, econômicos e políticos, sendo seus valores caracterizados como materialistas, pois necessitam de apoio para a transformação social da comunidade. |
4 | Lopes Júnior et al. (2019) | Analisar a influência dos fatores socioeconômicos na motivação para o empreendedorismo social. | 192 estudantes de Administração de 3 instituições de ensino | Pode-se comprovar que os fatores pertencimento à IES da periferia da capital, renda dos pais mais baixa, menor idade e maior escolaridade do pai influenciam no interesse em envolver-se em empreendedorismo social. |
5 | Kangerski e Neves (2019) | Relatar a experiência de empreendedorismo social no Projeto Integrador (PI), do Curso Técnico em Administração Concomitante, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). | Alunos do curso técnico em Administração. | o PI oportunizou a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso em uma experiência concreta, estimulando o saber ser e fazer responsável. Também contribuiu no desenvolvimento de competências empreendedoras associadas a planejamento, comprometimento, iniciativa, persistência, trabalho em equipe, criatividade e negociação. |
6 | Carvalho, Veríssimo (2018) | Discutir as questões relativas à responsabilidade social corporativa, em uma empresa. | 1 empresa | As áreas apontadas como mais beneficiadas pela sua ação de responsabilidade social são: a economia, a criação do emprego e a educação |
7 | Estivalete, Andrade e Costa (2018) | Analisar a perspectiva de coordenadoras e integrantes de empreendimentos coletivos inseridos em uma incubadora social brasileira. | 16 empreendedoras | Os resultados refletiram algumas dificuldades enfrentadas por mulheres participantes dos empreendimentos, destacando a falta de oportunidades de qualificação e participação no mercado formal. |
8 | Aveni e Ferreira (2016) | Explicar o modelo EJ e o movimento das EJ no Brasil como exemplo de inovação e de empreendedorismo social. | – | As Empresas Júnior podem ser classificadas na definição de empreendedorismo social e são inovadoras no meio em que operam e também pelas formas de organização que adotam. |
9 | Vaz, Teixeira e Olave (2015) | Analisar as motivações de mulheres para criar empreendimentos sociais. | 3 empreendimentos sociais. | Diversos motivos alegados pelas empreendedoras para criarem esses empreendimentos, com destaque aos fatores ambientais, influência familiar e a necessidade de ajudar ao próximo. |
10 | Kuyumjian, Souza e Sant’Anna (2014) | Analisar se o empreendedorismo social, praticado no Morro do Jaburu, tem culminado em um ou mais fatores de ordem social, econômica, política, ambiental, educacional e gerencial que componham um processo de desenvolvimento local. | 15 indivíduos externos que desempenham atividades profissionais na comunidade. | A pesquisa concluiu que algumas das ações de empreendedorismo social praticadas implicam a catalisação de processos de desenvolvimento local na comunidade estudada. |
11 | Pérez-Daruiz e Briones-Peñalver (2014) | Refletir sobre as dimensões do empreendedorismosocial, além de estudar as boas práticas destemovimento Empreendedor em organizações comatividades sociais. | Empresas que atuam no terceiro setor na Espanha. | Nas empresas de inserção existe uma clara coerência entre a sua missão e a promoção e apoio ao espírito empreendedor, o que confirma que, na sua intervenção social, procuram potenciar atitudes de iniciativa empresarial, de ideias inovadoras, de sensibilização, de formação e de educação do espírito empreendedor. |
Fonte: Os autores, 2023.
A partir dos protocolos de inclusão e exclusão o ano de publicação dos artigos para elencar o presente estudo, foi de um período posterior ao ano de 2013, dessa maneira, as publicações selecionadas são atuais, sendo a mais antiga do ano de 2014, e a mais recente, do ano de 2021. Ademais, quanto às classificações das vertentes do empreendedorismo social, propostas pelo SEBRAE e citadas anteriormente no estudo, foi possível elencá-la aos estudos selecionados para a constituição do arcabouço do trabalho, de forma clara e sucinta. Diante disso, o Quadro 9, demonstrou essa correlação entre os artigos e os focos de atuação.
Quadro 9 – Correlação entre os estudos e classificações do SEBRAE para foco de aplicação
N° | Citação | Objetivo | Classificação |
1 | Carmo et al. (2021) | Descrever as características do projeto Rio Pomba e Região de Mãos Dadas, demonstrando não só sua operacionalização como apresentando os resultados conquistados. | Educação e desenvolvimento econômico. |
2 | Lengler, Estivalete (2021) | Analisar como se configuram os valores pessoais e as características dos empreendedores sociais em organizações sociais brasileiras e portuguesas do setor da educação. | Educação. |
3 | Machado, Lenzi e Verdú (2020) | Identificar os valores sob a ótica dos sujeitos de uma rede de organizações sociais, chamada Rede IVG. | Educação e justiça social. |
4 | Lopes Júnior et al. (2019) | Analisar a influência dos fatores socioeconômicos na motivação para o empreendedorismo social. | Desenvolvimento econômico. |
5 | Kangerski e Neves (2019) | Relatar a experiência de empreendedorismo social no Projeto Integrador (PI), do Curso Técnico em Administração Concomitante, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). | Educação e desenvolvimento econômico. |
6 | Carvalho, Veríssimo (2018) | Discutir as questões relativas à responsabilidade social corporativa, em uma empresa. | Desenvolvimento econômico. |
7 | Estivalete, Andrade e Costa (2018) | Analisar a perspectiva de coordenadoras e integrantes de empreendimentos coletivos inseridos em uma incubadora social brasileira. | Desenvolvimento econômico |
8 | Aveni e Ferreira (2016) | Explicar o modelo EJ e o movimento das EJ no Brasil como exemplo de inovação e de empreendedorismo social. | Desenvolvimento econômico e justiça social. |
9 | Vaz, Teixeira e Olave (2015) | Analisar as motivações de mulheres para criar empreendimentos sociais. | Desenvolvimento Econômico. |
10 | Kuyumjian, Souza e Sant’Anna (2014) | Analisar se o empreendedorismo social, praticado no Morro do Jaburu, tem culminado em um ou mais fatores de ordem social, econômica, política, ambiental, educacional e gerencial que componham um processo de desenvolvimento local. | Desenvolvimento Econômico. |
11 | Pérez-Daruiz e Briones-Peñalver (2014) | Refletir sobre as dimensões do empreendedorismo social, além de estudar as boas práticas deste movimento Empreendedor em organizações com atividades sociais. | Desenvolvimento Econômico. |
Fonte: Os autores, 2023.
Os artigos analisados foram classificados, em sua maioria, com foco no “Desenvolvimento Econômico” e “Educação”. No entanto, quanto ao “Desenvolvimento Econômico”, se atrelou à educação e justiça social, respectivamente. A respeito da calcificação Qualis Capes das revistas em que os artigos foram publicados, nota-se uma diversidade de revistas, no entanto, nenhuma se repetiu. Em relação à classificação, verifica-se predominância de revistas com classificação A3 (três revistas), seguida da B1 e B4 (duas revistas), enquanto as classificações A2, A4, B2 e B2 aparecem em uma revista, conforme pode ser analisado na Tabela 1.
Tabela 1 – Qualificação Qualis Capes das revistas
Nome da revista | Classificação da revista |
RGO – Revista Gestão Organizacional | B1 |
Revista Gestão e Desenvolvimento | B1 |
NTQR – New Trends Qualitative Research | B4 |
RCA – Revista de Ciências da Administração | A3 |
Caminho Aberto – Revista de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) | B4 |
HOLOS | A1 |
RECADM – Revista Eletrônica de Ciência Administrativa | A4 |
CEUB Universitas: Gestão e TI | B2 |
REGEPE – Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas | A3 |
RAP – Revista de Administração Pública | A2 |
Cooperativismo e Desarrollo | A3 |
Fonte: Os autores, 2023.
4.1 Principais motivações do empreendedor social
O surgimento do empreendedorismo social coincidiu com a crescente incapacidade dos governos e do setor público de atender às necessidades e desafios cada vez mais complexos de bem-estar social. Sob esta perspectiva, o empreendedorismo social sinaliza a necessidade de promover mudanças positivas nos problemas sociais. São as transformações sociais em resposta aos problemas sociais que distinguem o perfil dos empresários comerciais e das organizações com fins lucrativos mais amplas.
O número crescente de empreendedores sociais em todo o mundo é encorajador, à medida que mais indivíduos voltam-se para o enfrentamento de problemas sociais ou ambientais e conduzir seus negócios para impacto social. Há muitos exemplos de empreendedores sociais, que vão desde a organização sem fins lucrativos até empreendedores que criam produtos destinados à redução do impacto ambiental. Esses empreendedores sociais criam organizações ou movimentos e empreendem ações para enfrentar os problemas da sociedade como sua principal missão (Lopes Júnior et al., 2019).
Embora ideias e ações empreendedoras para alcançar benefícios sociais e econômicos não sejam novas, a pesquisa acadêmica sobre o tema ganhou força na última década. Os trabalhos existentes sobre o empreendedorismo social apresentam discussões interessantes. Isso porque, a diversidade de atores envolvidos no empreendedorismo social, bem como sua ampla gama de motivações, tem sido apontada em estudos como os de Lengler e Estivalete (2021); Vaz, Teixeira e Olave (2015); Machado, Lenzi e Verdú (2020).
Lengler e Estivalete (2021) abordaram a inclusão feminina no mercado de trabalho por meio de ações promovidas por empreendedores sociais, oferecendo capacitação e qualificação, possibilitando a muitas mulheres a oportunidade de serem incluídas pela primeira vez no mercado formal de trabalho. Por sua vez, Vaz, Teixeira e Olave (2021) em uma análise de três casos de mulheres empreendedoras, observaram que a motivação para iniciar seus empreendimentos estavam voltados para fatores ambientais, somados à influência familiar e o desejo de ajudar o próximo.
Ao avançar com o empreendedorismo social como uma opção de emprego para pessoas com algum tipo de necessidade, seja esta física, social ou intelectual, é essencial estabelecer a divisão entre a abordagem à política de empreendedorismo e a abordagem à política de emprego para pessoas com poucas ou nenhuma oportunidade de trabalho. Assim, conforme Machado, Lenzi e Verdú (2020), a motivação serviu como um componente chave na determinação destas abordagens para o desenvolvimento de políticas que beneficiem o empreendedor social. Embora o empreendedorismo social voltado para uma política de emprego tenha se concentrado em proporcionar oportunidades iguais, abordando as barreiras identificadas para a entrada de pessoas residentes em comunidades no mercado de trabalho, as motivações push para apoiar o empreendedorismo baseado na necessidade, resultou em uma política de empreendedorismo concentrada em estimular a economia, aproveitando as motivações pull para promover o crescimento e a inovação através do empreendedorismo baseado em oportunidades.
Mais importante ainda, esta investigação indica a necessidade de uma mudança ideológica na política de emprego, deixando de se centrar nas motivações push e no empreendedorismo baseado na necessidade, para uma abordagem que integre motivações pull e promova um ambiente que facilite o empreendedorismo baseado em oportunidades. Para Lopes Júnior et al. (2019), fazer isso significaria não apenas olhar para o empreendedorismo como uma última opção para indivíduos que não conseguem encontrar outro trabalho, mas também reconhecer o potencial daqueles que não tiveram oportunidade de qualificação, para agirem como inovadores sociais.
4.2 Ações realizadas pelos empreendedores sociais ao longo do tempo
Ao longo das décadas é possível observar que os problemas sociais e o compromisso civil ou institucional são os fatores ambientais que estimulam e condicionam o processo, mas a análise dos recursos e capacidades da organização determinará a decisão final. Neste sentido, Carmo et al. (2021) relataram as ações de empreendedores sociais no município de Rio Pomba, juntamente com fornecedores, consumidores, professores e estudantes envolvidos com atividade extensionista, a qual tinha como objetivo gerar subsídios para as melhorias na economia pós Covid-19. O estudo resultou na disseminação de novas práticas destinadas ao aproveitamento das tecnologias já existentes para impulsionar os negócios de pequenos produtores por meio da implementação de boas práticas de manipulação de produtos.
Observa-se, neste sentido, que os estudos se concentraram em empreendedores sociais como indivíduos e exploraram suas características como pulsão para investir em vertentes sociais e valores pessoais, como no caso do estudo desenvolvido por Kuyumjian, Souza e Sant’Anna (2014), “Nós por Eles”, expôs os benefícios proporcionados por empreendedores sociais, quando estes empreendem sob um viés social, gerando resultados positivos tanto para seu público-alvo quanto para os próprios empreendedores. Dentro dessa corrente, há um amplo escopo de estudos, com alguns examinando as condições contextuais que promovem o empreendedorismo social
Outros autores como Kangerski e Neves (2019) e Carvalho e Veríssimo (2018) explorando o hibridismo e as tensões dos empreendedores sociais na consecução de objetivos sociais e financeiros, argumentaram a atividade econômica deve estar subordinada ao desafio social e geradora de valor tanto para seus clientes e beneficiários. Assim, a vinculação entre a entidade promotora e a empresa social, que garante seu caráter sem fins lucrativos e sua utilidade para a finalidade social, introduz processos decisórios participativos que tornam mais complexa sua organização e gestão. Tal afirmação pode ser observada no estudo de Carvalho e Veríssimo (2018) ao constatarem que as ações de empreendedorismo da Delta Cafés, por meio de projetos, conferiram apoio às comunidades por meio de projetos de voluntariado e apoio social, pautados em estratégias firmadas em conceitos de responsabilidade social corporativa, a partir da criação do Coração Delta, associação de solidariedade social.
Resultados semelhantes foram observados no trabalho de Pérez-Daruiz e Briones-Peñalver (2014) onde constataram que a responsabilidade social e o empreendedorismo social e coletivo são um reflexo fiel da boa gestão empresarial das empresas analisadas, uma vez que todas elas trabalham para promover e defender a plena participação social, a inclusão e a coesão social e estão empenhados na luta contra a pobreza social e na erradicação da marginalização e da discriminação sociais. Além disso, o desenvolvimento de capacidades empreendedoras é muito bem considerado e valorizado, o que demonstra uma clara coerência entre a ação e a capacidade de resolução de conflitos, autodiagnóstico, trabalho em equipe, orientação para a iniciativa empreendedora e geração de emprego, promoção da flexibilidade e da mudança. Outro fator observado foi a preocupação com o desenvolvimento de capacidades individuais que contribuam para a integração laboral estável de pessoas com deficiência, sendo este ponto considerado de extrema importância pelas empresas, legitimando o seu reconhecimento como agente social necessário e relevante.
Por fim, Aveni e Ferreira (2016) em seu estudo destacaram a importância de incentivar o desenvolvimento de empresas júnior como forma de inovação e empreendedorismo social. Essa abordagem inovadora no desenvolvimento tem chamado a atenção de muitos jovens universitários para a criação de empresas júnior, especialmente nos últimos cinco anos, em parte porque depende menos do setor público e do financiamento de doadores – ao contrário de muitos programas convencionais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao buscar analisar a ótica do empreendedorismo social na literatura, e o que tem sido realizado pelas organizações para que esse empreendedorismo ocorra de fato, foi possível constatar, com base nos estudos selecionados que, o empreendedorismo social envolve o uso inovador e a combinação de recursos para buscar oportunidades de catalisar mudanças sociais e atender às necessidades da sociedade. Como modelo de inovação social, promove a transformação social.
O empreendedorismo social tem um impacto significativo no desenvolvimento econômico e na transformação social. Além disso, o desenvolvimento sustentável e inclusivo fornece perspectivas importantes para o estudo da criação de valor social, por meio da ajuda a grupos vulneráveis para reconstruir seus meios de subsistência, melhorar sua educação e identidade cultural ou aumentar o poder de decisão e o status social das mulheres em um ambiente social dominado por homens. Embora o empreendedorismo social desempenhe um papel vital na resolução de problemas sociais, ele ainda enfrenta desafios multidimensionais no processo de empreendedorismo, incluindo a falta de financiamento e informação, dificuldade em obter recursos, falta de legitimidade, recrutamento e formação de jovens empreendedores, a existência de um ambiente regulatório, ambientes socioculturais em mudança e fluxos de recursos incertos.
Assim, muitas ações voltadas para o surgimento e desenvolvimento do empreendedorismo social são afetadas por muitos fatores nos níveis individual e organizacional. No nível individual, incluem o capital psicológico dos empreendedores, a motivação pró-social e os recursos de habilidade, como educação e profissão. No nível organizacional, incluem orientação para empreendedorismo social, cultura organizacional, treinamento efetivo e engajamento de stakeholders.
Assim, a realização do valor social não é determinada apenas por empreendedores sociais ou empresas sociais, mas é cocriada pelo sistema social de stakeholders. Desta forma, é imprescindível o estabelecimento de um sistema de serviços que somados ao conhecimento interdisciplinar, participação multissetorial e integração de recursos locais, possam atender às várias necessidades das partes interessadas e, em última análise, promover o desenvolvimento sustentável de indivíduos e de sua comunidade ou região.
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1Bacharel em Administração, Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG;
2Bacharel em Administração, Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG, orcid: 0000-0002-4533-82;
3Bacharel em Administração, Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG, orcid: 0009-0005-8979-8622;
4Bacharel em Administração, Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG, orcid 0009-0001-5700-5748