A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NOS ANOS INICIAIS NA ESCOLA PÚBLICA: PERSPECTIVAS E DESAFIOS

THE IMPORTANCE OF TEACHING ENGLISH LANGUAGE IN THE EARLY YEARS IN PUBLIC SCHOOL: PERSPECTIVES AND CHALLENGES

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12735640


Darcy Cleide Bezerra da Silva1
Marta Isabel Canese de Estigarribia2


Resumo

O presente estudo se refere a importância da inclusão da disciplina de inglês no currículo escolar do ensino fundamental, na Escola Estadual Osmar Pedrosa no Estado do Amazonas- Manaus/Brasil. Com o rápido avanço das tecnologias e com a globalização emergente, torna-se fundamental a aquisição dessa língua nos anos iniciais, além de percebe-se que esses estudantes, já trazem para o ambiente escolar, alguns conhecimentos   a respeito da língua inglesa. Nesse direcionamento, teve-se como objetivo geral, analisar a importância da formação docente para a inclusão no currículo escolar a disciplina de língua inglesa nos anos iniciais do ensino fundamental. Essa pesquisa possui o enfoque misto, cujos participantes foram: 01 gestor, 03 professores e 16 pais. Diante dos resultados analisados, é possível pontuar que as questões que impedem a mudança no currículo escolar para a inserção do inglês nas escolas públicas estaduais no ensino fundamental, advêm da falta de políticas e da formação dos professores, bem como da falta de articulação da própria escola com a Secretaria de Educação.

Palavras-chave: Currículo. Formação. Inglês. Professor.

1 INTRODUÇÃO

Na atual sociedade, o ensino de inglês tornou-se um elemento fundamental para o acesso a um mundo cada vez mais tecnológico. Aqueles que dominam outras línguas, especialmente o inglês, destacam-se como profissionais altamente disputados pelas empresas. Vivemos em um país com uma imensa diversidade cultural, onde a convivência com pessoas de várias nacionalidades é constante em todos os segmentos sociais. Isso torna imprescindível inserir os estudantes em uma aprendizagem multilinguística desde cedo. Crianças, jovens e adolescentes estão cada vez mais conectados às novas tecnologias, configurando-se como uma geração que estabelece novas relações com o conhecimento, exigindo que as escolas adaptem suas práticas pedagógicas.

Os chamados “nativos digitais” ou “geração da Internet” estão constantemente conectados às redes sociais, buscando informações e conhecimento de maneira rápida e interagindo virtualmente com pessoas ao redor do mundo. Nesse contexto, os professores, especialmente os de língua inglesa, precisam se reciclar e refletir sobre a eficácia de sua formação inicial para enfrentar os desafios diários em suas práticas escolares. Silva (2019, p. 161) destaca que no contexto escolar brasileiro deve prevalecer a busca por práticas pedagógicas que promovam o caráter heterogêneo da língua, combatendo a crença em uma única forma correta de idioma.

O ensino da língua inglesa nas escolas públicas estaduais é pouco desenvolvido em termos de políticas educacionais que priorizem essa linguagem nos anos iniciais do ensino fundamental. Geralmente, o ensino de inglês é introduzido nos anos finais dessa etapa, sendo criticado por ser voltado à memorização, onde os estudantes decoram palavras apenas para se saírem bem nas avaliações. A pronúncia correta das palavras estrangeiras também é um problema, muitas vezes desconhecida até pelos professores, resultado da ineficácia da formação docente e da falta de ensino de inglês na formação inicial desses profissionais.

Este estudo visa discutir a importância da inclusão da disciplina de inglês no currículo dos anos iniciais do ensino fundamental nas escolas públicas estaduais. Entendemos que os estudantes dessa etapa precisam dessa competência para se inserir em uma sociedade inclusiva e desafiadora. Silva (2019, p. 160) argumenta que o inglês adquiriu um papel destacado em nível mundial na era da globalização, sendo essencial para a aquisição de novos conhecimentos e compreensão de outras culturas.

A inclusão do inglês desde os anos iniciais é fundamental, pois as crianças já interagem com novas tecnologias e muitas vezes não compreendem conteúdos disponíveis em inglês, como sites de busca, filmes e músicas, perdendo oportunidades de aprendizado. A proposta deste estudo é analisar a importância desse ensino na percepção dos professores, gestores e famílias, especificamente na Escola Estadual Osmar Pedrosa no Estado do Amazonas.

A pesquisa aborda as seguintes perguntas: Qual a importância do ensino da língua inglesa nos anos iniciais? Que importância e sentido os professores atribuem ao aprendizado de inglês? Como as famílias compreendem o papel do inglês no mundo atual? De que forma o gestor escolar pode viabilizar o ensino de inglês no currículo dos anos iniciais?

O objetivo geral é analisar a inclusão da disciplina de inglês no currículo escolar dos anos iniciais do ensino fundamental na Escola Estadual Osmar Pedrosa. Os objetivos específicos incluem identificar a importância atribuída pelos professores ao aprendizado de inglês, verificar a opinião dos pais sobre essa inclusão e averiguar a concepção dos gestores em relação ao ensino de inglês.

A viabilidade técnico-científica do estudo baseia-se no domínio das competências linguísticas necessárias para a comunicação e troca de informações. A viabilidade econômica é assegurada pelo financiamento próprio da investigadora, e a viabilidade institucional-social é garantida pelo cumprimento dos regulamentos éticos da instituição pesquisada. As possíveis limitações incluem a escassez de publicações acadêmicas sobre o tema e as restrições impostas pela análise dos dados obtidos.

A pesquisa está estruturada em seções que abrangem a introdução do objeto de pesquisa, o referencial teórico, os aspectos logísticos e técnicos do quadro empírico, a análise e discussão dos resultados, e as conclusões e recomendações para futuras pesquisas, destacando a importância da inclusão do ensino de inglês desde os anos iniciais no currículo das escolas públicas.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

Com bases nas consultas realizadas, a respeito da importância do ensino de Língua Inglesa no ensino fundamental nos anos iniciais na escola pública no Estado do Amazonas, foi constatado que não há   nenhuma publicação a respeito dessa temática. 

Com as tecnologias inseridas cada vez mais no sistema de educação, exige-se que os estudantes adquiram domínio da língua inglesa, isso porque a linguagem tecnológica é outra e o seu uso e a sua interpretação são as essências para se adentrar nesse mundo de grandes transformações, como bem relata, Menezes (2019, p.1) ao citar que,  “as inovações tecnológicas sempre foram vistas com reservas por uns e com entusiasmo por outros, mas é inquestionável a sua relevância no ensino de línguas modernas”. Nessa concepção  é possível afirmar, que quem não compreende o vocabulário inglês, apresenta problemas em compreender a linguagem tecnológica, tais como: Bit, cache, Cookie, Download, Home Page, dentre outras, utilizadas a todo instante pelos internautas em qualquer parte do mundo. 

Esse entendimento vai de encontro com os que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Inglesa – PCN (Brasil, 1998 p.15), ao citar que o ensino da Língua inglesa “é uma possibilidade de aumentar a autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão, […] por isso mesmo, ela deve centrar-se no engajamento discursivo do aprendiz, ou seja, em sua capacidade de se engajar e engajar outros no discurso, de modo a poder agir no mundo social”.  Para tal, precisa-se levarem consideração que as “práticas voltadas ao ensino monolítico da língua inglesa sejam repensadas e deem lugar à diversidade e multiplicidade da língua inglesa” (Silva, 2019, p.165). 

Nessa perspectiva, o inglês enquanto língua se destaca principalmente ao navegar-se pela internet, fato que tem provocado mudanças no cotidiano das pessoas, levando-as   a buscarem informações, seja na aquisição de um eletrodoméstico, ou mesmo na compra de um celular aprimorando suas competências linguísticas.  

Sob desse olhar, afirma Menezes (2019, p.1) que, “o interesse pelas tecnologias digitais cresceu e, hoje, elas estão presentes no ensino de línguas e na pesquisa do norte a sul do país”, daí é que não se pode mais negar esse conhecimento ao estudante.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais -PCNs, encontra-se um conjunto de temas centrais que precisam ser trabalhados pelo professor como: “a cidadania, a consciência crítica em relação à linguagem e os aspectos sociopolíticos da aprendizagem de Língua Estrangeira” (Brasil, 1998, p.24). 

Essas propostas, estão articuladas, “com os temas transversais, notadamente, pela possibilidade de se usar a aprendizagem de línguas como espaço para se compreender, na escola, as várias maneiras de se viver a experiência humana” (Brasil, 1998, p.24).  Assim, o processo do ensino de língua Inglesa (LI) passa a ser visto como uma forma de ampliar os horizontes culturais e profissionais de um indivíduo. 

Por meio da LI, é que as teorias se concentram em proporcionar aos estudantes uma competência comunicativa que lhes favoreçam desenvolver-se no ambiente social, cultural e ao mesmo tempo laboral exigindo desses, noções e funções linguísticas quanto ao uso apropriado das expressões. Tais usos são necessárias nas situações cotidianas de comunicação e de interlocutores, no qual, a teoria de ensino do inglês assemelha-se com o caminhar para uma abordagem comunicativa.

Nesse sentido, é relevante dizer-se que o indivíduo precisa conectar-se com as novas maneiras de se comunicar para que se produza sentidos em língua inglesa. 

Isto posto, o ensino do inglês passa a ser concebido como mais uma disciplina que deve ter como proposta, o ensino da pronúncia das palavras contextualizando-as como ensino de sua língua materna, no caso, a portuguesa, contribuindo para os estudantes se familiarizarem com o ensino de inglês desde muito cedo, como já acontece há bastante tempo nas escolas privadas.

2.1. Breve Histórico do Ensino da Língua Inglesa no Brasil

Estudos apontam que aproximadamente 430 milhões de pessoas no mundo são falantes nativos, e 950 milhões não nativos (Giordan, 2021). Isso quer dizer que uma entre cinco pessoas no mundo fala o inglês, sendo essa como sua língua nativa ou como segunda língua.

Buscando compreender como se deu o início do ensino de língua estrangeira no Brasil, estudos apontam que teve início no século XIX, tornando obrigatório o ensino de duas línguas, a inglesa e francesa (Cassoli, 2020). 

Nesse período o método usado para a língua inglesa era o Gramática-tradução ou também conhecido como Método Clássico, que tinha como finalidade capacitar seus aprendentes a se comunicarem oralmente e como também por escrito.  Na tradução de textos para estudar as regras gramaticais. Nesse método o professor utilizava a língua materna na sala de aula. Tal método foi oriundo da Alemanha, e nos Estados Unidos foi chamado de Método Prussiano (pois acreditava-se que as crianças poderiam ser manipuladas). Nesse processo, o Método Gramática-tradução tinha o objetivo de criar uma disciplina intelectual e não o preparo para a mão de obra (Cassoli, 2020). Nessa metodologia os estudantes eram estimulados ao decoreba de regras gramaticais e listas de vocabulário, metodologia ainda utilizada atualmente nas escolas públicas. 

Em 1931, com a Reforma de Francisco Campos, o ensino de línguas modernas passou a ter mais ênfase, e nesse período o Método Direto foi adotado (Cassoli, 2020). Nesse novo método, o professor em sala de aula conduzia suas ações e metodologias somente na língua alvo e era ensinado apenas o vocabulário do cotidiano. O professor, ensinava as expressões concretas fazendo demonstrações por meio de objetos e figuras e as expressões abstratas se associavam às ideias.  A gramática era ensinada por indução e dessa forma, novos assuntos eram introduzidos oralmente; conversação e compreensão oral eram ensinadas, e a correta pronúncia e gramática eram enfatizadas (Polidorio, 2022).

Como se observa, o ensino da língua inglesa era precário, e não preparava o estudante a ser bilingue, a ter domínio total dessa língua. A prática adotada pelo professor era ineficaz, como vem acontecendo ainda nos dias de hoje.

Em 1942, com a Reforma Capanema houve um novo olhar para o ensino de línguas estrangeiras, e o principal desse é que se aumentou a sua carga horária para 35 horas semanais. Nessa Reforma, as habilidades de ler, escrever, compreensão oral e comunicação eram trabalhadas (Polidório, 2022). 

Mais adiante, com as primeiras versões da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -LDB (1961 e 1971), excluíram as línguas estrangeiras (LE) modernas das disciplinas obrigatórias, deixando a decisão desse ensino sob a responsabilidade dos Conselhos Estaduais, era os Conselhos que decidiam qual língua estrangeira seria ministrada nos sistemas de educação (Polidório, 2022).

Já a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (LDB), mudar essa realidade e determina a obrigatoriedade do ensino de uma língua estrangeira no ensino fundamental (anos finais) e no Ensino Médio, deixando a escolha de qual língua estrangeira vai ser ensinada no ensino fundamental   a cargo da comunidade escolar, conforme expressa-se a seguir:

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

§ 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.

Em relação ao Ensino Médio, o art. 36, inciso III estabelece a obrigatoriedade de uma Língua Estrangeira (LE), com a possibilidade de uma segunda língua optativa, de cordo com as disponibilidades da instituição:” § 3.º Será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição”. 

No decorrer desse tempo até os dias atuais, fica claro que as escolas públicas ainda não estão preparadas para ofertar um aprendizado eficaz do ensino de inglês, incluindo aí o trabalho do professor na sala de aula. Além disso, outros fatores estão implicados, como por exemplo: as dificuldades inerentes ao professor em disseminar o conhecimento de um idioma que muitas vezes ele não tem o domínio e nem faz parte de seu próprio cenário cultural e social e de sua formação inicial. É um sério problema que precisa de maiores debates e aprofundamentos, porque quem fala e entende bem o inglês tem maiores possibilidades de ascender profissionalmente, e esse é um dos papéis da escola, o de preparar seus aprendentes para a vida profissional com sucesso.  

Mesmo que se enfatize a importância dessa língua na vida das pessoas, o panorama que se vê, é um ensino carregado de incertezas e ineficiência em que o estudante não aprende como deveria aprender.  

Segundo os PCNs (1998, p.38), “a aprendizagem de Língua Estrangeira no ensino fundamental não é só um exercício intelectual em aprendizagem de formas e estruturas linguísticas em um código diferente; é, sim, uma experiência de vida, pois amplia as possibilidades de se agir discursivamente no mundo”.  Dentro desse entendimento, fica claro que a escola pública ainda não tem sido o motivador para a aprendizagem dessa disciplina escolar.

A luz desse pensamento, pode-se notar que dentro do processo de ensino-aprendizagem do ensino de inglês, só é possível chegar à construção de um aprendizado eficaz, quando, tanto o professor quanto o estudante, conseguirem permear experiências, expressões e sentidos no cotidiano escolar. 

Aprendendo o inglês, o estudante se torna capaz de consumir informações vindas de todas as partes do mundo e ao mesmo tempo, ter a oportunidade de concorrer de forma igual num mercado cada vez mais competitivo.

2.2. Desafios e Importância da Formação Docente para o Ensino de Língua Inglesa no Brasil

A qualidade da educação no Brasil, particularmente no ensino de Língua Inglesa, tem sido objeto de intensas discussões ao longo dos anos. A necessidade de adquirir competências em inglês é amplamente reconhecida, especialmente em um mundo cada vez mais globalizado. No entanto, a ineficiência flagrante do sistema educacional em proporcionar um ensino eficaz de inglês é um problema persistente. Segundo Polidório (2022), mesmo profissionais que deveriam ter boa fluência apresentam dificuldades, refletindo a precariedade do ensino de inglês nas escolas brasileiras.

A ausência de professores capacitados e a falta de planejamento e projetos que incentivem o ensino dessa língua são fatores críticos. Além disso, a pouca importância dada ao ensino de inglês por outras disciplinas contribui para a descrença na sua eficácia. Essa falácia afeta tanto o ensino fundamental quanto o médio, em instituições públicas e privadas. As queixas sobre o ensino de inglês são recorrentes, sugerindo que a disciplina é frequentemente ministrada apenas como complemento da carga horária de Português, o que prejudica a formação dos alunos para atuar no mundo social.

A incapacidade das escolas em oferecer uma educação de qualidade em inglês priva os estudantes de acessar o mundo moderno e dominar competências essenciais. Rech (2018) destaca a importância das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) na mediação da aquisição de uma segunda língua. O uso da tecnologia pode promover a integração de diferentes saberes, facilitando a aquisição de novas linguagens.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Estrangeira (1998) aconselham que o ensino de inglês deve ser comparado à língua materna para promover a construção de significados. A globalização torna o inglês uma língua fundamental para a vida das pessoas, sendo a língua da comunicação internacional. Silva (2019) enfatiza a necessidade de maior conscientização sobre o papel do inglês na sociedade globalizada, destacando sua importância política, econômica, cultural e social.

Entretanto, a formação docente enfrenta desafios significativos. Muitos futuros professores entram na graduação com uma formação baseada em abordagens estruturais e gramaticais, sem a devida preparação prática. A falta de integração entre teoria e prática na formação docente é um grande entrave. Os estudantes, especialmente de escolas públicas, veem na escola a única oportunidade de aprender inglês, esperando um ensino que os qualifique.

Para enfrentar essa realidade, o sistema educacional brasileiro deve investir em uma formação coesa que prepare os professores para ensinar de forma reflexiva e prática. A formação continuada dos docentes é essencial. Os PCNs aconselham um processo permanente de aperfeiçoamento que articule teoria e prática. A formação docente deve ser indissociável, utilizando estratégias educacionais que favoreçam a compreensão dos significados e a integração entre teoria e prática.

Rajagopalan (2018) aponta que o ensino de inglês deve considerar os impactos da globalização, preparando os estudantes para lidar com a diversidade cultural e linguística. A formação docente deve desenvolver habilidades de orientação e acompanhamento das aprendizagens, valorizando os conhecimentos discentes e oferecendo uma formação integral que atenda à diversidade e às demandas sociais. Isso exige que os professores adotem uma postura reflexiva, situando o conteúdo de forma a permitir que os estudantes compreendam o que é ensinado.

Dessa forma, é evidente que o professor de inglês exerce uma função singular e relevante para a eficácia da aprendizagem. Contudo, para que esse ensino deixe de ser meramente tradicional e repetitivo, é necessário que os professores estejam bem preparados e motivados a ensinar de forma significativa. Isso implica uma formação contínua e uma prática pedagógica que valorize a construção do conhecimento de forma crítica e reflexiva.

Em suma, a melhoria do ensino de inglês no Brasil depende de uma formação docente sólida, contínua e integrada. Somente assim será possível superar os desafios e proporcionar um ensino de inglês que prepare os estudantes para uma participação ativa e crítica no mundo globalizado.

2.3. O Ensino de Inglês nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e a Questão do Currículo Escolar no Contexto Globalizado

A escola, por natureza, é o lugar onde os aprendizes desenvolvem suas potencialidades físicas, cognitivas e afetivas por meio da aprendizagem dos conteúdos abordados pelo professor. Esses conteúdos devem ser mediados de forma contextualizada, tanto individualmente quanto coletivamente, respeitando-se o momento de cada aprendiz. No entanto, esse desenvolvimento muitas vezes não tem sido concretizado devido às mudanças sociais, à complexidade do conhecimento, à aprendizagem e compreensão da dinâmica contextual e das novas tecnologias, que impõem ao professor assumir posturas investigativas e cooperativas voltadas para uma educação possível em um futuro muitas vezes considerado impossível.

Apesar de alguns professores conceberem que a aprendizagem significativa é para poucos, as possibilidades de aprendizagem só se ampliam na sala de aula quando há efetivamente um envolvimento não somente dos estudantes, mas também do professor. Muitas vezes, o envolvimento de todos não ocorre de forma satisfatória porque grande parte dos professores não se preocupa com a formação social do estudante e até compartilha a ideia de que estes são incapazes de aprender, uma vez que já possuem dificuldades em aprender sua própria língua materna, o português.

Nesse emaranhado de obstáculos, quem perde é o estudante que chega ao ensino superior apenas decorando algumas palavras e pronunciando-as de forma errônea. Tendo em vista que o ensino de inglês deve se dar de forma articulada, Caetano (2020) diz que as orientações curriculares dessa disciplina requerem um tratamento especial para a compreensão sobre as identidades dos participantes do processo de ensino-aprendizagem de inglês, nesse caso, o aluno. Dessa forma, “a perspectiva dialógica da linguagem pressupõe o diálogo tanto como uma forma específica da comunicação discursiva quanto da comunicação discursiva” (Lima, 2021, p. 145).

Para Santana, Júnior e Francelino (2020), a abordagem dialógica tem demonstrado que há diversas possibilidades de análise das manifestações de linguagem, e que os diversos enunciados podem ser compreendidos sem uma perspectiva discursiva. Nessa perspectiva, adotar uma abordagem dialógica no contexto da sala de aula no ensino de língua inglesa remete a uma ação tática e reflexiva do professor, possibilitando a construção de sujeitos reflexivos e atuantes para agir no mundo como um todo. Daí a importância do ensino dessa língua na contemporaneidade e sua inserção no currículo é fundamental nos anos iniciais, permitindo que a escola reflita sobre aspectos relevantes que realmente inserem o indivíduo no mundo globalizado.

Sabe-se que os estudantes têm a oportunidade de se alfabetizar durante os três primeiros anos do ensino fundamental, amparados pelo Plano Nacional de Educação (PNE), lei 13.005/2014, em sua Meta 5. Nesse sentido, espera-se que, ao chegarem ao quinto ano, segunda etapa dos anos iniciais, os estudantes consigam ler com fluência, bem como interpretar os mais diversos tipos de gêneros textuais. A partir daí, torna-se possível a inclusão de uma língua estrangeira no currículo.

Diante dessa visão, o ensino de inglês nos anos iniciais torna-se fundamental porque o mundo é marcado por uma sociedade imediatista. Dominar o inglês significa também dominar os saberes linguísticos dessa língua, e a escola precisa oferecer esses conhecimentos aos seus aprendentes desde cedo.

Falar sobre a questão do currículo escolar exige, antes de tudo, perceber os avanços obtidos pelo sistema educacional ao longo dos tempos. Mesmo diante do panorama atual da educação, compreende-se que ainda há um longo caminho a ser percorrido para se alcançar os objetivos propostos, especialmente o de preparar e incluir os estudantes na sociedade com suas diversas nuances sociais e o avanço tecnológico expressivo.

Nesse entendimento, é possível compreender que as transformações que vêm ocorrendo refletem de forma direta no campo da educação e, em especial, no currículo. O termo currículo provém do latim “curriculum”, que quer dizer ‘percurso’, ‘trajetória’, ‘caminho’ (Franchet, 2019). Esse termo foi introduzido simbolicamente no Brasil em meados de 1954 pelos jesuítas, trazendo um plano organizado de estudo – o Ratio Studiorum – contendo regras básicas permeadas pela ideologia do homem tradicional que conduzia a ação pedagógica. Após a Revolução Industrial, o currículo passou a fazer parte do âmbito educacional, sendo um elemento norteador de todo o processo educativo.

Ao longo do tempo, o currículo sofreu influências dos diversos momentos históricos no Brasil e passou a apresentar inúmeros conceitos e significados, carregados de intenções e interesses associados às relações de poder vigentes nas diferentes épocas. Desse modo, “como toda prática curricular é parte de uma determinada política educacional marcada por lutas ideológicas e por disputas culturais pelo exercício do poder, não é possível dissociar educação, currículo, ideologia, cultura, poder e política” (Soares, 2021, p. 1). O currículo é entendido como um caminho no qual a escola percorre para alcançar seus objetivos.

Portanto, ele é usado tanto dentro da sala de aula quanto fora dela, de várias maneiras e com sentidos variados. Assim, não pode ser estático e deve ser acompanhado de mudanças sempre que a sociedade requerer. Nessa perspectiva, é importante ressaltar que deve haver uma tentativa de mudança de proposta de um currículo estático para um currículo integrado, que prevaleça o ensino da língua inglesa, rompendo barreiras conceituais e compreendendo a relação desse ensino e suas especificidades com as demais áreas do saber.

Diante do reconhecimento de uma sociedade cada vez mais informatizada, deve-se reconhecer que isso vem acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos habilidades e competências, o que exige da educação uma abordagem diferente em que o saber de novas línguas não poderá ser ignorado. Nesse sentido, é importante enfatizar que tal currículo esteja em conformidade com as orientações apresentadas pelos PCNs e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, documentos de grande importância para a reformulação das atividades docentes, facilitando um ensino-aprendizagem qualificado com a inclusão do inglês, tornando-o um elemento decisivo para o processo de comunicação nessa sociedade.

Pode-se ressaltar que o currículo é um elemento primordial do processo educativo, sendo um elemento intencional, orientado em função dos objetivos pretendidos, e um instrumento de poder. As mudanças que vêm ocorrendo na sociedade e no sistema educacional mostram que é preciso repensar o currículo, principalmente pelo viés da formação docente.

O currículo é um documento que possibilita ao professor compreender o modelo de aula que está sendo desenvolvido. Por meio do currículo, o professor desenvolve seu trabalho em sala de aula, refletindo e contextualizando todo o conteúdo a ser transmitido, deixando de lado práticas ultrapassadas e utilizando uma prática na qual o professor também aprende com os estudantes. De acordo com Soares (2021, p. 135-136):

“O currículo escolar cumpre o papel de organizar as práticas educativas a partir da elaboração de um conjunto de intencionalidades pedagógicas. Nesse sentido, a educação, a escola e o currículo articulam concepções de sujeitos e de relações permeadas por visões de mundo, de poder, de cultura que orientam as políticas educacionais, escolares e curriculares.”

Nesse contexto, o professor, embasado pelo currículo, deve propor metodologias e temáticas diferentes, trabalhando não apenas com o que é pré-determinado pelas secretarias de educação, mas também com outras temáticas, buscando desenvolver por meio de suas práticas. Atualmente, não se pode conceber o currículo escolar como algo que não seja integrado aos anseios de uma sociedade que clama por uma educação qualitativa, norteada pelo processo globalizado, a fim de preparar os estudantes para competir nessa mesma sociedade globalizada. Um ensino não voltado à disseminação de conteúdos descontextualizados, aplicados de forma artificial, sem observar e perceber as brechas e lacunas que dificultam o processo de aprendizagem e, consequentemente, a apropriação do saber.

Nesse contexto, o currículo deve ser criterioso e flexível, adequando-se aos anseios da escola, contribuindo de forma significativa para a apropriação de saberes e fortalecendo o desenvolvimento das capacidades individuais do estudante. O comportamento humano é movido pela informação, e como tal, esse conhecimento ultrapassa os muros da escola e se estabelece em diversas esferas da sociedade por meio das experiências do estudante.

Esse desejo revela que tanto o professor quanto o currículo precisam exercer novos papéis que atendam às exigências dessa sociedade. Por isso, cabe à escola inserir no currículo outras formas de linguagens, oportunizando aos estudantes a familiarização com diversos contextos a partir dos mais variados recursos existentes, contribuindo desde cedo para a apropriação desses saberes, tornando-os sujeitos mais comunicativos, críticos e autônomos.

Essa concepção mostra claramente que o currículo está atrelado à função social da escola, norteando o conhecimento e selecionando saberes fundamentais para a formação de cidadãos aptos a atuar na sociedade onde vivem. Portanto, é um elemento indispensável no interior da escola, abrangendo todos os temas que permeiam as relações humanas, possibilitando esclarecer, conscientizar e valorizar as diversidades sociais e culturais dos aprendentes.

Nessa mesma direção, vale pontuar que o currículo precisa estar entrelaçado com os documentos oficiais da educação brasileira, como a LDB (1996), os PCNs (Brasil, 1998) e a BNCC (Brasil, 2017).

3 METODOLOGIA 

Este capítulo descreve a metodologia utilizada na pesquisa, que busca entender a importância do ensino de Língua Inglesa nos anos iniciais da escola pública, suas perspectivas e desafios. Pesquisa é definida como um procedimento formal, reflexivo e científico que visa conhecer a realidade ou descobrir verdades parciais (Marconi e Lakatos, 2010). A pesquisa adotou uma abordagem descritiva e de natureza não experimental. Segundo Naves (1998), este tipo de pesquisa inclui estudos de causa e efeito, bem como pesquisas descritivas que buscam estabelecer relações entre variáveis. Em pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem interferência do pesquisador (Prodanov e Freitas, 2013). O enfoque misto, conforme Campoy (2005) e Creswell e Plano (2011), combina métodos qualitativos e quantitativos para proporcionar uma compreensão múltipla da realidade estudada.

A pesquisa foi realizada na Escola Estadual Osmar Pedrosa, em Manaus, Amazonas. Esta escola pública, que atende estudantes do Ensino Fundamental I e II, foi escolhida devido à sua relevância e desempenho educacional. A investigação focou na Escola Estadual Osmar Pedrosa, envolvendo um gestor, três professores do 5º ano do Ensino Fundamental e trinta pais de estudantes dessas turmas. O gestor escolar, responsável por liderar, orientar e coordenar as atividades docentes, foi um participante chave. Sua liderança é essencial para propor mudanças no currículo escolar, incluindo a introdução do ensino de inglês. Três professores do 5º ano foram incluídos na pesquisa. Eles são fundamentais no processo de ensino-aprendizagem e podem instigar o interesse dos alunos pelo ensino de inglês. Trinta pais de alunos do 5º ano participaram, dado que seu envolvimento no processo de aprendizagem é crucial. Segundo Spodek e Saracho (1998), uma parceria entre pais e escola amplia o trabalho educativo para além da sala de aula.

A coleta de dados foi realizada através de questionários semiestruturados. O questionário incluiu perguntas abertas e fechadas, destinadas ao gestor, professores e pais. As perguntas abertas permitiram liberdade de resposta, enquanto as fechadas ofereceram opções específicas. A coleta de dados envolveu a tabulação e análise das informações obtidas. O procedimento para coleta de dados consistiu em analisar o material coletado para observar possíveis falhas e corrigi-las antes de expor os significados encontrados. A análise e interpretação de dados visam transformar as informações coletadas em conclusões significativas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Antes de iniciar   a tabulação dos dados desses participantes, é preciso mencionar que apenas 16 pais/responsáveis quiseram participar da pesquisa. Sendo assim, o fato de ter-se mencionado no capítulo anterior 30 pais/responsáveis, não foi possível pela desistência de   14 desses. Dessa forma, apenas 16 pais/responsáveis responderam aos questionamentos dessa pesquisa.

Gráfico 1: Grau de instrução

Fonte: Coleta de dados do autor

Diante do gráfico 1, é possível constatar que na formação acadêmica dos participantes, o ensino médio prevalece. Contudo, segundo também se observa que o ensino superior aparece com 5(cinco) pais que o possui. Isso vem mostrar que as pessoas tem buscado a universidade na busca do conhecimento mais sistematizado, ampliando a visão que possuem   em relação ao mundo.

4.1. A percepção dos pais/responsável a respeito de quando a criança deve iniciar o ensino de inglês na escola e sua importância social

 Durante os primeiros anos de vida, os órgãos do corpo humano vão se desenvolvendo   e aos poucos   se preparam para a vida adulta. Dessa forma, a melhor fase de aprendizado do ser humano é logo nos primeiros anos de vida até a adolescência, isso porque o cérebro vai se desenvolvendo nesse período. É na infância   que a criança deve ter os primeiros contatos com uma língua estrangeira, o que contribui para assimilação dessas aprendizagens. 

  Para Piaget (1976) a aprendizagem e o desenvolvimento são autorregulados e considera a linguagem falada como manifestação da função simbólica, quando o indivíduo usa a capacidade de empregar símbolos para representar, refletindo no   desenvolvimento intelectual, mas não o produz. 

Dentro desse entendimento, perguntou-se aos participantes sobre “a partir de que etapa da educação deve-se começar o ensino de inglês na escola”.

Gráfico 2: Percepção dos pais sobre quando deve-se iniciar   o ensino de inglês na escola

Fonte: Coleta de dados do autor

Como se pode observar, 12  pais responderam que o ensino de inglês deve se iniciar na educação infantil. Para Piaget (1976), a aprendizagem decorre do estágio de desenvolvimento alcançado pelo sujeito e a aprendizagem beneficia o desenvolvimento das funções mentais (Vygotsky, 2002), portanto, as crianças aprendem pela interação com o professor e com os colegas. 

É a partir da infância que a escola deve inserir no cotidiano escolar novas línguas, na perspectiva de familiarizar   a criança com o contexto social, a que ela faz parte. 

Nessa mesma linha de raciocínio perguntou-se, “qual era a   melhor opção que representava a opinião dos pais sobre o estudo de inglês na vida de seu(a) filho(a)”:

Gráfico 3: A importância do ensino de inglês na vida do filho(a)

Fonte: Coleta de dados do autor

Analisando o gráfico acima, fica evidente 14 pais, compreendem que o ensino de língua inglesa é importante para os filhos. Esse entendimento encontra-se presente na fala de Perissé (2004), ao enfatizar   que a língua inglesa é considerada mundial e quem não desenvolver a competência de uma segunda língua estará fadado ao isolamento e a alienação. Essa concepção por si só, já revela a importância desse ensino, logo nos primeiros anos de vida escolar. Ainda nesse mesmo entendimento, perguntou-se: “Seu (a) filho (a) sabe falar a língua inglesa”

Gráfico 4:  domínio da língua inglesa pelos filhos

Fonte: Coleta de dados do autor

O gráfico acima, apresenta o que já se tinha discutido no capítulo anterior, que as crianças já possuem uma familiarização do com a língua inglesa. Esse conhecimento estar relacionado com a vivência que elas possuem com a língua e dá devido às tecnologias, que vem crescendo a cada dia. 

Diante dessas respostas, cabe à escola resgatar esses saberes e implementar   políticas que insiram em seu currículo, o ensino dessa língua tão importante atualmente resgatando o saber que a maioria dos estudantes possuem. 

Em seguida foi realizada a seguinte pergunta: “Você considera importante a escola ofertar o ensino de inglês na turma de seu (a) filho(a)?

Gráfico 5: A importância da escola na oferta da língua inglesa

Fonte: Coleta de dados do autor

Assim, mais uma vez, o gráfico comprova o interesse dos pais no ensino de inglês para os filhos.

4.2. O entendimento dos pais a respeito do inglês na vida das pessoas mais velhas

A aprendizagem deve ser um processo contínuo da vida (Delors, 1998). O conhecimento que vai se adquirindo depois de uma certa idade, contribui para as pessoas mais velhas melhorar sua saúde, além de motivar o cérebro, esse, que muitas vezes passa por alterações, ocasionadas por uma série de fatores.  Nesse sentido, aprender a língua inglesa pode ser um grande incentivo para essas pessoas, contribuindo para que essas possam usufruir de uma atividade estimulante e útil na sua vida. A esse respeito, Rocha e Basso (2008) afirmam que a transformação do inglês em língua de comunicação vem provocando o interesse de se aprender o idioma, ampliando sua oferta para diferentes faixas etárias. 

Nesse direcionamento, perguntou-se aos participantes, se diante do” mundo globalizado e com o poder das mídias sociais (Facebook, WhatsApp, Instagram, etc.) se eles consideravam importante o inglês importante tanto para as crianças, como também para as pessoas mais velhas”.

Gráfico 6: O ensino de inglês para as pessoas mais velhas

Fonte: Coleta de dados do autor

Nessa coleta de dados, apurou-se que os pais, compreendem a importância das pessoas mais velhas a aprenderem o inglês. Essa concepção vem distorcer o que muitas pessoas pensam, a respeito do inglês para essas pessoas, ou seja, a sociedade, em geral, possui uma crença negativa arraigada sobre o envelhecimento (Monteiro, 2008). 

O fato de terem uma idade maior em relação às crianças, não é fator determinante para que as pessoas adultas e idosas aprendam qualquer língua, inclusive o inglês. 

Buscando ainda aprofundar o assunto sobre o ensino de inglês, perguntou-se aos entrevistados se “qualquer pessoa pode aprender o inglês”. 

Gráfico 7: Qualquer pessoa pode aprender inglês?


Fonte: Coleta de dados do autor

Essas respostas, só vem colaborar  com atual situação econômica no qual o Brasil vem passando, pois com a globalização há uma imensa necessidade de uma maior exigência por parte do mercado de trabalho de mão de obra especializada (Santos, 2001). Assim, para os entrevistados concordam em sua maioria que qualquer pessoa pode aprender o ensino de inglês.  
            Qualquer pessoa pode aprender a se comunicar não somente com o inglês, como com qualquer língua que deseja aprender, basta que seja motivada, tenha bons facilitadores e boa vontade. Todos esses aspectos colaboram para um aprendizado eficaz.

Nessa direção, perguntou aos pais se ele “considerava ser mais fácil aprender a falar inglês quando se é criança”.

Gráfico 8: A aprendizagem de línguas na infância


Fonte: Coleta de dados do autor

Analisando o gráfico, foi apurado que todos os participantes concordam que as crianças aprendem mais rápido na infância. “Assim, é fundamental que desde o início da aprendizagem de Língua Estrangeira o professor desenvolva, com os alunos, um trabalho que lhes possibilite confiar na própria capacidade de aprender, em torno de temas de interesse e interagir de forma cooperativa com os colegas (PCNs, 1998, p. 54). Nesse sentido, o aprendizado dessa língua torna-se ainda mais relevante, se o material utilizado for lúdico. Com essa metodologia é possível despertar na criança sensações ao trabalhar com diferentes estímulos, gerando dessa forma, um impacto muito bem maior na absorção da informação recebida. 

4.3. A opinião dos pais sobre as atividades que o professor deveria realizar para o aprimoramento do inglês 

Cada um aprende de forma diferenciada, contudo todos aprendem, pois, “o processo de aprender pode ser considerado uma forma de coparticipação social […] entre pares na resolução de uma tarefa em que a participação do aluno é periférica, inicialmente, até passar a ser plena com o desenvolvimento da aprendizagem” (PCNs, 1998, p.58). Sendo assim, aprende-se por estímulos, motivações, metodologias, e com   um planejamento bem elaborado, realizado pelo professor. Nesse aspecto, foi perguntado “quais das atividades elencadas conforme se expressa no gráfico a seguir, o professor deveria oferecer ao estudante para auxiliar na aprendizagem de inglês.

Gráfico 9: Atividades que o professor poderá desenvolver com os estudantes para o aprimoramento do ensino de inglês

Fonte: Coleta de dados do autor

Por ser uma pergunta de múltiplas escolhas, percebe-se que a atividade de “ofertar exercícios gramaticais” e trabalho em grupos, foram os mais bem pontuados. 

O trabalho em grupo possibilita a troca de experiências e oportuniza aos estudantes a terem um bom convívio social. 

Já os exercícios gramaticais só terão sentido se o professor fizer uso do planejamento, ao mesmo tempo que tiver sanando as dúvidas que os estudantes ora apresentem. 

 De posse de um bom conhecimento gramatical em inglês, vai colaborar para que os estudantes,” ao produzirem enunciados, façam escolhas gramaticalmente adequadas ou que compreendam enunciados apoiando-se no nível sistêmico da língua” (PCNs, 1998, p.29).

No que diz respeito, às músicas e aos filmes, são recursos muito importante nesse ensino, porque a criança aprende a ouvir e a visualizar de maneira ativa e refletida, colaborando para o desenvolvimento de   sua atenção e memória. 

Em relação a música, Loureiro (2003, p.143), afirma que “é um tipo de arte com imenso potencial educativo, já que a par de manifestação estética por excelência […] apresenta-se como um dos recursos mais eficazes na direção de uma educação voltada para o objetivo de se atingir o desenvolvimento integral do ser humano”. A música tem o potencial de estimular o bom convívio social, a harmonia, o desenvolvimento da autoestima.

A questão de assistir filmes estrangeiros para o aprimoramento do ensino de língua inglesa, é um recurso pedagógico pouco utilizado pelo professor, no entanto essa ferramenta pode colaborar para despertar no estudante o interesse pelo conhecimento de uma nova cultura, além de possibilitar a liberdade do pensamento crítico de aprender de um modo diferente. De acordo com Kochhann et, al (2016, p.3) “o conhecimento que os filmes podem trazer vai para além de conceitos, pois mostra valores como, por exemplo, diversidade cultural, ética, moral, dentre outros. 

Os filmes estrangeiros contribuem para uma aprendizagem de modo diferenciado, conteúdos que são necessários à formação curricular, apresentado por uma linguagem interativa com legendas para que o estudante possa tirar suas conclusões. 

Ainda voltando-se olhar para a questão da importância do ensino de inglês, perguntou-se:” Quando você imagina que os estudantes necessitarão de usar a língua inglesa no atual cenário mundial”? Essas respostas são de múltiplas escolhas, sendo assim, apresenta-se no gráfico a seguir:   

Gráfico 10: Locais apontado pelos pais em que o filho utilizará o conhecimento do inglês

Fonte: Coleta de dados do autor

Como se pode notar, os pais apontam a importância do conhecimento da língua inglesa em todos os locais na vida cotidiana dos filhos, no entanto, pontuam que no Banco e no Cinema são os lugares que mais precisarão utilizar.  

De fato, os bancos de uma forma geral utilizam em alguns linguagem estrangeiras, principalmente sobre moedas (dólar, euros, entre outras) o que levam as pessoas a tentarem compreender seus contextos.  

Quanto ao cinema, é fundamental esse conhecimento, pois, boa parte dos filmes são de origem estrangeira, daí a relevância dessa língua nesse processo. 

Os demais locais apontados, chamou-se atenção, a questão de utilizar o inglês dentro de casa, o que não é algo muito comum, contudo, é valido, pois, entende-se que os pais ao ouvirem seus filhos aprenderem o inglês, esses também serão fontes multiplicadoras desses saberes.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de analisar a importância da formação docente para a inclusão no currículo escolar da disciplina de língua inglesa nos anos iniciais do ensino fundamental no cenário educacional no Estado do Amazonas – Brasil, foi possível analisar as concepções da gestão escolar, dos professores e pais em relação a ao ensino de inglês nos anos iniciais, especificamente nas turmas do 5.º ano.

Assim, foi possível perceber nas entrelinhas dos discursos tanto da gestão como   dos professores, que, fatores como a ausência de formação acadêmica, e políticas públicas, bem como a falta de articulação da secretaria de educação que instigue a escola a modificar seu currículo tem sido uma barreira, para que ocorra a mudança no currículo. 

Verificou-se que os professores compreendem a importância dessa língua na aprendizagem escolar, contudo, percebem que para que isso aconteça, um longo caminho precisa ser percorrido. Entendem que à aquisição deste idioma é interessante tanto para o estudante como para a comunidade escolar, o que refletem num preparo para a qualificação profissional.

Considerando os fatos apontados, os mesmos revelaram que na perspectiva dos pais, o ensino de LI na escola pública   é possível, desde muito cedo, contudo, comungam com a ideia de que esse ensino, deve ser estendido a todos, ou seja, ao longo da vida e deve ser estendido aos adultos. Para isso, caberá aos professores ofertarem diversas atividades que proporcionem uma aprendizagem mais significativa. 

Sendo assim, esta inquirição atingiu os objetivos propostos, pois, com base nas perspectivas do gestor, professores e pais, o estudo descreveu uma realidade, na qual se anseia para as turmas dos 5.ºs anos do ensino fundamental na escola pública estadual a inclusão do ensino da disciplina de LI, como mais um componente da grade curricular. 

No ensino fundamental (anos iniciais) o ensino de inglês ainda não é uma exigência legal, no entanto é preciso que os sistemas de ensino, reveja o currículo, uma vez   em alguns casos os estudantes apesar de estudarem na escola pública, já trazem consigo uma gama   de conhecimento, saberes esses adquiridos pela própria convivência com as mídias sociais, confrontando o papel do professor enquanto mediador da aprendizagem.

REFERÊNCIAS

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1Discente do Programa de Mestrado em Ciências da Educação pela Universidad del Norte.
2Mestre em Pedagogia e Didática Média e Superior pela Universidade Politécnica e Artística do Paraguai (2001) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Politécnica e Artística do Paraguai (2006)