TRATAMENTO CIRÚRGICO DO AMELOBLASTOMA: AVALIANDO A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E HISTOLÓGICAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249070858


José Artur Alves da Silva [1]
Rafael Jorge Valente [2]
Rayssyelle Ferreira Garcia [3]
Bruna Tavares Falcão [4]
Cecília Abella Soares [5]
Alejandro Marco Bravo Lambert [6]
André Martins [7]
Ana Karoline Passos de Camargo [8]
Ana Clara Carvalho dos Reis Rodrigues [9]
Eros Emanoel Taurino Ribeiro [10]
Ana Carolina Stasiak Carnetti [11]


Resumo

Os ameloblastomas são neoplasias benignas raras, caracterizadas por comportamento invasivo e morfologia variada, complicando o diagnóstico. Classificados em quatro tipos pela OMS (convencional, unicístico, extraósseo e metastático), os tratamentos vão desde enucleação com curetagem até ressecção com margem de segurança. Este estudo revisou a literatura para identificar as características clínicas e histológicas, e os métodos de tratamento do ameloblastoma, utilizando bases de dados como PubMed, Scielo e Google Acadêmico. Os resultados mostram que as características do ameloblastoma podem ser influenciadas por fatores genéticos e apresentam manifestações clínicas como reabsorções radiculares e dor. O tratamento varia com base no tipo histológico e na extensão da lesão, sendo crucial escolher a abordagem adequada para minimizar o risco de recidiva e garantir melhores resultados a longo prazo.

Palavras-chave: Tratamento cirúrgico. Características. Ameloblastoma.

1. INTRODUÇÃO

Os ameloblastomas, embora raros, são neoplasias benignas conhecidas por seu comportamento invasivo e por sua morfologia diversificada, o que pode dificultar o diagnóstico. Essas neoplasias epiteliais podem se originar de diversas fontes, incluindo o órgão do esmalte, os remanescentes da lâmina dentária, o revestimento de cistos odontogênicos, ou ainda das células epiteliais basais da mucosa oral. (SHI, et al, 2021; EVANGELOU et al, 2020 ).
A classificação da OMS de 2017 divide os ameloblastomas em quatro tipos: ameloblastoma convencional, que é o mais comum e invasivo; ameloblastoma unicístico, geralmente menos agressivo; ameloblastoma extraósseo ou periférico, que ocorre fora dos ossos; e ameloblastoma metastático, que, apesar de raro, pode metastatizar (Speight e Takama, 2017)

Os tratamentos recomendados para os diversos tipos de ameloblastomas podem variar desde enucleação associada com uma curetagem até ressecção com margem de segurança do tumor (Rocha et al, 2024).
Com base nas informações apresentadas, este estudo tem como objetivo identificar as características clínicas e histológicas do ameloblastoma e analisar se essas características influenciam no tratamento da condição.

2. METODOLOGIA

Para elaborar o presente estudo, foi realizada uma revisão sistemática da literatura com o objetivo de compilar informações relevantes sobre as abordagens cirúrgicas mais recentes e os desafios enfrentados no tratamento do ameloblastoma. A busca foi conduzida utilizando as palavras-chave “Ameloblastoma”, “Cirurgia”, “Tratamento” e “Desafios”, combinadas entre si através do operador booleano AND para garantir a especificidade dos resultados.

A pesquisa foi realizada nas principais bases de dados científicas, incluindo PubMed, Scielo e Google Acadêmico, selecionadas por sua ampla cobertura e qualidade das publicações acadêmicas. Para assegurar a relevância e a atualidade dos dados coletados, foram definidos critérios de inclusão e exclusão rigorosos.

Os critérios de inclusão abrangeram estudos publicados nos últimos 8 anos, que abordassem diretamente as técnicas cirúrgicas aplicadas ao tratamento do ameloblastoma, bem como os avanços tecnológicos e os desafios associados a essas intervenções. Foram priorizados artigos originais que apresentassem dados empíricos ou estudos de caso com relevância clínica.

Por outro lado, os critérios de exclusão foram aplicados para eliminar estudos que não tratassem especificamente do tratamento cirúrgico do ameloblastoma, além de revisões de literatura que não trouxessem novas evidências empíricas. Após a aplicação desses critérios, um total de 6 estudos foram selecionados e revisados, resultando em uma análise aprofundada dos avanços e desafios identificados na literatura recente.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As características clínicas e histopatológicas do ameloblastoma podem ser influenciadas por fatores genéticos herdados ao longo das gerações, bem como por alterações específicas em genes individuais (Mota & Mota, 2019).

As manifestações associadas ao ameloblastoma frequentemente incluem reabsorções radiculares, extrusões dentárias, assimetrias e, comumente, dor. Essas características clínicas ressaltam a necessidade de uma abordagem cuidadosa e detalhada no diagnóstico e tratamento do ameloblastoma, devido à sua propensão a causar alterações estruturais e funcionais na área afetada (Verlingue, 2021).

Histologicamente, o ameloblastoma apresenta ilhas de epitélio que se assemelham ao epitélio do órgão do esmalte, localizadas em meio a um estroma maduro de tecido conjuntivo fibroso. Os ninhos epiteliais possuem uma região central composta por células angulares dispostas de maneira frouxa, semelhante ao retículo estrelado do órgão do esmalte. Ao redor dessa região central, há uma camada de células colunares altas, semelhantes aos ameloblastos, com os núcleos situados no polo oposto à membrana basal, indicando uma polaridade reversa. Em outras áreas, as células periféricas podem apresentar uma forma mais cuboide, similar às células basocelulares (Neville et al., 2016).

Radiograficamente, o ameloblastoma sólido aparece como uma lesão radiolúcida multilocular, frequentemente descrita com o padrão de “bolhas de sabão” ou “favos de mel” (Pena et al., 2022). Esta lesão geralmente causa expansão das corticais vestibular e lingual, além de reabsorção das raízes dos dentes adjacentes. É comum observar a lesão associada a dentes que não conseguiram erupcionar, especialmente em terceiros molares inferiores. Em contraste, os ameloblastomas unicísticos aparecem nas radiografias como defeitos radiolúcidos uniloculares, podendo ser confundidos com outras lesões císticas (Neville et al., 2016).

O tratamento das lesões de ameloblastoma pode variar amplamente com base no subtipo histológico, no comportamento clínico e nas características radiográficas. As abordagens terapêuticas vão desde métodos menos invasivos, como enucleação associada à curetagem com coadjuvantes químicos e mecânicos, até procedimentos mais extensivos, como ressecção com margem. A escolha do tratamento adequado é crucial para garantir uma resposta eficaz e reduzir o risco de recidiva (Verlingue, 2021).

O tratamento cirúrgico conservador do ameloblastoma envolve a biópsia da lesão, seguida pela enucleação e a instalação de um dispositivo de descompressão, tudo realizado no mesmo procedimento cirúrgico (De Lima Junior, 2020).

O tratamento radical do ameloblastoma consiste na ressecção óssea com margem de segurança, uma abordagem que visa garantir a completa remoção do tumor e minimizar o risco de recidiva. A escolha da margem de ressecção é influenciada pela extensão e agressividade da lesão, bem como pela sua propensão a recidivar. A ressecção ampla é necessária para assegurar que todas as células tumorais sejam eliminadas, reduzindo assim a chance de retorno da patologia e promovendo melhores resultados a longo prazo (Araújo, et al, 2022).

O Quadro 1 apresenta um resumo das características clínicas, histológicas e opções de tratamento para ameloblastomas.

Quadro 1

AspectoDescrição
Tipos de AmeloblastomaConvencional: Mais comum e invasivo. – Unicístico: Menos agressivo. – Extraósseo: Fora dos ossos. – Metastático: Raro, pode metastatizar.
Características Clínicas– Reabsorções radiculares – Extrusões dentárias – Assimetrias – Dor frequente
Características Histológicas– Ilhas epiteliais semelhantes ao epitélio do órgão do esmalte. – Região central com células angulares. – Camada periférica com células colunares altas ou cuboides.
Aspectos RadiográficosSólido: Lesão radiolúcida multilocular (padrão de “bolhas de sabão” ou “favos de mel”). – Unicístico: Lesão radiolúcida unilocular.
Tratamento Conservador– Biópsia da lesão – Enucleação – Instalação de dispositivo de descompressão
Tratamento Radical– Ressecção óssea com margem de segurança  

Fonte: Elaborado pelos autores

3. CONCLUSÃO

O estudo sobre ameloblastomas mostra que essas neoplasias benignas, embora raras, têm características clínicas e histológicas que impactam diretamente o tratamento. A classificação da OMS inclui vários tipos de ameloblastomas, cada um com suas necessidades terapêuticas específicas. Os tipos convencionais geralmente requerem ressecção ampla para evitar recidivas, enquanto os unicísticos podem ser tratados com métodos menos invasivos. A escolha do tratamento deve considerar a morfologia e o comportamento da lesão para garantir eficácia e reduzir o risco de retorno da patologia.

4. REFERÊNCIAS

SHI, Hongyi Adrian et al. Ameloblastoma: Uma revisão sucinta da classificação, compreensão genética e novas terapias moleculares direcionadas. The Surgeon , v. 19, n. 4, p. 238-243, 2021.

EVANGELOU, Zoi et al. Ameloblastoma maxilar: uma revisão com dados clínicos, histológicos e prognósticos de um tumor raro. in vivo , v. 34, n. 5, p. 2249-2258, 2020.

Speight PM, Takata T. New tumour entities in the 4th edition of the World Health Organization Classification of Head and Neck tumours: odontogenic and maxillofacial bone tumours. Virchows Arch. 2018 Mar;472(3):331-339. doi: 10.1007/s00428-017-2182-3. Epub 2017 Jul 3. PMID: 28674741; PMCID: PMC5886999.

VERLINGUE, A. F. M. et al. Tratamento cirúrgico de ameloblastoma unicístico através de enucleação e aplicação de solução de Carnoy: relato de caso. Archives of health investigation, v. 10, n. 1, p. 123-128, 2021.

NEVILLE, B. W. et al. Patologia oral e maxilofacial. 4. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016, 912 p.

PENA, A. C. P. et al. Importância do Exame Citopatológico para o Diagnóstico de Ameloblastoma: Relato de Caso. ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, v. 11, n. 3, p. 463-468, 2022.

MOTA, L. L. R.; MOTA, E. S. L.. Ameloblastoma: uma revisão de características clínicas, histopatológicas e genéticas. REVISTA SAÚDE MULTIDISCIPLINAR, v. 5, n. 1, 2019.

DE LIMA JÚNIOR, Miquéias Oliveira et al. Tratamento cirúrgico conservador em paciente jovem com ameloblastoma unicístico: relato de caso. Research, Society and Development, v. 9, n. 11, p. e8909119380-e8909119380, 2020.

ARAUJO, Alexandre Carvalho de et al. Tratamento cirúrgico de ameloblastoma: relato de caso clínico. 2022.


[1] Discente da Universidade de Pernambuco

[2] Discente da Universidade Paulista

[3] Discente da Faculdade Gamaliel

[4] Discente do Centro Universitário UniFacid

[5] Discente da Atitus Educação

[6] Discente da Universidade Estadual de Londrina

[7] Discente da Universidade Tuiuti do Paraná

[8] Discente da Universidade de Taubaté

[9] Discente do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto

[10] Discente do Centro Universitário UNIESP

[11] Discente da Universidade Federal de Santa Catarina