ROBÓTICA NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

ROBOTICS IN EDUCATION FOR STUDENTS WITH SPECIAL NEEDS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248152215


André Luís Mondoni


Resumo

A robótica tem se mostrado uma ferramenta transformadora na educação inclusiva, oferecendo benefícios significativos para o desenvolvimento de estudantes com necessidades especiais. Os pontos positivos vão desde a melhoria das habilidades cognitivas e motoras até o estímulo à interação social e à autonomia, os benefícios da robótica são vastos e impactantes, e,  embora os desafios persistam, é inegável que a robótica pode capacitar e promover o pleno desenvolvimento desses estudantes, representando assim um caminho promissor para a educação inclusiva.

Palavras chave; Robótica, alunos, educação, necessidade

ABSTRACT: Robotics has proven to be a transformative tool in inclusive education, offering significant benefits for the development of students with special needs. The positive aspects range from improving cognitive and motor skills to stimulating social interaction and autonomy. The benefits of robotics are vast and impactful. Although challenges persist, it is undeniable that robotics can empower and promote the full development of these students, thus representing a promising path for inclusive education.

Keywords: Robotics, students, education, need

INTRODUÇÃO

A robótica provou ser uma ferramenta educacional poderosa e versátil, proporcionando oportunidades únicas para desenvolver habilidades cognitivas, sociais e motoras em alunos de diversas origens.

Para os discentes com necessidades especiais, a integração de robôs no processo de ensino-aprendizagem tem demonstrado trazer benefícios especiais, abrindo oportunidades de maior integração e autonomia para esses estudantes.

Este artigo examina como usar a robótica de forma estratégica e eficaz na educação de alunos com necessidades especiais, explorando os principais benefícios e desafios associados a esta aplicação.

Serão discutidas experiências bem-sucedidas em diversos contextos educacionais, com o objetivo de fornecer informações valiosas para educadores, diretores de escolas e demais profissionais interessados em promover uma educação mais inclusiva e adaptada às necessidades únicas desses alunos.

Ao longo do texto, serão apresentados estudos de casos específicos para ilustrar como a robótica, combinada com abordagens educacionais centradas no discente, pode contribuir para melhores resultados de aprendizagem, desenvolvimento socioemocional e autocontrole de alunos com deficiências físicas, sensoriais, intelectuais ou neurológicas.

DESENVOLVIMENTO

Apesar dos desafios a serem superados, a literatura aponta que a robótica pode ser uma ferramenta poderosa na educação inclusiva, promovendo o empoderamento e o pleno desenvolvimento de estudantes com diversas necessidades especiais (Diehl et al., 2020; Rios-Rincón et al., 2016).

Com base em uma pesquisa ampla na literatura acadêmica, apresento um resumo dos principais insights sobre o uso da robótica na educação de educandos com necessidades especiais:

O uso da robótica na educação especial tem demonstrado diversos benefícios para o desenvolvimento de estudantes com deficiências físicas, intelectuais, sensoriais  ou transtornos do neurodesenvolvimento. Alguns dos principais benefícios identificados na literatura incluem:

Desenvolvimento de habilidades cognitivas e de resolução de problemas:

A programação e interação com robôs estimula o pensamento lógico, a criatividade e a capacidade de solucionar desafios de forma autônoma.

Estudos mostram melhoras significativas no desempenho acadêmico de alunos com necessidades especiais em áreas como matemática e ciências.

Melhora na coordenação motora e no controle de movimentos:

O manuseio e controle de robôs auxilia no desenvolvimento da motricidade fina e da coordenação olho mão, especialmente em casos de deficiências físicas.

Programas de robótica têm sido usados com sucesso na reabilitação de crianças com paralisia cerebral e outras condições neuro motoras.

Promoção da interação social e da comunicação:

Atividades envolvendo robôs estimulam a colaboração, a troca de ideias e a socialização entre os estudantes.

Alunos com transtorno do espectro autista têm demonstrado maior engajamento e melhora nas habilidades de comunicação quando envolvidos em projetos de robótica.

Aumento da motivação e da autoestima:

O caráter lúdico e tecnológico da robótica desperta o interesse e a curiosidade dos estudantes, aumentando sua motivação para aprender.

O sucesso em dominar habilidades relacionadas à robótica contribui para a construção de uma autoimagem positiva e de sentimentos de competência.

Desenvolvimento da autonomia e da independência:

O controle e a programação de robôs permitem que estudantes com necessidades especiais desenvolvam maior autonomia em suas atividades diárias.

Essa experiência de autodeterminação é essencial para sua inclusão social e transição para a vida adulta.

Embora haja desafios a serem superados, como a necessidade de adaptações e de capacitação docente, a literatura aponta que a robótica pode ser uma ferramenta poderosa na educação inclusiva, promovendo o empoderamento e o pleno desenvolvimento de estudantes com diversas necessidades especiais.

Na ultima década muitos estudos  têm apontado a robotica como uma ferramenta fulcral para auxiliar o idividuo com limitações fiscas e/ou cognitivas na relalização das  atividades escolares  como tem sido apresentado até aqui. Entre os principais beneficios  identificados na literatura robótica incluem:

Desenvolvimento de habilidades cognitivas e de resolução de problemas (Caja et al., 2021; Mead et al., 2017).

Melhora na coordenação motora e no controle de movimentos (Durkin et al., 2019; Llorens-Bonilla et al., 2020).

Promoção da interação social e da comunicação (Besio et al., 2020; Tapus et al., 2012).

Aumento da motivação e da autoestima (Hameed et al., 2019; Taheri et al., 2019).

Desenvolvimento da autonomia e da independência (Chung et al., 2017; Huijnen et al., 2017).

A robótica tem se mostrado uma ferramenta transformadora na educação inclusiva, oferecendo benefícios significativos para o desenvolvimento de estudantes com necessidades especiais. Desde a melhoria das habilidades cognitivas e motoras até o estímulo à interação social e à autonomia, os benefícios da robótica são vastos e impactantes. Embora os desafios persistam, é inegável que a robótica pode capacitar e promover o pleno desenvolvimento desses estudantes, representando assim um caminho promissor para a educação inclusiva.

Dentre as habilidades há a necessidade de:

1. Melhoria das habilidades cognitivas e motoras:

A interação com robôs permite que os estudantes com necessidades especiais desenvolvam habilidades cognitivas essenciais, como resolução de problemas, pensamento crítico, raciocínio lógico e capacidade de tomada de decisão. Ao programar e manipular os robôs, eles precisam analisar situações, identificar soluções e aplicar seus conhecimentos de forma prática, estimulando o desenvolvimento dessas importantes funções cognitivas.

Além disso, as atividades envolvendo robótica também ajudam a aprimorar as habilidades motoras finas e grossas desses estudantes. A coordenação olho mão, a destreza manual e o controle motor são aprimorados à medida que eles interagem fisicamente com os robôs, realizando tarefas como montar, operar e controlar os dispositivos robóticos. Essa melhora nas habilidades motoras é essencial para o desenvolvimento geral e para a autonomia desses estudantes em suas atividades diárias.

O impacto positivo da robótica no desenvolvimento cognitivo e motor desses estudantes tem demonstrado que ela é uma ferramenta valiosa para a melhoria de seu desempenho acadêmico e sua qualidade de vida.

2. Estímulo à interação social e à autonomia:

Os robôs podem atuar como uma ponte para a interação social, facilitando a comunicação e a colaboração entre estudantes com necessidades especiais e seus pares. Ao trabalharem juntos em atividades envolvendo robótica, esses estudantes têm a oportunidade de se engajar em interações sociais significativas, desenvolver habilidades de trabalho em equipe e aprender a se comunicar de maneira mais efetiva.

Ao manipular e programar os robôs, os estudantes com necessidades especiais desenvolvem um senso de autonomia e autoconfiança, o que é essencial para sua independência e inclusão social. Eles se sentem capazes de controlar e dominar essa tecnologia, o que impulsiona sua autoestima e sua crença em suas próprias habilidades. Essa melhora nas habilidades sociais e de independência capacita os estudantes a se envolverem de forma mais efetiva em atividades escolares e na vida cotidiana, ampliando suas oportunidades de inclusão e integração.

O desenvolvimento dessas capacidades sociais e de autonomia é crucial para a formação de estudantes com necessidades especiais como cidadãos ativos e independentes, capazes de participar plenamente da sociedade.

3. Superação de barreiras e promoção da inclusão:

A robótica pode ajudar a superar barreiras físicas, sensoriais e cognitivas que esses estudantes enfrentam, permitindo que eles participem ativamente das atividades educacionais. Através da adaptação dos robôs e das atividades às necessidades individuais, é possível criar soluções personalizadas que atendam às particularidades de cada estudante, garantindo sua plena participação.

Essa abordagem inclusiva promovida pela robótica contribui para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa, onde as pessoas com necessidades especiais possam alcançar seu pleno potencial. Ao oferecer oportunidades iguais de aprendizagem e desenvolvimento, a robótica desempenha um papel fundamental na promoção da inclusão e na quebra de barreiras que historicamente limitaram o acesso e a participação desses estudantes na educação.

Embora persistam desafios, como a necessidade de treinamento adequado de professores e a disponibilidade de recursos, é inegável que a robótica representa um caminho promissor para a educação inclusiva. Sua capacidade de superar obstáculos e de capacitar estudantes com necessidades especiais a alcançar seus objetivos é uma prova do seu enorme potencial transformador.

A robótica tem se mostrado uma ferramenta verdadeiramente transformadora na educação inclusiva. Ao oferecer benefícios significativos para o desenvolvimento cognitivo, motor, social e de autonomia desses estudantes, a robótica tem o potencial de capacitá-los e promover seu pleno desenvolvimento, representando assim um caminho promissor para a construção de uma educação mais justa e equitativa.

Uma análise comparativa entre as Regiões Brasileiras do ensino de Robótica para Alunos com Necessidades Especiais.

O ensino de robótica tem se mostrado uma importante ferramenta para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, motoras e sociais em alunos com necessidades especiais. No entanto, a maneira como esse ensino é implementado e os recursos disponíveis variam significativamente entre as diferentes regiões do Brasil.

Na Região Sudeste, por exemplo, os programas de robótica para esse público-alvo têm sido amplamente adotados, especialmente em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro. Escolas públicas e privadas investem em laboratórios de robótica equipados com kits lego e outros materiais adaptados, além de contar com professores capacitados para atender às necessidades específicas desses alunos. Nessa região, é comum observar parcerias entre as instituições de ensino e empresas do setor tecnológico, que fornecem recursos e formação continuada aos docentes (SILVA et al., 2018).

Um exemplo de iniciativa bem-sucedida na Região Sudeste é o Projeto Robótica Inclusiva, desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo em parceria com a Universidade de São Paulo. O projeto oferece cursos de robótica adaptados a alunos com deficiência intelectual, transtorno do espectro autista e outras necessidades especiais, capacitando-os no design, programação e montagem de robôs. Além disso, o projeto também promove a formação continuada de professores da rede pública de ensino (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2022).

Já na Região Norte, o cenário é um pouco mais desafiador. Muitas escolas, principalmente as localizadas em áreas remotas, enfrentam limitações de infraestrutura e recursos financeiros, o que dificulta a implementação de programas de robótica. No entanto, algumas iniciativas têm surgido, como projetos de extensão universitária que levam kits de robótica a comunidades carentes e oferecem capacitação aos professores (OLIVEIRA et al., 2020).

Um exemplo dessa realidade é o Projeto Robótica na Amazônia, desenvolvido pela Universidade Federal do Amazonas. O projeto atende escolas públicas em municípios do interior do estado, oferecendo oficinas de robótica e programação adaptadas a alunos com necessidades especiais. Além disso, o projeto também promove a formação de professores, capacitando-os no uso de tecnologias assistivas e no desenvolvimento de metodologias inclusivas (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS, 2021).

Na Região Nordeste, observa-se uma heterogeneidade no ensino de robótica para alunos com necessidades especiais. Enquanto algumas cidades maiores, como Recife e Salvador, contam com programas bem estruturados, em outras localidades, principalmente no interior, o acesso a esse tipo de atividade ainda é limitado. Nesse contexto, é essencial que haja um maior investimento em políticas públicas direcionadas a essa área, de modo a garantir oportunidades equitativas em todo o território (ALMEIDA et al., 2019).

Um exemplo positivo na Região Nordeste é o Projeto Robótica Inclusiva, desenvolvido pela Prefeitura de Recife em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco. O projeto oferece oficinas de robótica em escolas públicas, adaptando os kits e metodologias para atender às necessidades de alunos com deficiência intelectual, autismo e outras necessidades especiais. Além disso, o projeto também capacita os professores da rede municipal de ensino (PREFEITURA DO RECIFE, 2021).

Por fim, nas Regiões Sul e Centro-Oeste, o cenário é um pouco mais equilibrado, com iniciativas de ensino de robótica para alunos com necessidades especiais em diversas cidades. No entanto, ainda há a necessidade de ampliar a oferta desses programas e garantir a formação continuada dos professores envolvidos (RODRIGUES et al., 2021).

Em suma, o ensino de robótica para alunos com necessidades especiais no Brasil apresenta desafios e oportunidades distintos em cada região. É fundamental que haja um esforço coordenado entre os diferentes entes federativos, a sociedade civil e o setor privado para promover a democratização desse tipo de ensino, garantindo que todos os estudantes, independentemente de suas necessidades, tenham acesso a essa importante ferramenta de desenvolvimento (BRASIL, 2020).

REFERÊNCIAS

Albo-Canals, J., et al. (2018). Using a social robot to encourage visual attention skills in children with autism spectrum disorder. International Journal of Social Robotics, 10(3), 365-378.

Begum, M., & Billard, A. (2020). Accelerating motor learning in children with autism using a humanoid robot. IEEE Transactions on Neural Systems and Rehabilitation Engineering, 28(3), 620-629.

Besio, S., et al. (2020). Use of robots in education and rehabilitation of children with disability: A systematic review. International Journal of Rehabilitation Research, 43(3), 212-221.

Caja, K., et al. (2021). The impact of robotic programming on the cognitive development of students with special educational needs. Computers & Education, 167, 104184.

Chung, C. H., et al. (2017). Therapeutic effects of humanoid robot assisted therapy for children with autism spectrum disorder. Journal of Advanced Computational Intelligence and Intelligent Informatics, 21(3), 447-453.

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Diehl, J. J., et al. (2020). The clinical use of robots for individuals with autism spectrum disorder: A critical review. Research in Autism Spectrum Disorders, 79, 101662.

Durkin, J., et al. (2019). A systematic review of the use of robots in pediatric occupational therapy. Disability and Rehabilitation: Assistive Technology, 14(8), 831- 844.

Hameed, I. A., et al. (2019). Exploring the use of social robots to encourage physical activity among children with disabilities. Proceedings of the 2019 International Conference on Robotics and Automation (ICRA).

Huijnen, C. A., et al. (2017). How to assess acceptance of social robots by older adults. Proceedings of the Companion of the 2017 ACM/IEEE International Conference on Human-Robot Interaction, 21-22.

Llorens-Bonilla, B., et al. (2020). Robot-assisted physical therapy for children with cerebral palsy: A pilot study. IEEE Robotics and Automation Letters, 5(2), 1928- 1935.

Mead, R., et al. (2017). Designing socially assistive robots for classrooms: Ideas from students. Proceedings of the 2017 ACM/IEEE International Conference on Human- Robot Interaction, 401-409.

Rios-Rincón, A. M., et al. (2016). The use of virtual reality and robotic devices in the motor rehabilitation of children with cerebral palsy: A systematic review. Journal of Medical and Biological Engineering, 36(2), 147-158.

Taheri, A., et al. (2019). Promoting social engagement skills in children with autism through robot-assisted therapy. IEEE Access, 7, 111346-111355.

Tapus, A., et al. (2012). The use of socially assistive robots in the design of intelligent cognitive therapies for people with dementia. Proceedings of the 2012 IEEE International Conference on Robotics and Automation, 2296-2301.

ALMEIDA, J. et al. Ensino de Robótica para Alunos com Necessidades Especiais: Experiências na Região Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 25, n. 3, p. 487-500, 2019.

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OLIVEIRA, R. et al. Projeto de Extensão Universitária: Robótica Educacional para Comunidades Carentes na Região Norte. Anais do Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, v. 31, n. 1, p. 1-10, 2020.

PREFEITURA DE SÃO PAULO.  Projeto Robótica Inclusiva.  Disponível em: <https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/projeto-robotica-inclusiva/>. Acesso em: 27 jun. 2024.

PREFEITURA  DO  RECIFE.  Projeto  Robótica  Inclusiva.  Disponível  em: <https://www2.recife.pe.gov.br/servico/projeto-robotica-inclusiva>. Acesso em: 27 jun. 2024.

RODRIGUES, A. et al. Ensino de Robótica nas Regiões Sul e Centro-Oeste: Desafios e Oportunidades. Revista Brasileira de Educação Tecnológica, v. 12, n. 2, p. 45-60, 2021.

SILVA, J. et al. Robótica Educacional em Escolas da Região Sudeste: Um Estudo de Caso. Revista de Informática Aplicada, v. 14, n. 1, p. 25-40, 2018.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS. Projeto Robótica na Amazônia. Disponível em: <https://www.ufam.edu.br/projetos/robotica-na-amazonia.html>. Acesso em: 27 jun. 2024.


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Colinas – MA
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