A CONTRIBUIÇÃO DO EDUCADOR NAS DIVERSAS ÁREAS DA SOCIEDADE UM LEVANTAMENTO HISTÓRICO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248262125


Carlos Antônio Pereira da Silva1
Maria do Socorro Nunes Barros2
Mariluci de Oliveira Moraes3
Tânia Regina Santiago Neves 4


RESUMO

Objetivo: Descrever a importância do educador na estrutura da sociedade desde a sua formação nos primórdios do nascimento da civilização até a contemporaniedade e demonstrar que a sua inserção nas diversas áreas da sociedade é um benefício permanente para sua evolução.  Método: trata-se de uma revisão bibliográfica norteada pelas bases de dados: Redalyc, SciELO, entre os anos de 2007 e 2023. Adotando como critério de inclusão publicações relevantes ao tema de história da educação, sob a pergunta norteadora: Qual a contribuição da fundamentação do ensino e dos educadores na história da sociedade brasileira? Resultado: a sociedade brasileira foi fundamentada por educadores, inicialmente jesuítas cuja orientação era manter a autoridade, obediência, fé e tradição e posteriormente com a chegada da família real no Brasil a educação adotou a orientação de desenvolvimento científico e social, a evolução do processo educacional e a formação de educadores em diversas áreas da sociedade pavimentaram o crescimento educacional, social e econômico no Brasil. Conclusão: A educação no Brasil e a formação dos educadores passaram por mudanças significativas nos períodos históricos e sofreram alterações que tornaram possível elevar o grau de inclusão ao seu acesso com a modalidade de ensino EAD, o letramento digital e a Inteligência Artificial, entretanto os conceitos de equidade e igualdade são metas ainda utópicas no sistema de ensino no Brasil.  Palavras-chave: Educação; História; Sociedade.

INTRODUÇÃO

Os primórdios da educação tiveram seus registros na Grécia Antiga com os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, que discutiram a sua importância para a formação da sociedade. Ainda na Roma Antiga, a educação era centrada no desenvolvimento das virtudes cívicas e militares. (Gonçalves & Donatoni, 2007)

Na idade média com o cristianismo primitivo, houve a criação das primeiras universidades na Europa e seu foco era a formação religiosa e moral e forte distinção das camadas sociais. Com o renascimento e o iluminismo foi influenciada pelas ideias clássicas com aumento do interesse pela ciência e pelo conhecimento se distanciando da influência da igreja. (Gonçalves & Donatoni, 2007)

No século XVI a educação começou a ser vista como uma ferramenta para a formação de cidadãos e para o desenvolvimento econômico, as classes sociais sofreram fortes mudanças neste período. Já no século XIX o movimento de escolarização em massa tomou força, com a criação de sistemas nacionais de educação. A pedagogia passa a ser vista como ciência, e teóricos como Pestalozzi, Herbart e Froebel contribuíram com movimento. No século XX houve uma diversificação das teorias educacionais, com destaque para teóricos como Piaget e Paulo Freire (Gonçalves & Donatoni, 2007).

As TI’s assumiram o foco central das discussões e preocupações em todas as esferas do sistema de ensino, assim como, a inteligência artificial e seus impactos na vida humana. A Inteligência Artificial antes vista como futurista, está presente no dia a dia, mesmo que não totalmente compreendida. Suas benéfices e prejuízos estão sendo avaliados em tempo real em todos os campos, inclusive no sistema educacional. Para tanto, desta forma, promover a educação midiática e a educomunicação são pontos importantes a serem considerados no processo educacional do século XXI. (Moraes et al., 2023).

No século XXI o advento da internet trouxe a globalização e a expansão do ensino à distância, houve ainda a definição de 4 pilares para a educação de acordo com a UNESCO: “aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser”. Em uma era globalizada e digitalizada a educação passa por novos desafios ainda que, não tenha superado antigos obstáculos. A formação dos novos educadores enfrenta desafios equivalentes, é preciso que estes tenham familiaridade com as TI’s para que possam explorar as inúmeras possibilidades educacionais que ofertam e transpor os obstáculos que os diferentes níveis educacionais presentes no Brasil apresentam.

MÉTODO

Tratou-se de uma revisão bibliográfica entre os anos de 2007 e 2023, onde foram pesquisados, livros, dissertações e artigos científicos selecionados através da utilização das palavras-chave: Educação; História; Sociedade. Com busca nas bases de dados: Redalyc (Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal), SCIELO (Scientific Eletronic Library Online). Durante a pesquisa foram encontradas informações relevantes que corroboraram com o tema proposto.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No início do processo de colonização do Brasil, os jesuítas foram os primeiros a trazer algum tipo de escola para o Brasil, seus fundamentos estavam ligados ao humanismo e defendiam valores como autoridade, obediência, fé e tradição. Não visavam a evolução do indivíduo ou da sociedade, seu objetivo era perpetuar o modelo social e econômico colonial e extrativista. No século XVIII com a alteração do centro político e econômico mundial para a Inglaterra, os valores e ambições sociais também sofreram influências e passaram por transformações. Nesse contexto temos o Iluminismo que defendia valores fundamentais da classe burguesa: igualdade jurídica, tolerância religiosa ou filosófica, liberdade pessoal e social e propriedade privada. (Souza, 2018)

No Brasil temos o fortalecimento do Estado e a autonomia econômica, diminuindo a influência da nobreza e principalmente dos jesuítas (já expulsos de Portugal e de suas colônias). Com a chegada da família real no Brasil ainda colônia após 1800, a estrutura educacional sofre alterações com a criação de Academias Militares, escolas de Medicina e Direito, Bibliotecas e Museus, visão voltada para o desenvolvimento científico. No entanto mesmo com alterações significativas, o ensino brasileiro manteve a disparidade de acesso, acentuando ainda mais as diferenças nas classe sociais e econômicas. (Melo, 2012).

A partir de então apresentamos de acordo com a cronologia da sociedade brasileira algumas contribuições que a educação trouxe para diversas áreas, pavimentando a evolução educacional, social e econômica do país:

Faculdade de Direito de São Paulo 1647

Faculdade de Medicina do Bahia 1808

Academia Real Militar (Engenharia) 1810

Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) 1826

Faculdade de Direito do Recife 1854

Santa Casa do Rio de Janeiro (Fisioterapia) 1879

Imperial Colégio Militar da Corte 1889

Escola de Enfermagem Anna Nery 1923

Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (Nutrição) 1939  Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Psicologia) 1953

Seguindo a cronologia da educação e processo de ensino no Brasil chegamos ao século XX. A partir da década de 60, foram promulgadas várias leis com o intuito de estabelecer diretrizes no sistema de educação e ensino, entre elas a lei 4.440/68 (extinguiu a União Nacional dos estudantes) e criou o salário educação, lei 5.540/68, responsável pela reforma universitária. (Souza, 2018)

Sob a ótica de Otaíza, A partir do golpe militar de 1964, a educação no Brasil passou por várias mudanças significativas. O regime militar tinha como objetivo consolidar seu poder e estabelecer um sistema educacional que correspondesse aos seus objetivos de desenvolvimento econômico e controle social. Nesse cenário, o foco da educação foi direcionado para atender as necessidades do mercado e do sistema capitalista em desenvolvimento. (Romanelli, 2014)

Entre 1964 e 1968, o sistema educacional brasileiro enfrentou uma crise. A estrutura educacional não estava preparada para lidar com o rápido crescimento da demanda por educação, resultando em falta de recursos, infraestrutura inadequada e baixos salários para os professores. Esse cenário gerou insatisfação tanto entre os profissionais da educação quanto entre os estudantes. (Romanelli, 2014)

A reforma universitária de 1968 foi uma das principais ações do governo para reorganizar o ensino superior. Esta reforma tinha como objetivo modernizar as universidades, integrando-as ao projeto de desenvolvimento econômico do país. Foram estabelecidas novas diretrizes para os cursos, incentivos à pesquisa e maior ênfase na formação técnica e científica. (Romanelli, 2014)

A reforma do ensino de 1º e 2º graus também foi uma prioridade do governo militar. Foram implementadas mudanças curriculares que visavam a modernização e a adaptação do ensino às necessidades do mercado de trabalho. A educação básica passou a ter um enfoque mais técnico e profissional, preparando os alunos para ingressarem no mercado de trabalho de forma mais imediata. (Romanelli, 2014)

Na década de 70 a lei 5.692/71 (lei de diretrizes e Bases da educação Nacional). Nesse período evidenciou-se um crescimento quantitativo das universidades brasileiras. Essa lei apresentou problemas por vários motivos, entre os quais estavam a recusa da sociedade em aceitar estudos que privilegiavam o ensino científico sobre o acadêmico, a insuficiência de recursos financeiros, humanos e materiais para o funcionamento adequado dos cursos profissionalizantes a ausência de informações sobre a necessidade do mercado de trabalho. A lei 7.044/82 que substituiu a ideia presente nos objetivos da lei 5.692/71. (Souza, 2018).

Já no século XXI a contribuição do sistema de ensino digitalizado trouxe avanços significativos no sistema de saúde, o aprendizado do letramento digital, permitiu o letramento digital em saúde, cuja característica é a obtenção de informações a fim de avaliar a compreensão do indivíduo e assim ofertar melhora na qualidade de vida, uma vez que, quanto melhor é o letramento em saúde, maior é a proteção dos indivíduos e o controle das diversas doenças. (Mainardes et al., 2023).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação brasileira contou com a ajuda internacional, principalmente dos Estados Unidos, através de programas como a Aliança para o Progresso. Esse auxílio visava modernizar o sistema educacional e adequá-lo às necessidades econômicas do país, promovendo uma educação técnica e científica que pudesse contribuir para o desenvolvimento industrial.

Com a expansão capitalista no Brasil exigiu uma reformulação do sistema educacional para formar mão-de-obra qualificada. O governo militar implementou políticas que promoviam a educação técnica e profissional, visando aumentar a produtividade e a competitividade do país no cenário internacional.

O novo modelo universitário promovido pelas reformas além de introduzir a figura do crédito e do sistema de ciclos, incentivou a criação de universidades comunitárias e a ampliação da oferta de vagas, visando atender à crescente demanda por ensino superior. O ensino EAD, o letramento digital e a IA são pontos chave na modernização do ensino e na busca por novas ferramentas de ensino que possibilite a equidade e a igualdade desde sempre almejadas no sistema educacional. Desafio este enfrentado pelo processo educacional na transmissão do conhecimento e na formação dos seus educadores para superar tal problemática.

REFERÊNCIAS

Gonçalves, S., & Donatoni, A. R. (2007). Da história da pedagogia à história da educação: fatos e marcos em busca de (res)significação epistemológica. 4o Encontro de Pesquisa Em Educação e Congresso Internacional de Trabalho Docente e Processos Educativos,1(Novembro). https://revistasdigitais.uniube.br/index.php/anais/article/view/324

Mainardes, Y. C., Yamaguchi, M. U., & Mainardes, S. C. C. (2023). Vista do Relação do letramento digital em saúde e a COVID-19. Saúde e Pesquisa, 16. https://doi.org/https://doi.org/10.17765/2176-9206.2023v16n2.e11493

Melo, J. M. S. de. (2012). HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO – LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. In Ministério da Educação Universidade Aberta do Brasil Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (2a).https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/207142/2/Historia da educação.pdf

Moraes, C. H. de, Koffermann, M., & Raddatz, V. L. S. (2023). Educomunicação para democracia e cidadania. In Angewandte Chemie International Edition, 6(11), 951–952. Editora Edebê. http://repo.iain-tulungagung.ac.id/5510/5/BAB 2.pdf

Romanelli, O. de O. (2014). História da Educação no Brasil (40a). Editora Vozes. https://www.amazon.com.br/História-educação-Brasil-1930-1973/dp/8532602452

Souza, J. C. S. e. (2018, November). Educação e História da Educação no Brasil. Revista Educação Pública, 18(22), 1–5. https://doi.org/10.18264/REP


1 Mestranda, cs6522866@gmail.com

2 Mestranda, socorrobatalha.nues@gmail.com

3 Mestranda, marilucimoraes2@yahoo.com.br

4 Mestranda, santiagoneves.tania21@gmail.com