AÇÕES NA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES ASSOCIADAS AO CATETER VENOSO CENTRAL: REVISÃO BIBLIOGRAFICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249061449


Guilherme Fernando De Jesus Gomes
Orientador: Martina Rodrigues Lobato


RESUMO

Este trabalho se dedica a explorar as causas, as consequências e as estratégias de prevenção das infecções relacionadas ao cateter venoso central, um problema sério que compromete a segurança dos pacientes em hospitais, sobretudo nas unidades de terapia intensiva. Tais infecções estão entre as principais razões de morbimortalidade nosocomial, com a inserção e manutenção do cateter sendo momentos críticos que elevam o risco de infecção. Com a chegada da pandemia de COVID-19, os desafios se intensificaram, demandando protocolos de prevenção ainda mais rigorosos. O Ministério da Saúde tem reportado um aumento alarmante nessas infecções, destacando a urgente necessidade de aprimorar as práticas preventivas. Estratégias eficazes incluem a capacitação contínua da equipe de saúde, adoção de técnicas corretas de higienização, escolha cuidadosa do local de inserção e o uso adequado de materiais.

Palavraschave: Infecções Relacionadas a Cateter; Programa de Controle de Infecção Hospitalar; Resistência Bacteriana; Cuidados de Enfermagem e Medidas de segurança.

ABSTRACT

This work is dedicated to exploring the causes, consequences and prevention strategies of infections related to central venous catheters, a serious problem that compromises patient safety in hospitals, especially in intensive care units. Such infections are among the main reasons for nosocomial morbidity and mortality, with catheter insertion and maintenance being critical moments that increase the risk of infection. With the arrival of the COVID-19 pandemic, the challenges intensified, demanding even more rigorous prevention protocols. The Ministry of Health has reported an alarming increase in these infections, highlighting the urgent need to improve preventive practices. Effective strategies include continuous training of the healthcare team, adoption of correct hygiene techniques, careful choice of insertion site and appropriate use of materials.

Keywords: Catheter-Related Infections; Hospital Infection Control Program; Bacterial resistance; Nursing Care and Safety Measures.

1         INTRODUÇÃO

A infecção associada ao cateter venoso central (CVC) representa um desafio significativo para a segurança do paciente em ambientes hospitalares, sendo uma das principais causas de morbimortalidade nosocomiais. A incidência dessas infecções é particularmente elevada em unidades de terapia intensiva (UTI), onde os pacientes estão sujeitos a um maior tempo de permanência, maior manipulação e maior colonização com a flora hospitalar (BRASIL, 2017).

A prevenção de infecções associadas aos cateteres venosos centrais (CVCs) é crucial na prática clínica, especialmente em ambientes hospitalares e de cuidados intensivos. Os CVCs são dispositivos vitais para uma variedade de finalidades, são essenciais para administração de medicamentos, líquidos e monitoramento hemodinâmico em pacientes críticos. Apesar de seus benefícios, sua inserção e manutenção estão associadas a riscos significativos de infecção, como a infecção no local de punção sendo a mais comum, podendo levar a complicações graves, representando riscos significativos de infecção, sendo uma preocupação primordial para profissionais de saúde (SANTOS, 2014).

Essas infecções associadas aos CVCs podem resultar em morbidade, mortalidade e custos adicionais para o sistema de saúde. Portanto, a prevenção das infecções relacionadas aos CVCs é uma prioridade clínica e de saúde pública, visando melhorar os resultados para os pacientes e reduzir a carga de doenças associadas. Estima-se que aproximadamente 60% das bacteremias adquiridas em hospitais estejam vinculadas ao uso de dispositivos intravasculares, incluindo os cateteres venosos centrais (CVCs). Essas infecções, se não tratadas adequadamente, podem levar a complicações sérias, incluindo prolongamento da internação hospitalar e aumento da mortalidade (SANTOS, 2014).

Embora esses dispositivos sejam essenciais, é importante reconhecer os riscos associados ao seu uso, e implementar medidas rigorosas de prevenção para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes. Recomenda-se que os hospitais estabeleçam programas de educação continuada para capacitar a equipe assistencial em técnicas apropriadas de inserção e manutenção do cateter. Isso inclui a escolha do local de inserção mais adequado, a avaliação do tipo de material a ser utilizado de acordo com a terapia indicada e a adoção de técnicas corretas de higienização das mãos e antissepsia da pele (JESUS, 2007).

A equipe de enfermagem desempenha um papel crucial na prevenção de infecções relacionadas aos CVCs, implementando técnicas adequadas de cuidado e seguindo protocolos assistenciais. Além disso, é essencial que os profissionais de saúde recebam relatórios periódicos sobre as taxas de infecção e participem de discussões para avaliar e melhorar os processos de cuidado com o CVC. A implementação de protocolos padronizados para inserção, manutenção e retirada do cateter, juntamente com a coleta regular de culturas para identificação de possíveis infecções, é fundamental para prevenir e controlar essas complicações (JESUS, 2007).

A compreensão dos fatores de risco associados à infecção relacionada ao CVC, bem como a adoção de medidas preventivas eficazes, são cruciais para reduzir a morbimortalidade nosocomial e melhorar a segurança do paciente em ambientes hospitalares. Investir em medidas adequadas de prevenção e controle dessas infecções é essencial para garantir uma assistência de qualidade e promover melhores resultados clínicos para os pacientes (SILVA, 2009).

2         OBJETIVOS
2.1        Objetivo Geral

Explorar as causas, consequências e estratégias de prevenção das infecções associadas ao cateter venoso central (CVC), fornecendo uma perspectiva abrangente das abordagens atuais para reduzir a incidência e os impactos negativos dessas infecções nos pacientes hospitalizados.

2.2        Objetivos Específicos

▪ Abordar as orientações e melhores práticas para a prevenção de infecções associadas a cateteres venosos centrais, enfatizar a técnica asséptica durante a inserção e manutenção do cateter, bem como o uso de curativos estéreis;

▪ Discutir a importância do treinamento e desenvolvimento dos profissionais de saúde;

▪ Analisar as evidências científicas sobre estratégias de prevenção;

3         MATERIAIS E METODOS

Esta revisão integrativa aborda as seguintes etapas metodológicas: definição da questão norteadora, seleção dos descritores, estabelecimento dos critérios de seleção, levantamento do material bibliográfico, organização das categorias e análise dos dados obtidos. A questão orientadora deste estudo foi formulada como: “Qual foi o conteúdo publicado nos últimos 20 anos sobre os fatores de risco para infecções relacionadas a cateter venoso central?”.

Para conduzir o levantamento bibliográfico, foram considerados todos os artigos relevantes ao tema proposto, publicados entre 2002 e 2022 e indexados em publicações que tratam das recomendações para prevenção de infecções da corrente sanguínea (ICS), incluindo o Institute for Healthcare Improvement (IHI), os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

A metodologia de revisão bibliográfica integrativa é uma abordagem rigorosa e abrangente para analisar e sintetizar o conhecimento existente sobre um determinado tema. Este método envolve uma série de etapas bem definidas para reunir e integrar estudos com diversas metodologias, como delineamentos experimentais e não experimentais, a fim de fornecer uma visão ampla e detalhada do assunto em questão.

Inicialmente, a seleção dos recursos disponíveis é crucial, incluindo a utilização de bases de dados bibliográficas relevantes. Em seguida, são determinadas as palavras-chave a serem utilizadas na pesquisa, visando uma busca abrangente e específica. Os passos subsequentes envolvem a triagem dos títulos e resumos para confirmar sua relevância, seguida pela busca e análise do texto integral dos estudos selecionados.

A revisão integrativa permite a combinação de dados tanto da literatura empírica quanto teórica, possibilitando a definição de conceitos, identificação de gaps de pesquisa, revisão de teorias e análise metodológica dos estudos sobre o tema em questão. Esta abordagem amplia as possibilidades de análise da literatura, proporcionando informações mais abrangentes e detalhadas sobre o assunto em estudo.

Além disso, as revisões integrativas são capazes de fornecer informações não apenas sobre estudos originais, mas também sobre revisões teóricas e relatos de casos. Dessa forma, essa metodologia é altamente flexível e pode ser utilizada para diversos fins, como revisar teorias, propor conceitos e identificar lacunas de pesquisa em uma determinada área do conhecimento.

4         REFERENCIAL TEÓRICO
4.1        Cateter Venoso Central

O cateter venoso central, um dispositivo médico de importância fundamental na prática clínica, é um tubo inserido em uma grande veia no pescoço, tórax ou virilha. Este instrumento é utilizado para uma ampla gama de finalidades terapêuticas e diagnósticas, permitindo o acesso venoso por períodos prolongados e facilitando a administração de líquidos, medicamentos e a realização de exames médicos de maneira eficiente e rápida.

Dada a sua versatilidade, o cateter venoso central se torna essencial em diversas situações clínicas. É especialmente valorizado para a administração de medicamentos que podem causar irritação em acessos venosos periféricos, como é o caso de tratamentos com quimioterapia, vasopressores, soluções de bicarbonato de sódio e cálcio. Outras aplicações incluem a administração de grandes volumes de líquidos ou medicamentos que não são suportados por acessos venosos periféricos, a realização de hemodiálise, transfusões de sangue e coleta de amostras de sangue. Sua presença é crucial em unidades de terapia intensiva para avaliação da pressão venosa central em pacientes em estado crítico e para a administração de tratamentos específicos, como quimioterapia e nutrição parenteral.

O avanço das técnicas e insumos biomédicos nas últimas décadas tem sido fundamental para promover a longevidade e melhorar o prognóstico de pacientes com diferentes patologias. Dentre os avanços, o cateter venoso central (CVC) destaca-se como um dos meios mais empregados devido à sua ampla gama de utilizações, que incluem terapias medicamentosas, hemodiálise, nutrição parenteral, quimioterapia, transplantes de medula óssea e monitorização invasiva. Essa versatilidade evidencia a importância do CVC na melhoria dos cuidados de saúde, contribuindo significativamente para o tratamento eficaz de inúmeras condições.

Existem diversos tipos de cateteres venosos centrais, selecionados com base nas necessidades específicas de cada paciente. Entre eles, destaca-se o cateter venoso de curta permanência, projetado para a administração direta de medicamentos ou realização de hemodiálise, com uma das extremidades saindo através da pele. Este tipo de cateter é particularmente útil quando as veias dos braços se mostram inadequadas para o procedimento, garantindo, assim, uma terapia eficaz e segura.

4.2        Projeto do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde identificou um aumento alarmante nas infecções hospitalares, destacando o uso do cateter venoso central como uma das causas mais frequentes. Diante dessa realidade, tornou-se evidente a necessidade de aprimorar as práticas de prevenção para combater essa situação preocupante.

Com o intuito de enfrentar esse desafio e garantir a segurança dos serviços prestados aos pacientes em hospitais públicos, o Ministério da Saúde lançou, em 2017, um projeto pioneiro. Denominado “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”, a iniciativa tem como objetivo reduzir em 50% as infecções relacionadas à assistência à saúde no país, incluindo aquelas associadas ao uso de Cateter Venoso Central (CVC).

O projeto visa evitar aproximadamente 8.500 acidentes adversos seguidos de morte por ano nas UTIs dos hospitais participantes. Além disso, estima-se uma redução significativa de gastos, aproximadamente R$ 1,2 bilhão, relacionados ao tempo de permanência do paciente nos leitos e à utilização de insumos.

Durante o anúncio da iniciativa, realizado durante o 3º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde, em São Paulo, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, ressaltou a importância do projeto para salvar vidas e evitar intercorrências graves nos procedimentos médicos. O projeto terá a duração de três anos e envolverá a participação de 120 hospitais selecionados em todo o país.

Em 2019, o projeto “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”, também conhecido como “Saúde em Nossas Mãos”, obteve resultados expressivos na batalha contra as infecções hospitalares em unidades de terapia intensiva (UTIs) do Sistema Único de Saúde (SUS).

Demonstrando uma significativa redução de 33,4% nos casos de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) nos 119 hospitais públicos envolvidos, este programa superou a meta inicial de 30% estipulada para os primeiros 18 meses. Desenvolvido pelo Ministério da Saúde em colaboração com hospitais de excelência, o projeto visa aprimorar continuamente a segurança dos pacientes e a qualidade dos serviços prestados.

A apresentação dos resultados deste primeiro ciclo, realizada no Hospital Albert Einstein, contou com a presença de autoridades do Ministério da Saúde, representantes dos hospitais participantes e dos centros de excelência. Notavelmente, a infecção primária da corrente sanguínea associada ao cateter venoso central (IPCSL) viu uma redução de 41,5%.

Iniciado em 2018 e com previsão de continuação até 2020, o projeto agora abrange 115 hospitais públicos e filantrópicos que servem ao SUS, sendo gerido por cinco hospitais de referência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS).

Estas instituições de excelência estão encarregadas de orientar e desenvolver as equipes dos hospitais participantes para alcançar as metas estabelecidas, empregando estratégias que incluem o aprimoramento de habilidades técnicas, revisão de sistemas de trabalho e implementação de ferramentas de melhoria de processos.

Em 2021, o projeto “Saúde em Nossas Mãos: Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil” teve continuidade, expandindo sua abrangência para agregar mais hospitais públicos e filantrópicos em todo o país. Durante o desenvolvimento do projeto, os profissionais das unidades selecionadas serão capacitados e orientados para implementar ou aprimorar práticas seguras visando a prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde.

Isso inclui o protocolo para higienização das mãos e diretrizes específicas para prevenir a infecção primária da corrente sanguínea associada ao uso de cateter venoso central, o projeto busca melhorar o trabalho em equipe, a comunicação e o envolvimento do paciente no cuidado, além de simplificar e padronizar processos para ampliar e replicar o trabalho em outras unidades.

Segue abaixo os demonstrativos gráficos que ilustram a redução significativa das infecções relacionadas à assistência à saúde como também as infecções associadas ao uso de cateter venoso central, resultado direto do projeto implementado pelo Ministério da Saúde. Este gráfico reflete o compromisso contínuo em promover práticas mais seguras e eficazes nos serviços de saúde, destacando tanto o número atual de infecções quanto a magnitude da redução alcançada através das medidas implementadas.

4.3        Cateter Venoso Em Tempos De COVID-19

A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo nas práticas de enfermagem, especialmente no cuidado aos pacientes críticos que dependem do cateter venoso central (CVC) em unidades de terapia intensiva (UTIs). A manutenção segura do CVC tornou-se ainda mais desafiadora durante a pandemia, exigindo protocolos rigorosos para prevenir infecções.

Embora medidas como a higiene das mãos, uso de equipamento de proteção individual (EPI), “scrub the hub”, curativos precisos e registros detalhados desempenhem um papel crucial na prevenção de infecções, houve uma diminuição na adesão a essas práticas durante a pandemia, aumentando o risco de incidentes. A avaliação das práticas de manutenção do CVC destacou a necessidade de intervenções para aumentar a adesão, enfatizando a importância de os líderes de equipe e gestores priorizarem a busca pela adesão integral às boas práticas, especialmente em tempos de crise.

Estratégias como a formação de líderes capacitados, promoção de uma cultura de trabalho em equipe e realização de auditorias clínicas periódicas são fundamentais para melhorar a adesão às práticas de manutenção do CVC e garantir a segurança do paciente e a qualidade dos cuidados de saúde, mesmo diante de desafios como a pandemia de COVID-19. Em resumo, a pandemia destacou a importância crítica da manutenção segura do CVC e a necessidade contínua de aprimorar as práticas de enfermagem para proteger a saúde dos pacientes e profissionais de saúde em todos os momentos.

4.4        NR 32 – Segurança E Saúde No Trabalho Em Serviços De Saúde

Colocar um CVC é um passo crítico no cuidado intensivo, essencial para administrar tratamentos e monitorar a condição de pacientes em estado grave. Apesar de sua importância, este procedimento não está isento de perigos, especialmente o risco de infecções que podem complicar ainda mais o estado de saúde dos pacientes. É aqui que entra a Norma Regulamentadora 32 (NR-32), que com carinho e atenção aos detalhes, oferece um caminho seguro para reduzir esses riscos, garantindo a proteção dos pacientes e dos profissionais de saúde que dedicam suas vidas a cuidar dos outros.

Resumindo, a NR-32 nos guia na busca por um cuidado seguro e eficaz na utilização do CVC, enfatizando a importância da limpeza meticulosa, da educação continuada da equipe de saúde, e de um olhar atento e constante. Tudo isso com um único propósito: assegurar que os pacientes recebam o melhor cuidado possível enquanto reduzimos ao mínimo os riscos de infecção.

4.5        Prevenção e Controle das Infecções Associadas ao Cateter Central

Serão apresentados um conjunto de cuidados essenciais para a prevenção de infecções no momento em que o cateter central é inserido, complementadas por práticas de cuidado continuado e orientações sobre o uso de tecnologias auxiliares que comprovadamente diminuem o risco de infecção.

4.5.1       Higienização das mãos

Lavar as mãos parece um gesto simples, mas quando se trata do uso de cateter venoso central (CVC) em ambientes de saúde, essa ação se torna uma linha de defesa essencial contra infecções. Os germes responsáveis por complicações sérias frequentemente pegam carona nas mãos dos profissionais de saúde antes de encontrar seu caminho para esses dispositivos críticos. Por isso, higienizar as mãos antes e depois de qualquer contato com o paciente não é apenas um ato de cuidado, mas um passo crucial para manter a segurança dos pacientes.

A cartilha da ANVISA ensina a importância deste momento específico, como a prática: antes de tocar no paciente, para evitar levar germes até ele; antes de procedimentos assépticos, para proteger o paciente dos próprios micróbios; após o risco de contato com fluidos corporais, para proteger o ambiente e o profissional; e após tocar no paciente ou em qualquer superfície ao seu redor, evitando a propagação de germes.

Esse cuidado com a higiene das mãos vai além da proteção individual, é uma medida de cuidado coletivo que protege pacientes, profissionais e todo o ambiente hospitalar. Adotar rigorosamente essas práticas de higiene é um ato de profissionalismo e compaixão, mostrando um compromisso com a saúde e o bem- estar de todos no hospital.

4.5.2       Utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

É importante entender que os EPIs são como guardiões pessoais dos profissionais de saúde, mantendo-os seguros diante de situações que possam representar riscos à sua saúde e bem-estar. Esses dispositivos são fundamentais e abrangem uma variedade de itens, cada um com sua função específica e cuidados especiais durante o uso.

▪ Máscara cirúrgica, por exemplo, age como uma barreira contra gotículas respiratórias, protegendo o nariz e a boca do profissional.

▪ Luvas estéreis são essenciais em procedimentos que exigem técnica asséptica, mas é crucial lembrar de higienizar as mãos após a sua retirada e evitar tocar em superfícies desnecessariamente enquanto estiverem sendo usadas.

▪ Óculos de proteção ou os protetores faciais entram em cena quando há risco de respingos de fluidos corporais, exigindo uma limpeza cuidadosa antes e depois do uso para garantir a eficácia da proteção.

▪ Capotes ou aventais desempenham um papel vital na proteção da pele e da roupa do profissional, sendo descartados de forma adequada após o procedimento.

▪ Gorros protegem os cabelos e a cabeça em procedimentos que geram aerossóis, sendo descartados após o uso para evitar qualquer contaminação.

Cada um desses EPIs é mais do que um simples item de proteção; são símbolos de cuidado e responsabilidade com a própria saúde e a daqueles que estão ao seu redor.

4.5.3       Seleção, Limpeza e Cuidado do Sítio de Inserção

O processo de escolha, preparação, e manutenção do local de inserção de um cateter exige um olhar atento e cuidadoso para garantir a segurança e o conforto do paciente, além da eficácia da terapia intravenosa. Inicia-se com a seleção criteriosa do cateter, considerando o objetivo da terapia, a duração prevista, a viscosidade e os componentes do fluido a ser administrado, e as condições venosas do paciente. É fundamental evitar o uso de cateteres periféricos para infusões de substâncias que possam irritar as veias ou em soluções com alta osmolaridade.

A seleção do sítio de inserção leva em conta não apenas aspectos técnicos, como o menor calibre e comprimento da cânula para reduzir riscos de complicações, mas também a preferência do paciente, evitando áreas de flexão ou comprometidas por lesões. Nas crianças, é crucial escolher o vaso com maior probabilidade de manter a funcionalidade durante todo o período de terapia, enquanto em adultos, prioriza-se veias dos antebraços, evitando as dos membros inferiores a menos que estritamente necessário.

A preparação da pele é um passo fundamental para prevenir infecções. Deve-se limpar a área com água e sabão se houver sujidade visível, seguido da aplicação de antisséptico com técnica apropriada e esperar a secagem completa antes da punção. A estabilização cuidadosa do cateter é crucial para manter a integridade do acesso, usando métodos que não comprometam a avaliação do local ou a administração de medicamentos.

A cobertura do cateter deve ser estéril, escolhendo-se entre gaze e fita adesiva estéril para acessos de curta duração, ou membranas transparentes semipermeáveis para acessos prolongados, sempre observando a técnica asséptica nas trocas. Durante o banho, o local deve ser protegido para evitar a entrada de água.

Além disso, a prática do flushing e lock do cateter com solução salina isotônica, antes e após cada uso, assegura seu funcionamento adequado e previne complicações. A técnica de flushing pulsátil pode ser mais eficaz na remoção de depósitos no lúmen do cateter.

Finalmente, os cuidados com o sítio de inserção envolvem uma vigilância constante para qualquer sinal de infecção ou desconforto, com avaliações regulares ajustadas à condição do paciente, valorizando suas queixas e promovendo um ambiente seguro e confortável para a recuperação.

4.5.4       Curativo

O curativo do CVC desempenha um papel crucial, não apenas para manter a assepsia e a permeabilidade do cateter, mas também para prevenir contaminações, obstruções e, o mais importante, evitar possíveis infecções.

A abordagem humanizada do atendimento inicia-se com um gesto tão simples quanto significativo: a apresentação pessoal. Este ato cria um elo de confiança com o paciente, ao mesmo tempo que uma cuidadosa verificação de seu nome e leito reafirma o compromisso com sua segurança e a personalização do tratamento. É fundamental informar claramente o paciente e seus familiares sobre os detalhes do procedimento a ser executado, esclarecendo quaisquer incertezas e aliviando preocupações, para que se sintam amparados e seguros.

Cuidar do ambiente onde o procedimento será realizado é outra etapa crucial, exigindo diligência e precisão. Uma organização meticulosa e a manutenção da limpeza são indispensáveis para minimizar riscos de contaminação cruzada, evidenciando o zelo pelo bem-estar do paciente. A bandeja é colocada estrategicamente, garantindo que o material esterilizado não entre em contato com superfícies contaminadas.

Após concluir o procedimento, dedicasse um momento para arrumar o ambiente, deixando tudo organizado e limpo. Para finalizar, o enfermeiro responsável descarta todo o material utilizado no expurgo e realiza todas as anotações de enfermagem necessárias, registrando cada passo do cuidado prestado ao paciente.

4.5.5       Implantação de Check list

A implementação de um check list para avaliar a inserção do cateter venoso central (CVC) surge como uma medida vital para aprimorar o cuidado com os pacientes críticos. Essa ferramenta não só nos permite realizar uma análise mais detalhada e cuidadosa dos procedimentos habituais, mas também destaca a importância de manter uma constante vigilância na prevenção de infecções.

Através do check list, as equipes de saúde podem identificar possíveis falhas durante a execução dos procedimentos, ao mesmo tempo em que oferecem uma base para o treinamento contínuo dos profissionais no que diz respeito à prevenção de infecções da corrente sanguínea. É por meio dessas medidas que se torna possível corrigir as discrepâncias encontradas, visando reduzir a incidência de infecções na unidade e, consequentemente, promover um ambiente mais seguro e acolhedor para os pacientes críticos.

Portanto, o check list não é apenas uma ferramenta de rotina, mas sim um instrumento valioso na busca pela segurança e bem-estar dos pacientes. É um símbolo do compromisso contínuo da equipe de saúde em proporcionar o melhor cuidado possível, humanizando cada aspecto do processo e garantindo uma abordagem mais compassiva e eficaz no tratamento dos pacientes críticos.

4.5.6       Educação Continuada (Treinamento e Reciclagem)

A contínua evolução na área da saúde destaca a importância fundamental da educação permanente para os profissionais, em especial quando se trata da gestão de dispositivos complexos. A aprendizagem constante oferece aos trabalhadores da saúde a oportunidade de revisitar e atualizar seus conhecimentos e práticas, adaptando-os às novas realidades e avanços tecnológicos.

Metodologias ativas, que estimulam a interação dinâmica entre teoria e prática, são peças-chave nesse processo educativo, facilitando uma abordagem integrada que beneficia todas as especialidades médicas. A eficácia dessas iniciativas educacionais é evidente na redução significativa de incidentes, como infecções associadas.

Pesquisas demonstram que programas de treinamento específicos para os profissionais de enfermagem podem diminuir drasticamente as taxas de infecção, ressaltando o valor da educação, a educação continuada é indispensável, a ausência de uma formação adequada pode resultar em complicações sérias, destacando a necessidade de treinamento e reciclagem constantes para a equipe de enfermagem.

5         CONCLUSÃO

Diante do exposto, é evidente que explorar as causas, consequências e estratégias de prevenção das infecções associadas ao cateter venoso central é essencial para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes hospitalizados, especialmente em ambientes críticos como as unidades de terapia intensiva. A inserção e manutenção adequadas do CVC desempenham um papel crucial na redução do risco de infecção, contribuindo significativamente para a melhoria dos resultados clínicos e a diminuição dos custos adicionais para o sistema de saúde. Nesse sentido, as abordagens atuais, que incluem a ênfase na técnica asséptica durante a inserção e manutenção do cateter, o uso de curativos estéreis, o treinamento e desenvolvimento contínuo dos profissionais de saúde, e a análise das evidências científicas sobre estratégias de prevenção, representam passos fundamentais na busca por práticas mais seguras e eficazes.

Além disso, o reconhecimento da importância dessas estratégias é evidente em iniciativas como o projeto “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”, promovido pelo Ministério da Saúde. Este projeto não apenas demonstra a eficácia das intervenções implementadas, mas também reflete um compromisso sólido com a melhoria da segurança e da qualidade dos cuidados de saúde em todo o país. Ao adotar medidas como a implementação de checklists, a educação continuada e a valorização da higiene das mãos e do uso adequado de equipamentos de proteção individual, o projeto visa criar um ambiente hospitalar mais seguro e acolhedor. A pandemia de COVID-19 trouxe desafios adicionais à manutenção segura dos CVCs, destacando a importância de práticas de cuidado resilientes e adaptáveis em momentos de crise. Nesse contexto, a Norma Regulamentadora 32 (NR-32) desempenha um papel fundamental, fornecendo diretrizes claras e abrangentes para garantir a adesão a práticas seguras e eficazes. Através da educação contínua e do compromisso com a segurança do paciente, os profissionais de saúde podem desempenhar um papel crucial na redução dos riscos de infecção e na promoção de um ambiente hospitalar mais seguro e acolhedor para todos.

Portanto, investir em medidas preventivas e no controle das infecções associadas ao cateter venoso central é fundamental para promover uma assistência de qualidade, reduzir a morbimortalidade nosocomial e, consequentemente, melhorar os resultados clínicos para os pacientes.

REFERÊNCIAS

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