GESTÃO DE PESSOAS NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS BRASILEIRAS NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA.¹

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12679543


Luiz Correa de Souza Neto2


Resumo:

O presente estudo tem como objetivo compreender o panorama atual das pesquisas da área de Gestão de Pessoas das Universidades Federais Brasileiras (UFBs) no contexto da pandemia da covid-19, no período de 2020 a junho de 2022. Trata-se de uma revisão sistemática de literatura através de consulta a bases de dados da plataforma “Google Acadêmico”, utilizando os descritores “Gestão de Pessoas”, “Universidade Pública” e “Pandemia”. Considerando os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, foram selecionadas 09 produções, sendo 04 artigos e 05 dissertações, cujos resultados compuseram a amostra deste estudo e subsidiaram as análises posteriores. Os resultados demonstram que as principais temáticas da Gestão de Pessoas encontradas no levantamento foram: saúde mental; qualidade de vida; teletrabalho; bem-estar; autocuidado; teletrabalho; liderança; comunicação organizacional; dilemas morais; e ética administrativa. Outro ponto revelado é que todas as regiões do Brasil apresentaram produções, na base de dados pesquisada, com exceção da região norte, evidenciando então a importância desta pesquisa para a região. Destaca-se também que fatores como saúde mental, qualidade de vida, bem-estar e autocuidado foram estudados na maior parte das produções científicas selecionadas, representando cerca de 66,66% da amostra, apontando para a urgente necessidade de promoção e proteção à saúde de docentes e técnicos das Universidades Federais Brasileiras, diante dos impactos ocasionados pela pandemia da covid-19, potencializados, por exemplo, pelo isolamento social e adoção ao trabalho remoto. 

Palavras-chave: Gestão de Pessoas. Covid-19. Pandemia. Universidades Federais. 

Abstract:

The present study aims to understand the current panorama of research in the area of ​​People Management at Brazilian Federal Universities (UFBs) in the context of the covid-19 pandemic, from 2020 to June 2022. This is a systematic review. of literature through consultation in the databases of the “Google Academic” platform, using the descriptors “Management of People”, “Public University” and “Pandemic”. Considering the established inclusion and exclusion criteria, 09 productions were selected, being 04 articles and 05 dissertations, whose results composed the sample of this study and subsidized the subsequent analyses. The results demonstrate that the main themes of People Management found in the survey were: mental health; quality of life; telework; welfare; self-care; telework; leadership; organizational communication; moral dilemmas; and administrative ethics. Another point revealed is that all regions of Brazil presented productions in the researched database, with the exception of the northern region, thus evidencing the importance of this research for the region. It is also noteworthy that factors such as mental health, quality of life, well-being and self-care were studied in most of the selected scientific productions, representing about 66.66% of the sample, pointing to the urgent need for health promotion and protection of teachers and technicians from Brazilian Federal Universities, in the face of the impacts caused by the covid-19 pandemic, enhanced, for example, by social isolation and adoption of remote work.

Keywords: People management. Covid-19. Pandemic. Federal Public Universities.

1. INTRODUÇÃO  

A pandemia da Covid-19 ocorreu de forma inesperada. A doença ocasionada pelo vírus sars-CoV-2, caracterizada como síndrome gripal de alta transmissibilidade e distribuição geográfica, levou o mundo, altamente interconectado, a uma crise sanitária e humanitária sem precedentes na história. Buscando impedir a disseminação e o rápido avanço do vírus, foram necessárias a adoção de diversas medidas, sendo o isolamento social uma das formas mais indicadas pelas autoridades mundiais de saúde. Diante deste cenário desafiador, as organizações necessitam enfrentar desafios referentes à área de Gestão de Pessoas, em especial as Universidades Federais Brasileiras (UFBs), que apresentam um papel de destaque no enfrentamento da pandemia da covid-19. 

O isolamento social, medida necessária ao combate do vírus, atingiu sobre maneira o mundo do trabalho, e obrigou milhões de trabalhadoras e trabalhadores a enfrentar o “novo normal” e a ajustar-se a uma nova forma de desenvolver suas atividades laborais fora das dependências do empregador, remotamente.  Deste modo, não há como negar que o contexto pandêmico alterou, consideravelmente, rotinas e práticas de sociedades inteiras em múltiplas dimensões. 

A partir deste momento, diversos termos passaram a fazer parte do cotidiano, tais como “teletrabalho”, “trabalho remoto” e “home office”3. Contudo, apesar de serem utilizados como sinônimos pela mídia e grande parte da população, ressalta-se que os referidos termos apresentam diferentes conceitos. 

Cabe destacar que este estudo não tem como objetivo construir uma discussão a respeito das diferenças conceituais particulares entres as expressões supracitadas, pois é conveniente mencionar que as pesquisas encontradas, até o momento, não apresentam consenso na aplicação destes vocábulos, evidenciando diversidade de abordagens quanto aos seus empregos. No entanto, neste artigo, decidiu-se utilizar os termos “teletrabalho” e “trabalho remoto”, por possuírem previsão legal em nosso ordenamento jurídico. A Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, em seu artigo 75-B, alterada pela Medida Provisória n° 1.108, de 2022, assim os conceitua:  

Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a prestação de serviços fora das dependências do empregador, de maneira preponderante ou não, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação, que, por sua natureza, não se configuram como trabalho externo. (BRASIL, 2022a). 

Imediatamente, o mundo do trabalho foi parar dentro de casa. O problema é que a maioria das UFBs não estava preparada para garantir condições de trabalho adequadas aos seus servidores4 em trabalho remoto. 

Frente a este cenário, esta pesquisa tem como objetivo geral, com base em uma revisão sistemática de literatura, compreender o cenário atual das pesquisas, na área de Gestão de Pessoas (GP) das universidades federais no contexto da pandemia da covid-19, no período de 2020 a junho de 2022. Os objetivos específicos são: retratar a pandemia da covid-19; apontar a Gestão de Pessoas como área estratégica às organizações contemporâneas; levantar as principais temáticas pesquisadas da Gestão de Pessoas nas Universidades Federais durante a pandemia; e apresentar aspectos da realidade das UFBs, durante este momento de emergência de saúde pública. 

Este artigo está dividido em cinco seções. A primeira, introdução, já foi apresentada. A segunda apresenta elementos teóricos sobre a Gestão de Pessoas como fator estratégico às organizações. A terceira seção aborda a realidade das universidades federais durante a pandemia. A quarta, contém os resultados e as discussões. Por fim, na quinta seção, as considerações finais deste estudo são esboçadas, nas quais são apresentadas as limitações deste estudo e as possibilidades de futuras pesquisas. 

2. GESTÃO DE PESSOAS 

Contemporaneamente, em um cenário altamente desafiador, as organizações, sejam públicas ou privadas, desenvolvem seus planejamentos estratégicos a fim de alcançar os objetivos e metas desejados, buscando atingir características cada vez mais competitivas e produtivas. No entanto, para que as organizações alcancem os resultados de seu planejamento, elas necessitam de pessoas. 

Para Chiavenato (2010), a globalização dos negócios, o intenso desenvolvimento da tecnologia e a busca cada vez maior pela qualidade e produtividade evidenciam uma constatação: o capital humano5 é a maior vantagem competitiva de um empreendimento. 

As transformações sociais jamais estiveram em uma velocidade tão acentuada, e vários fatores contribuem para isso, tais como: “mudanças econômicas, tecnológicas, sociais, culturais, legais, políticas, demográficas e ecológicas”, Chiavenato (2010.pg. 2). 

As mudanças organizacionais quase sempre são consequências de alterações na sociedade. De acordo com esse ponto de vista, frisa-se que a eclosão da pandemia da covid-19 e seus reflexos, mostram-se como potentes fatores de inúmeras modificações em diversos campos, inclusive, o organizacional.  

Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi alertada sobre diversos casos de pneumonia na cidade de Wuhan, na República Popular da China. Tal caso, referia-se a um novo tipo de coronavírus que ainda não havia sido identificado em seres humanos.  Em 11 de março de 2020, a OMS declarou que o mundo estava vivendo a pandemia do novo coronavírus. Consequentemente, estados e municípios brasileiros, com o objetivo de conter a disseminação do vírus, decretaram medidas fortemente restritivas, como o lockdown6. Através do decreto nº 729 de 05 de maio de 2020, o estado do Pará impunha a suspensão total de atividades não essenciais (lockdown), no âmbito dos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Castanhal, Santa Isabel do Pará, Santa Bárbara do Pará, Breves, Vigia e Santo Antônio do Tauá. (PARÁ, 2020). 

A vacinação contra a covid-19 no país começou a ser realizada apenas em meados de janeiro de 2021, de forma tímida e sob graves relatos de negligência, por parte do governo federal, quanto às negociações da oferta de vacinas junto ao Ministério da Saúde, ocasionando o atraso do cronograma. (OPAS, 2021).  

De acordo com levantamentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid, a farmacêutica Pfizer7 realizou três ofertas de vacina ao Brasil em agosto de 2020, com a possibilidade de fornecimento de 1,5 milhão de doses até dezembro de 2020, porém não obteve resposta do Ministério da Saúde. (Cruz, 2021). Segundo o relator da referida CPI, a negligência na negociação com o Instituto Butantan8 foi ainda maior, considerando que o Instituto poderia fornecer cerca de 60 milhões de doses até dezembro de 2020, tornando o Brasil um dos primeiros países do mundo a vacinar contra a Covid-19, no entanto, o centro de pesquisa também não obteve resposta do Ministério da Saúde. (Cruz, 2021).

O impacto da pandemia no Brasil foi devastador com mais de 31 milhões de casos notificados e mais de 669 mil vidas ceifadas, até o presente momento, colocando o país em segundo lugar no ranking de mortes em todo mundo. (WHO, 2022). Atualmente, o Brasil apresenta cerca de 79,3% de sua população com o primeiro ciclo vacinal completo (duas doses ou dose única, no mínimo). (ROSER et al.,2020). No estado do Pará, 88,43% da população já receberam a segunda dose da vacina ou dose única. (SESPA, 2022).

Perante a realidade exposta, em um curto período, a área de Gestão de Pessoas das universidades federais necessitou repensar e readequar diversos processos relacionados ao seu capital humano, tais como: recrutamento, seleção, capacitação, treinamento, jornada de trabalho, integração, recompensas, motivação, satisfação, saúde do trabalhador e qualidade de vida no trabalho. Consequentemente, este setor ganhou evidência como ferramenta estratégica organizacional necessária para alinhar os objetivos institucionais às necessidades de cada servidor, além de buscar mitigar diversos impactos, como por exemplo psicológicos, sociais e econômicos, ocasionados pela pandemia. 

Nesse sentido, a Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal – PROGEP, da UFPA, realizou uma série de ações, como por exemplo de capacitação, qualidade de vida e controle. Quanto à capacitação dos servidores, a Divisão realizou treinamentos virtuais no que concerne à operacionalização de novas tecnologias de informação utilizadas para a realização de aulas remotas e reuniões virtuais, como o Google Meet.9. Além da capacitação, a universidade criou encontros virtuais, tipo webnário10, sobre bem estar, qualidade de vida, luto na pandemia, jornada de trabalho, entre outros temas. Outrossim, a PROGEP realizou levantamentos sobre os efeitos psicossociais do trabalho remoto nos servidores da UFPA, além de estabelecer formas de controle do trabalho a partir da elaboração de planos de trabalho e relatórios que deveriam ser preenchidos e entregues mensalmente por todos os servidores às suas chefias imediatas. 

Assim, considera-se que uma das áreas organizacionais que mais foi impactada pela pandemia do novo coronavírus foi a Gestão de Pessoas em razão de possuir como essência as pessoas, seus desejos, dificuldades e limitações. 

Para melhor compreensão, traz-se o conceito de Gestão de Pessoas como um “conjunto de políticas e práticas organizacionais que tem como finalidade orientar o comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho”. Fisher e Fleury (1998, p.91). 

Considerando que esta pesquisa está direcionada às universidades federais, que constituem a Administração Pública Federal, faz-se necessário conceituar Gestão de Pessoas no Setor Público. Assim, uma possível conceituação seria: 

“A articulação de esforços de gestão direcionados para o desenvolvimento, o suprimento e a manutenção do capital humano, considerando os valores culturais – aspectos sociais, econômicos, políticos e jurídicos – que constituem as condições do contexto em que as organizações públicas estão inseridas” (Bergue, 2014, pg.25). 

Além dos conceitos, considera-se relevante ressaltar os processos básicos da gestão de pessoas que para Chiavenato (2004), são seis, sendo eles: 1) agregar pessoas: estão relacionados ao provimento de funcionários para dentro da empresa, como o recrutamento e a seleção; 2) aplicar pessoas: são aqueles usados para acompanhar e orientar o desempenho dos colaboradores, tais como as avaliações de desempenho; 3) recompensar pessoas: servem para estimular e satisfazer as necessidades sociais das pessoas, tais como remuneração, benefícios e incentivos; 4) desenvolver pessoas: englobam o treinamento, desenvolvimento, aprendizagem e a gestão do conhecimento, visando um melhor desempenho funcional; 5) manter pessoas: tem como finalidade criar um clima favorável no ambiente de trabalho, envolvendo aspectos de qualidade de vida, higiene e segurança e relações com empregados e sindicatos; e 6) monitorar pessoas: utilizado para acompanhar as atividades dos colaboradores e verificar resultados, englobam banco de dados e sistemas de informações gerenciais. 

Sobre o papel dos profissionais da área de Gestão de Pessoas que atuam nesta pandemia, ratifica-se a relevância destes, considerando: 

“O protagonismo dos profissionais que atuam em GP nesta pandemia ratificou a importância da área na proposição, no planejamento e no gerenciamento das mudanças impostas, adequando e capacitando os profissionais para o exercício de diferentes atividades, que, para muitos, são inéditas e inesperadas. ” Felipe, Medeiros, Camargo e Júnior (2021, pg. 213)

Referente aos objetivos da Gestão de Pessoas, Chiavenato (2004, p.11) ressalta que, dentre eles, apresenta-se a possibilidade de contribuir para o “alcance dos objetivos da organização e realizar sua missão; essa função de recursos humanos é fundamental, e se efetuada corretamente obtém a eficácia para o alcance das metas”. É válido destacar que, em face das pressões competitivas, o papel da Gestão de Pessoas nas organizações passou a ser considerado como importante elemento estratégico, estando, gradativamente, suas ações e funções mais próximas ao campo estratégico das organizações. (MASCARENHAS, 2008). 

3. AS UNIVERSIDADES FEDERAIS NO CONTEXTO PANDÊMICO: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO

Suspensão das atividades pedagógicas, implantação do ensino remoto emergencial (ERE)11, ameaça à autonomia universitária, cortes no orçamento12, queda no número de inscritos no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), desenvolvimento de pesquisas e testes para vacinas contra a covid-19, e criação de equipamentos de prevenção e suporte hospitalar. Essas foram algumas situações vivenciadas pelas universidades federais durante a pandemia da covid-19 no Brasil, que, apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas, ofereceram à sociedade brasileira relevantes contribuições.

Seguindo orientações da OMS e da Organização das Nações Unidas (ONU), que indicavam o isolamento social como forma eficaz de controle da pandemia, as UFBs suspenderam suas atividades pedagógicas presenciais e passaram a discutir e planejar a aplicação da modalidade remota de ensino. Em 24 de maio de 2021, a SESPA divulgou o “Plano de Vacinação dos Profissionais da Educação do Estado do Pará”, que incluiu os profissionais da educação como um todo, não apenas os professores, das redes públicas e privadas, com vistas ao retorno seguro e gradual das atividades de ensino no estado. (SESPA, 2021). A efetivação da vacinação aos profissionais da educação possibilitou planejar o retorno presencial seguro e gradual às atividades presenciais. 

De acordo com dados do site do MEC, no painel referente às “ações do MEC em resposta à pandemia da covid-19”, em 14 de maio de 2020, das 69 universidades federais, apenas 06 realizavam o ERE (Brasil, 2022).  Destaca-se que, em um primeiro momento, a baixa adesão ao ERE, por grande parte das universidades federais, relacionou-se ao fato de que muitos discentes não disponibilizavam de equipamentos com acesso à internet para que pudessem, assim, acompanhar o conteúdo das aulas. Logo, uma das críticas à adoção ao ERE foi que a modalidade mostrava-se excludente. 

Na UFPA, segundo Plano de Inclusão Digital elaborado pela Superintendência de Assistência Estudantil (Saest), aproximadamente 30% dos estudantes da Universidade não possuem computador em casa e nem internet, sendo que a exclusão digital atinge mais fortemente estudantes indígenas, quilombolas, ribeirinhos e moradores de municípios do interior do Pará. (Sindtifes, 2020). 

A fim de driblar esta problemática, várias instituições lançaram programas de auxílio aos estudantes em situação de pobreza, através de disponibilização de pacotes de dados de internet, incluindo a concessão de auxílio financeiro para aquisição de equipamento de informática para acesso à internet.

A Universidade Federal do Pará (UFPA), após diversos debates e encontros virtuais, aprovou a oferta do ensino remoto emergencial em 21 de agosto de 2020, através da resolução nº 5.29413. O ERE aprovado pela UFPA veio acompanhado de um Programa de Inclusão Digital para discentes com vulnerabilidade econômica, através de duas modalidades de auxílio: pacotes de dados para acesso à internet e auxílio financeiro para aquisição de equipamento de informática para acesso à internet. O segundo edital foi direcionado aos alunos com deficiência através da concessão de auxílio financeiro para tecnologias assistivas14, com foco também na inclusão digital.

Neste debate, importante ressaltar que apesar das universidades federais apresentarem autonomia formalmente garantida pela Carta Magna15, diversas ações recentes do governo federal vêm atingindo esta independência e direcionando suas ações. 

Em junho de 2020, por exemplo, o governo federal editou a Medida Provisória (MP) 979 que permitia que o Ministério da Educação indicasse reitores às universidades federais, institutos federais e para o colégio Pedro II, durante a pandemia do novo coronavírus, impossibilitando assim que as instituições empossado, como dirigente máximo, aquele que foi votado nas urnas e escolhido pela comunidade universitária. No entanto, o Congresso Nacional devolveu a MP ao Poder Executivo por considerá-la inconstitucional, por violar os princípios constitucionais da autonomia e da gestão democrática das universidades, perdendo o documento a validade desde a data de sua edição, sendo revogado pelo Presidente da República.

Na UFPA, o Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho foi reconduzido ao cargo de reitor quase um mês após vencer a consulta prévia. Desde que assumiu a gestão, o atual Presidente da República interferiu na escolha de dirigentes de diversas universidades federais, indicando em alguns casos nomes que não constavam em primeiro lugar na lista tríplice enviada pelas universidades. Já em outros casos, o Presidente do Executivo Federal “indicou como reitores pessoas que não participaram do processo de escolha interno às universidades”. (ANDES, 2020).  

Outra questão que merece destaque é a difícil situação financeira das UFBs, que vem apresentando um panorama crescente de redução orçamentária nos últimos anos. Dados apontam que nos últimos dez anos as universidades federais perderam cerca de 73% das verbas destinadas a investimentos, destinados à compra de equipamentos, manutenção e em obras de infraestrutura. (Tenente, 2020). A constante queda de verbas que as universidades federais vêm enfrentando prejudica o andamento de pesquisas científicas e ampliação de vagas nas instituições. 

O atual presidente da República, no início do ano de 2022, sancionou às universidades federais um orçamento 12% menor do que o estabelecido às instituições em seu primeiro ano de mandato. (Brasil de Fato, 2022). O bloqueio de verbas mais recente ocorreu em 27 de maio de 2022, na qual o governo federal decidiu bloquear 14,5% da verba das universidades e institutos federais para despesas de custeio e investimento. O governo justifica tal medida para a necessidade de cumprir o teto de gastos, que limita o crescimento das despesas públicas. (Castro, Rodrigues e Vieira, 2022). 

Na prática, a redução acumulada desse orçamento resulta em cortes de bolsas de iniciação científica aos estudantes, diminuição de cortes à assistência aos alunos e sucateamento de estruturas. Com menores recursos, as universidades federais são impactadas até em seus serviços básicos, como luz, água e limpeza. Reiteradamente, várias universidades federais alertam para a possibilidade de fecharem as portas frente à falta de recursos para manterem seus serviços.  

Em nota oficial, o reitor da UFPA, professor Emmanuel Tourinho, repudiou as sucessivas restrições financeiras que o governo federal vem impondo à educação superior brasileira. Para ele, as medidas “comprometem todas as atividades de uma universidade do porte e da importância da UFPA, e merecem o nosso mais veemente repúdio”. (UFPA, 2022). 

Ressalta-se ainda que os servidores, docentes e técnicos-administrativos, das universidades federais, amargam perdas salariais desde 2017, último ano de reajustes, e mesmo vivenciando arrocho salarial16, no período da pandemia, tiveram que arcar, sem nenhum incentivo financeiro, com os custos de energia elétrica e internet, por exemplo, para desempenharem suas atividades em suas residências, remotamente. 

Outro dado que também chama atenção, foi a constatação da redução de indicadores relacionados ao ingresso nas universidades públicas, como as inscrições no Enem e no Sisu, por exemplo. Estes dados muito provavelmente refletem as dificuldades provocadas pela pandemia da covid-19 e seus reflexos, como a crise econômica. Dados do MEC mostram que, neste ano, o Sisu teve queda de 15,64% no número de inscritos em relação a 2021; ao passo que o Enem teve 3,1 milhões de inscritos, registrando o menor número de inscrições confirmadas desde 2005. (Saldaña, 2021).

Apesar de tantas adversidades, destaca-se o esforço científico realizado pelas UFBs com a finalidade de mitigar os impactos da pandemia. Para Arrais, Corcioli e Medina (2021) – baseado em materiais veiculados pelas próprias instituições – as universidades federais agiram em três direções que estão relacionadas às ações solidárias, ao apoio à gestão da crise e à pesquisa. Sendo elas: 1) disponibilização de leitos em hospitais universitários para tratamento de doentes pela covid-19 e fabricação de equipamentos de proteção individual (EPI); 2) criação de observatórios que ajudaram a sociedade civil e os governos locais no entendimento da evolução da doença, como também no estudo e implementação de ações preventivas; 3) realização de diversas pesquisas com foco no desenvolvimento de testes e ensaio de vacina na fase 3. 

Para Serafim e Dias (2020, p.2), chegamos em um estágio em que diversos problemas de alcance global e interconectados “geram desafios que impõem a necessidade de um inabalável compromisso para com a ciência e um empenho sistemático voltado à geração de novos conhecimentos por universidades e institutos de pesquisa”. A história ensina que alianças entre o Estado e a comunidade científica são capazes de gerar resultados impressionantes em curtos períodos de tempo. 

Com o avanço da vacinação e consequente diminuição da taxa de mortalidade pela covid-19, as UFBs retornaram integralmente suas atividades pedagógicas e administrativas ao formato presencial no primeiro semestre de 2022. No entanto, esse retorno apresentou problemas relacionados à escassez de recursos, o que resultou na dificuldade do não cumprimento de todas as recomendações da OMS. Logo, buscou-se garantir, basicamente, a adoção de protocolos de biossegurança essenciais, como o uso de máscaras, distanciamento mínimo entre indivíduos e higienização das mãos, assim como a exigência do passaporte vacinal. 

4. PERCURSO METODOLÓGICO

A metodologia utilizada neste artigo foi a Revisão Sistemática de Literatura (RSL), que consiste em uma prática que busca a identificação, construção e o mapeamento de um determinado tema de pesquisa, com o objetivo de sondar o modo como os estudos acadêmicos têm abordado o mesmo, oferecendo assim um panorama geral das discussões e modos de compreensão da comunidade acadêmica acerca do tema a ser pesquisado, resultando em análises que sintetizam as pesquisas efetuadas (CASTRO,2001). 

Desta forma, diante da necessidade de seguir o rigor metodológico de uma revisão sistemática, foi estabelecido um protocolo de pesquisa a fim de descrever os critérios de inclusão e exclusão das produções, a base de dados a ser utilizada na pesquisa, bem como as análises e interpretações dos resultados obtidos pela RSL mediante elaboração de sínteses. Desse modo, essa RSL seguiu as etapas, conforme está apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 Etapas desta revisão sistemática de literatura.

EtapasDescrição
Identificação do temaA Gestão de Pessoas nas universidades federais brasileiras no contexto da pandemia da covid-19. 
Critérios de inclusãoArtigos, monografias, dissertações e teses que abordam sobre GP nas universidades federais brasileiras no contexto da pandemia da covid-19, que estejam no idioma português (Brasil)
Critérios de exclusãoArtigos, monografias, dissertações e teses que que não atendiam ao objetivo desta pesquisa.
Período de buscaAno de 2020 a junho de 2022
Base de dadosPlataforma Google Acadêmico
Busca e descritoresBusca: “Gestão de Pessoas”, “Pandemia”, “Universidade Pública”, 434 resultados e 09 produções selecionadas.
Sistematização das produções selecionadasElaboração de tabelas, através do Microsoft Excel, com informações referentes ao título, autores, ano de publicação, instrumentos para a obtenção de dados, objetivos e resultados das pesquisas.
Análise dos resultados e exposição da revisãoApresentação e discussão dos resultados

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Portanto, com a identificação do tema e da questão de pesquisa apresentada, o levantamento bibliográfico foi realizado no período de 30 de maio a 05 de junho de 2022 na base de dados do “Google Acadêmico”, reconhecida como importante plataforma de pesquisa de produções acadêmicas. O recorte temporal da pesquisa deu-se entre janeiro de 2020 a junho de 2022, em virtude do primeiro período ser o ano que se inicia a pandemia e suas inflexões no mundo. 

A busca através dos descritores “Gestão de Pessoas”, “Pandemia”, “Universidade Pública” obteve 434 resultados, que após a leitura do título, resumo e conclusão, chegou-se a um total de 09 produções selecionadas que atendiam o objetivo da pesquisa. Dentre os estudos selecionados, foram encontrados 04 artigos e 05 dissertações que foram tabulados a fim de auxiliar as análises das produções levantadas, tendo em vista o objetivo deste artigo de revisão. 

Para operacionalizar a análise e organizar as informações, utilizou-se tabelas, através do Microsoft Excel, com informações referentes ao título, identificação dos autores, ano de publicação, instrumentos utilizados para a obtenção de dados, objetivos da pesquisa e resultados alcançados pelas mesmas. Os resultados das análises são apresentados na sequência por meio de tabelas, seguidas de análises correspondentes. 

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Esta seção expõe os resultados e suas respectivas discussões relacionando-os ao objetivo proposto. Os registros coletados, nas nove produções, sendo quatro artigos e cinco dissertações de mestrado, compõem a amostra deste estudo. Não foram encontradas monografias e teses de doutorado contendo os descritores escolhidos na pesquisa. O resultado do levantamento dos trabalhos está na Tabela 2, por ordem cronológica da publicação, considerando a natureza/tipo das produções. Frisa-se que doravante as demais tabelas obedecerão à numeração da Tabela 02 como identificação das produções selecionadas. 

Tabela 2 Título, autores, natureza e ano de publicação das produções analisadas.

Autores e AnoTítulo/tipo do trabalhoRevista/Local de Publicação
1ARAÚJO, (2020).Universidade em tempos de pandemia: um estudo sobre os impactos da adoção do teletrabalho na percepção de servidores públicos (Dissertação de Mestrado)Repositório Institucional Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
2MARQUES, WEISS, (2021).“Estamos todos no mesmo barco”: estratégias de líderes de uma universidade pública para o cuidado em saúde mental (Artigo)XX Colóquio Internacional de Gestão Universitária (Evento Virtual), 24 e 25 de novembro de 2021. ISBN: 978-85-68618-08-0. Repositório Institucional Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
3BARROS, JIMENEZ, JANUÁRIO, MAIA, (2021).Notas sobre o trabalho e ensino remoto emergencial no contexto da pandemia de covid-19: perfil docente do departamento interdisciplinar de rio das ostras da Universidade Federal Fluminense (Artigo)Serviço Social em Perspectiva. Monte Carlos (MG). 2021, vol. 5. Pg. 57-83. ISNN 2527-1849. Repositório Institucional Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, Minas Gerais (MG).
4SILVEIRA SANTOS, LEAL,DUTRA BÚRIGO (2021).Dilemas morais e decisões éticas em tempos de pandemia da Covid-19: Desafios da área de desenvolvimento e gestão de pessoas de uma universidade pública brasileira (Artigo)Teoria e Prática em Administração. 2021, vol. 12, n.1. pg. Repositório da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
5FRANÇA, (2021).Contexto de trabalho e bem estar dos profissionais de saúde no setor público em tempos de pandemia da covid-19 (Dissertação de Mestrado)Repositório Institucional Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
6FAYAD, (2021).Qualidade de vida no Teletrabalho: Um estudo de caso na Universidade de Brasília (Dissertação de Mestrado)Repositório Institucional Universidade de Brasília (UNB)
7BARRETO, (2021).Saúde mental em tempos de pandemia: um programa de comunicação interna de atenção à saúde do servidor da Universidade Federal de Goiás (Dissertação de Mestrado)Repositório Institucional Universidade Federal de Goiás (UFG)
8FERNANDES, (2021).Viabilidade de manutenção do teletrabalho em uma Instituição Federal de Ensino Superior no contexto pós-pandemia de covid-19 (Dissertação de Mestrado)Repositório Institucional Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
9SCHWINGEL, SOUZA, (2022).Relato de experiência da série “Medita Rural”: pequenas pausas de autocuidado humano baseadas em mindfulness em uma universidade pública brasileira durante a pandemia de COVID-19 (Artigo)Research, Society and Development. 2022, v. 11, n. 6, ISSN 2525-3409. Repositório da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), Minas Gerais (MG).

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Observando a Tabela 02 que apresenta a amostra deste estudo, fica evidente a escassez de publicações no ano de 2020 – ano que se inicia a pandemia da covid-19 –, com apenas uma dissertação de mestrado. Tal fato possivelmente deve-se às paralisações e/ou diminuição do ritmo das atividades de ensino e pesquisa das UFBs,  no primeiro semestre de 2020. Em 2021 – ano em que o desenvolvimento das atividades pedagógicas ocorreu de forma remota e/ou híbrida nas UFBs –, foram encontrados o maior número de produções, sendo 07 produções no total, três artigos e quatro dissertações de mestrado, ou seja, cerca de 77,77% da amostra. Ao passo que em 2022, até o mês de junho, encontrou-se apenas uma dissertação. Desta forma, evidencia-se que a maior sequência de produções sobre temáticas de Gestão de Pessoas nas universidades federais em tempos de pandemia se deu no ano de 2021. Com base no que foi exposto, fica revelado que a realização de pesquisas sobre a temática ainda carece de mais pesquisas. 

Outro dado importante foi a grande concentração de pesquisas encontradas nas regiões Nordeste e Centro Oeste, apresentando cerca de 66,67% do total da amostra, seguidos pelo Sudeste e Sul do Brasil, conforme mostra a Tabela 3. Ressalta-se a ausência, na base de dados utilizada, de produções científicas, voltadas à temática pesquisada, na região norte. Logo, considera-se digno de nota a relevância desta pesquisa para a região, apresentando-se, possivelmente, como uma das primeiras tentativas de aproximação ao tema no norte do país, no período pesquisado.

Tabela 3 Produções por região brasileira.

Região QuantidadePercentual
Nordeste333,33%
Centro Oeste333,33%
Sudeste222,22%
Sul111,11%
Norte0
Total9100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Em relação ao número de autores dos 04 artigos selecionados na amostra, predominaram aqueles redigidos por dois autores (02 artigos), seguido por um (01) artigo escrito por três autores e outro (01) por quatro autores. 

Tabela 4 Abordagem, instrumentos de coleta de dados e participantes da pesquisa.

AbordagemInstrumentos de coleta de dadosParticipantes
1QuantitativaQuestionário aplicado de forma eletrônica(Google Forms)  39 técnicos-administrativos
2QualitativaQuestionário aplicado de forma eletrônica 31 servidores-gestores entendidos como líderes
3Quanti-qualitativaQuestionário aplicado de forma eletrônica (Google Forms)  23 docentes
4QualitativaEntrevistas virtuais, através de software de videoconferência06 servidores-gestores
5Quanti-qualitativaQuestionário aplicado de forma eletrônica(Google Forms)   28 servidores  da área da saúde.
6Quanti-qualitativaQuestionário aplicado de forma eletrônica(Google Forms)    149 servidores, técnicos e docentes.
7Quanti-qualitativaQuestionário aplicado de forma eletrônica (Google Forms) 890 servidores, técnicos e docentes
8QualitativaHíbrido: Entrevistas presenciais e aplicadas de forma eletrônica (Google Forms)17 servidores-gestores
9Quanti-qualitativaDados quantitativos: Relatórios “Youtube Analytcs” e “Youtube Studio”. Os dados qualitativos foram obtidos por mensagens do chat, comentários no vídeo e falas institucionais.A análise foi feita a partir do número de visualizações, mensagens no chat e comentários.

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Conforme apresentado na Tabela 4,  nota-se que apenas uma produção, um artigo, (Nº 1),  apresentou como abordagem o aspecto quantitativo. Desta forma, considerando um elevado número de produções que apresentaram abordagens qualitativas (33,33%) e quanti-qualitativa (55,55%), infere-se que estes resultados podem significar um direcionamento maior dos estudos para os aspectos relacionados às percepções das pessoas, sejam técnicos, docentes e/ou gestores das UFBs. Segundo Santos, Serafim & Lorenzi (2018) este tipo de abordagem possibilita “maior riqueza de informações, através de múltiplas percepções, além de ampliar a complexidade do estudo e o aprofundamento de um estudo ainda pouco discutido na realidade brasileira” (apud  Búrigo, Leal & Santos, 2021, p.4)

Verificou-se também a ampla utilização da ferramenta Google Forms para a execução das entrevistas, por meio de questionários. Entende-se que o emprego de tal ferramenta nas pesquisas acadêmicas selecionadas, deu-se devido à necessidade do isolamento social, associado ao fato da mesma apresentar praticidades em sua utilização, tais como a possibilidade de enviar aos respondentes o formulário de entrevistas através de e-mail ou envio de um link, permitindo aos participantes responderem de qualquer lugar com acesso à internet. 

Quanto aos participantes das pesquisas, e considerando que os objetivos dos estudos selecionados são voltados ao corpo funcional das UFBs, sejam técnicos ou docentes, destacam-se, então, que três produções (33,33%), sendo um artigo e duas dissertações, direcionam-se aos líderes/gestores. Assim,  observa-se que a categoria “liderança” mostra-se ainda mais relevante neste cenário pandêmico, em especial na formulação de estratégias que visem proporcionar qualidade de vida, saúde mental e bem-estar aos servidores. 

Tabela 5 Objetivos e resultados das produções analisadas.

ObjetivosResultados (Transcrição dos autores)
1Identificar as vantagens e desvantagens da adoção do teletrabalho, durante a pandemia da covid-19, na percepção dos servidores técnicos-administrativos da Faculdade de Ciências Sociais da Saúde do Trairi (FACISA/UFRN). Evidenciam inúmeras vantagens e desvantagens. Dentre as principais vantagens estão: maior autonomia no trabalho, maior flexibilidade nos horários e nas relações de trabalho, redução no tempo, no estresse e nos gastos com deslocamento, redução de custos com vestuário, possibilidade de fazer refeições em casa, maior interação com a família, maior privacidade, possibilidade de fazer outros trabalhos por conta própria, melhoria na qualidade de vida pessoal e no trabalho, sensação de maior segurança atrelada aos menores riscos de violência urbana e ao trânsito, além de menor exposição ao coronavírus. Ao passo que as principais desvantagens encontradas foram: maior distração com atividades domiciliares, diminuição da qualidade do trabalho, receio de perder benefícios trabalhistas, maior isolamento profissional, problemas de infraestrutura tecnológica e a falta de treinamento específico.
2Analisar as estratégias adotadas por líderes de uma Universidade Pública Federal em relação à manutenção de sua saúde mental e dos membros de sua equipe.Percebeu-se que os líderes utilizam diferentes estratégias para a manutenção da saúde mental, tendo destaque a mistura de táticas de cunho individual, como a busca pelo desenvolvimento emocional e cognitivo, bem como estratégias sociais, por meio do contato com a rede de amigos e familiares. Em relação às estratégias para a manutenção da saúde mental da equipe, houve a busca pela atenção individualizada; criação de espaços de escuta e acolhimento; e acompanhamento das atividades profissionais. Verificou-se também, que a pandemia e o isolamento foram citados como fatores que geram estresse e ansiedade, assim como a busca pelo desenvolvimento da inteligência emocional e a liderança de identidade. 
3Problematizar a adoção do ensino remoto emergencial no contexto da pandemia de covid-19, com ênfase nos impactos sobre o trabalho docente. Identificou-se que o contexto da pandemia e do trabalho remoto afetaram diretamente as relações de trabalho e vida dos(as) professores(as), desde a organização do trabalho docente e trabalho doméstico, como de suas relações interpessoais e aspectos relacionados à saúde mental. 
4Compreender dilemas morais vivenciados por gestores da área de desenvolvimento e gestão de pessoas de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES), durante a pandemia da covid-19, sob a perspectiva da ética administrativa. Os principais dilemas encontrados foram: 1) Quais são as atividades essenciais e quem vai realizá-las; 2) Realização presencial de concurso público para docente; 3) A invasão do espaço privado pelo trabalho remoto e a frieza do atendimento virtual; e 4) Produtividade e flexibilidade, impossibilidade de trabalhar e ausência. 
5Analisar a influência dos aspectos relacionados ao contexto do trabalho sobre a vida e o bem-estar de parte dos profissionais de saúde atuantes na Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança do Trabalho (DAS), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em tempos de pandemia da covid-19. Indicaram que a pandemia da covid-19 teve impacto negativo na saúde dos trabalhadores. As sugestões de melhoria, no contexto da pandemia, em sua maioria, foram relacionadas à reestruturação do ambiente e do processo e fluxo de trabalho, retorno da equipe, apoio psicológico e de gestão, além de treinamento de pessoal quanto às novas ferramentas de trabalho. 
6Descrever a percepção de Qualidade de Vida no Teletrabalho dos servidores técnicos e docentes em exercício no Gabinete da Reitoria, na Vice Reitoria e nos oito decanatos, que são áreas de gestão estratégicas na instituição.  Constatou-se percepção de bem-estar nos fatores: Autogestão do Teletrabalho, Contexto do Teletrabalho, Infraestrutura de Trabalho e Estrutura Tecnológica. No fator Sobrecarga de trabalho, os resultados apontaram percepções de mal-estar, sendo um ponto crítico a ser observado pela gestão. A análise qualitativa demonstrou, por sua vez, como pontos negativos a falta de regras sobre horários de trabalho gerando insatisfação por demandas a qualquer hora do dia, a sobrecarga de trabalho, maior cobrança por resultados, isolamento social, bem com incertezas sobre até quando haveria o teletrabalho implementado durante a pandemia. Os pontos positivos mostram haver percepções sobre melhor qualidade de vida, proximidade com família, redução de estresse por não ter que se deslocar até o trabalho, autonomia de horários, flexibilidade e estilo de vida mais saudável. 
7Compreender a existência de relação de impacto entre a pandemia de covid-19 e a saúde mental dos servidores e como a comunicação pode contribuir para a redução do impacto da pandemia na saúde mental dos servidores da Universidade Federal de Goiás (UFG). Percebeu-se que há uma relação de impacto entre a pandemia de covid-19 e a saúde mental dos servidores da universidade, além disso, o regime de trabalho, à medida que inseriu a maior parte dos servidores da UFG em trabalho remoto, também se configurou como catalisador de transtornos mentais como ansiedade, depressão e outros. Um grupo de servidores sentiram os efeitos dessas medidas em maior nível, como os idosos, os profissionais que possuem filhos, em especial, os indivíduos do gênero feminino, e os terceirizados.
8Identificar, do ponto de vista dos gestores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a viabilidade de manutenção do teletrabalho no pós-pandemia de covid-19 na UFMS.Por meio da análise qualitativa, observou-se que os entrevistados compreendem que a manutenção do teletrabalho é viável, porém houve entendimentos diferentes quanto à viabilidade de manutenção por causa das especificidades que o ensino superior apresenta nas mais variadas áreas, e há ainda aqueles que acreditam que é possível um modelo híbrido de trabalho. 
9Relatar a experiência intitulada “Série Medita Rural”: pequenas pausas de autocuidado humano baseadas em atenção plena (mindfulness)”, vivenciada pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) durante a pandemia de covid-19;Reforçam a importância da prática de mindfulness17 na promoção do bem-estar da comunidade universitária e, especialmente, no desenvolvimento de habilidades atencionais, atitudinais e de regulação emocional e flexibilidade cognitiva durante a pandemia de covid-19.

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Evidenciou-se, de acordo com a Tabela 5, que as pesquisas envolveram objetivos pautados em diversas temáticas relacionadas à gestão de pessoas, sendo elas: saúde mental; vantagens e desvantagens do teletrabalho; liderança; bem-estar; qualidade de vida; autocuidado; dilemas morais; ética administrativa; e comunicação organizacional. 

Mostra-se importante ressaltar também que fatores como saúde mental, qualidade de vida, bem-estar e autocuidado foram estudados em aproximadamente 66,66% das produções selecionadas, revelando a urgente necessidade de promoção e proteção à saúde de docentes e técnicos das UFBs, diante dos impactos ocasionados pela pandemia da covid-19, potencializados, por exemplo, pelo isolamento social e adoção ao trabalho remoto. 

Ademais, os resultados obtidos nas produções selecionadas evidenciaram que das nove produções que compõem a amostra desta pesquisa, quatro delas abordaram a temática do teletrabalho (três dissertações e um artigo), ou seja, 44,4% das produções. Percebe-se também que o assunto “teletrabalho” apresentou-se em todos os anos do recorte temporal, de 2020 a 2022. Logo, conclui-se a relevância do tema nesta pesquisa, conforme Tabela 05. Importante destacar que há produções que apresentam duas ou mais temáticas em seus objetivos, como por exemplo: produção nº 01 (dissertação): teletrabalho e saúde mental; produção nº 2 (artigo): saúde mental e liderança; produção nº 6 (dissertação): teletrabalho e qualidade de vida; e produção nº 7 (dissertação): saúde mental e comunicação interna. 

Tabela 6 Síntese das principais temáticas abordadas nas produções.

CategoriasArtigoDissertaçãoQuantidade Total/Percentagem
Saúde Mental, Qualidade de Vida,  Bem-estar; e Autocuidado026, ou seja, 66,66% da amostra
Teletrabalho01034, ou seja, 44,44% da amostra
Liderança011, ou seja, 11,11% da amostra
Comunicação organizacional011, ou seja, 11,11% da amostra
Dilemas morais e decisões éticas011, ou seja, 11,11% da amostra

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Araújo (2020) e Fayad (2021) apontam, como resultado, as principais vantagens e desvantagens da adoção do trabalho remoto aos empregados (servidores) e às empresas (universidades), conforme observar-se, resumidamente, nas tabelas 06 e 07. 

Tabela 7 Principais vantagens do teletrabalho

Para o servidor Para a Universidade
Maiores flexibilidade de horários e interação familiarDiminuição dos custos
Redução do tempo de deslocamento e dos riscos relacionados a estesMelhores tempos de resposta
Redução de custos com deslocamento, vestuário e alimentaçãoMelhor Administração
Melhoria na qualidade de vidaMaior Flexibilidade Organizacional

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Tabela 8 Principais desvantagens do teletrabalho

Para o servidor Para a Universidade
Aumento precarizado da carga de trabalhoComplexas questões de saúde e segurança
Isolamento social e profissionalCarência de legislação específica
Responsabilidade pelas condições de trabalho: equipamentos de informática, telefonia e tecnologia da informaçãoDificuldade de adaptação ao novo regime de trabalho
Divisão do espaço doméstico com o ambiente laboralEnfraquecimento do espírito de grupo ou da cultura organizacional
Distração com atividades domiciliaresRiscos ergométricos e de segurança no ambiente de trabalho.
Falta de Treinamento específicoDificuldades de supervisão
Problemas PsicológicosRiscos de segurança da informação

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

No que tange ainda à temática do “teletrabalho”, Abreu et al. (2021) apontam para a relação do trabalho remoto com o processo de intensificação da jornada de trabalho, do adoecimento laboral nas esferas da saúde física e mental.  Além de levantar questões acerca das condições tecnológicas e de infraestrutura relacionadas à execução das atividades profissionais de técnicos e docentes. 

Embora a utilização de tecnologias da informação e de comunicação já fosse prática nas universidades federais, a pandemia da covid-19 acentuou exponencialmente essa realidade. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, realizada entre 20/09 a 26/09/2020, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 8,2 milhões de pessoas estavam trabalhando remotamente, ou seja 11% dos 74 milhões da população ocupadas e não afastadas no mercado de trabalho brasileiro. (IPEA, 2021). Na Rede Federal de Educação (universidades, institutos e demais instituições de ensino federal), o número de servidores públicos que realizaram sua atividade através do trabalho remoto chegou em 95% dos 277.796 servidores, segundo números divulgados pelo Ministério da Educação (MEC, 2020).  

Barreto (2021) ressalta que o trabalho remoto atuou como catalisador de transtornos mentais como depressão, ansiedade, por exemplo. Destacou ainda que alguns grupos de servidores foram impactados, em maior nível, com os efeitos do teletrabalho, tais como os idosos e profissionais que possuem filhos, em especial, as mulheres pretas e pobres. No entanto, para o autor, é viável a manutenção do teletrabalho, desde que bem gerenciado.

Marques e Weiss (2021) aponta os efeitos da pandemia da covid-19 na dinâmica da gestão pública universitária e ressalta a necessidade da adoção, por líderes de uma universidade federal, de estratégias para a manutenção da saúde mental tanto no âmbito individual quanto grupal (equipe), considerando o contexto pandêmico como geradores de adoecimentos psíquicos como estresse e ansiedade. 

Fernandes (2021) acredita que a manutenção do teletrabalho é viável, no contexto pós-pandêmico da covid-19, desde que desenvolvido um modelo de gestão que considere as especificidades que o ensino superior apresenta. Para o autor, há uma tendência pelo modelo híbrido de teletrabalho. 

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo, buscou-se compreender o cenário atual quanto às pesquisas desenvolvidas, na área de gestão de pessoas nas universidades federais brasileiras, no contexto da pandemia da covid-19. 

Os resultados encontrados mostram que a pandemia da covid-19 trouxe significativas mudanças no campo do trabalho nas UFBs, sendo a adaptação ao teletrabalho o grande desafio encontrado pelo setor. Em consequência à adoção de desenvolver obrigatoriamente o labor de forma remota, diversos impactos à saúde dos servidores, técnicos e docentes, necessitam atenção especial da área, de maneira que seus gestores/líderes pudessem desenvolver estratégias a fim de mitigar as dificuldades vivenciadas e, assim, possibilitar melhores condições de trabalho e bem-estar, em um momento tão difícil para toda sociedade.

Os resultados encontrados nesta pesquisa revelam que as principais temáticas estudadas foram: saúde mental; teletrabalho; liderança, bem-estar, qualidade de vida; autocuidado; dilemas morais; ética administrativa; e comunicação organizacional.

Foi possível perceber um elevado número de produções que apresentaram abordagens qualitativas e quanti-qualitativas, permitindo inferir um maior direcionamento das pesquisas realizadas para os aspectos relacionados às percepções das pessoas, no caso, servidores das UFBs, técnicos e docentes. 

Evidenciou-se também que a maior sequência de produções sobre os desafios da gestão de pessoas das UFBs, no contexto pandêmico, deu-se no ano de 2021. Tal fato, provavelmente, seja reflexo da suspensão das atividades de ensino na primeira fase da pandemia, em 2020, assim como o recorte temporal desta pesquisa ser delimitado até o primeiro semestre de 2022. Com base no que foi exposto, fica revelado que a realização de pesquisas sobre a temática ainda carece de continuidade e aprofundamentos.

Cabe ressaltar, que esta pesquisa apresenta como limitação o fato de abordar um fenômeno ainda em andamento e, por sua vez, pouco estudado – a pandemia da covid-19. Soma-se a este fator, a conjugação única dos descritores “Gestão de Pessoas” + “Universidade Pública” +“Pandemia”, na plataforma “Google Acadêmico”, em detrimento de outros descritores e bases de dados, sugerindo assim a ampliação destes elementos (descritores e bases de dados) como sugestão para futuras pesquisas. Além disso, indica-se a concretização de mais pesquisas sobre a temática, como por exemplo as relacionadas aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Institutos Federais). 

Por fim, referindo-se à Chiavenato (2004), aponta-se para o fato das produções selecionadas mostrarem-se concentradas ao processo de “manter pessoas”, relacionado aos aspectos de qualidade de vida e saúde, assim como, em segundo plano, aos processos de “desenvolvimento de pessoas” que englobam treinamento, desenvolvimento e aprendizagem referentes à capacitação dos servidores, docentes e técnicos, para a realização das atividades profissionais de forma remota, teletrabalho, através de tecnologias da comunicação e informação.  

No entanto, com base nas ações desenvolvidas pela PROGEP da UFPA, quase todos os processos da Gestão de Pessoas foram colocados em prática, como por exemplo, o processo “monitorar pessoas”, através da criação de planos de trabalho e relatórios que deveriam ser enviados regularmente pelos servidores. O processo “agregar pessoas” também foi realizado através das nomeações de novos servidores, em processos seletivos realizados anteriormente.

Ressalta-se que, até o momento, não foram encontradas um número expressivo de pesquisas voltadas às temáticas da Gestão de Pessoas nas UFBs, durante o período pandêmico. Deste modo, acredita-se que este artigo possa contribuir com futuras pesquisas, estudos e reflexões sobre o tema.  Mostra-se ainda digno de nota a relevância deste estudo para a região norte do Brasil, revelando-se, possivelmente, como uma das primeiras tentativas de aproximação ao tema na região, no período pesquisado.

Registra-se ainda que este estudo ilustra algumas ações realizadas pela PROGEP da UFPA, que tiveram importante impacto sobre a vida dos servidores durante o período de pandemia. Em um momento conturbado de muitas críticas às universidades federais brasileiras, é digno de reconhecimento a atenção desta Pró-Reitoria em implementar ações que objetivaram minimizar os impactos da pandemia sobre a vida de seus servidores. 

Finalmente, como contribuições desta pesquisa, espera-se ter cooperado para o aprimoramento científico e acadêmico do tema, permitindo que as portas estejam abertas, assim como um caminho a ser trilhado por aqueles que tiverem o interesse no aprofundamento desta temática.


3A expressão “home office”, traduzida à língua portuguesa, significa “escritório em casa”. No contexto da pandemia da covid-19, os servidores das universidades federais foram obrigados a transformar suas casas em escritório, assumindo os custos, por exemplo, com energia elétrica, internet, aquisição de equipamentos indispensáveis à transmissão de aulas remotas, assim como participação em reuniões de teletrabalho. 
4De acordo com a lei 8.112/1191, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, em seus artigos 2º e 3º, servidor público é a pessoa legalmente investida em cargo público, sendo cargo público um conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser acometidas a um servidor.  
5Neste artigo, o termo “capital humano” será utilizado a partir de vários autores da Administração, como o Chiavenato e Bergue. Contudo, o conceito não é central no trabalho. 
6Expressão em inglês, sem definição única, que pode ser traduzida para o português como “fechamento total” ou “confinamento”. Pode ser imposta pelo Estado ou pela Justiça em situações extremas como uma pandemia. 
7A Pfizer é uma empresa farmacêutica multinacional com sede em Nova Iorque, Estados Unidos, sendo uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo, ficando em evidência pós o desenvolvimento da vacina contra a COVID-19.
8O Instituto Butantan é um renomado centro de pesquisa biológica localizado no bairro do Butantã, na cidade de São Paulo, sendo o maior produtor de vacinas e soros da América Latina e o principal produtor de imunobiológicos do Brasil.
9Serviço de comunicação por vídeo desenvolvido pela empresa Google. 
10Refere-se a uma webconferência com intuito educacional, no formato de seminário. 
11Compreende um conjunto de estratégias didático-pedagógicas que dispensa o compartilhamento de um mesmo espaço físico entre docentes e discentes e que pode ser efetivado com a realização de atividades por meios digitais, fazendo uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). 
12Como foi sinalizado, este artigo não  pretende discorrer sobre os Institutos Federais, contudo importa ressaltar que estas instituições, assim como as Universidades Federais, vêm sofrendo com os sucessivos cortes no orçamento. O governo federal cortou R$ 92 milhões da verba aprovada na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022 para Institutos Federais, Cefet´s e Colégio Pedro II. (Sintietfal, 2022). 
13Disponível em: http://proeg.ufpa.br/index.php/noticias/374-ensino-emergencial-remoto
14Expressão utilizada para identificar o conjunto de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou amplificar as habilidades funcionais de pessoas com deficiência, promovendo inclusão e vida independente.
15As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Constituição (1988), Capítulo III – DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO, Art. 207.
16Resultado de política salarial na qual os reajustes não acompanham a inflação.
17Mindfulness ou atenção plena é um estado que busca treinar atenção ao momento presente, permitindo que as pessoas possam fazer escolhas mais conscientes. 

7. REFERÊNCIAS

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1Este artigo é resultado do Trabalho de Conclusão do Curso apresentado à Universidade Federal do Pará – UFPA, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Administração. 
2Graduado em Administração, Universidade Federal do Pará – UFPA