A IMPORTANCIA DA RELAÇÃO AFETIVA ENTRE PROFESSOR E ALUNO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249131251


Luana Vilarinho Melo1
Raysa Lorrane Pessoa Silva Rezende2
Agda Barreto de Oliveira3
Adrieny Santos Vilela Nunes4
Marina Ferreira da Cunha Fonseca5
Bianca Caroline Sousa Silveira6
Ana Claudia de Oliveira7
Suell Barreto de Oliveira8
Eny Pinheiro dos Santos9
Elaine Sousa Matos Xavier10
Queila Maria Arbues Pereira Oliveira11
Raiza Sousa Matos Xavier12
Aline Ferreira da Silva13
Alcilene Mara Contel Oliveira14
Edinária Costa do Nascimento15


RESUMO

Este projeto visa trazer reflexões sobre a importância da afetividade na educação infantil, sendo ela uma etapa de ensino que é a base para o futuro acadêmico do ser humano, onde a criança está em constante descobertas físicas, intelectuais e emocionais. Pesquisa-se sobre a importância da relação afetiva entre professor e aluno na educação infantil, a fim de analisar as contribuições da afetividade no processo de ensino aprendizado. Realizou-se então, uma pesquisa bibliográfica qualitativa investigando estudos, documentos oficiais e pesquisas que discorrem sobre essa temática, ampliando o entendimento acerca do assunto. Diante disso, verificou-se por meio de pesquisas que a afetividade está presente na vida da criança desde o ventre da mãe, tendo o contato com a afetividade no meio familiar onde é o primeiro núcleo de interação que a criança tem. Logo após, se tem a afetividade no âmbito escolar, na educação infantil que é onde a criança está em constante descoberta com tudo a sua volta. Foi possível verificar que a afetividade influência diretamente no ensino-aprendizado da criança. Deste modo, é necessário criar laços sólidos com as crianças, pois assim o aprendizado será prazeroso e de grande valia sendo vitalício. 

Palavraschaves: Afetividade. Educação Infantil. Relação Professor-Aluno.

SUMMARY: This project aims to bring reflections on the importance of affectivity in early childhood education, which is a teaching stage that is the basis for the academic future of the human being, where the child is in constant physical, intellectual and emotional discoveries. Research is carried out on the importance of the affective relationship between teacher and student in early childhood education, in order to analyze the contributions of affectivity in the teaching-learning process. A qualitative bibliographical research was then carried out, investigating studies, official documents and researches that discuss this theme, expanding the understanding about the subject. In view of this, it was verified through research that affectivity is present in the child’s life from the mother’s womb, having contact with affectivity in the family environment where it is the first nucleus of interaction that the child has. Soon after, there is affection in the school environment, in early childhood education, which is where the child is in constant discovery with everything around him. It was possible to verify that affectivity directly influences the child’s teaching-learning process. In this way, it is necessary to create solid ties with the children, so that learning will be pleasant and of great value, being lifelong.

Keywords: Affectivity. Child education. Teacher-Student Relationship

1. INTRODUÇÃO

Este projeto tem como o intuito de compreender a importância da afetividade na educação infantil, sabe-se que a primeira infância, de zero aos cinco anos, é o período em que as crianças constroem suas bases cognitiva, emocional, motora, social e ética. A emoção é o principal meio de comunicação que as crianças utilizam neste período, pois elas ainda estão aprendendo a se comunicar oralmente.

A educação infantil é um dos processos mais importantes para o desenvolvimento do ser humano, sendo a primeira etapa da educação básica e tem como função principal complementar a ação da família e comunidade constituindo e desenvolvendo as crianças inseridas na instituição de ensino.

A afetividade permite que o aluno demonstre seus sentimentos e emoções sendo uma facilitadora do processo de ensino e aprendizagem. O ambiente escolar afetivo garante uma aprendizagem significativa e esse reforço positivo vindo de professores faz com que o aluno supere seus desafios. A escola é continuação do lar ela participa da formação da personalidade dos seus alunos. Quando os alunos tem uma autoestima elevada e no ambiente emocionalmente sadio é considerável a melhora no seu foco e concentração, um ambiente de confiança e afetividade é decisivo no processo de ensino aprendizagem.

Nesse processo de afetividade o professor tem um papel marcante na vida das crianças, com o auxílio da família a escola é a extensão da casa da criança, sendo assim o aluno olha o professor como um espelho, um exemplo a ser seguidos, nesse sentido a postura e relacionamento com as crianças serão um caminho que eles vão percorrer no seu processo de aprendizagem e que podem deixar marcas positivas como negativas na vida dos alunos.

Com esse intuito o objetivo geral desse artigo é analisar as contribuições da afetividade no processo de ensino aprendizado. A partir de tal objetivo relacionou-se os objetivos específicos, que são constatar os benefícios da relação afetiva na educação infantil, identificar a importância da relação afetiva entre professor e aluno e verificar o impacto que o professor tem na vida do seu aluno.

Isto posto, para alcançar tais objetivos buscou-se realizar pesquisa bibliográfica investigando por meio de uma pesquisa qualitativa estudos e pesquisas que discorrem sobre esse assunto, ampliando o entendimento acerca da temática em estudo. Serão considerados artigos científicos, livros e documentos oficiais para a realização da pesquisa. É necessário refletir na seguinte questão: a afetividade auxilia no processo de ensino na educação infantil?

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. EDUCAÇÃO INFANTIL

Na idade média a criança era vista como um adulto em miniatura, trabalhavam nos mesmos locais, usavam as mesmas roupas que os adultos e até o tratamento que elas tinham dos pais e da sociedade eram como se as crianças fossem adultas. “A criança era, portanto, diferente do homem, mas apenas no tamanho e na força, enquanto as outras características permaneciam iguais” (ARIÈS, 1981, p.14).

Nessa época a responsabilidade com a educação da criança era promovida pela família, e era função principalmente das mães. O cuidado não se mantinha por muito tempo, quando a criança era desmamada e começavam a ter alguma coordenação motora já eram postas a ajudar em serviços domésticos. Normalmente não avia vínculo afetivo entre a família para com as crianças, a vida da criança não tinha valor, elas eram tratadas com frieza e indiferença.

Na idade moderna surge um novo olhar para a infância, surgindo com a revolução industrial o capitalismo, e com ele a necessidade a mão de obra adulta nas fabricas, sendo assim, os filhos e filhas desses trabalhadores eram deixados em casa em cuidados de terceiros, já que a mulheres foram compostas a este trabalho. Podendo perceber a diferença de tratamento dos filhos dos ricos que possuíam escolas e eram bem encaminhados, enquanto os filhos dos pobres eram maltratados e deixados de lado.

Aos poucos, para o atendimento dessas crianças abandonadas, foram sendo criadas instituições formais, que não tinham propostas pedagógicas. A maioria das atividades realizadas nesses estabelecimentos eram voltadas para a obtenção de bons hábitos de comportamento, internalização de regras morais e de valores religiosos (VALLE, 2010, p. 16).

Na atualidade, a educação infantil teve um progresso muito grande em relação a sua história. É a primeira etapa da educação básica, tendo à função principal complementar a ação da família e comunidade, constituindo e desenvolvendo essas crianças no físico, psicológico, intelectual e social. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96) é a legislação que define e regulamenta o sistema educacional brasileiro, seja ele público ou privado e reforça a educação dentro da Constituição Federal de 1988.

Art. 30º. A educação infantil será oferecida em: I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.

Art. 31º. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. (BRASIL, 2011, p. 21)

A partir da Constituição Federal de 1988, em seu artigo 208, a Educação Infantil passou a ser dever do Estado, garantindo atendimento às crianças de zero a cinco anos, em creche e pré-escola. A Constituição Federal apresenta mudanças importantes ao atendimento educacional oferecido às crianças. Antigamente se pensava que as crianças nas idades de zero a cinco anos deviam ir para as creches para seriam cuidadas (alimentação e higiene), porém além desses cuidados com as crianças, a educação infantil tem como objetivo principal “(…) criar condições para o desenvolvimento integral de todas as crianças, considerando, também as possibilidades de aprendizagem que apresentam nas faixas etárias” (BRASIL, 1998, p. 47).

As escolas e creches precisam ser um lugar de acolhimento as crianças de forma completa, onde as crianças se sintam à vontade de ser elas mesmas, se sintam confortáveis, para que as relações uma com as outras e com os adultos sejam prazerosos. A escola é um ambiente importantíssimo para o crescimento intelectual e emocional da criança, portanto é necessário um olhar cuidadoso por parte dessas instituições na vida das crianças.

Tendo em vistas os aspectos observados às crianças por muito tempo foi ignorada, menosprezada, invisíveis. Não se tinha relações afetivas nem com sua família, porém com o tempo e mudanças sociais as relações entre adultos e crianças foram se entrelaçando. A educação infantil surgiu para consolidar essa relação e mostrar a importância que tem as crianças pequenas, desenvolvendo a criança de forma integral. (OLIVEIRA, 2011).

2.2. CONCEITOS DE AFETIVIDADE E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Primeiramente há a necessidade de conceituar o que é afetividade, se procurado no dicionário Aurélio (1994), afetividade está definida como: “Conjuntos de fenômenos sobre a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre dá impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado de alegria ou tristeza”. Sendo assim, a afetividade é toda manifestação de alguma expressão emocional.

Na definição da afetividade existem perspectivais diferentes entre a filosofia, a psicologia e a pedagogia. Nesse projeto a pesquisa irá se basear na perspectiva da pedagogia, pois quando se fala em afetividade tem que ser levado em consideração às emoções que são expressões da vida afetiva e que são acompanhadas de reações e sentimentos.

Para Henri, WALLON (1955):

[…] a afetividade favorece a precocidade nas manifestações psíquicas da criança, encontrando-se ligada às suas necessidades e automatismos elementares, imediatamente consecutivos ao nascimento. Parece difícil não lhe atribuir, como expressão de mal ou bem-estar, o primeiro comportamento muscular e vocal da criança de peito. As próprias gesticulações a que também se entrega parecem, ao mesmo tempo, indício e fonte de prazer (WALLON, 1995, p. 128).

Desta forma, pode-se observar que a afetividade está relacionada às mais diversas experiências que o indivíduo pode ter, como na família, na escola, na comunidade e na sociedade. Quando não se tem afeto é impossível construir relações saudáveis e duradouras, levando em consideração que a experiências das relações influencia no decorrer da sua vida, positivamente como negativamente.

Isto posto, a escola tem um papel fundamental para na vida dos pequenos na primeira infância, pois a criança está em período de adaptação ao meio físico e social, tornando os vínculos afetivos construídos nessa fase essências para a evolução. Nesse sentido, vejamos o pensamento de Wallon sobre a abrangência da afetividade:

É possível pensar a afetividade como um processo amplo que envolve a pessoa em sua totalidade. Na constituição da estrutura da afetividade, contribuem de forma significativa as diferentes modalidades de descarga do tônus, as relações interpessoais e a afirmação de si mesmo, possibilitada pelas atividades de relação. (WALLON, 1995, p.14).

Os estudos de Wallon são referências sobre afetividade, através dos seus estudos é possível refletir sobre a amplitude do tema, quando enfatiza que a afetividade é um processo amplo, total do ser humano, as relações são totalmente voltadas para a afetividade, que são construídas desde o ventre da mãe. Todos os indivíduos vão construindo o seu caráter a partir das relações afetivas que se tem desde criança. Wallon deixa bem claro a importância da relação no processo de afetividade. As conexões afetivas são importantíssimas no processor de aprendizagem, a criança precisa se sentir amada para desenvolver sua alta confiança e seu potencial intelectual. Segundo Gabriel Chalita (2004, p.33), “[…] afetividade é ter afeto no preparo, afeto na vida e na criação. Afeto na compreensão dos problemas que afligem os pequenos […]”.

O professor tem o papel de analisar as crianças de uma forma completa, não apenas se preocupando com o ensino, mas também explorando suas emoções pedagogicamente, para poder auxiliar em caso de problemas emocionais não atrapalhem a sua aprendizagem. Com o afeto na educação se cria uma ponte importantíssima para que a criança ganhe habilidades necessárias no seu ensino. Aprender através da afetividade, é saber que cada criança é singular e necessita de um olhar diferenciado do seu professor.

Principalmente o professor da Educação Infantil não pode apenas se preocupar em ensinar a criança escrever e ler, é preciso afeto, para que as crianças possam ter um futuro brilhante, sendo cidadãs com o desenvolvimento completo, o amor tem uma força muito forte que incentiva o progresso continuamente, seja qual for o problema que a criança possa está passando com o afeto tudo se transforma.

A afetividade, de acordo com Antunes (2006) é:

Um conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções que provocam sentimentos. A afetividade se encontra escrita na história genética da pessoa humana e deve-se a evolução biológica da espécie como o ser humano nasce extremamente imaturo, sua sobrevivência requer a necessidade do outro, essa necessidade se traduz em amor. (ANTUNES, 2006, p.5)

A afetividade é construída durante toda a vida, sendo essencial para a sobrevivência e aceitação do mundo, é através das relações afetivas que o ser humano constrói sua própria história, a partir das relações interpessoais. A falta desse sentimento faz com que as crianças se fechem para qualquer tipo de aprendizado. È dever dos pais e dos professores levarem em consideração a importância afetividade no processo de ensino-aprendizagem.

Bonfim(2011) diz que:

Se a educação não conseguir promover a construção do conhecimento por meio do afeto, do respeito às dificuldades e aos sentimentos do aluno, não será à base do autoritarismo e do castigo que formará cidadãos coerentes. Pois o afeto entre educador e educando é como uma semente lançada em terra fértil: germina numa rapidez surpreendente e produz frutos de qualidade (BONFIM, 2011, p. 9).

Quando se pensa em ensino aprendizagem deve-se pensar em afetividade, simultaneamente, pois as duas caminham juntas. Não se pode pensar em aprendizagem sem levar em conta a relação interpessoal, sem convívio, sem trocas de sentimentos. Piaget (1959) acredita que, durante a vida, o individuo fortalece as relações cognitivas e afetivas que podem desencadear as reações de indisciplina, obediência e os sentimentos que sejam de medo ou carinho. Nesse sentido, pode-se entender melhor que a criança constrói um vinculo com seu professor durante todo tempo que fica na escola ou creche, e o professor também esta passível por este vinculo, este vinculo é essencial para o pleno desenvolvimento da criança de uma forma bem ampla.  Posto isto, Piaget (1962) completa dizendo:

É incontestável que o afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência. Sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação; e consequentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não haveria inteligência. A afetividade é uma condição necessária na constituição da inteligência, mas, na minha opinião, não é suficiente (PIAGET, 1962. p. 43).

Dado exposto, é notório que a afetividade contribui para a aprendizagem da criança. Entende-se que desde o ventre da sua mãe a criança tem um vínculo de afetividade, portanto inicialmente o vínculo afetivo é criado com a família, pois é o primeiro contato que a criança tem com o mundo, em seguida o segundo contato de suma importância para o futuro da criança acontece nas creches e escolas, onde a criança faz novos laços e descobre novas coisas que vão ser levadas para o resto de sua vida.

2.3. RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO

Por muito tempo se pensava que a sala de aula tinha como proposito apenas o desenvolvimento cognitivo e a transmissões de conhecimentos da criança. Atualmente se sabe que as relações que são construídas dentro da sala de aula vão além do que a troca de conhecimentos. De acordo com os autores Franco e Albuquerque (2010, p.183) “a relação educativa é entendida como relação de amor: a criança deseja aprender pelo seu desejo de ser aceita, recompensada e reconhecida como bom aluno”.

A afetividade é vista hoje como fundamental na relação entre professor e aluno, quando a aluno tem uma relação boa com seu professor ele se sente motivado, seu comportamento muda de forma positiva, seu interesse em aprender aumenta cada vez mais, levando-o a uma melhora significativa na sua aprendizagem.

Saltini (1997) afirma que:

Neste caso, o educador serve de continente para a criança. Poderíamos dizer, portanto, que o continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções e onde elas tomam um sentido, um peso e um respeito, enfim, onde elas são acolhidas e valorizadas, tal qual um útero acolhe um embrião. SALTINI (1997, P. 89)

Desta forma, Saltini reafirma a importância da criança se sentir segura e protegida, quão importante é o papel do professor na vida de seu aluno, tendo o poder de transformar a história de uma criança pra sempre, o professor não é apenas um transmissor de conhecimento, seu papel vai muito além à vida das crianças.

O carinho, paciência, dedicação e interesse são qualidade que professores da educação infantil têm que carregar em sua essência, quando as crianças veem essas qualidades às mesmas se sentem mais motivadas e consequentemente o aprendizado se torna prazeroso, sendo assim, o professor tem que perceber as necessidades das crianças, aproveitando o máximo suas habilidades e que trabalhe para que seja voltado para seu conhecimento. Sobre isso, Saltini (1997) comenta:

A serenidade e a paciência do educador, mesmo em situações difíceis, faz parte da paz que a criança necessita. Observar a ansiedade, a perda de controle e a instabilidade de humor, vai assegurar à criança ser o continente de seus próprios conflitos e raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto com o educador. A serenidade faz parte do conjunto de sensações e percepções que garantem a elaboração de nossas raivas e conflitos. Ela conduz ao conhecimento do si-mesmo, tanto do educador quando da criança. SALTINI (1997, P.91)

De forma inversa, o autoritarismo, a arrogância, o desinteresse podem prejudicar o aluno tanto cognitivamente, pois cria-se um bloqueio para aprender conteúdos através dessas atitudes do educador como também emocionalmente, pois o olhar da criança muda em relação ao seu professor, suas emoções são abaladas e pode-se criassem bloqueios emocionais em longos prazos. Vygotsky defende a afetividade na relação entre professor e aluno, tratando-a como inseparável do processo de construção do conhecimento, quando diz:

A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento. A preocupação do professor não deve se limitar ao fato de que seus alunos pensem profundamente e assimilem a geografia, mas também que a sintam. […] as reações emocionais devem constituir o fundamento do processo educativo (VYGOTSKY 2003, p.121).

As relações construídas entre professor e aluno são muito importantes, principalmente na educação infantil, pois a criança passa tanto tempo com seu professor que o mesmo se torna quase um membro de sua família. Nesse sentido:

A criança deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado. E o professor é quem prepara e organiza o microuniverso da busca e do interesse das crianças. A postura desse profissional se manifesta na percepção e na sensibilidade aos interesses das crianças que, em cada idade, diferem em seu pensamento e modo de sentir o mundo (KRUEGER, 2002, p. 1).

O professor tem o poder de transformar a vida de um aluno, influenciado em diferentes situações, pois ser professor não se constitui em uma simples tarefa de transmissão de conhecimento, seu papel vai além, ele tem o poder de despertar valores e emoções no seu aluno. Conforme Paniagua e Palacios (2007, p. 134) “além de ser compreendida, a criança precisa sentir que pode contar com o adulto, que pode obter dedicação e afeto.”.

Sabe-se que o professor pode influência tanto de forma positiva como de forma negativa. Essas influências fazem com que os alunos tenham lembranças do seu professor por motivos diferentes, seja pelo método de explicação, dando exemplo de vida, histórias que acabam motivando as crianças. Esse professor acaba se tornando uma inspiração para seus alunos.

Wallon (1989, p. 3) afirma que a “maneira pela qual o contato se estabelece tem, sobre suas respostas, a maior influência. Seu comportamento intelectual pode ser modificado de forma sensível.” Constata-se que a maneira pela qual essa relação é estabelecida, poderá afetar a vida de uma criança.

Portanto na educação infantil, o professor é um parceiro da criança para o processo de aprendizado, sendo assim, é fundamental que o professor conheça a realidade de vida aluno, conhecendo o tipo de bagagem que eles levam sobe sua vida. É nítido que cada aluno tem sua história, suas feridas, seus traumas e o professor tem que ter um olhar sensível para com cada aluno, levando em consideração cada uma delas.

É muito importante que o professor tenha consciência da responsabilidade de contribuir para a construção da personalidade de uma criança. Por isso, precisa estar atento à realidade de cada aluno, levando em consideração seu ambiente familiar e seu lado emocional. Quando um professor desconsidera a importância do afeto, está contribuindo para formar um indivíduo indiferente. Professor e aluno precisam estabelecer uma relação de amizade, respeito e confiança, e para isso, a afetividade é fundamental. (REGINATTO, 2013, p. 02).

Isto posto, acredita-se que é importantíssimo o professor entender o seu papel na vida do seu aluno, sabendo inserir a afetividade em sala de aula com naturalidade para que as crianças possam se sentir motivadas, amadas, acolhidas e o aprendizado dela seja prazeroso e com recordações e exemplos positivos para sua vida adulta.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo buscou mostrar a importância da relação afetiva entre o professor e aluno e suas contribuições para a aprendizagem plena da criança na primeira etapa da educação básica que é a educação infantil, mostrando os impactos e a influência que essa relação fará na vida desta criança.

Diante disto, a pesquisa teve como objetivo geral analisar as contribuições da afetividade no processo de ensino aprendizado constate-se que o objetivo geral foi atendido porque efetivamente o trabalho conseguiu demostrar que a relação afetiva influencia no aprendizado completo da criança, trazendo a importância da afetividade na primeira infância.

A partir disto se responde o questionamento: a afetividade auxilia no processo de ensino na educação infantil? O presente artigo por meios de pesquisa bibliográfica qualitativa, responde esta indagação que sim, a afetividade é um dos pilares para o processo de ensino na educação infantil, sem este vínculo fica improvável ter um aprendizado por completo.

É notória a importância que o professor tem na vida de seus alunos, e suas atitudes com eles podem interferir no presente e futuro, a escola não é apenas um lugar para depositar conhecimentos nos alunos, está instituição é onde se deposita amor, dedicação, compreensão. O professor precisa meditar sobre qual a sua influência na vida dessas crianças e como ficará marcado nas memorias a sua relação com ela, seja de forma positiva como de forma negativa.

4. REFERÊNCIAS

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1021.254.651-16

2 040.552.781-01

3021.504.041-41

4051.794.091-44

5 919.051.681-87

6 052.232.671-41

7 021.751.631-99.

703.148.531-20

785.388.901-15

10 652.129.401-68

11 523.148.471-72

12 057.880.081-07

13 063.240.311-01

14 814.076.451-53

15 703.531.311-72