A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409051940


PASSOS, Renatha Malena Tavares¹; PASSOS, Inodi Dias dos¹; PEREZ, Renata¹; RODRIGUES, Juliana Severina Barbosa²; SANTANA, Deusilete Peres²; ROCHA, Adarlene Ferreira da²; MOREIRA, Iquelini Silva²;  MOURA, Suelaine Pires Ribeiro²; ALVES, Patrícia dos Santos²; ALVES, Victória Rocha.² 


RESUMO

O presente artigo propõe compreender como o lúdico é trabalhado no contexto escolar,  ou seja, como este está sendo utilizado no processo de aprendizagem das crianças que  frequentam a Educação Infantil (Pré I), em uma escola municipal de Barra do Garças-MT.  Para esta pesquisa os estudos desenvolvidos por Vygotsky, Froebel e Wallon contribuíram no  entendimento da temática, bem como os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação  Infantil. No decorrer do processo percebeu-se que por meio das interações entre as crianças e  adultos durante as atividades lúdicas também ocorre à aprendizagem. Para esse trabalho fez-se  uso da pesquisa qualitativa com as técnicas de observação, analise documental e entrevista  semi-estruturada.  

Palavras-chave: Lúdico. Interação. Aprendizagem.

Este artigo propõe analisar um dos propósitos da Educação Infantil que é o de ensinar  as crianças por meio da ludicidade, ou seja, num ambiente que envolva as práticas  educacionais voltadas para o brincar. As crianças passam a interagir uma com as outras de  modo que enquanto elas se divertem também aprendem e descobrem o mundo em sua volta. 

Está posto nos Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ao enfatizar  que: “[…] os jogos e as brincadeiras propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por  meio da atividade lúdica” (BRASIL, 1998, p. 27). O ensino na Educação Infantil não pode ser  considerado como algo inexpressivo no contexto escolar, pois o brincar está relacionado à  criança desde muito cedo e cabe a escola garantir essa atividade a ela, tanto em sala de aula  quanto nos outros ambientes escolares, pois o ato de brincar é uma das formas existentes para  que as crianças se envolvam diretamente nas atividades proposta pelo professor. 

A educação infantil torna-se o primeiro e mais importante passo para alcançar-se a  continuidade no ensino e na vida social da criança a qual é inserida no processo de ensino  desde seus primeiros anos de vida, ou seja, desde a creche até o ensino fundamental ou porque  não dizer por toda vivencia escolar. 

Neste período, todos os aspectos infantis de formação são fundamentais para seu  desenvolvimento psicomotor e sociocultural para dar os primeiros passos diante de uma futura  escolaridade. É ainda, neste período que a personalidade da criança começa a consolidar-se,  filmando seu autocontrole a sua segurança interna começa a firmar-se diante dos obstáculos.  Portanto, um cuidado especial por parte do educador precisa ser tomado para que de forma  integral e harmônica a criança possa desenvolver personalidade ajustada, equilibrada e de  fundamental importância para uma boa formação. 

Com o corre, corre da vida moderna, as instituições escolares passaram a ser para a  maioria das crianças, o seu maior referencial. Assim, a educação infantil oferece  possibilidades que a família muitas vezes não pode proporcionar. É ainda, na educação  infantil, que a criança transpondo os limites familiares, podem conviver com outras crianças  de sua idade e adultos diferentes daqueles que estão acostumados. Podendo descobrir, do seu  jeito um novo mundo, ou seja, uma outra forma social e intelectual de viver. 

A socialização pode desenvolver-se de forma harmônica e prazerosa, levando o  individuo à adquirir superioridade sob um ponto de vista do qual seja a independência, a  confiança em si, adaptabilidade e rendimento intelectual vantagens essas, das quais irão  favorecer os conhecimentos futuros.

Na idade em que a criança é inserida na educação infantil, ela pensa e age de modo  bem diferente do adulto, ou seja, pensa como pode, apreende o real de uma forma diferente,  não tem possibilidade, ainda, de abstração e imaginação as quais possam permitir-lhe a  concepção correta da realidade. Ficando assim, sujeita ao adulto que está sempre tentando  controlar a situação. 

Para isso, o adulto deve ser ao mesmo tempo firme, mas, também suave para que ela  possa sentir-se amiga. É preciso que o educador seja um mediador dedicado e cauteloso dando-lhe explicações necessárias à sua idade sempre conduzindo as novas descobertas  mostrando-a o real sentido das coisas. As atividades trabalhadas devem ser lúdicas e  programadas de acordo com seus interesses e necessidades.  

O professor da educação infantil deve ser apto no que tange aos conhecimentos  infantis, pois a criança está sempre esperando por descobertas, querem, perguntar, explorar,  experimentar, aprender, colecionar, e ainda aprendem depressa e desejam exibir suas  habilidades, querendo sempre um assunto novo. 

No Brasil, durante séculos, a educação escolar estava voltada apenas para uma minoria  de pessoas e pouco se e falavam em Educação Infantil. Foi, segundo Pilleti (2006) a partir do  século XX que o país começa a passar por significativas mudanças na educação,  principalmente com surgimento do movimento dos Pioneiros da Educação Nova que traziam,  em suas ideias, uma educação pública, gratuita, laica e que seria ofertada a todas as classes  sociais.  

No decorrer do século, principalmente com o processo de redemocratização que  aconteceu no final da década de 70 e início de 80, com a abertura política final do regime  militar, passou-se a discutir outras perspectivas filosóficas na educação escolar, surgindo uma  educação crítica, Nesse contexto, as discussões em relação à educação infantil começam a ser  ampliadas, de um lado, pelo processo de intensificação da urbanização e de outro pela  participação da mulher no mercado de trabalho (BARRETO Apud BRASIL, 1998). 

O marco importante na educação infantil aconteceu com a aprovação da Constituição  Federal de 1988, que traz em seu inciso IV do artigo 208, que a Educação Infantil em creches  e pré-escola deverá ser oferecida pelo Estado e, consequentemente, um direito da  família/criança em freqüentá-la. Em seguida, reafirmando essas mudanças, é aprovada a Lei  de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei nº 9394/96, que apresenta em seu  artigo 29 a Educação Infantil, como primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade  o desenvolvimento integral da criança até cinco/seis anos de idade. 

Percebe-se que a Educação Infantil no Brasil, vem sendo ampliada cada vez mais,  assumindo um novo papel diante da criança e das famílias, buscando oferecer a elas uma  educação, cuja finalidade é desenvolver integralmente, nos seus aspectos físico, psicológico,  intelectual e social. 

Neste sentido, o presente estudo surgiu em decorrência de questionamentos feitos  durante a realização do estágio supervisionado e da realização de projetos interdisciplinares,  desenvolvidos durante o Curso de Pedagogia, tanto na rede municipal, quanto na estadual.  Além disso, as disciplinas Pedagogia do Movimento e História: jogos de imaginação e  linguagem foram relevantes na escolha da temática, pois observou-se a pouca importância em  trabalhar o lúdico na Educação Infantil, uma vez que as brincadeiras não eram tão utilizadas  no contexto da sala de aula. 

Para desenvolver este artigo fez-se necessário discorrer sobre o significado de lúdico:  

De acordo com Ribeiro (2013, p.1), o lúdico é parte integrante do mundo infantil da  vida de todo ser humano. O olhar sobre o lúdico não deve ser visto apenas como  diversão, mas sim, de grande importância no processo de ensino-aprendizagem na  fase da infância. 

Para alguns teóricos da educação infantil, é por meio da ludicidade que a criança  começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões,  exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando sua alegria de brincar. 

O lúdico é um recurso metodológico de grande relevância no que tange aos aspectos  do aprendizado infantil, o qual estende-se até o quinto ano do ensino fundamental. Os jogos ensinam os conteúdos através de regras, pois possibilita a exploração do  ambiente a sua volta, proporcionando uma aprendizagem maneira prazerosa e significativa  assim, agregando novos conhecimentos. 

Por meio do lúdico são promovidas aprendizagens que favorecem o desenvolvimento  físico intelectual e social da criança, ou seja, possibilita um desenvolvimento real, completo e  prazeroso. As atividades lúdicas são extremamente dinâmicas, pois ao brincar as crianças  interagem entre si e com isso aprendem de maneira significativa, lúdicas divertidas e ainda,  proporcionam descobertas através de estímulos propostos pelo professor que institui regras e  posicionamentos para desenvolver os jogos e brincadeiras de forma criativa e divertida. 

Concluir -se que o lúdico auxilia tanto na aprendizagem quanto no desenvolvimento  pessoal, desenvolve o indivíduo como um todo, dessa forma incluí-lo na educação infantil durante sua prática docente resultará no desenvolvimento integral além de tornar as aulas mais  dinâmicas e leves para os alunos. 

Assim, para a realização desta pesquisa utiliza-se da pesquisa qualitativa, com os  procedimentos de entrevistas semi-estruturadas, realizadas com a professora da turma e a  diretora, a análise documental dos principais documentos da escola como Projeto Político  Pedagógico (PPP), Regimento Escolar, o Plano de Aula, além das observações realizadas em  sala de aula e no decorrer das atividades realizadas no pátio com as crianças que frequentam a  Educação Infantil (PRÉ I), em uma escola da Rede Pública Municipal de Barra do Garças-MT. 

A pesquisa qualitativa, segundo Ludke e André (1986), oferece ao pesquisador a  possibilidade de entender a temática de pesquisa em profundidade, diferente da pesquisa  quantitativa que busca, em especial, dados estatísticos.  

A pesquisa qualitativa trabalha com descrições, comparações e interpretações. Por  isso, permite interações entre o pesquisador e os participantes. Assim, “[…] a pesquisa  qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação  que está sendo investigada, via de regras através do trabalho intensivo de campo” (LUDKE e  ANDRÉ, 1986, p. 11). Ela permite uma descrição minuciosa das pessoas, dos acontecimentos,  das situações e dos materiais obtidos e que são fundamentais para o seu desenvolvimento. 

Como aporte teórico que envolve a ludicidade na Educação Infantil, utilizou-se os  estudos desenvolvidos por Vygotsky, Elkonin, Wallon e os Referencias Curriculares  Nacionais para a Educação Infantil (RCN). Além das discussões realizadas no decorrer do  curso, já que a concepção de criança vem mudando ao longo dos tempos, principalmente na  educação, pois atualmente a criança é vista como um sujeito social que faz parte de um  contexto histórico.  

Diante disso, os estudos de Piletti (2006) demonstraram que as crianças precisam cada  vez mais ser preparadas para lidar com essas novas mudanças que vem ocorrendo diante de  cada contexto vivido. No entanto, esta mudança só foi possível com os estudos do filósofo  Rousseau, que a partir do século XVIII passou a considerar a criança como um sujeito com  desejos e ideias próprias, diferenciando-as do adulto, pois até esse período a criança era vista  como um pequeno adulto. A partir daí a criança vem cada vez mais se interagindo no meio em  que vive e uma das possibilidades é por meio das atividades lúdicas que envolvem todos os  tipos de brincadeiras e jogos.

Assim, percebe-se que o papel da educação na vida das crianças é de suma  importância para o seu desenvolvimento integral e social. Segundo Piletti, “[…] a escola para  Froebel é o lugar onde a criança deve aprender as coisas importantes da vida, os elementos  essenciais da verdade, da justiça, da personalidade livre, da responsabilidade, da iniciativa,  das relações causais e outras semelhantes, não as estudando, mas vivendo-as” (PILETTI,  2006, p. 104-5). 

É nesta perspectiva que busco compreender como o lúdico é trabalhado no contexto  escolar, ou seja, como este está sendo utilizado no processo de aprendizagem das crianças, já  que se sabe que a ludicidade é uma das principais ferramentas no auxilio do processo  ensino/aprendizagem, sendo também considerada a mais difícil de trabalhar em sala de aula  pelos professores.  

Diante disso, Kishimoto contribui nessa análise ao afirmar que “[…] a organização de  espaços adequados para estimular brincadeiras constitui hoje uma das preocupações da  maioria dos educadores e profissionais de instituições infantis” (KISHIMOTO Apud HORN,  2003, p.36). (KISHIMOTO Apud HORN, 2003, p.36). Assim, foi possível observar1 que, durante a pesquisa, realizada na Educação Infantil, este é um dos principais motivos aos quais  os professores utilizam pouco do lúdico no processo de aprendizagem das crianças, devido à  falta de um ambiente adequado e agradável para realização dessas atividades. Considerando o  espaço para realização do lúdico, a professora no decorrer da entrevista2 relatou: 

Tenho muitas dificuldades em desenvolver atividades lúdicas com as crianças,  devido a escola ter um espaço muito pequeno, principalmente na sala de aula e a falta de brinquedos. Mas diante desses problemas eu procuro fazer de todas as  formas, que as crianças não percam essa fase, porque essa é a melhor fase da  criança. É nesse período que você vai fazer com que ela goste da escola e do  professor. 

Para Elkonin Apud Facci (2004) o desenvolvimento da criança se caracteriza por três  períodos. Entre eles está o da infância, período em que a atividade principal é o brincar. A  primeira infância, está relacionada a comunicação emocional direta e atividade objetal  manipulatória, a segunda infância: jogo e atividade de estudo e adolescência: comunicação  íntima pessoal e atividade profissional de estudo. Diante disso, o Referencial Curricular  Nacional para a Educação Infantil destaca que: 

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e  da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, pode se comunicar por meio de  gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que  ela desenvolva sua imaginação. (BRASIL, 2001, p. 22). 

A devida importância também deve ser dada aos brinquedos, pois possibilitam as  crianças uma interação mais direta com sua imaginação. A escola tem um importante papel na  formação integral da criança e cabe a ela oferecer este ambiente agradável, que permita  diferentes situações de aprendizagens entre as crianças e a atividade lúdica.  

Para Oliveira o brinquedo é como um elo entre o ensino e a aprendizagem da criança,  uma vez que, “[…] o brinquedo provê, assim, uma situação de transição entre a ação da  criança com objetos concretos e suas ações com significados. Mas além de ser uma situação  imaginaria, o brinquedo é também uma atividade regida por regras” (OLIVEIRA, 1997, p. 66- 7). Ao questionar para a diretora3sobre a importância do brinquedo na educação infantil ela  responde:  

Vejo no brinquedo uma ferramenta importantíssima no processo de aprendizagem  das crianças, pois por meio deles elas imaginam, criam e inventam, e mostram que  são capazes de aprender. Pena que a nossa escola tenha poucos brinquedos, mas  mesmo diante disso, as nossas professoras procuram desenvolver um ótimo trabalho  e sempre que possível confeccionamos brinquedos junto com elas, além dos que eles  trazem de casa. 

Diante dessa afirmação, podemos dizer que o brinquedo é uma ferramenta a ser  utilizada na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças na Educação Infantil, uma vez  que: “[…] no brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua  idade, além de seu comportamento diário, no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na  realidade” e ainda mais “[…] através do brinquedo, a criança aprende a atuar numa esfera  cognitiva que depende de motivações internas” (VYGOTSKY Apud REGO, 1995, p. 81-3). 

Percebemos que, além do brinquedo ser um importante recurso a ser utilizado no  processo do desenvolvimento educacional da criança, o professor também tem o papel de  mediador nesse processo, pois é ele quem vai proporcionar condições para cada aluno atingir  seu desenvolvimento no processo ensino e aprendizagem.  

Diante desse papel, das observações desenvolvidas na escola e na realização da  entrevista com a professora pode-se perceber que a mesma, na maioria das brincadeiras, atuou  como mediadora, já que em todas as atividades lúdicas procurou interagir com as crianças de  modo que ao mesmo tempo em que elas brincavam também aprendiam. De acordo com a  professora este envolvimento com as crianças se faz necessário, uma vez que: 

As crianças precisam de um acompanhamento e este é o papel do professor, pois é  ele que deve orientar as crianças na brincadeira, não deixando o brincar se tornar  como um passar tempo. O professor deve ensinar para as crianças diversos tipos de  brincadeiras e jogos, os quais elas ainda não saibam. Deixá-las brincarem com os  brinquedos pedagógicos. É por meio deste acompanhamento que eu vou conhecer  meu aluno, descobrindo suas facilidades e dificuldades diante das brincadeiras para  poder ajudá-lo. 

No decorrer da pesquisa observou-se que as crianças dessa escola brincaram muito de  pular corda e brincadeiras de roda, havendo uma interação entre elas. Neste contexto, os  estudos de Vygotsky (1984) demonstram que é por meio das interações entre as pessoas que a  criança se apropria dos conhecimentos historicamente produzidos. Com isso, o  desenvolvimento da criança primeiro se dá no nível social, entre as pessoas, e somente depois  no nível individual, ou seja, no interior da criança. 

Durante as brincadeiras citadas anteriormente, a professora buscou mediar à aprendizagem com as crianças ensinando músicas que envolviam o alfabeto e os números. Desta maneira, a professora estava possibilitando aos seus alunos que enquanto brincassem também aprendessem. 

O pedagogo que assume educação infantil deverá estar disposto a trabalhar com  atividades lúdicas tais como jogos e brincadeiras as quais trazem movimentos e aprendizados  para as crianças que estão em desenvolvimento social e cognitivo. Uma vez que o brincar  facilita a aprendizagem, então, é preciso que o educador seja a favor do lúdico, pois nada será  feito se os professores não se interessarem por essa forma de educação.  

O profissional precisa aumentar a criatividade, o entusiasmo, a alegria e observar as  crianças no decorrer das brincadeiras. Outrossim, que o educador entenda o brincar da  criança. Para que o pedagogo examine o universo infantil é preciso ter um conhecimento  teórico, prático, com capacidade de observação e vontade. Através da observação do lúdico, o  professor pode obter importantes informações sobre o brincar. 

E essas informações definem critérios como: uma determinada brincadeira ou jogo  envolvem as crianças e ainda quais as competências dos jogadores, qual o grau de  criatividade, de autonomia, iniciativa e criticidade, quais as linguagens utilizadas pelos  envolvidos, se possuem interesse, motivação, afetividade, emoções e satisfação pelo brincar e  também se demonstram colaboração, competitividade, interação, construção de raciocínio,  argumentação e opinião.

Cabe ao professor mediar as relações, favorecer as trocas e parcerias, promover a  interação, planejar e organizar ambientes instigantes para que o brincar possa se desenvolver.  De acordo com o RCNEI, Brasil (1998), o adulto pode auxiliar na distribuição das funções,  mas o interessante é que as crianças adquiram progressiva autonomia. Segundo Bomtempo o  professor não deve tolher a imaginação da criança, mas orientá-la, deixando que a brincadeira  espontânea surja na situação de aprendizagem, pois é através dela que a criança se prepara  para a vida em seus próprios termos. 

Os professores devem focar seus olhares nas crianças enquanto elas brincam,  ajudando-as a verem o mundo e a expressar-se através das múltiplas linguagens. Na mesma  direção Bom tempo, (1999), complementa com a ideia de que se os professores acreditarem  que brincando a criança está aprendendo sobre o mundo que as cerca, eles poderão utilizar  esse momento para intervir e criar vários tipos de ações educativas que facilitarão a  aprendizagem. 

 A análise do Projeto político Pedagógico da escola, no que esse refere aos objetivos  propostos para a Educação Infantil, observa-se que por meio dessas interações as crianças  estabelecem vínculos afetivos e de troca com o adulto. Fortalecem sua auto-estima ampliando, suas possibilidades de comunicação e interação social, potencializando o desenvolvimento  cognitivo, afetivo, emocional, motor da criança. (PPP da Escola).  

Nessa perspectiva, os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil  enfatizam a importância do brincar como uma das atividades fundamentais para o  desenvolvimento da identidade e da autonomia da criança ao destacar que: 

Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes,  tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecendo também  algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e  experimentação de regras e papéis sociais (BRASIL, 1998, p. 22). 

Partindo desse pressuposto, a observação desenvolvida em sala de aula reafirma o  propósito apresentado pelos Referenciais Curriculares no que se refere à interação,  socialização, memorização e atenção, pois na sala de aula a professora desenvolveu as  atividades de modo que ao resolverem os exercícios, as crianças aumentassem essas  capacidades. 

Ao colocar sobre a mesa tampinhas de garrafas pet coloridas, a professora pediu que  cada aluno retirasse uma quantidade de tampinhas. Dessa forma a professora estava trabalhando a atenção, memorização dos números e cores, além da socialização, pois as  crianças sentavam em grupos formados por quatro alunos que se alternavam. Durante a observação, perguntou-se a professora se o motivo das crianças trocarem de  lugar com os colegas era para que eles não ficassem fazendo barulho na sala e ela respondeu: 

Também é por isso, mas faço isso para que eles possam brincar, interagir e criar  laços de afetividade com todos os coleguinhas, para que não haja nenhum tipo de  preconceito entre eles”. Destacou, também, que “tem criança que quando chega aqui  na escola tem dificuldade de se interagir com os colegas, dessa forma eu estou  contribuindo para que ela consiga ajudar e respeitar o outro.  

Diante desse pensamento, Wallon também fala em seus estudos sobre a importância da  afetividade. De acordo com as leituras em Galvão (1995), Wallon atribuía o brincar ao ato  motor, pois acreditava que o movimento durante as brincadeiras tinha um papel fundamental  na afetividade e, também, na cognição e que ela a está intimamente ligada a motricidade que  age como desencadeadora da ação e do movimento psicológico da criança. Assim, o ser  humano deve ser visto como uma totalidade, isto é, orgânico, social, afetivo e cognitivo. 

Nas brincadeiras de roda e pular corda foi possível observar claramente esta interação  entre as crianças como também o respeito com o outro, pois, conforme Borba, é por meio do  brincar que: “[…] as crianças estabelecem laços de sociabilidade e atitudes de solidariedade e  de amizade”. (BORBA Apud BRASIL, 2006, p. 41). 

Ao perguntar para a professora qual é o objetivo da ludicidade na educação infantil  responde: 

A criança quando chega aqui na escola ela traz alguns conhecimentos de casa, então  eu enquanto professora, vou mediar para que ela possa aumentar esses  conhecimentos. Vou ensinar a ela se interagir, socializar, brincar, por meio das  brincadeiras, pois existem crianças individualistas e aqui a gente procura trabalhar  para que a criança seja interativa. Essa é a nossa função, que a criança venha para  escola não só para estudar, mas para que a escola se torne como um lazer. 

Diante dessa afirmação, o papel do professor é o de mediar o processo de  aprendizagem. Para isso, é importante partir do que a criança já conhece para que, por meio  do lúdico, se aproprie de outros conhecimentos. Ao perguntar para a diretora sobre o papel do  professor diante das brincadeiras ela destaque que: “[…] é de suma importância que durante as  brincadeiras o professor faça essa mediação, pois é ele que vai direcioná-la não deixando que  o momento de brincar se torne insignificante para a criança.” 

Durante as atividades desenvolvidas em sala de aula a professora, de certo modo,  procurava fazer com que suas atividades fossem atraentes, de modo que o ensino sistematizado fosse ensinado por meio de atividades lúdicas já que, nessa faixa etária, segundo Elkonin Apud Facci (2004) a principal atividade da criança é o jogo ou a brincadeira.  Em relação ao jogo não foi possível observar atividades a qual as crianças estivessem envolvidas, talvez devido à escassez de materiais pedagógicos oferecido pela escola, ou  mesmo pelo pequeno espaço disponível para essa atividade. Para Elkonin, o significado do  jogo na educação infantil é o de permitir que: 

A criança modele as relações entre as pessoas. O jogo é influenciado pelas  atividades humanas e pelas relações entre as pessoas e o conteúdo fundamental é o  homem, a atividade dos homens e as relações com os adultos. Ao mesmo tempo, ele  exerce influencia sobre o desenvolvimento psíquico da criança e sobre a formação  da sua personalidade (ELKONIN Apud FACCI, 2004. p.5). 

As atividades envolvendo os jogos infantis são importantes para o ensino e  aprendizagem da criança, pois contribuem para o “[…] desenvolvimento global da criança e  que todas as dimensões do jogo estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a  afetividade, a motricidade e a sociabilidade” (GORAIGORDOBIL Apud NEGRINE, 1994,  p.19).  

Diante dessa afirmação e da conversa com a professora percebeu-se que a mesma  acredita muito que o lúdico contribui para a aprendizagem das crianças, pois para ela: 

A criança aprende muito mais brincando do que propriamente aqui dentro da sala de  aula, só fazendo atividades escritas, sem envolver nenhum tipo de ludicidade na  tarefa. Alguns professores acham isso uma perda de tempo, não ver a criança como  uma totalidade. Eu acredito que o nosso papel aqui dentro da escola não é o de  moldar as crianças. É preciso deixá-los serem espontâneos e procurar desenvolver  atividades que sempre envolva o lúdico, já que sabemos que ele é um importante  recurso a ser usado na aprendizagem da criança. 

Nesse sentido, a ludicidade na Educação Infantil pode estar presente em todas as  atividades desenvolvidas no espaço escolar, seja dentro da sala de aula e/ou durante as  atividades recreativas, pois, além das crianças se sentirem alegres e motivadas, também  aprendem. 

Diante disso, precisa-se dar importância na elaboração de tarefas que estimulem as  crianças a aprenderem ao mesmo tempo em que brincam, pois ao trabalhar com atividades  lúdicas o professor permite que a criança brinca, joga, cria, inventa, imagina e convive com o  outro, assim, a brincadeira deixa de ser vista como uma passa tempo.  

Em relação às brincadeiras observadas no pátio durante a pesquisa percebeu-se que  houve interação entre as crianças e a professora, mas precisa melhorar, pois o lúdico vai muito mais além da interação entre aluno/professor. É preciso que as crianças da escola participem  juntas.  

As atividades em sala de aula, mesmo que o ambiente físico não proporcionasse o  desenvolvimento de um trabalho efetivo de interação com as crianças, a professora procurou  desenvolver da melhor forma seu trabalho. Buscou a interação uns com os outros, além dos  cuidados especiais com a higiene das crianças, pedindo sempre que fossem lavar as mãos, em  decorrência dos riscos da gripe A H1N1, devido alguns casos ocorridos na cidade. Esse  constante acompanhamento também está referendado pelos Referenciais Curriculares,  pois,em relação aos cuidados especiais e de higiene, encontramos as seguintes considerações: 

As crianças precisam ser lembradas para lavarem as mãos antes das refeições, após o  uso do banheiro, após a manipulação de terra, areia e tinta, assim como antes do  preparo de atividades de culinária. É fundamental o acesso à água, ao sabonete e a  toalha. As crianças nesta fase, na maioria das vezes, estão mais independentes em  relação ao controle de suas eliminações, mais ainda precisa de ajuda e orientação  para desenvolver habilidades e manter atitudes de higiene consigo mesma e com o  ambiente. (BRASIL, 1998, p. 45). 

Apesar dessa turma estar no primeiro ano de escola percebeu-se que a maioria das  crianças estavam bem adiantados em relação a aprendizagem, pois conheciam o alfabeto, os  números de 0 a 10 e sabiam escrever o nome.  

Durante as observações verificou-se que escola precisa oferecer às crianças um  ambiente agradável, rico em atividades lúdicas, entendendo que, além de ensinar a ler e  escrever, também é responsável por um desenvolvimento interativo entre as crianças e isso é facilitado em um local harmonioso. 

O que foi analisado no decorrer das atividades desenvolvidas na escola é que quando  as crianças brincam, exercitam a capacidades de atenção, concentração, imaginação e também  desenvolvem habilidades motoras, aumenta sua criatividade e interação, promovendo, desse  modo, o crescimento intelectual e social.  

Diante desses dados, a pesquisa demonstrou que ensinar as crianças por meio da  ludicidade auxilia no processo de conhecer e compreender diferentes conhecimentos. Dessa  forma, a Educação Infantil se torna fundamental para as crianças. Por isso quanto mais espaço  lúdico a escola oferecer, mais alegres e criativas as crianças vão procurarem a ser. 

Durante as entrevistas com a professora e diretora ficou evidenciado que as duas  veem a ludicidades como algo importante para as crianças, mas é um trabalho que depende de  todos os envolvidos com o contexto escolar.

Por isso, é fundamental que a escola procure integrar seus professores e que elaborem  projetos que envolvam todos. Que deixe de reforçar velhos paradigmas que apontam que o  professor sabe tudo e um não depende do outro. É preciso que alguns professores saibam  entender o mundo da criança, seus sonhos e desejos e, a partir daí, ensiná-las por meio do  lúdico. 

Ao concluir o artigo foi percebido importância do Lúdico na educação infantil, uma  vez que por meio dele as crianças descobrem caminhos que os levam ao mundo de fantasia o  qual ao passar o tempo chega ao lugar sonhado.  

O lúdico é um importantíssimo instrumento pedagógico, se o professor que fizer uso  dele tiver conhecimentos prévios em relação à dinâmica que irá desenvolver a criança.  Citamos também que na atividade lúdica visa aprendizagem por meio de brincadeiras e  brinquedos que dão prazeres de realização de maneira livre e motivando a educação melhor  para cada criança, e com isso também vem a importância do brincar que é extremamente  importante para o desenvolvimento da criança, pois expressa vontades e desejos que  proporciona uma vida saudável na infância.  

Assim, os benefícios do brincar é que a criança quando brinca tem de ser alegre,  saudável, inteligente, esperta, compreensiva e super amorosa, pois é deste de criança que  devemos ensinar como viver no mundo com amor. 

É importante que o professor transforme o brincar em trabalho pedagógico, seja  mediador do conhecimento. Aprenda o verdadeiro significado da aprendizagem com desejo e  prazer, pois para a criança é isso que torna o aprender mais significativo. Este é o principal  papel da escola, em especial o da Educação Infantil, ao proporcionar as crianças momentos  prazerosos, pois tudo que se aprende com prazer se torna significativo na vida das pessoas.


1As observações na escola ocorreram entre os dias 23/09 a 05/10/2023. 
2A entrevista com a professora foi realizada no dia 06/10/2023.
3A entrevista com a diretora da escola foi no dia 19/10/2023.


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VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. Acesso:  13 de maio de 2024


1Graduada em Recursos Humanos – Faculdade Sensu. Especializada em Gestão em Segurança Pública e
Privada – Faculdade Sensu. Acadêmica em Pedagogia – Faculdade Sensu. Acadêmica em Direito- UNIVAR.
Email-renathamalena16@gmail.conm.
1Licenciada em Pedagogia – UNEMAT – Especializada em Educação Básica – UNIVAR. Email –
inodipassinhos@hotmail.com.
1Licenciada em Pedagogia – Faculdade UNIVAR. Especializada em Psicopedagogia – FACIPAN. Email –
renata.jrp83@gmail.com.
2Licenciada em Pedagogia – UNIVAR. Especializada em Educação Infantil, Letramento e Alfabetização –
AJES. Email – julianaisabg@gmail.com.
2Licenciada em Pedagogia – UNIVAR. Especializada em Psicopedagogia Clínica Institucional – UNIVAR.
Email – deusilete.ps.bg@gmail.com.
2Licenciada em Pedagogia – UNIVAR. Especializada em Educação infantil com Ênfase em Educação
Especial – UNOPAR. Email – adarlene_ferreira2017@outlook.com.
2Licenciada em Pedagogia – Faculdade UNOPAR. Especializada em Educação Infantil e Especial –
FACIPAN. Email – iquelinimoreira@gmail.com.
2Licenciada em Pedagogia – Faculdade Anhanguera. Especializada em Educação Infantil e Letramento –
Faculdade Afirmativo – Email – suelainemoura60@gmail.com.
2Licenciada em Pedagogia – Faculdade Univar. Especializada em Interdisciplinaridade na Educação –
FIAVEC. Email – patriciasa636@gmail.com.
2Acadêmica em Pedagogia – UNICATHEDRAL. Email – santosvictoria924@gmail.com