EMPREENDEDORISMO: A BUSCA PELA SOBREVIVÊNCIA FINANCEIRA NO PÉRIODO PÓS PANDÊMICO

ENTREPRENEURSHIP AND THE PANDEMIC: THE SEARCH FOR FINANCIAL SURVIVAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12658222


Rafaella Maria Fernandes1
Rodrigo Moreira Braz2


RESUMO: O ato de empreender é essencial para a criação de empregos, inovações e para o avanço econômico e social de um determinado local e, dentro de um cenário de crise, o empreendedorismo representa para muitos a oportunidade de gerar renda para suprir necessidades básicas. Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho foi identificar os pontos principais de desafios enfrentados e necessidades enfrentados pelos empreendedores para sobrevivência em um canário de crise pandêmica desencadeada pelo Covid-19. A partir de uma pesquisa qualitativa, de objetivo descritivo e informação baseadas na coleta de dados realizados através de fontes subsidiárias, por intermédio de levantamento bibliográfico e informações obtidas através do uso livros, de artigos científicos e revista cientifica disponíveis na internet a fim de formar uma proposição teórica. Pode-se concluir que as ações governamentais ainda são insuficientes dentro de um cenário de crise, tornando a responsabilidade da população ainda maior para conter a pandemia no que se refere ao agravamento econômico e social. Com isso, estimular o empreendedorismo e aliar as ações de apoio financeiro, educacional e governamental poderia trazer benefícios a curto, médio e longo prazo, mudando o curso da crescente desigualdade social.

PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo. Covid-19. Crise. Empreendedorismo por necessidade.

SUMMARY: Entrepreneurship is essential for job creation, innovation and for the economic and social advancement of a given location and, within a crisis scenario, entrepreneurship represents for many people the opportunity to generate income to meet basic needs. In this sense, the general objective of this work was to identify the main points of challenges faced and needs faced by entrepreneurs for survival in a canary of pandemic crisis triggered by Covid-19. From a qualitative research, with a descriptive objective and information based on the collection of data carried out through subsidiary sources, through a bibliographic survey and information obtained through the use of books, scientific articles and scientific journals available on the internet in order to form a theoretical proposition. It can be concluded that government actions are still insufficient within a crisis scenario, making the population’s responsibility even greater to contain the pandemic in terms of economic and social aggravation. With that, encouraging entrepreneurship and combining financial, educational and government support actions could bring benefits in the short, medium and long term, changing the course of growing social inequality.

Keywords: Entrepreneurship. Covid-19. Crisis. Entrepreneurship by necessity.

INTRODUÇÃO

O empreendedorismo é a forma mais clara de crescimento profissional, a partir da necessidade e do desejo de realização pessoal faz com que grande parte da população, cerca de 3,9 milhões (Brasil alcança recorde de novos negócios, com quase 4 milhões de MPE – Sebrae) de empreendedores, escolha essa forma como principal fonte de renda. A forma que cada pessoa decide em começar a empreender varia de recolocação no mercado, a decisão da saída da CLT ou também a vontade de crescimento e possibilidade de proporcionar empregos.

Entende-se que o empreendedorismo é uma forma de pegar as ideias e inovações e transformá-las em um negócio lucrativo, sabe-se que é necessário conhecer e assumir os riscos já que eles fazem parte de toda a construção de um negócio de sucesso, a forma que será conduzido esses percalços é a chave crucial para saber se o novo empreendedor conseguirá alcançar sucesso em seu empreendimento.

O empreendedor consegue por muitas vezes desligar de vínculos existentes por muitos anos, tira o melhor de cada experiencia que podem vivenciar e cria um método de trabalho que vá conseguir se sentir realizado financeiramente e pessoalmente.

 O perfil empreendedor é aquele que definirá em qual circunstância ele melhor se atenuará dentro do novo negócio para Dornelas (2016) as principais características são: ter iniciativa e paixão pelo que faz, aceitar e assumir os riscos calculáveis e a possibilidade de fracassar, concentrar em um número limitado de projetos e correr atras das possibilidades com coerência e disciplina, extrair dos outros o conhecimento e recursos para conseguir alcançar o que almeja.

O ato de empreender é essencial para a criação de empregos, inovações e para o avanço econômico e social de um determinado local. E há muito tempo, o empreendedorismo se tornou um campo de pesquisa importante para várias ciências, dentre elas as áreas de conhecimento de economia, psicologia e sociologia (PACHECO et al. 2021).

E, neste contexto, o ato de empreender pode ser entendido através das decisões e ações de indivíduos empreendedores no sentido de criar novos negócios, identificar e explorar oportunidades, e renovar organizações (DORNELAS, 2015). Com isso, o processo empreendedor passa a ser visualizado como a identificação de oportunidades de negócio e a estruturação de meios para explorá-las, seja por meio da abertura de novos empreendimentos, seja por meio da construção de inovações em organizações já estabelecidas.

Deste modo, o empreendedorismo tem um importante papel na criação e no crescimento de empresas, na geração de emprego e renda e ao passo que as ações empreendedoras também contribuem para o desenvolvimento de inovações desempenham um papel fundamental no desenvolvimento das economias locais (MUSSALEM, 2021).

Dentro de um cenário econômico conturbado, o empreendedorismo representa para muitos a oportunidade de gerar renda para suprir necessidades básicas, além de equivaler também ao primeiro contato com o ambiente profissional para uma elevada parcela da população (ARRUDA, 2017). No entanto, existem alguns obstáculos que os empreendedores precisam enfrentar para atuar de modo sustentável no país, e essa situação se agrava atualmente com a crise sanitária mundial (TORRES, 2021).

O surgimento da Covid-19, uma doença infecciosa e contagiosa causada pelo novo corona vírus, na China, em dezembro de 2019, gerou diversos impactos na saúde e na economia mundial. Isso porque o vírus se espalhou para outros países, sendo considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um surto de pandemia. Com o desconhecimento científico, alta velocidade de propagação e capacidade de provocar mortes em populações vulneráveis, houve a necessidade de usar políticas como o lockdown e o distanciamento social para minimizar os impactos e a transmissão do vírus (BARRETO et al., 2020).

As consequências decorrentes de uma crise podem gerar tanto oportunidades, quanto ameaças, devido às condições novas impostas pela nova realidade para que as empresas se adaptem. Sob a perspectiva do empreendedorismo as atividades empresariais podem ser adaptadas e com isso oportunidades podem ser aproveitadas, contudo os fatores internos e externos devem ser observados, pois influenciam tais atividades. Além disso, as políticas públicas podem também influenciam a atividade empreendedora e podem gerar um efeito estimulador ou desencorajador na mesma (PACHECO et al. 2021).

Entretanto, pode-se esperar que os efeitos negativos sobre a situação econômica produzam um medo crescente por parte dos empresários de que o novo projeto de empreendimento possa falhar devido à demanda reduzida do mercado, acesso mais difícil a recursos (principalmente financiamento) ou medidas administrativas para garantir o distanciamento social.

Tendo em vista o cenário de crise ocasionado pela Covid-19 e seus impactos já evidenciados nas economias de todo o mundo, este trabalho, busca-se responder a seguinte pergunta de pesquisa: De que maneira o empreendedorismo pode se configurar como resposta a contextos de crise, como aquela provocada pela pandemia da Covid-19?

Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho é identificar os pontos principais de desafios enfrentados e necessidades enfrentados pelos empreendedores para sobrevivência em um canário de crise pandêmica desencadeada pelo Covid-19.

E, deste modo, para atingir o objetivo principal, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

Compreender o contexto e as consequências geradas pela crise do Covid-19 no campo do empreendedorismo;

 Compreender as características e necessidades do empreendedor no cenário brasileiro; e,

Identificar e apresentar as principais recomendações de ações de estímulo ao empreendedorismo pós-pandemia.

DESENVOLVIMENTO

Foram abordadas as principais informações acerca do empreendedorismo e o Covid-19 e, seguindo, as características do empreendedorismo por necessidade no contexto brasileiro.

EMPREENDEDORISMO

O empreendedorismo vem crescendo com o passar do tempo e com a necessidade de cada um em se reinventar, por muitas vezes não encontrando um trabalho fixo, ou algo regido nas leis da CLT a saída de alguns brasileiros foi criar um negócio próprio e foram vários segmentos que se viram crescendo.

Para Dornelas (2016)3, o empreendedorismo no Brasil começou a se formar com a criação do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) em meados da década de 1990.

O empreendedorismo vem para modificar toda uma estrutura empresarial, onde o rumo esperado está sempre em uma linha tênue que dificilmente deveria ser quebrada ou modificada. Para que isso acontecesse foi necessário pessoas com coragem e vontade o suficiente de enfrentar as dificuldades de começar um novo negócio ou produto, pessoas que conseguiriam se destacar das demais fugindo dos padrões criados ao longo do tempo.

Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, são apaixonadas pelo que fazem, não se contêm em ser mais um na multidão, querem ser reconhecidos e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado. (Dornelas, 2018)4.

De acordo com Schumpeter (1988), o empreendedor é o agente fundamental do processo de desenvolvimento econômico e é importante destacar que empreendedor é todo aquele que opera novas combinações de fatores produtivos não podendo ser confundido com o indivíduo que é proprietário de uma empresa e gerência apenas a rotina. Este último é apenas um dono de firma que nada contribui para o desenvolvimento. O empreendedor precisa educar o mercado consumidor a aceitar seu novo produto e convencer o capitalista a conceder o crédito necessário (SCHUMPETER, 1988).

A partir de tal conceituação, Degen (2009) citou os cinco principais motivos que levam as pessoas a empreender:

Vontade de ganhar dinheiro;

Desejo de sair da rotina do emprego;

Vontade de melhorar seu futuro;

Necessidade de provar a si e aos outros que tem capacidade;

Desejo de desenvolver algo que em troca traga reconhecimento e benefícios financeiros.

Neste sentido, Dolabela (2006) acrescenta que o empreendedor tem um papel social no meio em que vive, não bastando apenas a obtenção de lucros e foco no resultado. Deve-se ter um compromisso com a sociedade, auxiliar e amparar através de ações. Para Maximiano (2006, p.1), empreendedor é aquele que “assume o risco de começar uma empresa”, e a palavra empreender está diretamente ligada à iniciar uma empresa utilizando-se de recursos. Ele comenta ainda sobre a diferença entre ser empreendedor e ser empresário ou dono de empresa: “o empresário representa o lado formal do negócio, enquanto o empreendedor representa o lado criativo”, tendo isso em vista, percebemos que o empresário deve sempre manter seu lado empreendedor, a fim de consolidar a sobrevivência da empresa em um ambiente competitivo.

Entretanto, vale salientar que, nem todos os empreendedores (potenciais, nascentes ou novos) declaram motivos semelhantes para iniciar seus negócios. Tradicionalmente, a classificação mais comum separa a necessidade da oportunidade como os principais motivos.

Segundo Legg (2020), existem dois tipos de empreendedores: o por oportunidade e o por necessidade. O empreendedor por oportunidade, segundo o GEM (2020), é aquele que, quando questionado sobre o motivo de terem aberto seu negócio, alega que o iniciou por ter identificado uma oportunidade viável ao ambiente em que atua. Ou seja, apesar de possuir alternativas de emprego, optam pelo início do novo negócio por conta das chances de crescimento identificadas. Sendo assim, é visto como um ator que toma a iniciativa e antecipa-se aos fatos, contendo uma visão futura de sua organização, conforme aponta Dornelas (2005).

O empreendedor de baixa renda se encaixa no segundo tipo, em razão da procura de independência e o desejo de ganhar a vida com base nas suas possibilidades ou valores pessoais, sendo, estatisticamente, o tipo mais comum de um novo empreendimento e uma fonte de emprego autônoma em quase todas as economias (LEGG, 2020).

O empreendedor por necessidade é aquele que atrela a criação de seu negócio à falta de possibilidades para geração de renda e ocupação (GEM, 2020). A escassez de empregos ou a distância do mercado de trabalho por muitos anos (o que ocasiona na dificuldade em realocar-se ao mercado atual) o deixa sem escolhas para obter renda, contornar seus problemas financeiros, de autoestima e de sua carreira.  profissional, tendo de aderir ao empreendedorismo (LEGG, 2020).

O motivo da necessidade pode empurrar mais indivíduos para esta categoria. O aumento do desemprego e a falta de opções alternativas forçam muitas pessoas a considerarem a possibilidade de iniciar um novo empreendimento. Nesse sentido, a crises econômicas anteriores mostraram tanto um aumento na porcentagem de adultos que planejam iniciar um empreendimento quanto, simultaneamente, um aumento na porcentagem de empreendedores nascentes e novos motivados por necessidade.

Neste contexto de necessidade ou oportunidade, o empreendedorismo é um grande aliado para melhorar a situação econômica do Brasil. Através da criação de novas empresas são gerados mais empregos, a economia é fomentada e aquecida, o dinheiro tem um giro maior no país, aumentam os valores de impostos recebidos pelo governo, e a economia vai voltando a se reestruturar.

Para o GEM, o empreendedorismo é avaliado em um sentido amplo, pois podem ser alcançados empreendedores dos mais variados matizes, com negócios formalizados ou não. O empreendedorismo é um motor de desenvolvimento de muitos países que hoje estão em destaque na economia mundial, movimentando o cenário econômico, por meio da geração de emprego e da criação de recursos e mercados (CARDOSO, 2015). Em 2018, o Brasil, segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) apresentou uma TTE (taxa de empreendedorismo total) de 38%, revelando que em cada cinco brasileiros adultos, dois eram empreendedores, correspondendo a estimativa de que 52 milhões de brasileiros entre 18 e 64 anos estavam realizando alguma atividade empreendedora, o que reforça a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento socioeconômico.

Por fim, vale destacar outro conceito importante dentro da área do empreendedorismo e que ajudará nas análises adiante, o conceito de características e comportamentos empreendedores – CCEs. Na literatura as CCEs ficaram conhecidas também como as dez principais características empreendedoras da ONU, pois foram fruto do trabalho de MacClelland para a Organizações das Nações Unidas (ONU), a pesquisa foi realizada na década de 60 com 200 empreendedores, em 3 continentes, por um período de 2 anos (KRÜGER e MINELLO, 2018).

Sendo assim, as 10 características são: Busca de Oportunidades e Iniciativa, Persistência, correr riscos calculados, Exigência de qualidade e eficiência, Comprometimento, Busca de Informações, Estabelecimento de Metas, Planejamento e Monitoramento Sistemáticos, Persuasão e Rede de Contatos, Independência e Autoconfiança.

Quadro 1 – Características empreendedoras

CaracterísticasDescrição
Auto eficáciaCapacidade de alcançar resultados pretendidos.
Percepção ao RiscoCapacidade de analisar determinadas situações, mensurar os pontos positivos e negativos e tomar decisões sobre explorar ou não uma dada oportunidade.
PlanejamentoCapacidade de olhar para o futuro e definir ações para alcançar objetivos.
Reconhecimento de OportunidadesCapacidade de identificar e avaliar oportunidades.
PersistênciasCapacidade de transpor obstáculos e dificuldades visando atingir objetivos.
SociabilidadeCapacidade de criar redes sociais e estabelecer networking.
InovaçãoCapacidade de combinar recursos para criar produtos, processos e serviços.
LiderançaCapacidade de liderar e mobilizar pessoas para alcançar objetivos.
Fonte: Desidério e Frutoso (2022)

Concluindo, o que pode ser observado é que o empreendedorismo surge a partir do momento em que são identificadas possíveis oportunidades de lucro, monetário ou não, entretanto ele só existe porque as pessoas acreditam na ideia. Portanto, o termo em questão vai continuar sujeito a novas classificações, seja pelo momento econômico vivenciado pela região, ou por qualquer outro dos vários fatores que podem o influenciar, sendo a iniciativa empreendedora a única constante (TORRES, 2021).

EMPREENDEDOR

O empreendedor deve estar atento as novidades e tudo que o cerca dentro do mercado de trabalho, conhecer o potencial do seu negócio é um ponto de extrema importância, “O Empreendedor vive no futuro, nunca no passado e, raramente, no presente.”

Ele é responsável pelo crescimento do negócio ou produto, deve se dedicar a conhecer não somente o mercado, mas o seu cliente em potencial, compreender o que ele quer e precisa, oferecer mais do que ele procura e assim proporcionar uma experiência única que o fara retornar para a empresa e criar um processo de fidelização apresentando o diferencial que a empresa tem a oferecer

O empreendedor deve se organizar e colocar pontos em que será possível visualizar suas habilidades e assim se encaixar no mundo dos negócios que é competitivo e é sempre necessário se destacar para conseguir crescer no mercado. Dentro das doutrinas consegue-se encontrar pontos em que o empreendedor deve se basear para ter uma diretriz de como agir no mercado, o empreendedor deve procurar: Ser auto eficaz, assumir riscos calculados, planejador, detectar oportunidades, ser persistente, sociável, inovador e líder. É necessário aqui explicar o que cada uma dessas diretrizes significa.

Auto eficaz para Filomena Matos (Covilhã, 2012) é quando existe a percepção das aptidões pessoais, determinando as suas atitudes na persecução dos objetivos com a finalidade de iniciar uma atividade econômico. É interessante pensar e olhar o empreendedor como uma personalidade criativa, sempre lidando com o desconhecido, estimulando o futuro, vendo as possibilidades e criando probabilidades e oportunidades e assim transformando o caos em harmonia (Gerber 2004). Para empreender é necessário sempre olhar a frente, a curiosidade nas oportunidades faz com que o medo de começar se torne pequeno para concretizar o sonho, sem pensando sempre no que acontece no agora e carregando sempre cada conquista ou derrota para que possa construir a personalidade empreendedora.

O empreendedor deve estar pronto para inovar e se renovar com cada mudança do mercado, a cada novo desafio que lhe é apresentado, o mercado sempre está em ascensão e mudar é uma forma de crescer de apresentar o negócio ou produto cada vez melhor, mas para isso é necessário que os colaboradores da empresa acreditem no que elas estão vendendo, que os fornecedores saibam que o produto que eles repassam para o devido negócio ou produto será bem representado por esse empreendimento em ascensão, Bel Pesce retrata essa fase colocando que:

 “…o empreendedor, deve saber encantar seus usuários com os produtos ou serviços que você cria pode ser um grande diferencial a sua empresa. E saber fascinar seus funcionários, colaboradores e parceiros com a sua visão pode ser o que viabiliza a criação de produtos tão encantadores.”5

Mais do que criar uma empresa ou produto, o empreendedor deve ajudar a realizar os sonhos dos seus clientes, mas para conseguir esse triunfo é necessário que o empreendedor seja uma líder, motivando os seus colaboradores e mostrando para eles o porquê é tão importante concretizar a venda, os fornecedores devem acreditar que o produto que eles entregam para o devido negócio será bem representado.

Os conceitos sobre o que é o empreendedor foi se aperfeiçoando se remoldando e a ainda está longe de chegar a uma conclusão, mas com o que já foi criado é possível ver que o empreendedor é a pessoa que está disposta a criar projetos, enfrentá-los, reinventá-los e consegue a partir do que foi recolhido como informações concluir o projeto “O empreendedor é alguém que imagina, desenvolve e realiza visões.”6

A PANDEMIA DE COVID-19

A COVID-19 é a doença infecciosa causada pelo novo Corona vírus, identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, em Wuhan, na China. O aumento do número de casos rapidamente caracterizou a infecção como um surto, de modo que, no final de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a situação como uma emergência em saúde pública de interesse internacional (GIONES et al., 2020).

O rápido avanço da doença exigiu o uso do distanciamento social como ferramenta governamental para reduzir a transmissão do vírus à população devido à ausência de respostas médicas ao vírus, por exemplo, vacinas ou medicações eficazes (FARIA, 2021). No entanto, os bloqueios realizados, incluindo, em alguns casos, controles de fronteiras ou proibições de viagens, desencadearam uma interrupção de atividades econômicas que não se assemelha a qualquer demanda anterior ou crise de abastecimento (GIONES et al., 2020).

Com o exposto, percebe-se que a COVID-19 evidencia a fragilidade do ser humano e dos negócios. Em poucos meses, a pandemia da COVID-19, resultou em uma doença generalizada, com mortes, e a rápida contração das economias globais (FARIA, 2021). Essa pandemia é um evento imprevisto, que em grande parte não foi considerado nos processos ou resultados de planejamento de negócios dos empreendimentos, independentemente de quão formal ou informal fossem, o que gerou impactos significativos (GIONES et al., 2020).

No Brasil, em março de 2020, foram adotadas medidas de isolamento social com o objetivo de desacelerar a taxa de contaminação da população e, consequentemente, evitar o colapso do sistema de saúde (FARIA, 2021). O governo brasileiro previa que os impactos do COVID-19 na economia brasileira seriam redução das exportações, queda no preço de commodities e, consequentemente, piora nos termos de troca, interrupção da cadeia produtiva de alguns setores, queda nos preços de ativos e piora das condições financeiras, além da redução no fluxo de pessoas e mercadorias (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020).

O Brasil se encontrou economicamente afetado pela pandemia da corona vírus desde o início de 2020. Em março, quando oficialmente foi decretada a quarentena, a situação se agravou. As perdas diretas impostas ao comércio pela crise provocada pelo novo corona vírus chegaram a um volume de R$ 124,7 bilhões (cento e vinte e quatro bilhões, e setenta reais) (FARIA, 2021). O referido valor representava um corte de 56% no faturamento do varejo em período anterior à pandemia, no ano.

A partir da declaração, do Ministério da Saúde, de haver transmissão comunitária no país (COELHO et al., 2020), uma série de decretos foi emitida pelas diferentes esferas de governo. Considerando a necessidade de distanciamento social para minimizar a propagação do vírus, os decretos abordaram a distribuição dos gêneros agrícolas, alimentos industrializados e refeições (OLIVEIRA et al., 2020).

Para frear o desemprego em massa e o agravamento do cenário econômico, a Medida Provisória nº 936 (BRASIL, 2020), publicada 14 dias após ter soado o primeiro alarme sobre as demissões, instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Como efeito cascata dos desdobramentos econômicos, o consultor de alimentos também foi atingido, tendo os contratos paralisados, rescindidos ou a carga horária de trabalho reduzida, mesmo aqueles com acordos que contemplavam tragédias naturais. O início da pandemia COVID-19 de 2020 levou a uma redução de 80% na taxa de abertura da indústria alimentação em alguns mercados. Restaurantes, bares, cafés e lanchonetes foram forçados a recusar clientes.

A gravidade dos efeitos econômicos da COVID-19 aparece a partir da sua capacidade de gerar, ao mesmo tempo, choques negativos na oferta e na demanda agregada mundial (UFRJ, 2020). Os ordenamentos legais trataram da suspensão de atividades relacionadas à educação, comércio, transporte e outras, sendo a orientação pela manutenção do funcionamento somente daquelas consideradas essenciais. Neste caso, feiras, lojas, shopping centers, academias, entre outros estão entre as organizações mais impactadas, uma vez que foram as primeiras a ter as portas fechadas (ALMG, 2020).

Nesse sentido, produtores que comercializavam seus produtos em feiras livres e demais veículos, foram impedidos de continuar com suas atividades, o que gera dificuldade de escoamento da produção, perda de estoques e, principalmente, da capacidade de obtenção de renda. Outros profissionais autônomos, pessoas jurídicas, empregadas domésticas, freelancers, etc. tiveram que deixar de trabalhar e, consequentemente, deixaram de receber também.

De acordo com o SEBRAE (2020), o segmento varejo tradicional, seguido por moda, alimentação fora do lar, construção civil, beleza, logística e transporte são os segmentos que mais concentram pequenos negócios e são os que terão as atividades mais afetadas. Os segmentos mais impactados somam 12,3 milhões de empresas, que empregam 21,5 milhões de trabalhadores.

Segundo as informações contidas no Boletim de Impactos COVID-19 nos pequenos negócios, devido as medidas restritivas de comportamento, nas primeiras semanas de março, especificamente no segmento varejo tradicional, houve queda de faturamento de 64%, e esta tende a aumentar. Sendo assim, há a necessidade de implementação de ações que visem minimizar esse impacto.

Adaptar o negócio para entrega direta ou utilizando serviço delivery é uma alternativa interessante para o varejo. Mesmo que o empresário tenha que fechar sua loja física, deve manter contato com os clientes pelos canais digitais e oferecer serviços e manter a comunicação para manter a lembrança do cliente (SEBRAE, 2020).

O EMPREENDEDORISMO POR NECESSIDADE DURANTE A PANDEMIA NO BRASIL

No Brasil, grande parte da população adquire renda através do seu próprio negócio. Conforme os dados estatísticos sobre empreendedorismo do Sebrae, no final de 2018, o Brasil possuía 27,93 milhões de empreendedores (13,34% da população total) (SEBRAE, 2020).

Do total, 37,22% possuem escolaridade com Ensino Fundamental Incompleto e 33,92% possuem apenas o Ensino Fundamental Completo. Em termos de posição domiciliar, em 53,97% dos casos, o empreendedor é o chefe de domicílio e, em 26,77%, é o cônjuge (SEBRAE, 2020).

Em relação à faixa etária, 25% possuem idade entre 35 até 45 anos e 22,16% possuem entre 45 até 55 anos. Sobre o rendimento mensal, 77,56% recebem de 0 até 2 salários-mínimos e 19,06% recebem de 2 até 5. Nos setores de atividade, 43,63% trabalham com serviços e 22,81% trabalham com o comércio (SEBRAE, 2020).

Sendo assim, pode-se refletir sobre o impacto que o empreendedorismo possui nas famílias brasileiras, pois a maior parcela dos empreendedores retira do seu próprio negócio o dinheiro para sustentar a si mesmo e sua família. Também se releva o fato de que a maioria é chefe domiciliar ou cônjuge além de, provavelmente, possuir filhos, em razão da faixa etária média da classe (SEBRAE, 2020).

E, neste contexto, e em meio a uma pandemia causada pela corona vírus, a definição de empreendedorismo em termos de oportunidade e necessidade foi alterada. Isso se deve às necessidades e desejos do consumidor terem sido drasticamente alterados devido a situações de vida “novas normais” que são caracterizadas pelo distanciamento social (MUSSALEM, 2021). Sob a correntes condições enfrentadas na pandemia de corona vírus, há necessidade de novas e rápidas atividades empreendedoras. As adversidades decorrentes de uma crise podem gerar tanto oportunidades, quanto ameaças, devido as mudanças ocasionadas. Além disso, as políticas públicas podem também influenciar a atividade empreendedora e podem gerar um efeito estimulador ou desencorajador na mesma (MUSSALEM, 2021).

Neste sentido, um dado importante dentro do cenário empreendedor é a motivação de iniciar esta nova atividade. O Global Entrepreneuship Monitor (2020) apresenta dois fatores principais, a oportunidade e a necessidade. A taxa de empreendedorismo por oportunidade reflete o “lado bom” da atividade empreendedora nos países, essa parcela de empreendedores é aquela que iniciou sua atividade para melhorar sua condição de vida ao observar uma oportunidade para empreender (GUSTMANN, 2021). O outro extremo da atividade empreendedora é aquele em que as pessoas empreendem diante de uma necessidade, nesse caso, há o empreendedorismo como “ferramenta de sobrevivência”.

A valorização da figura do empreendedor está em que este pode assumir um papel de liderança do seu futuro e, o discurso de incentivo ao empreendedorismo trás em suas justificativas o poder de mudança do empreendedor em relação à realidade econômica pessoal e de sua região e a criação de oportunidades de emprego (GUSTMANN, 2021; BARRETO, 2020). Uma vez que um trabalhador, passa a não encontrar oportunidades que garantam seu sustento e não existem no mercado oportunidades de emprego, esta passa a desenvolver novas atividades, com base nas suas aptidões e conhecimentos, atividades que possam garantir sua sobrevivência (MUSSALEM, 2021; BARRETO, 2020).

Ao contrário do empreendedor inovador que procura uma oportunidade de negócio, o empreendedor por necessidade pouco contribui para a economia local, pois em muitas situações a falta de formalização e a baixa demanda de mercado acabam proporcionando uma baixa produtividade e renda (GUSTMANN, 2021; BARRETO, 2020). Esta parcela da população deveria ser provida de qualificação para encontrar empregos e uma formação tecnológica e gerencial para efetivamente empreenderem oportunidades de negócio (BARRETO, 2020).

Em decorrência das mudanças substanciais no estilo de vida, cultura e interações sociais do indivíduo causados pela crise da COVID-19, uma visão de gerenciamento, no entendimento dos empreendedores, fez-se necessário, e resultou na necessidade de buscar outras formas de pensar para adaptar-se à nova maneira de viver (GUSTMANN, 2021; BARRETO, 2020).

De maneira geral, em termos numéricos, o empreendedorismo no Brasil em 2020 manteve-se em patamares elevados. Embora tenham sido observadas reduções em algumas taxas, elas continuam sendo altas e, quando aplicadas sobre a população brasileira, levam a estimativas expressivas no número de empreendedores (GEM, 2020).

Em 2020 havia 44 milhões de indivíduos à frente de algum tipo de empreendimento no país, dos quais 14 milhões foram criados no ano em questão, 19 milhões tinham entre 3 meses e 3 anos e meio e 12 milhões tinham mais do que 3 anos e meio. Além disso, eram 50 milhões de indivíduos pretendendo abrir um negócio próprio nos próximos 3 anos. As taxas de empreendedorismo calculadas pelo GEM são obtidas a partir de dados coletados junto à população adulta (18 a 64 anos) e revelam os variados movimentos dos indivíduos em relação à criação e manutenção de novos negócios no país (GEM, 2020).

A taxa de empreendedorismo total (TTE) expressa a proporção da população envolvida em negócios, nas fases de criação ou manutenção. Essa taxa é composta por três outras: a taxa de empreendedores nascentes (NEA) – proporção da população envolvida, nos últimos 12 meses, em empreendimentos em fase de criação ou já em operação e remunerando seus sócios ou empregados por, no máximo, 3 meses ; taxa de empreendedores novos (NBO) – proporção da população que é ao mesmo tempo proprietária e administradora de algum negócio com, no mínimo, 3 meses e, no máximo, 3 anos e meio de operação – ; e empreendedores estabelecidos (EBO) – proporção da população envolvida em negócios com mais do que 3 anos e meio de existência (GEM, 2020).

Tabela 1 – Índices e estimativas empreendedores 2020

Fonte: GEM Brasil 2020

Cabe ressaltar que a taxa de potenciais empreendedores – aqueles indivíduos que ainda não possuem um empreendimento, mas que planejam ter um, no horizonte de 3 anos – (tabela 1) revela que, em 2020, quase 53% da população não empreendedora expressou a intenção de ter um negócio, superando em 22,5 pontos percentuais a taxa de 2019. Essa proporção leva à estimativa de 50 milhões de brasileiros planejando empreender nos próximos anos. Além disso, a pesquisa GEM Brasil de 2020 revela que 32,2% desses 53% afirmaram pretender abrir algum negócio nos próximos 3 anos, influenciados pela pandemia, ou seja, 16 milhões de potenciais empreendedores inspirados pelas necessidades decorrentes da pandemia. Resta saber, na pesquisa de 2021, se esses valores se converterão em empreendimentos motivados pela oportunidade ou necessidade.

Tabela 2 – Percentual e estimativa da influência da pandemia no empreendedorismo

Fonte: GEM Brasil 2020

O mercado de trabalho tem suas exigências e por essa dificuldade muitos trabalhadores optam pela criação do seu próprio negócio, mesmo em meio uma crise como essa que estamos passando por causa do COVID-19 (GUSTMANN, 2021). Segundo a pesquisa realizada pelo GEM, o Brasil está entre os 10 países que mais consideram a escassez de emprego como fator motivador se tonar um empreendedor (GEM, 2020).

Entre as motivações encontradas para o empreendedorismo pode se ver que as que mais se destacam são oportunidades e necessidades, mostrou que quase 90% dos empreendedores brasileiros concordam que a escassez de emprego é um fator que leva os brasileiros a empreender (GEM, 2020). Por lado, um terço da população tem a ambição de ter uma grande riqueza e uma renda alta como motivação, e por último um quarto dos empreendedores desenvolveu um negócio por causa da tradição familiar.

Cabe considerar as motivações que os impulsionaram a criar novos empreendimentos ou a permanecerem com os que já possuíam.

Tabela 3 – Motivação de empreender

Fonte: GEM Brasil 2020

Com a série considerável da proporção dos indivíduos que empreendem por necessidade, observa-se o significativo aumento dessa motivação em 2020, principalmente no empreendedorismo nascente, que retorna, de forma abrupta, ao patamar observado em 2002, ano em que mais da metade dos empreendedores nesse estágio foram motivados pela necessidade. Isso ocorreu após ter sido registrado pouco mais de 20%, em 2018.

Gráfico 1 – Empreendedorismo por necessidade no Brasil

Fonte: GEM Brasil 2020

Por fim, cabe ressaltar que, a motivação é o que faz o empreendedor tomar a decisão de decidir arriscar pelo empreendedorismo pois apesar de trazer muitas conquistas vem também vários riscos que o empreendedor vai enfrentar com o tempo e ele precisa se preparar para tomar a decisão de se arriscar ou ficar onde está (GUSTMANN, 2021).

CONSEQUÊNCIAS GERADAS PELO COVID-19 NO CAMPO DO EMPREENDEDORISMO

É possível sintetizar os impactos causados pelo Covid-19 nas economias a partir de várias perspectivas. No entanto, os principais impactos podem ser agrupados no lado da demanda (menos clientes dispostos a comprar produtos ou serviços) ou no lado da oferta (aumento da dificuldade e/ou custo de acesso aos recursos necessários – por exemplo, financiando e usando-os para produção). Além disso, pode haver uma mudança nas principais áreas ou fontes de oportunidades.

Quanto aos efeitos colaterais da demanda, concentram-se basicamente em uma diminuição da demanda agregada (gasto total). Tal fato apresenta pelo menos três causas diferentes. Em primeiro lugar, a saída da pandemia não nos levará para onde estávamos antes. As coisas serão diferentes por muito tempo. Haverá várias restrições a atividades comuns que afetarão nossas opções de escolha como consumidores. Os governos estão explicando à sua cidadania que temos que nos preparar para uma “nova normalidade”.

Grandes concentrações de pessoas ainda estão proibidas. Com relação ao empreendedorismo, a escalabilidade dos projetos geralmente depende de atingir rapidamente uma grande base de c0lientes. No entanto, conseguir isso através do contato face a face pode se tornar substancialmente mais difícil ainda.

Em segundo lugar, os efeitos econômicos gerais da crise refletiram na atividade normal do consumidor. Com todas as lojas, bares, restaurantes ou hotéis fechados por várias semanas e as o retorno as atividades parciais e restritas por um longo período após o bloqueio, o PIB de muitos países caíram e o emprego também. As projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI, 2020) estimaram uma queda de 6,1% no PIB para as economias desenvolvidas em 2020, e uma queda de 1,0% para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento. A taxa de desemprego cresceu de 25% a 50% na maioria das economias avançadas. Previsões e estatísticas mais recentes dos governos nacionais estão, no entanto, piorando substancialmente as perspectivas sobre as consequências da pandemia.

A recessão esperada mais suave nas economias emergentes é baseada no menor impacto (até agora) do Covid-19 nesses países. Tudo isso terá um efeito multiplicador negativo sobre a demanda do consumidor. Já é possível enxergar uma redução da renda das famílias, com a consequência de uma menor demanda agregada por parte dos consumidores. Espera-se que isso dure vários trimestres, e talvez anos, após a “nova normalidade”. Nesse contexto, as perspectivas de vendas para novas empresas que oferecem novos produtos ou serviços são certamente difíceis.

Em terceiro lugar, é provável que haja uma mudança nas percepções das pessoas, com aumento da apreensão e do medo. Assim, espera-se que os consumidores se tornem mais cautelosos em geral. Seria razoável prever um aumento na propensão marginal a poupar. Esse é um comportamento típico em tempos de incerteza com base em modelos de poupança por precaução e isso implicará em uma redução adicional dos gastos de consumo.

Por outro lado, pelo lado da oferta, também podemos identificar uma série de efeitos negativos. A primeira delas diz respeito ao financiamento concedido aos novos empreendedores, as empresas de capital de risco paralisaram o seu investimento em novos empreendimentos.

Um segundo problema pode ser identificado em relação a oferta se refere ao abastecimento, novamente, associado as restrições à atividade normal estabelecidas pelas autoridades de saúde e/ou governamentais. Estes implicarão custos adicionais para qualquer atividade (equipamento de proteção individual, preparação pessoal, aumento da limpeza). Esses custos podem ser relativamente pequenos para (grandes) empresas estabelecidas. Em contrapartida, são substancialmente mais importantes no caso de novos negócios, uma vez que são menores e suas vendas também. Desta forma, a rentabilidade será mais difícil de alcançar.

Por fim, a atual crise do Covid-19 também pode se tornar uma fonte de novas oportunidades, que podem ser consideradas, pelo menos parcialmente, como um lado positivo da crise. Além disso, há também um efeito positivo indireto em novos negócios que podem se tornar potencialmente rentáveis devido às mudanças causadas pela pandemia e às reações a ela. É o caso de diversos setores, como serviços online, e-commerce, trabalho remoto, ensino e educação a distância, soluções de software para empresas ou serviços de atendimento à terceira idade, entre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das informações apresentadas neste trabalho, o tema empreendedorismo é dinâmico e deve ser atualizado constantemente, uma vez que seus conceitos são aperfeiçoados e as formas de compreensão por parte dos estudiosos podem se alterar. Dessa forma, o estudo sobre o empreendedorismo é um tema atual e relevante, principalmente, no Brasil, onde tal atividade é a fonte de renda de grande parcela da população.

O empreendedorismo é considerado fator essencial para o crescimento econômico e a geração de empregos. Assim é importante que os empreendedores possam identificar oportunidades, colocá-las em prática e estabelecer redes de contato que os permitam aderir a novas tecnologias e desenvolver novos produtos e processos. E, neste contexto, as crises podem ser uma grande ameaça para tais empreendedores.

A crise desenvolvida a partir da pandemia do Covid-19 afetou não apenas o sistema de saúde mundial, mas vem ocasionando uma forte crise econômica em diversos países do mundo. Nesse cenário destacam-se as habilidades de resiliência dos empreendedores em desenvolver habilidades com mais rapidez para garantir sua sobrevivência em tais cenários econômicos.

 Mas, o desenvolvimento de políticas públicas que estimulem e apoiem o empreendedorismo pode auxiliar esses empreendedores a se manterem e por meio de ações de longo prazo pode permitir que tais negócios melhorem seu desempenho e sejam capazes de manter suas atividades por longos horizontes de tempo. Além disso, as políticas públicas serão fundamentais para garantir o apoio necessários a esses empreendedores ainda neste momento final da pandemia, já que as medidas de isolamento provocaram uma parada parcial em alguns setores e em outros uma parada total das atividades. As ações dos governos devem ser voltadas para as diferentes necessidades, e a principal no momento seria o acesso ao crédito e a tributação, que são fatores que devem ser flexibilizados.

O crédito aos empreendedores nascentes já é uma barreira para o desenvolvimento dessas empresas em situações estáveis e se agrava em situações de crise. Além disso, a tributação no Brasil ainda é um fator que faz com que muitos empreendedores prefiram ficar na informalidade. Para que esses empreendedores possam se manter durante uma crise é preciso que não apenas os empreendedores sejam ativos em suas atividades, mas os governos também precisam agir de forma a adotar medidas que facilitem o crédito, tornem a tributação menos complexa e o sistema jurídico seja menos burocrático.

É possível concluir que as ações governamentais ainda são insuficientes dentro de um cenário de crise, tornando a responsabilidade da população ainda maior para conter a pandemia no que se refere ao agravamento econômico e social. Com isso, estimular o empreendedorismo e aliar as ações de apoio financeiro, educacional e governamental poderia trazer benefícios a curto, médio e longo prazo, mudando o curso da crescente desigualdade social no território.

Por sim, recomenda-se que outros estudos sejam produzidos na direção de avaliar os resultados das práticas de empreendedorismo durante a pandemia de Covid-19, apresentando dados com maior consistência teórica e metodológica com vistas a orientar o desenvolvimento de novas práticas com a finalidade de superar as desigualdades sociais agravadas no período de pandemia de Covid-19 ainda em curso no Brasil e no mundo.


3DORNELAS, J.C. EMPREENDEDORISMO: Transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier.

4Dornelas, José. Empreendedorismo, transformando ideias em negócios – 7. Ed. – São Paulo: Empreende, 2018.

5Pesce, Bel. A menina do vale 2/ Rio de Janeiro: LeYa, 2014. P. 30

6Salim, Cesar Simões. Silva, Nelson Caldas. Introdução ao empreendedorismo: Construindo uma atitude empreendedora – Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. – 2ª reimpressão p 10

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1Graduanda em Administração
Instituição: Centro de Ensino Superior de São Gotardo
Endereço: São Gotardo, Minas Gerais, Brasil
E-mail: rafaellamfernandes@outlook.com.br

2Mestre em Administração Pública
Instituição: Centro de Ensino Superior de São Gotardo
Endereço: São Gotardo, Minas Gerais, Brasil
E-mail: rodrigo.m.braz@outlook.com