REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12538650
Juza dos Santos Carvalho1
Edijane Barbosa da Silva2
Alderlan Souza Cabral3
Resumo: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem como definição um déficit no neurodesenvolvimento do indivíduo, que acomete principalmente a comunicação e a interação social com os demais. Geralmente o diagnóstico ocorre ainda na infância, porém como existem graus, pode-se passar despercebido o que pode gerar muitos prejuízos no diagnóstico tardio. O artigo tem como temática: “Educação Inclusiva: Percepção docentes para alunos Autistas na Creche Lígia Maria Silva Marinho, localizada na Cidade de Manacapuru AM/Brasil, No Período De 2022-2023.” Tendo como objetivo analisar a percepção dos docentes sobre a educação inclusiva dos alunos autistas. A pesquisa partiu de uma metodologia descritiva e interpretativa. Que viabiliza a análise de causa e efeito com amostragem dedutiva como processo sequencial para apoiar os dados na exploração dos fenômenos, realizada principalmente no ambiente escolar, serão retirados os significados a partir dos dados coletados, com benefício preciso. Creswell (2009 e 2005). Possuindo um enfoque qualitativa-quantitativo, através da realização de questionários aplicados para professores com focos em 22 alunos autistas, realizando dessa forma a discussão das falas dos pesquisados. Os principais resultados apresentam que o ensino inclusivo precisa passar por transformações e que os professores precisam cada dia mais se qualificar em metodologias que possibilitem que esse processo de inclusão seja de fato presente nas escolas.
Palavras-chave: Educação Especial 1; Autismo 2; Escolas Inclusivas 3.
Abstract: Autism Spectrum Disorder (ASD) is defined as a deficit in the individual’s neurodevelopment, which mainly affects communication and social interaction with others. Generally, the diagnosis occurs in childhood, but as there are degrees, it can go unnoticed, which can cause a lot of harm due to late diagnosis. The article has the following theme: “Inclusive Education: Teachers’ perception of Autistic students at Creche Lígia Maria Silva Marinho, located in the City of Manacapuru-Am/Brazil, In the Period of 2022-2023.” Aiming to analyze teachers’ perception of inclusive education for autistic students. The research was based on a descriptive and interpretive methodology. Which enables the analysis of cause and effect with deductive sampling as a sequential process to support the data in the exploration of phenomena, carried out mainly in the school environment, meanings will be drawn. from the data collected, with precise benefit. Creswell (2009 and 2005). Having a qualitative-quantitative approach, through questionnaires applied to teachers focusing on 22 autistic students, thus discussing the statements of those surveyed. The main results show that inclusive teaching needs to undergo transformations and that teachers increasingly need to qualify in methodologies that enable this inclusion process to actually be present in schools.
Keywords: Special Education 1; Autism 2; Inclusive Schools 3.
1. INTRODUÇÃO
O processo de inclusão de qualquer pessoa com necessidade especial é um tema muito amplo que levanta muitas questões. Uma incerteza ainda maior surge para professores, pais e até para os próprios alunos quando se trata de frequentar aulas regulares.
Compreender o processo de inclusão já é um passo gigante, mas ainda é necessário compreender as necessidades individuais de cada uma dessas carências para que a educação inclusiva realmente aconteça. O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um destaque dos desafios da sala de aula. O autismo varia de leve a grave, fator que contribui ainda mais para problemas de preconceito e confusão na sala de aula. O problema que despertou este estudo surgiu quando se observou nos educadores dificuldades em atender os alunos no processo inclusivo com autismo. Depara-se na importância da capacitação e qualificação docente bem como na necessidade de materiais didáticos apropriados para a demanda. Diante disso procurou-se saber: De que forma viabilizar maior rentabilidade no ensino aprendizagem aos alunos autistas, com ênfase na Escola Creche Lígia Maria Silva Marinho, localizada na Cidade de Manacapuru-AM/Brasil, no período de 2022-2023? Acredita-se que uma formação que alie teoria e prática, em que o professor possa refletir e repensar sua prática, é a melhor forma de o professor garantir que os alunos em condições de inclusão sejam efetivamente introduzidos em uma aula regular.
Como então se trabalha com os docentes a educação inclusiva apontando a falta de qualificação dos docentes na educação inclusiva? A participação escolar deve respeitar e reafirmar a igualdade de direitos e garantir a escolaridade para todos, com isso diante dos objetivos analisar a percepção dos docentes sobre a educação inclusiva dos alunos autistas, com ênfase na Escola Creche Lígia Maria Silva Marinho, localizada na Cidade de Manacapuru-AM/Brasil, no período de 2022-2023. Identificar como a comunidade escolar está sendo preparada para se trabalhar a inclusão do aluno no espaço escolar; verificar as dificuldades enfrentadas pela comunidade escolar para atender os alunos autista.
Temos como justificativas inúmeras as dificuldades detectadas no espaço escolar quando se refere à inclusão, a comunidade escolar não se encontra capacitada para atender os alunos que estão inseridos dentro do processo inclusivo, pois as crenças sobre deficiências existem e é preciso promover a informação. Os preconceitos contra quem é diferente podem levar a discriminações que dificultam o processo educativo. A luta das pessoas com deficiência gira muito mais em torno da busca pela sua autonomia e independência do que pela sua inclusão social.
As dificuldades com os alunos autistas são cada vez maiores, o que constitui um repto para as escolas pois é necessário lidar com problemas para além do aspecto pedagógico, tendo em conta as dificuldades comportamentais, sociais e cognitivas.
São vários os fatores que influem principalmente a atitude dos professores face à integração escolar, tais como questões estruturais, materiais, pedagógicas, etc. A formação e a qualificação para a formação de professores e as atitudes positivas e favoráveis à inclusão são fundamentais, embora por si só não proporcionam sucesso neste processo de educação inclusiva. Contudo, é necessário o interesse do professor em receber conhecimento e assim melhorar o ensino e a aprendizagem dos alunos com autismo.
Diante disso torna-se viável esse artigo devido a sua relevância como pesquisa, pois as questões a serem tratadas além de serem atuais é um tema que vem sendo debatido nas próprias instituições de ensino. Para a execução desta pesquisa, foi analisada a necessidade de aquisição de materiais que serão utilizados no decorrer do estudo.
2. TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neuropsiquiátrica caracterizada por desafios na interação social, comunicação verbal e não verbal, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. O espectro autista abrange uma ampla gama de sintomas e níveis de gravidade, variando desde formas mais leves (como a Síndrome de Asperger) até formas mais severas, como o autismo clássico.
A história do autismo remonta a várias décadas. A palavra “autismo” foi usada pela primeira vez em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler para descrever uma forma de pensamento voltada para si mesmo. No entanto, foi o psiquiatra austríaco Leo Kanner que, em 1943, descreveu pela primeira vez o que hoje é conhecido como Transtorno do Espectro Autista. Ele observou um grupo de crianças com características semelhantes, como dificuldades na interação social, comunicação e comportamentos repetitivos.
Nos anos seguintes, os estudos sobre o autismo continuaram a se desenvolver. Em 1944, Hans Asperger, um pediatra austríaco, descreveu um quadro semelhante ao autismo, que mais tarde ficou conhecido como Síndrome de Asperger. A compreensão e o diagnóstico do autismo melhoraram ao longo do tempo, com a introdução de critérios diagnósticos mais claros e a conscientização sobre a condição.
A partir da década de 1960, houve um aumento no interesse científico e na conscientização pública sobre o autismo. Apareceram várias teorias sobre suas causas, incluindo fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais. A noção de que o autismo é causado por vacinas, por exemplo, foi amplamente refutada pela comunidade científica, mas persiste em alguns círculos.
Desde então, houve avanços significativos na pesquisa sobre o autismo, incluindo a identificação de diferenças neurobiológicas em indivíduos autistas e a elaboração de intervenções para melhorar a qualidade de vida das pessoas com TEA. A conscientização sobre o autismo também aumentou, levando a uma melhor compreensão e aceitação. No entanto, ainda há muito a ser feito em termos de acesso a serviços e apoios adequados para indivíduos com TEA em todo o mundo.
Um indivíduo com autismo enfrenta muitas dificuldades ao ingressar na escola regular. Essas dificuldades tornam-se rotina para os professores e para a escola como um todo. Uma forma de melhorar a adaptação, reduzir essa aleatoriedade causada pelas crianças e facilitar a aprendizagem é adaptando o currículo.
Existem vários discursos por toda parte que nos chamam a atenção para a liberdade e a diversidade, mas o que estamos vendo é uma enorme dificuldade em aceitar as coisas vistas de outra forma, em respeitar e valorizar a diversidade.
Isto ocorre em diferentes casos na nossa sociedade, mas a escola é o local onde notamos mais claramente esta exclusão dos outros. Muitas organizações e comunidades escolares não o fazem voluntariamente nem excluem nada que considerem diferente da cultura que domina a nossa sociedade. Esta exclusão é ainda mais cruel quando analisada sob o ponto de vista das crianças com necessidades educacionais especiais (NEE), crianças que introduzem particularidades de desenvolvimento motor, físico ou cognitivo diferentes dos seus pares e necessitam de tratamento especial.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), foi criada visando à inclusão social e a cidadania (BRASIL, 2015a), especificando como a escola deve proceder no cotidiano, inclusive prevendo, no Art. 3º, um profissional de apoio escolar, para ajudar na mediação do processo ensino/aprendizagem. Este profissional de apoio é um direito que o aluno tem para garantir que as suas especificidades de aluno autista sejam asseguradas e que todas as adaptações necessárias sejam realizadas para que o processo de ensino aprendizagem seja garantido. O professor da sala de recurso é também responsável por ajudar a criar laços afetivos para que o aluno autista possa melhorar o processo de socialização. O Art. 27 da lei prevê:
A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurado no sistema educacional inclusivo, em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. (BRASIL, 2015a, p. 5).
A inclusão faz parte do postulado de um ambiente menos restritivo. O aluno com deficiência deve ser mantido no ensino regular com a necessária ajuda e apoio dos professores da educação regular e especial. O conceito clássico de deficiência baseado em modelos médicos e a adoção do conceito de deficiência baseado em modelos sociais são criticados (SASSAKI, 1997, p.47).
Dentro dessas dificuldades cita-se algumas que são de extrema importância no atendimento aos deficientes:
Apoio a alunos com necessidades especiais na sua área de residência. Incentivar a ampliação do acesso desses alunos a aulas conjuntas. Prestar suporte técnico aos professores da sala de aula regular. Reconheça que, apesar de objetivos e processos diferentes, as crianças podem aprender juntas. Oriente os professores a encontrar formas criativas de trabalhar com crianças com deficiência. Fornece um serviço integrado para o professor de classe comum (MRECH, 1999).
Tendo em vista que o autismo não é mais visto como uma doença que estigmatiza a criança para o aprendizado, é possível que a criança autista faça parte do universo educacional junto com as chamadas crianças normais. Porém, é necessário que os professores estejam preparados para integrar essas crianças ao ambiente escolar, principalmente por meio da adaptação do currículo. É importante que essas crianças saibam ler e escrever nas escolas normais para que não haja segregação ou isolamento nas escolas especiais.
Neste caso, o professor é uma figura chave na desmistificação de quaisquer preconceitos que possam existir em relação às capacidades cognitivas do aluno autista. Muito pode ser feito por essas crianças, mas o principal é acreditar que elas têm potencial para aprender.
Uma atenção particular deve ser dada aos déficits dessas crianças em comunicação, interação, linguagem e comportamento, e a programação psicoeducativa deve ser extraída dessas necessidades. Tendo em vista que a criança autista é geralmente caracterizada por uma falta de uniformidade no seu desempenho, o professor deve seguir um programa educativo baseado no diagnóstico e avaliação dos resultados, prestando particular atenção aos canais de comunicação que o fazem / ela incapacitada. É aconselhável que os professores tenham conhecimentos de psicologia do desenvolvimento e estejam orientados para uma ação adequada no caso dos graves transtornos de comportamento dessas crianças (PAREDES, p. 11, 2001).
O autismo envolve comprometimento de três eixos principais: interações sociais; comportamentos estereotipados e repetitivos e interesses estreitos; compromisso de qualidade em comunicação e linguagem. Crianças com autismo introduzem dificuldades como falta de interesse em compartilhar seus gostos; dificuldades de socialização; Falta de empatia; Preocupação por determinados temas; Comportamento repetitivo; sensibilidade alta ou baixa; não reage às emoções movimentos repetitivos; não desenvolve a linguagem oral e não repete apenas as frases que ouve. Apesar das muitas dificuldades, algumas pessoas conseguem obter o ensino superior, não só com a ajuda do tratamento, mas também com a ajuda da reabilitação. É como incluir esse paciente na comunidade e quem cuida dele para obter os melhores resultados.
Embora seja um direito garantido por lei, a inclusão escolar das pessoas com TEA é um grande desafio devido ao comprometimento que existe nas áreas de interação social, comunicação e comportamento dessas pessoas.
Nessa perspectiva, Menezes (2012) destaca que a grande dificuldade que os professores encontram está focada nas variáveis relacionadas aos níveis de danos que as crianças com TEA introduzem, o que dificulta que os professores ofereçam aos seus alunos estratégias pedagógicas que promovam a aprendizagem e inclusão da criança. Para alcançar a inclusão escolar dos alunos com TEA conforme propõe a legislação, a formação continuada de professores é um elemento fundamental, pois é o papel do professor na escolarização do aluno (SCHMIDT et al., 2016).
Neste sentido, é importante destacar os sinais de alerta do autismo nos primeiros anos de vida, apresentados no manual de orientação sobre o Transtorno do Espectro Autista, elaborado pelo Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento.
O autismo é uma desordem que faz parte de um grupo de síndromes chamada Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), definido por alterações presentes antes dos três anos de idade e que se caracteriza por alterações qualitativas na interação social, afetando a capacidade de comunicação e o uso da imaginação. Gauderer (1997).
Conforme o DSM-IV-TR (2002), o Transtorno Autista consiste na presença de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da comunicação e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.
O CID 10 (2000) conceitua o autismo como um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: Um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes dos três anos de idade; apresentando uma perturbação característica do desenvolvimento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo; Manifestações inespecíficas como fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou auto agressividade.
Já para a Autism Society Of American – ASA (1978) – (Associação Americana do Autismo), o autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida, aparecendo tipicamente nos primeiros três anos de vida.
Em relação aos sintomas apresentados pelas crianças com autismo apresentaremos alguns mais conhecidos pelos estudiosos das áreas e cientificamente comprovados. Aqui estão os principais sintomas: Relacionamento anormal com pessoas, eventos e objetivos; Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e linguísticas; Reações anormais às sensações. Outros sintomas são os que afetam as funções como: a visão, audição, tato, olfato, gustação, dor, equilíbrio e maneira de manter o corpo; fala e linguagem ausentes ou atrasadas; Ritmo imaturo da fala; restrita compreensão de ideias; uso de palavras sem associação com o significado.
Embora apresentem vários conceitos diferentes, todos apresentam especificamente dificuldades acentuadas no convívio social, na aquisição e utilização da linguagem e no comportamento inadequado. O autismo apresenta-se nas mais variadas características, embora pessoas com autismo possuam comportamentos e atitudes semelhantes entre si.
As características mais comuns de uma criança autista: Usam as pessoas como ferramentas; Resiste a mudanças de rotina; Não se mistura com outras crianças; Preferência pela solidão; Demonstra extrema aflição sem razão aparente; Apego não apropriado a objetos; Não mantém contato visual; Age como se fosse surdo; Ausência de resposta aos métodos normais de ensino; Não demonstra medo de perigos; Riso e movimento não apropriados; Resiste ao contato físico; Acentuada hiperatividade física; Habilidade motora irregular; Repetem palavras ou frases em lugar da linguagem normal ; Insistência em repetição; Tendência a ser insistente; Pequeno poder de concentração; Gira objetos de maneira peculiar; Às vezes é agressivo e destrutivo; Modo e comportamento indiferente e arredio; Apegado ao passado.
Segundo Macedo (2015), o TEA origina-se nos primeiros anos de vida, mas seu curso inicial não é uniforme. O autor destaca que algumas crianças desenvolvem sintomas logo após o nascimento. Na maioria dos casos, os sintomas não são notados até os 12 e 24 meses de idade.
Apesar do autismo ser mencionado como um sintoma de esquizofrenia, o psiquiatra infantil Leo Kanner, em 1943 passou a usar esse termo se referindo a um novo quadro denominado “Distúrbios Austísticos do Contato Afetivo”. Grandin (2020) descreve sobre os estudos de Leo Kanner:
Ele estudou o caso de 11 crianças denominando essas Leo Krannercrianças tendo maneirismos e esteriotipias, um apego excessivo a rotina e monotonia, dificuldade de lidar com certas mudanças, observou também respostas incomuns ao ambiente e maneiras de se comunicar que não eram muito habituais. Poderiam apresentar ecololalia que é a repetição de frases que ouviu no momento ou de dias atrás e inversão de pronomes. Ele descrevia essas crianças como “inteligentes, obsessivas e pouco amorosas” Além disso elas tinham o hábito de enfileirar objetos, pouco contato visual e por apresentarem esses comportamentos desde cedo ele dizia que era uma característica inata (GRANDIN, 2020, p.27).
O Transtorno do Espectro Autista manifesta-se nos primeiros anos de vida, proveniente de causas ainda desconhecidas, mas com grande contribuição de fatores genéticos. Trata-se de uma síndrome tão complexa que pode haver diagnósticos médicos abarcando quadros comportamentais diferentes. Tem em seus sintomas incertezas que dificultam, muitas vezes, um diagnóstico precoce (CUNHA, 2014, p.19).
Indivíduos com essa síndrome também apresentam prejuízos na coordenação motora e na percepção viso-espacial. Comparando-se às demais crianças, eles podem aprender coisas na idade própria, outros cedo demais e alguns podem aprender tarde demais ou apenas quando são cuidadosamente ensinados. A Síndrome de Asperger é considerada, por alguns pesquisadores, como um tipo de autismo, se diferenciando apenas em função de algumas características peculiares como, por exemplo, o desenvolvimento da fala, já citado anteriormente. O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento com impactos importantes no desenvolvimento do indivíduo e que começa a se manifestar nos primeiros três anos de vida, gerando grandes dificuldades na comunicação, interação social e aprendizagem.
O autismo pode ou não ser associado a um comprometimento cognitivo. Essa associação está presente em aproximadamente 70% dos casos, e a tendência com a ampliação dos critérios diagnósticos é diminuir, por isso é preciso atenção e leitura para o entendimento dos comportamentos da criança autista, pois confundir a complexidade do transtorno acaba comprometendo o seu real significado.
Os sintomas variam amplamente, o que explica por que hoje referimo-nos ao Autismo como espectro de transtornos, essencialmente pela sua diversidade e complexidade de manifestações, desde o seu estado de isolamento total, ou um isolamento particular definido como um estar só no meio de muita gente, não interagindo, não estabelecendo relações sociais, demonstrando pensamento abstrato, ou capacidade de entender o que querem dizer, além do que as palavras evocadas possam realmente significar (CAVACO, 2014, p. 40).
2.1 INCLUSÃO DE ALUNOS COM TEA
Matos e Mendes (2014), relatam que uma parte da sociedade compreende a proposta inclusiva como sendo uma mudança localizada, que necessariamente se articula com as mudanças indispensáveis à superação do modo de vida capitalista, para outra parte, representa uma mudança no interior da educação que mostra a possibilidade de consenso dentro do modo de vida capitalista, melhorando as relações sociais, os processos de ensino e diminuindo o preconceito e a hostilidade entre pessoas e grupos.
Conforme Silva (2011) a palavra inclusão, é uma palavra de ordem atualmente, embora aceita pela generalidade das pessoas como aquilo que deve ser, suscita sempre muitas dificuldades quanto à sua implementação.
Zanella (2014) afirma que voltar-se para a Educação Inclusiva, é referir-se à quebra de paradigmas que sustentam o tradicionalismo das escolas e a ideia de que os alunos considerados normais vão para a escola comum e os considerados anormais vão para a escola especial.
A educação inclusiva é a que garante o direito à diferença e a multiplicidade, questionando as práticas educativas que regem a escola comum e adaptando currículos a fim de potencializar as capacidades e a participação ativa dos alunos com deficiência nas propostas de ensino. É uma educação que assegura o direito à diferença e não à diversidade (ZANELLA, 2014, p. 535).
O sistema educacional brasileiro, conforme Mantoan (2006), tem vivido muitas dificuldades, no sentido de equacionar uma relação complexa, que é a de garantir escola de qualidade para todos. Para a autora,
É inegável que a inclusão coloca ainda mais “lenha na fogueira” e que o problema escolar brasileiro é dos mais difíceis, diante do número de alunos que temos de atender, das diferenças regionais, do conservadorismo das escolas, entre outros. A verdade é que o ensino escolar brasileiro continua aberto a poucos, e essa situação se acentua drasticamente no caso dos alunos com deficiência. O fato é recorrente em qualquer ponto de nosso território nacional, na maior parte de nossas escolas, públicas ou particulares, e em todos os níveis de ensino, mas principalmente nas etapas do ensino básico: educação infantil, ensino fundamental e médio (MANTOAN, 2006, p. 60).
Pesquisas apontam que uma das dificuldades encontradas no ato da inclusão escolar, está em aceitar a inclusão na escola.
É necessário que o professor compreenda a importância do seu papel diante dessa nova realidade, sendo necessário que ele reconsidere sua atuação nas aulas levando em consideração os altos e baixos do processo. Nesse processo de reconfiguração da prática é importante que os professores contem com o apoio de outros profissionais para auxiliá-los nessa transição. Muitos professores criticam o processo de inclusão. O fato de muitos deles se afirmarem pouco profissionais e se sentirem despreparados para ajudar estudantes inclusivos é motivo de grande preocupação para os profissionais.
Os serviços públicos devem estar capacitados para atender as necessidades das pessoas com deficiência junto com a sua família, prestando atendimento integral à pessoa portadora de deficiência como qualquer cidadão, porque é no seio da família que começa o processo de exclusão.
A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas escolas é um tema de grande importância e desafio para o sistema educacional. Mas é preciso algumas estratégias desenvolvidas pelo profissional que possam ajudar na inclusão desses alunos. É essencial que educadores e funcionários da escola recebam treinamento sobre TEA, suas características e como apoiar esses alunos de forma eficaz. Isso inclui entender as necessidades específicas de cada aluno com TEA, suas preferências de aprendizado e suas áreas de dificuldade, criar um ambiente escolar acolhedor e inclusivo é crucial para alunos com TEA. Isso pode envolver ajustes na sala de aula, como reduzir estímulos sensoriais, fornecer áreas de descanso tranquilas e criar rotinas consistentes. Desenvolver e implementar um plano educacional individualizado (PEI) que atenda às necessidades específicas do aluno com TEA é fundamental. Isso pode incluir adaptações no currículo, na metodologia de ensino e no ambiente de aprendizado para garantir que o aluno tenha acesso ao currículo geral. Alunos com TEA podem se beneficiar de sistemas de comunicação alternativos, como comunicação por imagens ou tecnologia assistiva. Fornecer esses recursos pode ajudar os alunos a se expressarem e a participarem mais plenamente da aprendizagem e das interações sociais. Alguns alunos com TEA podem precisar de suporte adicional de um educador especializado ou de um auxiliar de sala de aula para ajudá-los a se concentrar, participar das atividades escolares e lidar com situações sociais. Fomentar a inclusão social dos alunos com TEA é essencial para seu desenvolvimento global. Isso pode incluir oportunidades para interações sociais estruturadas e não estruturadas com colegas, bem como atividades extracurriculares adaptadas às necessidades individuais do aluno. Manter uma comunicação aberta e colaborativa com os pais e cuidadores dos alunos com TEA é fundamental para garantir uma abordagem de apoio consistente em casa e na escola. Os pais podem fornecer informações valiosas sobre as necessidades e preferências de aprendizado de seus filhos, e podem colaborar com os educadores na implementação de estratégias de apoio. regularmente o progresso do aluno com TEA e revisar e ajustar as estratégias de apoio conforme necessário é importante para garantir que ele esteja recebendo o suporte adequado para alcançar seu potencial máximo na escola.
Ao implementar essas estratégias, as escolas podem promover uma cultura de inclusão que beneficie todos os alunos, incluindo aqueles com TEA.
2.2 DIFICULDADES ENFRENTADAS NO PROCESSO ADAPTATIVO DA INCLUSÃO
A educação especial é um dos temas quentes da atualidade. Além disso, a tarefa de satisfazer novas necessidades e expectativas da sociedade surge da implementação de políticas educacionais que visam a educação inclusiva. É uma forma de educação escolar instituída pela lei n. 1 sobre as diretrizes e fundamentos da educação nacional. 9.394/96, que tem por objetivo promover a integração e o desenvolvimento da capacidade dos alunos com necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica. Enquadra-se como uma modalidade educacional que permeia todos os níveis de ensino e outras modalidades.
Educação Especial: Modalidade da educação escolar; processo educacional definido em uma proposta pedagógica, assegurando um conjunto de recursos ou serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica (BRASIL, 2001a, p. 39).
A inclusão é um processo complexo que envolve a integração de pessoas com diferentes habilidades, necessidades e características em diversos ambientes, como escolas, locais de trabalho e comunidades. Durante esse processo adaptativo, várias dificuldades podem surgir, tanto para os indivíduos incluídos quanto para os ambientes receptores. Atitudes e preconceitos são problemas significativos encontrados no processo de inclusão, pois podem criar barreiras sociais e emocionais para as pessoas que estão sendo incluídas. Atitudes preconceituosas muitas vezes estão enraizadas em estereótipos negativos sobre grupos específicos de pessoas. Por exemplo, pessoas com deficiência podem ser vistas como incapazes ou dependentes, enquanto indivíduos de diferentes origens étnicas podem ser alvo de estereótipos prejudiciais. A discriminação pode se manifestar de várias maneiras, incluindo tratamento diferenciado, exclusão deliberada e até mesmo bullying. Isso pode ocorrer em ambientes educacionais, no local de trabalho e em outros contextos sociais. Às vezes, as atitudes negativas em relação à diferença surgem da falta de compreensão sobre as experiências e necessidades das pessoas que estão sendo incluídas. Isso pode resultar em falta de empatia e apoio adequado. O medo do desconhecido pode levar as pessoas a rejeitarem ou evitarem aqueles que são diferentes deles. Isso pode ser exacerbado pela falta de exposição a pessoas de diferentes origens, culturas ou habilidades. Algumas pessoas podem perceber a inclusão como uma ameaça aos seus próprios interesses ou identidades. Isso pode levar à resistência à mudança e à defesa de estruturas e práticas exclusivas. A mídia e a cultura popular muitas vezes reforçam estereótipos prejudiciais e representações negativas de grupos minoritários. Isso pode influenciar as atitudes e percepções das pessoas em relação à diversidade e inclusão.
A falta de acessibilidade é um problema encontrado na inclusão porque impede que pessoas com deficiência participem plenamente da sociedade em igualdade de condições com os demais. A acessibilidade é fundamental para garantir que ambientes, produtos, serviços e informações sejam facilmente utilizados e compreendidos por todos, independentemente de suas capacidades físicas, sensoriais ou cognitivas. Quando não há acessibilidade, às pessoas com deficiência enfrentam barreiras que dificultam ou impedem sua participação em atividades cotidianas, como ir à escola, trabalhar, utilizar transporte público, acessar espaços públicos e desfrutar de serviços de saúde e lazer. Essas barreiras podem incluir falta de rampas para cadeiras de rodas, ausência de legendas em vídeos para pessoas surdas, falta de sinais táteis para pessoas cegas, entre outros obstáculos. Assim, a falta de acessibilidade não apenas limita as oportunidades das pessoas com deficiência, mas também viola seus direitos humanos e compromete os esforços de inclusão social. Para promover uma sociedade verdadeiramente inclusiva, é essencial eliminar essas barreiras e garantir que todos possam participar plenamente da vida em sociedade, independentemente de suas habilidades ou limitações.
No Brasil, a legislação que trata da acessibilidade na inclusão é principalmente a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência. Esta lei foi promulgada em 2015 (Lei nº 13.146/2015) e representa um marco importante na garantia dos direitos das pessoas com deficiência em diversos aspectos da vida social, incluindo a acessibilidade.
A Lei Brasileira de Inclusão estabelece diretrizes e normas para promover a inclusão das pessoas com deficiência em todos os setores da sociedade, incluindo educação, trabalho, transporte, saúde, lazer, entre outros. Ela aborda questões como acesso a espaços públicos e privados, adaptação de prédios e ambientes, disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, garantia de acesso à informação e comunicação, entre outros aspectos.
Além disso, outras leis e regulamentos específicos também abordam a acessibilidade no Brasil, como : Lei nº 10.098/2000 – Dispõe sobre normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Decreto nº 5.296/2004 – Regulamenta as leis de acessibilidade e estabelece as normas para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Norma Brasileira de Acessibilidade – NBR 9050:2015 – Estabelece critérios e parâmetros técnicos para a promoção da acessibilidade em espaços públicos, edificações, mobiliário urbano e meios de transporte. Essas são algumas das principais leis e normas que abordam a acessibilidade na inclusão no Brasil, sendo fundamentais para garantir os direitos e a participação plena das pessoas com deficiência na sociedade.
A falta de recursos é um dos problemas encontrados na inclusão por várias razões. Escolas e instituições muitas vezes não possuem os recursos físicos necessários para acomodar estudantes com necessidades especiais, como rampas de acesso para cadeiras de rodas, salas de aula adaptadas, entre outros. Os materiais didáticos padrão podem não ser adequados para alunos com deficiências ou necessidades especiais. Recursos educacionais adaptados, como livros em braille, software de leitura de tela, ou materiais táteis, podem ser caros ou difíceis de obter. Muitas vezes, os educadores e profissionais escolares não recebem treinamento adequado para lidar com alunos com necessidades especiais. Isso pode resultar em falta de compreensão sobre como melhor apoiar esses alunos em seu aprendizado. Alunos com necessidades especiais podem precisar de suporte adicional, como terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, entre outros. A falta de acesso a esses profissionais pode dificultar a inclusão efetiva desses alunos. Os recursos financeiros são essenciais para a implementação de programas de inclusão eficazes. No entanto, muitas vezes as escolas e instituições não recebem financiamento adequado para atender às necessidades dos alunos com deficiência.
A falta de capacitação é frequentemente uma dificuldade enfrentada no processo de inclusão. Isso pode se aplicar a várias áreas, incluindo inclusão de pessoas com deficiência, diversidade de gênero, inclusão racial, entre outras. Algumas maneiras pelas quais a falta de capacitação pode representar um obstáculo é a falta de treinamento adequado, os responsáveis pelo processo de inclusão podem não estar cientes das necessidades específicas das pessoas que estão tentando incluir. Isso pode resultar em falta de apoio adequado e recursos. Em contextos de diversidade cultural, a falta de treinamento pode levar a mal-entendidos e falta de sensibilidade em relação às diferenças culturais, o que pode prejudicar os esforços de inclusão. Sem capacitação adequada, pode ser difícil lidar com os desafios que surgem durante o processo de inclusão. Isso pode incluir conflitos, resistência ou barreiras institucionais. Em muitos lugares, existem leis e políticas que regem a inclusão de grupos minoritários. A falta de capacitação sobre essas leis e políticas pode resultar em práticas discriminatórias ou na falta de oportunidades para esses grupos. Sem treinamento adequado, as intervenções destinadas a promover a inclusão podem ser ineficazes ou até mesmo contraproducentes.
Temos também o isolamento social é uma dificuldade significativa enfrentada no processo de inclusão. Quando as pessoas não se sentem incluídas ou aceitas em determinados ambientes, é comum que elas se sintam isoladas socialmente. Isso pode acontecer em vários contextos, como no local de trabalho, na escola, na comunidade ou em grupos sociais.
Algumas razões pelas quais o isolamento social pode ser uma barreira para a inclusão é quando alguém se sente excluído devido a diferenças percebidas em relação aos outros, isso pode levar ao isolamento social. Isso pode ocorrer devido a fatores como raça, gênero, orientação sexual, habilidades físicas ou mentais, entre outros. O estigma e a discriminação podem levar as pessoas a se afastarem de grupos nos quais são alvo de preconceito. Isso pode resultar em isolamento social, pois essas pessoas podem evitar interações sociais para evitar experiências negativas. Se uma pessoa não tem acesso a redes de apoio social, como amigos, familiares ou colegas solidários, ela pode se sentir isolada mesmo em ambientes onde está presente. Para algumas pessoas, especialmente aquelas com deficiências de comunicação, pode ser difícil se envolver em interações sociais significativas, o que pode levar ao isolamento. Ambientes físicos inacessíveis ou hostis podem criar barreiras que dificultam a participação plena e inclusiva das pessoas, levando ao isolamento social. Essas são apenas algumas das dificuldades comuns enfrentadas no processo adaptativo da inclusão. É importante reconhecer esses desafios e trabalhar de forma colaborativa para superá-los, promovendo ambientes mais inclusivos e igualitários para todos. Para superar esses desafios, é essencial promover a conscientização, a educação e a empatia em relação às experiências e necessidades das pessoas diversas. Isso envolve o engajamento de indivíduos, instituições e comunidades em diálogos abertos, programas educacionais e iniciativas de sensibilização que promovam a valorização da diversidade e o respeito pela dignidade de todos os seres humanos. É crucial investir em programas de capacitação e educação para todos os envolvidos no processo de inclusão, desde líderes e gestores até colegas de trabalho e membros da comunidade. Isso ajuda a garantir que a inclusão seja realmente significativa e eficaz. Para superar o isolamento social e promover a inclusão, é importante criar ambientes acolhedores e inclusivos, onde todas as pessoas se sintam valorizadas e respeitadas. Isso pode envolver a promoção da diversidade, o combate ao preconceito e à discriminação, a criação de oportunidades para interações sociais significativas e o fornecimento de apoio e recursos adequados para todos os membros da comunidade.
A educação inclusiva é hoje realidade que tem como características apoiar a todos: professores, pais, pessoal da área administrativa da escola, mas principalmente o aluno, para que tenhamos sucesso na corrente educativa. O ideal da igualdade de oportunidade de espaço e de materiais deve partir de cada um de nós. Passa-se muito tempo discutindo a escola inclusiva como forma de garantir o princípio de igualdade, mas não se esquece de praticar a inclusão de todos na escola.
3. MÉTODO
A presente pesquisa deu-se na Creche Lígia Maria Silva Marinho, localizada da Cidade de Manacapuru -Amazonas/Brasil, tendo por finalidade atender a população em idade escolar na modalidade de Creche. A Creche, direciona suas ações no sentido da valorização de um atendimento humanizado e de qualidade, buscando cumprir seu papel social e legal na sociedade. Assim sendo, o desenvolvimento integral das potencialidades das crianças, é norteada por proposta pedagógica única na orientação dos programas que a compõem. Possui uma população de baixo nível econômico, vivendo de empregos de mão-de-obra semiqualificada, desempregados e ocupações diversas. A maioria dos moradores é alfabetizada, com alto Índice de pais separados.
A pesquisa tem natureza descritiva e interpretativa, ao realizar análise de causa e efeito com amostragem dedutiva como processo sequencial para apoiar os dados na exploração aprofundada dos fenômenos, realizada principalmente no ambiente escolar, serão tirados os significados a partir dos dados coletados. Dados, com seu benefício preciso. Creswell (2009 e 2005).
O enfoque quantitativo e o qualitativo Para Creswell (2007), o desenvolvimento da investigação mista se dá com o objetivo de reunir dados quantitativos e qualitativos em um único estudo de forma complementar.
O quadro docente atual está distribuído da seguinte forma: 01 gestora escolar, 01 secretária, 54 professores, 3 coordenadoras pedagógicas, 03 Assistentes administrativos, 01 chefe de disciplina, 03 merendeiras, 05 auxiliares de serviços gerais, 01 vigia diurno e 03 vigias noturno; atendendo aproximadamente 522 alunos. A pesquisadora selecionou para sua coleta de dados 10 professores da escola, foco desta pesquisa 22 alunos autistas. O instrumento da pesquisa se dá por meio de uma série de perguntas ordenadas, onde será descrito por meio de um questionário em forma de observação. Quanto à aplicação, os questionários utilizam materiais simples como lápis, papel, formulários, etc. Segundo Gil (1999, p. 128), um questionário pode ser definido como um método de enquete que consiste em mais ou menos perguntas feitas a pessoas por escrito, a fim de apurar suas opiniões, crenças, sentimentos e interesses.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 ORGANIZAÇÃO DOS RESULTADOS DE IDENTIFICAR COMO A COMUNIDADE ESCOLAR ESTÁ SENDO PREPARADA PARA SE TRABALHAR A INCLUSÃO DO ALUNO NO ESPAÇO ESCOLAR.
É de extrema importância promover adaptações no ambiente físico, escolar, familiar e social. As acomodações fazem parte da inclusão, pois com o apoio necessário o indivíduo pode crescer, comunicar-se e interagir da melhor forma possível. Cada pessoa, principalmente aquela com transtorno do espectro do autismo, tem suas individualidades, suas necessidades e também suas potencialidades, por isso é necessário conhecê-las para proporcionar a adaptação ideal e funcional a cada uma.
Quando falamos em inclusão e adaptação, um dos espaços em que imaginamos é sem dúvida a escola pois se destaca por favorecer o desenvolvimento da criança isso se deve à convivência social que as crianças mantêm entre si e também ao importante papel do professor como mediador nas diferentes formas de aprender e adquirir competências. Quando se perguntou dos professores quais eram suas maiores dificuldades para se trabalhar o processo inclusivo de alunos com TEA no espaço escolar eles responderam que:
TABELA 01: DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS DOCENTES NO PROCESSO INCLUSIVO
P1 | Falta de recursos e apoio adequados: Muitas vezes, as escolas não têm os recursos necessários, como materiais adaptados, tecnologia assistiva ou pessoal de apoio, para atender às necessidades específicas dos alunos com deficiência. |
P2 | Falta de formação e capacitação: Professores podem não receber treinamento adequado sobre como adaptar o currículo, utilizar estratégias de ensino diferenciadas e lidar com as necessidades individuais dos alunos inclusos em suas salas de aula. |
P3 | Grande diversidade de necessidades dos alunos: Os alunos com deficiência podem ter uma ampla gama de necessidades, desde físicas até cognitivas, e os professores precisam ser capazes de atender a essas necessidades de maneira eficaz. |
P4 | Falta de apoio de colegas e administração: A falta de apoio de outros professores e da administração da escola pode tornar ainda mais difícil para os professores implementarem práticas inclusivas com sucesso. |
P5 | Barreiras atitudinais e estigmatização: Alguns professores podem ter preconceitos ou falta de compreensão sobre deficiências, o que pode levar à estigmatização dos alunos inclusos e à falta de apoio para sua plena participação na sala de aula. |
P6 | Avaliação inadequada: Os métodos de avaliação tradicionais podem não ser adequados para alunos com deficiência, tornando difícil para os professores avaliar com precisão seu progresso e desempenho |
P7 | Grande carga de trabalho: Adaptação do currículo, planejamento de aulas diferenciadas e fornecimento de suporte individualizado podem aumentar significativamente a carga de trabalho dos professores. |
P8 | Ambientes físicos inadequados: Muitas escolas não são projetadas para a acessibilidade, o que pode criar barreiras físicas para alunos com deficiência. |
P9 | Falta de colaboração entre profissionais: A colaboração entre professores regulares, especialistas em educação especial, terapeutas e outros profissionais é essencial para o sucesso da inclusão, mas nem sempre acontece de forma eficaz. |
P10 | Resistência dos pais: Alguns pais podem resistir à inclusão de seus filhos em salas de aula regulares devido a preocupações com a qualidade da educação ou estigma social. Isso pode criar tensões adicionais para os professores que estão tentando implementar práticas inclusivas. |
Fonte: A pesquisadora (2023)
Quando se fala em inclusão de crianças com autismo nas escolas regulares, deve-se pensar também no professor pois muitas vezes ele não está preparado para aceitar alunos com autismo. Ressalta-se que o professor é o mediador do processo inclusivo; é ele quem promove o primeiro contato da criança com a turma já que é o responsável por incluí-la nas atividades com toda a turma. Quando se perguntou dos professores se o ensino regular garante o aprendizado de alunos com Transtorno de Espectro Autista eles responderam que:
GRÁFICO 01: VISÃO DOS ENTREVISTADOS REFERENTE AO ENSINO REGULAR E A INCLUSÃO
Fonte: A pesquisadora (2023)
Como comprovado de forma graficada, 65% dos professores alegam que o ensino regular não garante o aprendizado dos alunos, 19% afirmaram que sim e 16% fomentaram que garante mais de forma parcial. Um dos maiores desafios atuais é proporcionar educação a todos sem discriminação é preciso usar métodos alternativos para alcançar a aprendizagem.
4.2 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DE IDENTIFICAR COMO A COMUNIDADE ESCOLAR ESTÁ SENDO PREPARADA PARA SE TRABALHAR A INCLUSÃO DO ALUNO NO ESPAÇO ESCOLAR.
Como constatado nos dados coletados e apresentados na tabela 1 pelos educadores foco desta pesquisa, a formação docente e adequação para capacitação da comunidade escolar ainda tem sido um grande desafio ao processo inclusivo.
Segundo MARTINS (2007, p. 90), “as percepções dos professores responsáveis pelas aulas inclusivas com alunos autistas e o impacto dessas percepções na sua prática pedagógica” permeiam um dilema que afeta diretamente o processo de inclusão escolar, pois mesmo que os professores possuem excelente formação acadêmica, suas ideias e práticas em relação às crianças e adolescentes autistas são limitadas e restritivas, principalmente no que diz respeito aos aspectos relacionados à socialização e à democratização do processo educacional.
O processo de integração ainda é algo novo. Os alunos com necessidades educacionais matriculados nas escolas tradicionais continuam a sentir-se inadequados, impotentes, frustrados e muito deprimidos pelos professores face às limitações dos alunos e às suas próprias limitações, pois sentem-se incapazes de oferecer uma oferta especial e personalizada.
Diante dos resultados apresentados no gráfico 1, revelam uma percepção significativa entre os professores sobre a eficácia do ensino regular no que diz respeito ao aprendizado dos alunos com necessidades especiais e à inclusão no espaço escolar.
O fato de que 65% dos professores alegam que o ensino regular não garante o aprendizado dos alunos é uma indicação clara de uma preocupação predominante dentro da comunidade escolar. Isso sugere que muitos educadores reconhecem desafios significativos na capacidade do sistema educacional atual em atender adequadamente às necessidades de todos os alunos. Essa percepção majoritária dos professores sugere que há uma necessidade urgente de implementar mudanças e melhorias no sistema educacional para promover a inclusão efetiva e garantir que todos os alunos tenham acesso a oportunidades de aprendizagem significativas e equitativas.
Os 16% dos professores que afirmaram que o ensino regular garante o aprendizado de forma parcial indicam uma compreensão da complexidade da questão da inclusão. Isso sugere que há um reconhecimento de que o sistema atual pode fornecer alguns benefícios, mas que ainda há espaço para melhorias significativas. Os resultados também destacam a importância de fornecer suporte adicional aos professores para ajudá-los a enfrentar os desafios da inclusão. Isso pode incluir programas de desenvolvimento profissional, recursos educacionais especializados e apoio de equipes multidisciplinares para garantir que os professores se sintam capacitados e preparados para atender às necessidades diversificadas de seus alunos.
Em resumo, os resultados do gráfico destacam a necessidade premente de ações concretas para melhorar a preparação da comunidade escolar para trabalhar a inclusão do aluno no espaço escolar. Isso requer um compromisso coletivo com a implementação de políticas e práticas que promovam uma cultura inclusiva e garantam que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade.
5. CONCLUSÃO
A inclusão de crianças com autismo nas escolas regulares é amplamente discutida na educação devido à complexidade de suas características e às dificuldades que enfrentam ao ingressar na escola por este motivo este artigo traz como temática: Educação Inclusiva: Percepção docente para alunos Autistas na Escola Creche Lígia Maria Silva Marinho, localizada na Cidade de Manacapuru-AM/Brasil, no período de 2022-2023. A busca por uma educação igualitária é um tema recorrente no contexto educacional atual, principalmente no que diz respeito à inclusão de crianças com deficiência nas escolas normais. Apesar do amplo debate traçado neste projeto em torno deste tema, ainda existem uma série de limites quanto à prática da inclusão e ao papel do professor para que ele esteja preparado para enfrentar as dificuldades que emergem ao ensinar crianças com deficiência. Ficou comprovado nos embasamentos teóricos que a discussão sobre a inclusão de crianças com autismo na sala de aula regular nem sempre é fácil, por vezes causa polêmicas e amplos debates devido à complexidade das características expostas quando são introduzidas no ambiente escolar. A criança com autismo, ao interagir com outras crianças, pode apresentar comportamento agressivo com professores e colegas, o que pode gerar conflitos. Porém, quando o professor recebe uma criança autista em sua turma, ele se sente desafiado ao iniciar o processo de inclusão, pois a criança apresenta grandes dificuldades para interagir e se comunicar. No entanto, a precariedade de profissionais qualificados foi abordada em todo este projeto, pois as políticas públicas existem, mas é preciso fazê-las na forma prática no ambiente escolar.
Quando se fala em inclusão nos baseamos diretamente no papel do professor nesse processo, considerando que ele estabelece um contato contínuo e duradouro com a criança. Com as mudanças sociais ocorridas na sociedade novas tarefas ficam sob a responsabilidade do professor que deve se aprontar para as situações mais difíceis do dia a dia, inclusive na educação das crianças autistas.
Para preparar a comunidade escolar para trabalhar a inclusão do aluno no espaço escolar, é fundamental implementar estratégias e programas que promovam uma cultura inclusiva e ofereçam suporte adequado aos alunos com necessidades especiais, na qual algumas medidas podem ser adotadas como: Oferecer programas de formação e capacitação para professores e funcionários da escola sobre práticas inclusivas, adaptações curriculares, estratégias de ensino diferenciadas e o uso de recursos de apoio, como tecnologias assistivas. Garantir que a escola esteja adequadamente equipada com recursos e infraestrutura acessíveis para atender às necessidades de todos os alunos, incluindo rampas de acesso, banheiros adaptados, materiais didáticos acessíveis e tecnologias assistivas. Constituir uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos especializados em educação inclusiva, para oferecer suporte individualizado aos alunos e colaborar com os professores na implementação de estratégias inclusivas. Desenvolver planos de apoio individualizados para os alunos com necessidades especiais, em colaboração com suas famílias, para identificar suas necessidades, objetivos de aprendizagem e estratégias de apoio específicas. Realizar atividades e campanhas de conscientização sobre a importância da inclusão e do respeito à diversidade, envolvendo toda a comunidade escolar, incluindo alunos, professores, funcionários e pais. Implementar sistemas de avaliação e monitoramento para acompanhar o progresso dos alunos com necessidades especiais, identificar áreas de melhoria e ajustar as estratégias de apoio conforme necessário. Estabelecer parcerias com instituições e organizações da comunidade que ofereçam suporte adicional, como centros de reabilitação, ONGs e profissionais de saúde, para complementar os serviços de apoio oferecidos pela escola.
Portanto essas medidas podem ajudar a criar um ambiente escolar mais inclusivo, onde todos os alunos se sintam valorizados e tenham a oportunidade de alcançar seu pleno potencial acadêmico e social com a participação de todos. As preocupações dos professores em relação ao ensino regular, pode servir como um ponto de partida para iniciar discussões e implementar mudanças que promovam a inclusão e a qualidade da educação para todos os alunos.
Este tema não é abordado para discriminar a realidade da referida escola, mas sim uma forma de contribuir para o processo inclusivo de quem tem interesse em estudá-la, tendo em vista ser uma escola comprometida com a educação e desempenha um papel muito importante na inclusão de pessoas com autismo.
6. RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se que este projeto seja compartilhado com as escolas para que o processo inclusivo seja mais valorizado, pois o estudo do autismo provê uma melhor compreensão da história e do caráter das pessoas com autismo. Pois é um fator que abrange todas as complexidades da sociedade principalmente nos limites da escola. A inclusão de alunos com autismo nas escolas públicas regulares é um grande desafio, pois para que a inclusão seja uma realidade é necessário qualificar os professores e todos os funcionários da escola.
Sabe-se que a formação do profissional da educação só se torna competente quando este profissional está conectado ao reconhecimento da realidade que lhe permite conhecer a si mesmo e ao outro, auxiliado por atividades que o ajudem a aprender com suas próprias experiências.
Consequentemente, o profissional da educação deve buscar maiores conhecimentos para embasar as atividades a serem desenvolvidas na inclusão, levando em consideração as realidades vivenciadas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Congresso. Senado. Constituição (2015). Lei da Pessoa com Deficiência nº 13146, de 06 de julho de 2015.
CAVACO, N. Minha criança é diferente? Diagnóstico, prevenção e estratégia de intervenção e inclusão das crianças autistas e com necessidades educacionais especiais. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.
CUNHA, E. Autismo e inclusão: psicopedagogia práticas educativas na escola e na família.5ª ed. RJ: Wak Ed., 2014.
CRESWELL, J. W. Research design: qualitative, quantitative and mixed methods approaches. California: Sage, 2003.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre os Princípios, Políticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Espanha, 10 junho, 1994
GAUDERER, E.C. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento: guia prático para pais e profissionais. Rio de Janeiro: Revinter, 1997.
GIL, Antônio. Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
MANTOAN, M.T.E & PRIETO, R.G, ARANTES, V. A (org). Inclusão escolar: Pontos e Contrapontos. São Paulo: Summus,2006. Capítulo I, 15 – 29.
MANTOAN, M. T. E. (Org.). Pensando e fazendo educação de qualidade. São Paulo: Moderna, 2001.
MARTINS, Mara Rubia Rodrigues. Inclusão de alunos autistas no ensino regular: concepções e práticas pedagógicas de professores regentes. 2007, 159 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília.
MATOS, Selma Norberto; MENDES, Enicéia Gonçalves. A proposta de inclusão escolar no contexto nacional de implementação das políticas educacionais. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 10, nº 16, pp. 35-59, Jan. / Jun.,2014.
SASSAKI, R.K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
SILVA, Micheline & MULICK, James A. Diagnosticando o transtorno autista: aspectos fundamentais e considerações práticas. Psicologia ciência e profissão, vol.29 nº1, Brasília, 2011.
1Juza dos Santos Carvalho, Mestre em Ciências da Educação pela Universidad de la Integración de las Américas E-mail: <juzacarvalho@yahoo.com.br>.
2Edijane Barbosa da Silva, Mestre em Ciências da Educação pela Universidad de la Integración de las Américas E-mail: <jhannytj@hotmail.com>.
3Alderlan Souza Cabral, Doutor em Ciências da Educação pela Universidade Del Sol E-mail: <alderlanscabrall@gmail.com>