A SALA DE RECURSO E O AEE: ESTRUTURAS E METODOLOGIAS DE APOIO À INCLUSÃO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202409232133


Danyelli Baptista da Silva1; Gislaine Schon2; Josiela Trindade Hollenbach3; Lidiane da Silva Rocha de Souza4; Maria Bethânia de Lima Santos5; Marisalva Alves da Silva6; Rafaella Freitas de Jesus7; Raquel Rocha Drews Valadares8; Sibele Silva Leal Rodrigues9; Thays Cristina de Souza Freitas Santos10


Resumo: O artigo aborda o papel das Salas de Recurso e do Atendimento Educacional Especializado (AEE) na promoção da inclusão escolar. As Salas de Recurso Multifuncionais são espaços estruturados com recursos pedagógicos e tecnológicos adaptados para atender às necessidades de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. O AEE complementa o processo educacional, oferecendo suporte individualizado e adaptado às necessidades dos alunos. O artigo destaca metodologias como adaptações curriculares, uso de tecnologia assistiva, atividades lúdicas e estratégias multissensoriais, ressaltando a importância da colaboração entre professores. Apesar dos desafios, como a falta de recursos e formação docente, as perspectivas para o fortalecimento da educação inclusiva são positivas, com avanços na conscientização e implementação de políticas públicas.

Palavras chave: Salas de Recurso. Atendimento Educacional Especializado (AEE). Inclusão escolar. Recursos pedagógicos.

Introdução

A educação inclusiva tem se tornado um tema central nas discussões sobre a melhoria da qualidade do ensino, com foco na garantia de acesso e permanência de todos os alunos no ambiente escolar. Nesse contexto, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e as Salas de Recurso Multifuncionais surgem como elementos fundamentais para promover uma aprendizagem que respeite as particularidades de cada estudante. As Salas de Recurso, equipadas com recursos pedagógicos, tecnológicos e de acessibilidade, desempenham um papel essencial no apoio a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Este artigo explora as estruturas e metodologias adotadas nesses espaços, destacando como elas contribuem para a inclusão escolar, oferecendo suporte individualizado e adaptado às necessidades específicas de cada aluno.

Desenvolvimento

A educação inclusiva tem se consolidado como uma das principais diretrizes na busca por uma sociedade mais equitativa, onde todos os estudantes, independentemente de suas características individuais, tenham acesso à educação de qualidade. Dentro desse contexto, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e as Salas de Recurso Multifuncionais desempenham papéis cruciais. Assim, Minayo, (2013), esclarece:

Trabalha com o universo dos significados, dos movimentos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com os seus semelhantes (MINAYO, 2013, p.21).

 Este artigo busca explorar as estruturas e metodologias de apoio proporcionadas pela Sala de Recurso no âmbito do AEE, destacando sua importância no processo de inclusão escolar.

O AEE é um serviço educacional oferecido preferencialmente no contraturno escolar, destinado a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Seu principal objetivo é complementar ou suplementar o processo de ensino e aprendizagem, adaptando conteúdos e estratégias pedagógicas de acordo com as necessidades específicas de cada aluno.

Conforme Mendes (2012, p. 352):

Os  legisladores  possivelmente  adotaram  a nova nomenclatura do AEE para sinalizar que a partir de então a sociedade brasileira deve garantir o direito a essas crianças e jovens de frequentar as escolas regulares, para onde eles iriam se não fossem considerados escolares diferentes, preservando assim o direito à igualdade e evitando as práticas discriminatórias de escolarização.

O atendimento ocorre, geralmente, em Salas de Recurso Multifuncionais, que são ambientes dotados de materiais didáticos e pedagógicos específicos, além de recursos de acessibilidade e tecnologia assistiva. O trabalho desenvolvido nesses espaços visa eliminar barreiras que impedem a plena participação dos alunos no currículo comum.

As Salas de Recurso Multifuncionais são ambientes estruturados para atender às necessidades específicas dos alunos que requerem o AEE. Elas são equipadas com materiais pedagógicos, recursos de acessibilidade, tecnologia assistiva e equipamentos adaptados, oferecendo suporte necessário para o desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos.

Neta, Gomes (2016) vêm esclarecer isso ao dizer que:

Na Sala de Recursos Multifuncionais, a promoção do uso de estratégias de aprendizagem contribui para que os alunos, sob a mediação do professor do AEE, reflitam sobre seu próprio processo de aprendizagem e exercitem a capacidade de controlar suas estratégias no decorrer de uma situação de resolução de problema. A eficácia quanto ao uso e à seleção de estratégias colabora para o monitoramento da compreensão e a autorregulação, favorecendo a aprendizagem do aluno. (NETA, GOMES, 2016, p. 47)

Apoiar o desenvolvimento de habilidades específicas: O atendimento é individualizado, focando nas dificuldades e potencialidades de cada aluno, seja para a superação de barreiras de aprendizagem ou para o aprimoramento de talentos.

Promover a acessibilidade ao currículo: Adequações curriculares e recursos de tecnologia assistiva são utilizados para garantir que o aluno tenha acesso ao conteúdo educacional de forma equitativa.

Favorecer a autonomia e independência dos alunos: As atividades propostas nas Salas de Recurso visam desenvolver a autonomia dos alunos, permitindo que eles se tornem mais independentes em seu processo de aprendizagem.

O Atendimento Educacional Especializado visa complementar e desenvolver a autonomia do aluno dentro da escola e fora dela, organizando e promovendo situações que favoreçam o seu desenvolvimento, com a estimulação dos mecanismos do desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem intermediados pelo uso de materiais didáticos e pedagógicos que atendam às necessidades específicas desses alunos (CAMARGO, GOMES; SILVEIRA, 2016, p. 22).

O sucesso do AEE nas Salas de Recurso está diretamente relacionado à aplicação de metodologias pedagógicas inclusivas que consideram as especificidades de cada aluno. Algumas das principais metodologias adotadas incluem:

  • Adaptações Curriculares: Modificações no conteúdo, na metodologia ou na avaliação, de modo a garantir que todos os alunos possam acessar e aprender os conteúdos curriculares.
  • Tecnologia Assistiva: O uso de dispositivos e softwares que auxiliam na comunicação, mobilidade e acesso ao currículo, como leitores de tela, lupas eletrônicas, pranchas de comunicação e teclados adaptados.
  • Jogos e Atividades Lúdicas: Ferramentas essenciais para o desenvolvimento cognitivo, motor e social dos alunos. Esses recursos são adaptados às necessidades de cada aluno, possibilitando uma aprendizagem significativa e prazerosa.
  • Planejamento Colaborativo: A colaboração entre o professor da sala de aula regular e o professor do AEE é fundamental para o planejamento de atividades e estratégias pedagógicas que atendam às necessidades dos alunos. O diálogo constante entre esses profissionais garante uma abordagem mais integrada e eficaz.
  • Estratégias Multissensoriais: Métodos que envolvem a utilização de múltiplos sentidos (visual, auditivo, tátil, cinestésico) para a aprendizagem de conteúdos, potencializando o processo de ensino.

Embora as Salas de Recurso e o AEE representem avanços significativos na inclusão educacional, diversos desafios ainda precisam ser enfrentados. A falta de formação continuada dos professores, a escassez de recursos materiais e tecnológicos, além das dificuldades de articulação entre o ensino regular e o especializado, são algumas das barreiras que limitam a plena eficácia dessas iniciativas.

Contudo, as perspectivas para o futuro são promissoras. A crescente conscientização sobre a importância da educação inclusiva, aliada a políticas públicas que incentivam e apoiam a implementação do AEE, apontam para um cenário de avanços contínuos na promoção de uma educação que atenda a todos, respeitando as diferenças e potencializando as capacidades individuais.

Conclusão

As Salas de Recurso e o Atendimento Educacional Especializado são pilares fundamentais para a efetivação da educação inclusiva. Através de estruturas adequadas e metodologias pedagógicas inovadoras, esses espaços proporcionam as condições necessárias para que todos os alunos, independentemente de suas necessidades específicas, possam aprender e se desenvolver em um ambiente escolar acolhedor e equitativo. A continuidade desse processo depende do fortalecimento das políticas de inclusão, da formação docente e da constante atualização dos recursos pedagógicos, garantindo assim que a educação inclusiva se torne uma realidade em todas as escolas.

Referencial Bibliográfico

CAMARGO, A. M. F.; GOMES, R.V.B; SILVEIRA, S.M. Dialogando sobre a política de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. In: GOMES, R.V.B; SILVEIRA, S. M,; FIGUEIREDO, M. R. V. (Orgs.). Políticas de inclusão e estratégias pedagógicas no Atendimento Educacional Especializado. Fortaleza: UFCE, Brasíia: M&C, 2016.

MENDES, Enicéia Gonçalves; MALHEIRO, Cícera A. Lima. Salas de recursos multifuncionais: é possível um serviço “tamanho único” de atendimento educacional especializado? In:  MIRANDA, Theresinha Guimarães; GALVÃO, Teófilo Alves Filho (org.).   professor e a educação inclusiva formação, práticas e lugares. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 349- 366.

MENDES, E.G. Perspectivas atuais da educação inclusiva no Brasil. In: ENCONTRO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DA UEM, 3., Maringá, 2004. Anais… v. 3, n.1, p. 15-35, 2001.

MINAYO, Maria Cecilia de Souza. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hucitec, 1999.


1Graduação: Pedagogia; Especialização em: Educação Infantil, Alfabetização e letramento/Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

2Graduada em Pedagogia. Especialização em: Docência da Educação Infantil e anos Iniciais/ Alfabetização e Letramento e professora na Rede Municipal/Estadual de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

3Graduação em: Direito, Letras e Pedagogia. Especialista em: Atendimento Educacional Especializado. Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

4Graduação em: Pedagogia.  Especialização em:  Atendimento Educacional Especializado e Educação Especial. Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

5Graduação em: Pedagogia. Especialista em: Educação Especial Inclusiva. Professora na Rede de Ensino Público na cidade Presidente Figueiredo, Amazonas.

 6Graduação em: Pedagogia; Especialização em: Educação Infantil e letramento/Educação Infantil/Neurociência e Aprendizagem e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

7Graduação em: Pedagogia. Especialista em: Psicopedagogia. Professora na Rede Municipal de Ensino Público nas cidades de Bacabeira e de São Luís, Maranhão.

8Graduação em: Pedagogia; Especialista em: Psicopedagogia Clínica e Institucional/ Neurociência Aplicada a Aprendizagem/ABA e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

 9Graduada em Pedagogia. Especialização em: Educação Infantil e Alfabetização. Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

10Graduação em: Pedagogia. Especialização em: Atendimento Educacional Especializado. Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.