FORMAÇÃO CONTINUADA DE DOCENTES NA INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS: PROCESSOS, DESAFIOS E IMPACTOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11638913


José Guimarães Resendes
Orientadora: Prof.ª Adriana Zampieri Martinati


RESUMO

Em 2020 a pandemia de Covid-19 provocou mudanças profundas nas vidas das pessoas, afetando aspectos pessoais, profissionais, sociais e educacionais. Este estudo teve como objetivo avaliar o impacto das tecnologias emergentes no contexto educacional, com foco nas desigualdades educacionais escancaradas durante o cenário pandêmico da Covid-19. A pesquisa abrangeu uma revisão bibliográfica ampla, incorporando diversos autores que discutem a integração das TICs na educação, juntamente com análises de pesquisas, relatórios e dados estatísticos relacionados à implementação das TDICs nas escolas brasileiras. As disparidades regionais e socioeconômicas foram destacadas, revelando que as TDICs desempenham um papel crucial na educação contemporânea, possibilitando o acesso a recursos educacionais interativos e melhorando a interação entre professores e alunos. No entanto, ficou evidente que as desigualdades educacionais no Brasil foram ampliadas pelo acesso desigual às TDICs, especialmente entre escolas públicas e privadas de diferentes regiões do país. Durante a crise pandêmica da Covid-19, as práticas adotadas para o ensino remoto acentuaram essas disparidades, com alunos de escolas públicas enfrentando dificuldades no acesso à educação online de qualidade. Conclui-se que, para promover uma educação mais inclusiva e equitativa, é urgente que os governantes invistam em infraestruturas tecnológicas nas escolas públicas, ofereçam formação adequada aos educadores e garantam o acesso universal à internet de alta qualidade e aos dispositivos compatíveis para seu acesso. Essas são as condições essenciais para minorar as desigualdades educacionais e garantir que todas as crianças e adolescentes tenham oportunidades justas de aprendizagem, independentemente de sua classe socioeconômica ou localização geográfica.

Palavras Chaves: TDICs. Educação. Ensino remoto.

ABSTRACT

In 2020 a pandemic caused profound changes in people’s lives, affecting personal, professional, social and educational aspects. This study aimed to evaluate the impact of emerging technologies in the educational context, focusing on educational inequalities evident during the Covid-19 pandemic scenario. The research covered a broad bibliographical review, incorporating several authors who discuss the integration of ICTs in education, together with analysis of research, reports and statistical data related to the implementation of TDICs in Brazilian schools. Regional and socioeconomic disparities were highlighted, revealing that TDICs play a crucial role in contemporary education, enabling access to interactive educational resources and improving interaction between teachers and students. However, it was evident that educational inequalities in Brazil were amplified by unequal access to TDICs, especially between public and private schools in different regions of the country. During the Covid-19 pandemic crisis, the practices adopted for remote teaching accentuated these disparities, with public school students facing difficulties in accessing quality online education. It is concluded that, to promote a more inclusive and equitable education, it is urgent that governments invest in technological infrastructures in public schools, offer adequate training to educators and guarantee universal access to high-quality internet and compatible devices for its access. These are the essential conditions for reducing educational inequalities and ensuring that all children and adolescents have fair learning opportunities, regardless of their socioeconomic class or geographic location.

Keywords: DICTs. Education. Remote Teaching.

1. INTRODUÇÃO

O ano de 2020 ficará marcado na história humana pelo primeiro grande colapso do século XXI, causado pelo Coronavírus, responsável por graves infecções respiratórias. A pandemia de Covid-19 provocou uma crise sanitária que afetou a população mundial, pois em pouco tempo modificamos todas as rotinas a que estávamos habituados para mergulhar em estados de distanciamento e isolamentos sociais como parte das medidas restritivas para evitar o contágio e perdas de vidas. No âmbito educacional, a pandemia desencadeou significativos desafios, promovendo a adoção extraordinária de métodos de ensino remotos. Os imprevistos correlacionados a essa modalidade foram comunicados e implementados na comunidade escolar.

Nesse cenário, autores renomados como Feitosa (2012), ofereceu valiosas contribuições e direcionaram o foco para a utilização eficaz da tecnologia na educação, abrangendo desde os anos iniciais até os anos finais da educação. Essa obra destaca diversas ferramentas pedagógicas que podem ser empregadas nos ambientes letivos, além de abordar os desafios encarados pelos educadores no emprego de tecnologias digitais.

No contexto educacional contemporâneo, a formação dos docentes emerge como um elemento crucial para garantir que a incorporação das tecnologias digitais se traduza em vantagens concretas para os processos pedagógicos.

Freire (2015) ressalta que o ato de ensinar requer uma abordagem fundamentada em pesquisa e rigor metodológico. Nesse sentido, a formação contínua dos educadores é essencial para a integração eficaz das ferramentas pedagógicas mais atualizadas para promover uma educação que estimule a criticidade e a autonomia dos alunos. A visão de Paulo Freire, reconhecido como o Patrono Brasileiro da Educação, enriquece ainda mais a percepção da importância de um educador engajado em um exercício reflexivo e oportuno às transformações sociais.

Em corroboração, Lévy (2010) traz uma perspectiva que reforça a vocação natural do educador manter-se atualizado e especializado diante das tecnologias digitais, que estão profundamente imbricadas na cultura contemporânea. Neste cenário, a formação tradicional não é mais suficiente diante das demandas do mercado e das mudanças aceleradas na sociedade. O autor enfatiza que as tecnologias digitais não são uma visão futurista, mas uma realidade que permeia nosso presente, exigindo que os docentes estejam em sintonia com as inovações que preparem os educandos para os desafios do mundo atual e futuro.  A análise desses autores renomados proporcionará insights valiosos para a discussão acerca da importância de capacitação docente contínua e suas implicações na promoção de uma educação mais significativa e alinhada com as demandas contemporâneas.

Além disso, as medidas emergenciais da pandemia de COVID-19 intensificaram ainda mais essa tendência, levando a uma introdução rápida e massiva das atividades educacionais para o ambiente online. Nesse contexto, a justificativa para o presente estudo reside na carência de investigar de forma aprofundada o processo de desenvolvimento profissional continuado de docentes na aplicação das inovações tecnológicas, notadamente durante o período da pandemia e suas implicações para o ensino.

A importância fundamental deste estudo se destaca em virtude do crescente protagonismo dessas inovações tecnológicas no âmbito educacional, bem como pela imperativa necessidade de uma capacitação apropriada por parte do corpo docente, visando à eficácia da integração dessas inovações no contexto de suas estratégias pedagógicas. Em consonância com este cenário, a Lei nº 14.533, promulgada em 2021, referente à Política Nacional de Educação Digital, enfatiza de forma destacada a necessidade de uma formação contínua para os professores, com vistas à utilização eficaz das inovações tecnológicas. Tal formação propõe não apenas o aprimoramento das habilidades docentes, mas também a promoção da igualdade de acesso e da melhoria da qualidade da educação, bem como o desenvolvimento das aptidões dos estudantes.

A pesquisa busca colaborar para o entendimento do processo de formação permanente de docentes nesse contexto, identificando desafios, boas práticas e oportunidades para aprimorar a integração das tecnologias emergentes no ensino. Além disso, alinha-se com as demandas atuais por inovação educacional e adaptação às mudanças dos novos estilos de aprendizagens.

O questionamento central que norteará esta pesquisa é: “Como foi a metodologia de formação contínua de docentes na aplicação das tecnologias digitais, especialmente no decorrer da pandemia de COVID-19?” A inclusão destas tecnologias em educação é um fato inescapável e, desse modo, é essencial compreender como os docentes estão sendo capacitados para enfrentar os desafios dessa integração e como isso tem repercutido nas práticas pedagógicas e no aprendizado dos educandos.

Mediante a isso, o objetivo geral deste estudo, foi analisar o processo de formação contínua de docentes na aplicação de tecnologias no ensino, com foco no período da pandemia de COVID-19 e suas implicações para a educação contemporânea. Os objetivos específicos foram: investigar as estratégias e abordagens utilizadas nas iniciativas de formação continuada de docentes para a integração das tecnologias digitais na educação; analisar como o contexto da pandemia de COVID-19 influenciou as novas práticas de formação permanente de professores em relação a alocação das soluções digitais; avaliar o impacto destas formações na melhoria da qualidade do ensino mediado pelas inovações e identificar as principais demandas e necessidades dos docentes em relação à formação contínua para o uso de tecnologias digitais.

2. METODOLOGIA

A metodologia adotada neste estudo foi a Pesquisa Bibliográfica dentro de uma abordagem qualitativa, cujo foco recai sobre uma cuidadosa revisão sistemática da literatura especializada. Este método propicia uma análise aprofundada das estratégias destinadas à capacitação contínua de professores, visando à integração das tecnologias emergentes no campo educacional. Ademais, possibilita uma compreensão profunda tanto das implicações decorrentes dessas práticas quanto das exigências enfrentadas pelos educadores nesse cenário específico.

Para a realização desta pesquisa, serão consultadas diversas bases de dados acadêmicas renomadas, a fim de garantir a abrangência e a qualidade das fontes utilizadas. Entre as bases de dados que serão exploradas estão o IEEE Xplore, ERIC (Education Resources Information Center), Scopus e Google Scholar. Essas bases de dados oferecem uma ampla variedade de artigos acadêmicos, relatórios técnicos e estudos de caso relacionados à integração de tecnologias emergentes na formação permanente de docentes.

A primeira etapa envolve um levantamento bibliográfico amplo em bases de dados acadêmicas e bibliotecas digitais para identificar estudos pertinentes sobre a formação permanente de docentes e o uso de tecnologias inovadoras em educação. Em seguida, são realizadas uma seleção criteriosa e uma análise meticulosa das fontes descobertas para identificar aquelas que se alinham com o escopo do estudo. Durante essa análise, são extraídas informações sobre estratégias de formação, resultados alcançados, desafios enfrentados e percepções dos docentes.

As informações coletadas são então categorizadas segundo os temas emergentes, como abordagens pedagógicas, métodos de capacitação, impactos na aprendizagem e outros aspectos relevantes. Essa categorização permite a identificação de tendências e padrões presentes na literatura, ampliando a compreensão das diferentes abordagens utilizadas no processo contínuo de formação.

Uma análise comparativa é realizada entre os estudos selecionados, buscando identificar semelhanças, diferenças e lacunas de conhecimento. Isso proporciona uma visão ampla das variadas estratégias adotadas e dos resultados obtidos em diferentes contextos educacionais. Finalmente, as conclusões são elaboradas com base na observação criteriosa dos estudos, destacando as principais estratégias de formação continuada de docentes para a integração das tecnologias inovadoras na educação. Além disso, são apresentados os impactos observados e as lacunas de pesquisa identificadas.

Essa abordagem metodológica qualitativa permite uma exploração profunda e contextualizada do tema, capturando nuances e perspectivas tanto dos docentes quanto dos pesquisadores na área educacional. A revisão sistemática da literatura garante uma análise abrangente e robusta de uma ampla gama de estudos, proporcionando uma visão integral das práticas e resultados relacionados com a formação continuada e ao emprego das tecnologias emergentes nas atividades pedagógicas.

3. FUNDAÇÃO TEÓRICA

3.1 A utilização das tecnologias inovadoras na educação e sua evolução

O emprego da tecnologia da informação começa a fazer parte componente do ensino, apresentando-se como um elemento extraordinário no ato de educar, embora o espaço escolar ainda, visivelmente, necessite ter nova postura no que diz respeito às suas metodologias e concepções acerca do que ensinar, para quem ensinar e como experimentar tal processo. Nesse contexto, Nascimento e Fernandez (2019, como citado em Santos, 2018, p.3) afirmam:

A escola, a sala de aula, os sujeitos que a ocupam, suas vivências e práticas socioespaciais, refletem nos dias de hoje as contradições e espacialidades do mundo globalizado. Dentre estas marcas “do global” nos deparamos com o Meio Técnico Científico e Informacional, conceito formulado pelo geógrafo brasileiro Milton Santos, e que traz como uma de suas principais características refletir a evolução das técnicas, na chamada “era da modernidade” e/ou “era da informação”.

Nesse contexto, faz-se imperativa a inserção mais robusta de elementos da informática nas apresentações de conteúdo ministradas em ambientes educacionais, com o propósito de aprimorar a qualidade dessas exposições e despertar o interesse dos educandos. Essa necessidade é corroborada por Santos (2018), que observa que, frequentemente, durante as atividades pedagógicas, muitos estudantes estão ocupados com seus dispositivos móveis, envolvidos em atividades como jogos, troca de mensagens, audição de música com fones de ouvido e até mesmo atendendo chamadas, o que resulta em distração.

Além disso, as conversas paralelas entre os alunos, que competem pela atenção, acabam por comprometer o desenvolvimento do aprendizado e a assimilação do conteúdo apresentado. Diante desse cenário, é relevante ponderar sobre a emergência desse novo paradigma para o ensino e a aprendizagem, no qual as tecnologias educacionais prometem erradicar o tédio das aulas e a monotonia dos conteúdos para os estudantes.

Com o domínio dessas novas ferramentas, os professores ganham uma ampla gama de possibilidades para reformular suas estratégias pedagógicas, transformando o que outrora era monótono em um ambiente de aprendizado agradável e convidativo ao conhecimento (Santana, 2020). Essa perspectiva reafirma a relevância da integração efetiva da tecnologia e da informática no processo educacional, elevando-o a um patamar mais eficaz e cativante, capaz de envolver e motivar os alunos em sua busca pelo saber:

De fato, estamos vivendo em uma era tecnológica na sua essência onde, a todo o momento, nos utilizamos de uma tecnologia para nos auxiliar em alguma atividade diária, seja ela no trabalho doméstico, seja ela no ambiente profissional, ou em uma situação pessoal. As utilizamos para nos comunicar, para adquirir alguma informação, para diversão e até mesmo para nos ajudar em simples tarefas diárias. Mas de fato, o que se entende por tecnologia? (Santana, 2020, p.2).

Conforme abordado pelo autor, a disseminação do uso da tecnologia tornou-se uma ocorrência comum no contexto do ensino cotidiano. Esse fenômeno transformou a percepção da educação, destacando a crescente revolução no cenário educacional proporcionada pela incorporação da informática, reconfigurando tanto a perspectiva de ensinar quanto a de aprender.

Nesse contexto, o avanço das tecnologias exerceu mudanças irreversíveis no processo educativo. As escolas se veem compelidas a se adaptar aos novos conhecimentos provenientes da era digital, pois suas fileiras são compostas por jovens que cresceram em um período de intensa evolução tecnológica. Marinho (2008, como citado em Silva & Barreto, n.p.) argumenta que, em face do progresso tecnológico, a escola agora desempenha o papel fundamental de preparar os cidadãos para uma sociedade altamente desenvolvida tecnologicamente.

A utilização da tecnologia como ferramenta de aprendizado promove uma abordagem pedagógica transformadora. Esses recursos representam ativos valiosos para expandir o conhecimento e estimular debates mais profundos sobre políticas voltadas para a melhoria da aprendizagem e a busca incessante por inovações na esfera educacional.

Além disso, a integração às inovações tecnológicas estimula o interesse, a motivação e o desempenho dos alunos, uma vez que a geração contemporânea demonstra uma forte inclinação por novidades.

Independentemente das diferentes gerações presentes no ambiente letivo, os educadores devem reconhecer a diversidade da turma e cada estudante possui necessidades diferentes. Isso implica na adoção de abordagens pedagógicas adaptadas, a fim de assegurar a inclusão democrática de todos os aprendizes no âmbito do processo educativo.

Embora a democratização digital seja uma questão contínua e, em certa medida, as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) deem a impressão de que todos têm acesso, especialmente através dos smartphones, essa realidade ainda não se materializa para muitos brasileiros. O acesso e emprego das TDICs ainda estão intimamente relacionados com o nível de educação e a renda familiar, uma disparidade que se tornou ainda mais manifesta durante a crise pandêmica global, conforme destacado por Reis e Leal (2021).

É relevante salientar que perante a pandemia de Covid-19, a utilização desses recursos tecnológicos nas salas de aula aumentou consideravelmente devido à necessidade de realizar aulas remotas. Isso trouxe consigo uma nova abordagem para se adaptar ao cenário imposto pela realidade social, forçando a aceitação de que as ferramentas digitais são essenciais para o processo educacional.

Portanto, diante da pandemia que assolou o mundo, as instituições de ensino, diante de seus compromissos com a manutenção de sua função social, precisaram buscar nas tecnologias digitais um caminho direto e comprometido, mesmo reconhecendo os desafios enfrentados, como a ausente familiaridade de muitos educadores com essas ferramentas e a indisponibilidade de acesso à internet por parte de parte significativa da população:

A existência de uma pandemia que atingiu todos os países e vem provocando milhares de mortes transformou radicalmente o cotidiano de estudantes e professores. O enfrentamento das questões sanitárias, com a indicação do isolamento social como única possibilidade de frear a disseminação do vírus, resultou na suspensão das aulas em todos os níveis e sistemas de ensino, não apenas no Brasil. Os países que insistiram na manutenção ou retomada das aulas presenciais, observaram a contaminação de grande parte da comunidade escolar. A incerteza sobre os efeitos da propagação da doença em espaços escolares, transformou a expectativa de uma suspensão temporária das aulas presenciais na incerteza de quando e como será possível retornar às aulas presenciais. (Leite; Lima & Carvalho, 2020, p. 2).

Subitamente, os professores, que anteriormente conduziam suas aulas de forma presencial, foram compelidos a fazer a transição para o ensino remoto emergencial. Importante destacar que esse ensino remoto não se confunde com a educação a distância, havendo, por vezes, uma compreensão equivocada por parte de alguns especialistas (Santos et al., 2020).

Contudo, independentemente das inúmeras adversidades enfrentadas por professores e estudantes, a tecnologia se estabeleceu no ambiente escolar, e todos tiveram que se adaptar a ela. Afinal, naquele momento, os recursos digitais se converteram na única maneira de adentrar milhões de lares, sem desrespeitar as diretrizes sanitárias estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante o período de pandemia de Covid-19.

3.2 A integração de tecnologias no ensino aprendizagem

Na contemporaneidade, a sociedade encontrar-se imersa em uma rede interconectada, onde as ferramentas tecnológicas se tornam parte integrante da vida cotidiana da maioria da população. Como resultado, milhares de crianças e adolescentes possuem contato e uso dos instrumentos digitais desde cedo. Partindo desse cenário, as organizações de ensino, como o principal ambiente de formação dos indivíduos e cidadãos, sentiram a obrigação de evoluir e seguir o ritmo dos alunos que estão cada vez mais conectados.

Conhecendo a relevância dessa transformação, segundo as palavras de Moran (2000, p. 11), “Muitas abordagens pedagógicas tradicionais já não se justificam. Tanto os professores quanto os alunos têm a clara sensação de que muitas aulas estão verdadeiramente ultrapassadas.” De certeza, na atualidade, os métodos de ensino tradicionais mostram suas limitações e, consequentemente, tornam-se imprescindível migrar em direção a procedimentos de ensino mais contextualizados e alinhados com a realidade e as mudanças sociais.

Neste contexto, surge um amplo debate sobre a integração das TDICs no ensino, porque essas tecnologias abrangem diversas mídias de comunicação, como vídeos, podcasts, smartphones, sites, blogs e e-books, utilizando uma variedade de linguagens e estilos de aprendizagens. Portanto, confirmamos a relevância da afinidade entre as tecnologias e a educação, e é essencial refletir sobre como a utilização de dispositivos tecnológicos pode colaborar para o processo educativo de crianças e adolescentes.

Conforme apontado por Conte, Kobolt e Habowski (2022), na era digital, o acesso à informação tornou-se notavelmente mais acessível, no entanto, ainda lidamos com o problema persistente do analfabetismo digital, que afeta até mesmo indivíduos com formação superior. Esta informação destaca a importância crítica da competência de leitura, tanto em meios impressos quanto eletrônicos. E, como as crianças e adolescentes são naturalmente fascinados pelos textos aos quais são expostos, surgem diversos desafios que exigem dos educadores uma reflexão profunda sobre “como mobilizar os processos educacionais com o auxílio das tecnologias digitais, com o objetivo de interpretar e incorporar experiências de aprendizagem social, desenvolvendo as diversas capacidades humanas e as relações com o conhecimento do mundo” (Conte, 2022, p. 43).

Portanto, no que concerne ao domínio da leitura e escrita, a instituição de ensino deve abordar a alfabetização de maneira contextualizada, incorporando a concepção de literacia digital, que engloba o entendimento do discurso digital como parte integrante do processo de alfabetização, em vez de se restringir exclusivamente à análise de componentes fônicos e gráficos da linguagem, como preconiza o método tradicional.

É importante observar que este método tradicional tem sido objeto de críticas por alguns autores renomados, como Morais (2005), Soares (2020) e Ferreiro (2011), que defendem o conceito de letramento como uma representação e notação de fala. Sob essa perspectiva, Soares (2020) argumenta que, com a assistência das tecnologias digitais, a função do estudante se transforma, deixando de ser um receptor passivo de informações. Em consonância com essa mudança em direção a uma educação mais participativa, Conte (2022) sustenta que não existe um detentor exclusivo do conhecimento, e os indivíduos aprendem uns com os outros por meio do compartilhamento das experiências.

Nesse contexto, fica evidente que a contribuição dos recursos oferecidos pelas tecnologias emergentes pode colaborar com o aprimoramento da independência intelectual e do aprendizado autônomo das crianças, considerando que elas tenham acesso às informações sempre disponíveis. Essas informações não se limitam ao espaço escolar, e os educadores devem considerar que as bagagens de conhecimento prévias e as vivências individuais dos estudantes são igualmente relevantes em relação ao conteúdo curricular.

Portanto, no processo epistemológico das crianças, é crucial que os professores valorizem os saberes que transcendem os limites da escola, compreendendo que a aprendizagem não se resume ao contexto educacional, embora este desempenhe um papel fundamental, não sendo, entretanto, o único local de construção cognitiva. Nesse aspecto, acerca do processo de aquisição do conhecimento pelas crianças, Ferreiro (2011, p. 64) afirma que:

Desde que nascem são construtoras do conhecimento. No esforço de compreender o mundo que as rodeia, levantam problemas muito difíceis e abstratos e tratam, por si próprias, de descobrir respostas para eles. Estão construindo objetos complexos de conhecimento e o sistema de escrita é um deles.

Nesse contexto, é fundamental reconhecer os estudantes como protagonistas pensantes e dinâmicos nos procedimentos de aprendizagem, especialmente nos estágios iniciais de escolarização. É crucial compreender que esses alunos são questionadores e procuram por respostas que sejam completas e que abarquem todos os aspectos de suas curiosidades. O ensino, ao incorporar os avanços tecnológicos emergentes, requer a aplicação de variadas abordagens a fim de atender às diversas circunstâncias e níveis de desenvolvimento cognitivo dos estudantes.

Assim, é essencial que o professor possua plena consciência das diversas hipóteses de escrita, uma vez que isso lhe possibilita criar atividades personalizadas que atendam às necessidades individuais de cada aluno, com o intuito de promover o progresso no processo de aprendizagem da escrita. Neste cenário, a integração das tecnologias digitais oferece aos educadores a oportunidade de conceber atividades com essa finalidade.

Nessa perspectiva, Rau (2013, p. 61) salienta que “as crianças aprendem quando brincam, pois, a ludicidade envolve habilidades como memória, atenção e concentração, além do prazer da criança em participar de atividades pedagógicas de maneira diferente e divertida.” Assim, torna-se fundamental ressaltar a importância das atividades lúdicas, especialmente em ambientes educacionais remotos, considerando que são mais atrativas e proporcionam maior satisfação às crianças.

Portanto, no cenário do ensino à distância, com o suporte de mídias digitais, tornou-se incorporar atividades recreativas que proporcionassem prazer aos alunos, possibilitando-lhes interações dinâmicas e uma pausa na monotonia das práticas pedagógicas convencionais. Essas atividades constituíram adaptações de métodos previamente empregados em contextos de instrução presencial, reconfiguradas para se adequar ao ambiente virtual por meio da utilização das mais recentes ferramentas digitais.

Nas aulas síncronas, o educador apresentava desafios aos alunos, como encontrar objetos em casa que começassem com uma determinada sílaba e depois escrever a palavra correspondente. Essas atividades não apenas ajudavam na compreensão do significado da escrita, mas também ressaltavam a dimensão sociocultural da linguagem escrita. Além disso, atividades que envolviam gêneros textuais como “receitas” eram exploradas para aprofundar a prática do letramento, incentivando a participação da família e promovendo uma compreensão mais ampla das práticas sociais relacionadas à leitura e escrita.

No contexto das práticas de leitura e produção textual, inclusive em ambientes online, os alunos podiam participar na criação colaborativa de textos em diversos gêneros textuais. Ao fornecer um tema para uma história, as crianças tinham a oportunidade de contar a história verbalmente enquanto o professor a transcrevia. Estudantes mais proficientes na leitura e escrita podiam até mesmo redigir o texto por completo. Além disso, eram realizadas atividades de reconto, tanto por escrito quanto oralmente. Todas essas atividades tinham como objetivo principal ajudar as crianças a internalizarem a linguagem escrita, ao mesmo tempo em que reconheciam a leitura e a escrita como ferramentas sociais fundamentais.

4. ESTRATÉGIAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA

4.1 Formação dos profissionais da educação e o processo de construção do conhecimento

O processo de formação do conhecimento está profundamente conectado com ação do educador, que tem a responsabilidade de promover o desenvolvimento da criança, incentivando sua participação ativa diante dos desafios a partir de seus interesses e necessidades. Nesse sentido, o educador desempenha um papel crucial ao planejar, organizar e apresentar situações desafiadoras que estimulem a criança a pensar, formular hipóteses, refletir e buscar soluções. De acordo com Barbosa (2019), a criança deve ser a protagonista de seu próprio processo de aprendizagem, sendo ativa e autora do conhecimento que adquire.

A interação entre o educador e o aluno desempenha um papel fundamental na determinação dos momentos em que a intervenção pedagógica é realmente benéfica para a constituição do conhecimento. Dourado (2015) destaca a seriedade de estabelecer uma relação de afeto, confiança, respeito mútuo e cooperação entre o educador e o aluno. Essa relação é a base essencial para o trabalho pedagógico a ser desenvolvido.

É crucial compreender que o aluno é um ser humano completo, cujo desenvolvimento engloba aspectos físicos, cognitivos e afetivos. Portanto, a construção de vínculos afetivos é parte integrante desse processo de desenvolvimento, ocorrendo através de interações contínuas e da presença constante do educador no grupo de estudantes.

No ensino fundamental, assim como em qualquer nível educacional, é essencial que o educador alcance um planejamento cuidadoso e tenha uma proposta pedagógica que sustente sua prática. Essa proposta deve abranger atividades diversificadas, incluindo aquelas relacionadas ao aprendizado lúdico, educativo, de higiene, sono e alimentação, garantindo um equilíbrio entre elas. Essa abordagem variada, como mencionado por Gentilini et al., (2015), deve contemplar diferentes ritmos e intensidades, adaptando-se às necessidades individuais e ao contexto da turma.

O planejamento prévio das atividades é fundamental, mas a flexibilidade também desempenha um papel importante. O professor precisa estar preparado para aproveitar oportunidades inesperadas que possam surgir cotidianamente.

Adicionalmente, é fundamental que as atividades estejam interligadas e coordenadas entre si, apresentando uma variedade de níveis de complexidade para atender às diferentes habilidades da classe. Essas atividades devem ser desafiadoras, estimulando o desenvolvimento das crianças. (Gentilini et al., 2011).

O contexto do ensino-aprendizagem desempenha um papel fundamental na formação da personalidade humana. É nesse contexto que o indivíduo transforma seu conhecimento, criando significados e constituindo-se como sujeito na sociedade, conforme as demandas sociais e os objetivos educacionais da escola.

Portanto, tanto o educador quanto os estudantes devem participar ativamente na escolha e execução dos métodos educativos. A diversidade de atividades, escolhidas de forma colaborativa entre o educador e os alunos, auxilia no aprimoramento do processo de aprendizado. Conforme José (2008), a escola desempenha um papel essencial na formação e no desenvolvimento humano, estabelecendo uma relação intrínseca entre aprendizagem e desenvolvimento. A educação se torna, assim, um componente crucial para a construção da identidade e do crescimento pessoal dos indivíduos.

Nesse estágio, os alunos começam a perceber a inevitabilidade das distinções de classe, a importância dos salários, o prestígio na sociedade e outras formas de hierarquização. A escola, por sua vez, desempenha um papel significativo, indo além da demarcação entre o que é privado e público. Ela é uma fonte de oportunidades de crescimento pessoal e de desenvolvimento social.

As práticas socioculturais e institucionais que os estudantes compartilham em diferentes fases de suas vidas diárias desempenham um papel crucial no desenvolvimento de suas motivações para aprender. Essas práticas contribuem para a construção de sua identidade pessoal e desempenham um papel crucial na aprendizagem e no desenvolvimento do conhecimento. Ademais, contribuem para a formação integral dos alunos, abrangendo diversas áreas do conhecimento.

Segundo Faria Filho (2004), a escola desempenha um papel vital na vida dos estudantes, promovendo o desenvolvimento pleno deles. É necessário um comprometimento tanto por parte dos educadores quanto das famílias, ressaltando a importância de estabelecer ambientes educacionais que promovam interações significativas e valorizem as trocas interpessoais.

Uma perspectiva importante para compreender as formas de produção da vida e do desenvolvimento humano é o paradigma histórico-cultural. Esse paradigma foca na constituição subjetiva e na produção da consciência humana dentro das relações culturais e sociais, considerando a multiplicidade de referências e significados socioculturais ao longo da história.

Arroyo (2007) destaca a relevância da formação pedagógica como um processo transformador. Nos debates e pesquisas recentes, tem-se discutido intensamente a capacitação inicial e continuada de docentes, enfatizando a importância de desenvolver práticas formativas e pedagógicas qualitativamente avançadas. A formação contínua tem se destacado, relacionada à evolução qualitativa das práticas formativas e pedagógicas. Uma tendência recente enfatiza o ensino como uma atividade reflexiva.

Nesse contexto, Libâneo (2006) descreve a reflexão como um conceito que transcende não apenas a formação para a docência, mas também o currículo, o ensino e a metodologia de ensino. Envolve a capacidade do educador de refletir sobre sua prática pedagógica, examinando seus objetivos e métodos de ensino. Acredita-se que a educação exige dos educadores uma capacidade intelectual que os capacite a dominar as teorias que fundamentam a construção do conhecimento associado ao ensino.

A formação de docentes não se limita apenas à busca por métodos pedagógicos que melhorem a aprendizagem por meio do pensamento crítico, mas também à aquisição de elementos conceituais para uma compreensão crítica da realidade. Isso implica associar o ensino do pensamento aos métodos de reflexão dialética, com base em um senso crítico lógico-epistemológico.

Conforme Libâneo (2006), as instituições dedicadas à formação de professores/educadores possuem a responsabilidade de cultivar indivíduos que sejam capazes de pensar de forma crítica e reflexiva, capazes de um pensamento epistêmico. Isso implica capacidades fundamentais de pensamento e elementos conceituais que vão além do mero acúmulo de conhecimento. O objetivo é capacitar esses indivíduos não apenas a receber informações, mas a interagir com a realidade, compreender o contexto histórico e reagir de maneira crítica, transformando-o.

A abordagem de formação inicial e continuada de professores deve se alinhar com as concepções mais atuais de ensino e aprendizagem. Isso contrasta com as tendências predominantes nos sistemas de ensino, que muitas vezes se concentram em treinamentos superficiais, oferecendo pacotes de teorias e metodologias desconectadas da experiência dos professores (Camargo, 2020). O autor enfatiza a importância das instituições de formação ajudarem os educadores a desenvolverem uma mentalidade crítico-reflexiva. Isso envolve compreender seu próprio processo de pensamento e refletir criticamente sobre sua prática pedagógica. Isso implica planejar e criar situações em sala de aula que estimulem os alunos a estruturarem suas ideias, analisar seus pensamentos, expressar suas opiniões e resolver problemas, promovendo o pensamento crítico.

Para alcançar esse objetivo, o processo de formação de professores deve incorporar as características propostas por Libâneo. Freire (1997) também destaca a relevância da preparação contínua dos professores, enfatizando o envolvimento, a pesquisa, a leitura e a aprendizagem constante como aspectos essenciais da tarefa docente. O aprendizado ao ensinar ocorre quando o professor, com humildade e abertura, está disposto a aprender continuamente e a rever suas práticas.

Imbernón (2013) aborda a formação docente e profissional como uma questão ética e de responsabilidade social. Ele destaca o mérito da qualidade da formação e do ensino, que não se limita apenas ao conteúdo, mas também à interatividade do processo, à dinâmica do grupo, às atividades, ao estilo do professor e aos materiais didáticos utilizados. Para Imbernón (2013), a efetividade da formação e a transmissão de aprendizagem flexível e adequada à mudança são fundamentais para a qualidade.

Arroyo (2007) enfatiza a existência de divergentes perspectivas conceituais em relação à preparação do corpo docente, as quais derivam de premissas filosóficas e epistemológicas discrepantes. Nesse contexto, argumenta que a formação profissional está intrinsecamente associada à vivência individual, e que o processo de formação de educadores se revela como uma jornada ininterrupta, transcendo os limites do período formativo inicial, com a formação em curso se erigindo como um elemento essencial.

4.2 A formação de professores e a proposta interdisciplinar

A formação continuada representa um processo constante de aprimoramento dos conhecimentos essenciais para a prática docente, desdobrando-se durante toda a carreira dos educadores e auxiliando-os na melhoria progressiva de suas abordagens pedagógicas. Em um contexto de mudanças contínuas, a formação continuada adquire uma importância ainda mais pronunciada.

Como salientado por Camargo (2020), os professores agora enfrentam a tarefa de intermediar um volume crescente de informações e conhecimentos, não podendo mais se apegar apenas a abordagens tradicionais de ensino.

Nesse cenário, o principal objetivo da formação continuada é promover o desenvolvimento profissional do educador, capacitando-o a aprimorar a dinâmica educacional. O contexto da pandemia de COVID-19 intensificou essa necessidade, dado que os professores tiveram que se adaptar a novas metodologias e práticas pedagógicas para o ensino online mediado pela tecnologia digital.

Garofalo (2020) observa que muitos especialistas identificaram a necessidade de revisar a formação de professores após a pandemia, preparando-os para lidar com os novos desafios e concepções de aprendizado. Os educadores precisaram superar dificuldades e se reinventar para apoiar os estudantes e suas famílias na esfera cognitiva.

Um dos requisitos fundamentais para os educadores contemporâneos é a capacidade de facilitar o ensino utilizando recursos tecnológicos. É evidente que aulas meramente expositivas não cativam os alunos; portanto, é crucial ir além, refletir, replanejar e criar métodos novos de ensino que promovam o pensamento crítico e novas abordagens de avaliação.

É igualmente importante construir portfólios em conjunto com os alunos, ao longo de suas trajetórias de aprendizagem. Os professores devem agir como mediadores do processo cognitivo, estimulando os alunos a participarem de maneira autônoma e proativa em sua própria jornada de aprendizado (Santana, 2020).

No contexto educacional brasileiro, a prática interdisciplinar ganhou destaque com a Lei nº 5.692/71 e posteriormente com a Lei nº 9.394/96 e os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997). Conforme argumenta Carlos (2010), a interdisciplinaridade passou a fazer parte do cotidiano dos professores em sala de aula, exigindo uma abordagem mais ousada e orientada para a busca de conhecimento.

Portanto, à luz do que foi discutido, fica claro que o aprimoramento dos métodos de instrução e capacitação pedagógica na atualidade exige audácia e criatividade, conforme enfatizado por Medel (2012). A preparação dos professores deve ser adaptável e continuamente renovada para corresponder às exigências em constante evolução do ambiente educacional contemporâneo:

A formação do professor deve considerar que a diversidade está presente nos primeiros anos escolares não só em relação às faixas etárias das crianças e ao número de horas semanais em que ocorre o atendimento a elas, mas também em relação aos objetivos defendidos e às programações de atividades efetivadas em seu cotidiano. O professor deverá estar atento para o processo de desenvolvimento do seu aluno, observando, anotando e avaliando os seus progressos ou não progressos, analisar as dificuldades de ensino caso o educando não esteja assimilando bem o conteúdo, uma vez que um modo de se aproximar mais da verificação da aprendizagem no ensino fundamental é avançar gradativamente no uso de atividades que exijam pensamento mais elaborado dos alunos, propondo, por exemplo, atividades que os estimulem a levantar hipóteses ou os levem a aplicar saberes. (Medel, 2012, p. 89).

Uma proposta de formação contínua avançada e inovadora para os educadores representa um desafio significativo, oferecendo uma perspectiva de renovação e inovação no campo da educação. Em uma era na qual as inovações tecnológicas têm um impacto central, contribuindo para o ensino a distância em escolas de todos os níveis, incluindo o ensino superior, esta proposta se destaca como particularmente relevante, especialmente diante das adversidades.

Um aspecto importante a ser considerado é a capacidade dos educadores de se profissionalizarem em várias áreas do conhecimento, agregando metodologias ativas ao seu repertório pedagógico. Em um contexto educacional marcado pela evolução contínua do conhecimento, essa habilidade é fundamental para envolver os alunos em seu ambiente educacional.

A educação permanente emergiu como uma necessidade imprescindível na contemporaneidade. Com estudantes conectados aos recursos digitais e às plataformas de comunicação online, como o YouTube, Meta e outras redes sociais, há uma infinidade de oportunidades de aprendizado, informações e entretenimento ao alcance de suas mãos. Essas ferramentas motivam os alunos a buscarem conhecimento de forma autônoma, tornando-os protagonistas de sua própria jornada educacional. No entanto, ainda existem escolas e gestores que insistem em aulas expositivas, onde o educador desempenha um papel predominante e o aluno é relegado a um papel passivo. Esse modelo não desperta o interesse nem a curiosidade dos alunos, tornando a escola um lugar desinteressante para eles.

A formação permanente dos educadores também desempenha um papel crucial na renovação de suas metodologias pedagógicas, fornecendo ferramentas de apoio ao aprendizado e incentivando a reflexão crítica sobre suas abordagens. Isso inclui uma avaliação constante das práticas para garantir a qualidade da aprendizagem dos estudantes. Portanto, é essencial que os profissionais da educação avaliem a realidade em que estão inseridos, identificando suas necessidades, desafios e deficiências, a fim de incorporar efetivamente as novas tecnologias no cotidiano profissional. Isso elevará os padrões de inovação no ensino e na educação como um todo.

A organização de programas de formação continuada exige a participação ativa de instituições de ensino superior e escolas de ensino fundamental e médio. Essas instituições devem abraçar a inovação em conformidade com as exigências da sociedade contemporânea, promovendo a formação de educadores críticos, participativos, pioneiros e líderes de seu próprio processo de aprendizagem.

As instituições educacionais, especialmente as escolas de ensino fundamental e médio, desempenham um papel crucial na facilitação da aquisição de saberes. Os educadores que atuam nessas instituições são agentes essenciais nesse processo de desenvolvimento de habilidades e competências.

Portanto, o processo de desenvolvimento profissional para os educadores deve ser inovador e baseado no conhecimento e nas experiências dos próprios educadores, levando em consideração os desafios da prática escolar. Isso implica em uma reavaliação constante da função do educador na sala de aula e em suas interações com os alunos, promovendo uma postura profissional reflexiva e em busca contínua de aprimoramento.

Além disso, é urgente que o Brasil valorize e remunere adequadamente os profissionais da educação, fornecendo ambientes laborais propícios e um plano de carreira sólido. O investimento na educação é fundamental para promover o desenvolvimento de uma sociedade, pois todas as profissões dependem do trabalho pedagógico dos educadores. Um país que valoriza a educação ganha um diferencial significativo no mercado profissional e na sociedade como um todo.


4.3 Motivar uma postura crítica sobre os usos das tecnologias

Incontestavelmente, as inovações tecnológicas têm conferido uma miríade de benefícios que simplificam a existência humana em múltiplos domínios, como enfatizado por Moran (2017). Essas inovações têm impacto nas esferas pessoal, cultural, acadêmica e profissional, além de oferecerem opções de entretenimento e lazer.

Os dispositivos portáteis, em especial os smartphones, com sua ampla gama de aplicativos, tornaram-se companheiros constantes para muitos indivíduos. Eles funcionam quase como uma extensão do corpo, graças à conexão física, e da mente, devido às múltiplas funcionalidades que oferecem.

Entretanto, é fundamental considerar também os aspectos críticos associados a essa crescente dependência tecnológica. Um exemplo evidente é a mudança nos hábitos de memorização. Antigamente, as pessoas costumavam decorar números de telefone e rotas, habilidades que agora são menos praticadas devido à conveniência das agendas digitais e dos sistemas de GPS.

Além disso, é imperativo reconhecer que o influxo ininterrupto de informações proveniente dessas tecnologias contemporâneas pode se mostrar esmagador, demandando, assim, a formulação de uma abordagem inovadora para a administração e o processamento de um vasto espectro de conhecimentos.

Outra questão relevante é o fenômeno do vício tecnológico, que pode se manifestar de várias maneiras. Alguns indivíduos encontram prazer excessivo em jogos eletrônicos, enquanto outros sentem a necessidade compulsiva de verificar constantemente a aprovação social, expressa em curtidas e comentários em suas publicações nas redes sociais, como o Facebook.

Portanto, embora as criações tecnológicas tenham revolucionado positivamente muitos aspectos da vida moderna, é crucial reconhecer os desafios e as implicações negativas que também surgiram com essa dependência crescente da tecnologia em nosso cotidiano. O equilíbrio entre os benefícios e os impactos negativos deve ser constantemente avaliado para garantir um uso saudável e produtivo dessas ferramentas. A esse respeito, mostra-se relevante a seguinte explicação:

Uma dimensão importante também é avaliar criticamente como nos relacionamos com as mídias digitais, com o audiovisual, com as redes sociais, com o que vemos na televisão, nas séries preferidas. Discutir os valores que nos passam, até onde nos tornam mais livres ou dependentes é um caminho importante para uma educação mais ampla. Avaliar também o uso excessivo do celular, a dependência de ficar o tempo todo no WhatsApp, de jogar o tempo todo, do excesso de vídeos de entretenimento. Estamos ficando muito dependentes do celular. Precisamos aprender a ficar longe também, a conversar olho no olho, a meditar, passear, refletir para poder evoluir, sermos mais livres, enxergar com maior profundidade (Moran, 2017, p. 6).

O trabalho de Moran (2017) traz à tona questões de extrema relevância sobre o uso das mídias digitais e das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Em suas análises, o autor faz um alerta tanto quanto à quantidade de uso dessas tecnologias, questionando possíveis excessos, quanto à qualidade desse uso, instigando uma reflexão sobre os valores subjacentes.

Nesse contexto, é imperativo que a incorporação das novas tecnologias na educação seja realizada de forma consciente, evitando alienação e considerando tanto os benefícios quanto os desafios que essa integração pode apresentar.

O educador desempenha um papel fundamental nesse processo, atuando como mediador do desenvolvimento saudável das relações entre os alunos e as tecnologias. Isso implica ajudar os estudantes a adquirirem habilidades, atitudes e valores essenciais, como responsabilidade, honestidade, ética, pensamento crítico, adequação da linguagem, respeito e empatia, autonomia, proatividade e busca constante pelo aprimoramento, seja ele técnico, cultural, social ou de outras naturezas, conforme destacado por Santos (2018).

Ademais, é crucial que o educador mantenha a humildade em sua prática pedagógica, reconhecendo que sempre haverá algo novo a aprender e que a evolução tecnológica é constante. Para encerrar este capítulo, é pertinente mencionar que não é possível esgotar todas as possibilidades de dispositivos e aplicações tecnológicas, como apontou Moran (2017, p. 7), ressaltando a dinâmica e a evolução contínua desse campo, que requer uma postura de adaptação e aprendizado contínuos, “nunca tivemos tantas plataformas, aplicativos, recursos nas nossas mãos. Nossa mente é que orienta nossas escolhas, nossa criatividade nos impulsiona para novas práticas”.

5. IMPACTOS DA FORMAÇÃO NO ENSINO COM TECNOLOGIAS DIGITAIS

A tecnologia, com sua capacidade de proporcionar conforto, sofisticação e facilidades no cotidiano das pessoas, tem promovido uma profunda transformação na dinâmica e cultura da sociedade. Esse impacto mencionado revela-se ainda mais pronunciado em virtude da ampla disseminação da Internet, bem como da proliferação generalizada de dispositivos tecnológicos, tais como smartphones, computadores, tablets e outras plataformas eletrônicas. A sociedade contemporânea, muitas vezes denominada como a “sociedade da informação,” está cada vez mais conectada a esses meios de informação e comunicação, que se tornaram parte integrante de nosso cotidiano, inclusive no ambiente de trabalho e na educação.

Conforme apontado por Rocha et al., (2019), o desenvolvimento das TDICs é um processo complexo que evolui conforme as necessidades humanas em diferentes épocas e lugares. a produção, o armazenamento e a circulação de informações e comunicação desempenham uma função fundamental em todas as sociedades contemporâneas. O acesso a conhecimentos relevantes e a capacidade de compartilhá-los eficazmente constituem pilares essenciais para o desenvolvimento intelectual e social dos indivíduos. A disseminação eficiente de informações proporciona uma base sólida para a construção do saber, facilitando assim o processo educacional.

Júnior, Sardinha e Jesus (2020) argumentam que a utilização de tecnologias da informação e comunicação remonta ao século XV, com a invenção da imprensa por Gutenberg. Esse marco histórico possibilitou o acesso generalizado a diversas formas de informação, desencadeando uma revolução intelectual significativa.

A relação entre educação e TDICs apresenta uma série de nuances. Diversas perspectivas otimistas têm sido delineadas em relação à aplicação destes recursos no contexto educacional, especialmente dentro do ambiente escolar, enquanto outras levantam preocupações sobre seus impactos na didática e nos métodos de ensino (Ferreira & Castiglione, 2018). Nesse contexto, é importante o reconhecimento da pluralidade presente na educação brasileira. Reflexões sobre a diversidade intrínseca nas escolas devem incluir o reconhecimento, respeito e aceitação das diferenças. Essa abordagem demanda um esforço para superar preconceitos e opiniões formadas sem uma reflexão adequada (Silva, 2015).

Portanto, o uso das tecnologias emergentes e inovadoras na educação é um tópico que desafia pesquisadores a considerar uma variedade de perspectivas, reconhecendo que não existem respostas definitivas. O objetivo não é eliminar os métodos convencionais de ensino, mas sim integrar de maneira eficaz essas novas ferramentas no processo educativo, reconhecendo a diversidade como um componente fundamental desse contexto.

5.1 Avaliação do impacto da formação continuada no desempenho dos docentes

Em um cenário ideal, as TDICs deveriam ser uma presença normalizada no cotidiano das escolas. Entretanto, é imprescindível reconhecer que, a realidade brasileira, existe uma notável desigualdade social e econômica entre diferentes classes sociais. Os indivíduos de camadas mais pobres, frequentando escolas públicas, enfrentam uma situação desfavorável devido a um sistema que subvaloriza a educação universal e gratuita (Silva & Soares, 2018).

Nesse contexto, a insuficiência de investimento adequado torna-se um obstáculo significativo para a democratização do ensino com qualidade e recursos inovadores. Quando comparados aos alunos provenientes de famílias mais privilegiadas, é perceptível que estes últimos têm acesso desde cedo a uma educação estruturada, que inclui recursos tecnológicos como computadores, internet, tablets e smartphones (Silva & Soares, 2018).

Essa disparidade cria uma cultura de segregação, na qual a presença das tecnologias emergentes no ambiente letivo torna-se viável apenas para um grupo privilegiado de estudantes. A presente circunstância exacerba de maneira substancial a disparidade social, notadamente no que se refere à dinâmica pedagógica, com impactos preponderantes sobre o corpo discente e docente das instituições de ensino públicas, que acabam sendo os mais prejudicados por essa segregação educacional. Nessa razão, ressalta-se o termo prejudicado:

Assumir o uso das TIC em sala de aula como proposta inovadora de ensino significa fundamentarmos o desenvolvimento da aprendizagem a partir de uma dinâmica autônoma de acesso, interpretação e manipulação da informação. O conceito de informação, neste contexto, se amplia para além de sua concepção etimológica, incorporando em seu sentido uma dimensão ontológica e epistemológica. (Silva & Soares, 2018, p. 641).

Além disso, a integração das TDICs no ambiente escolar também está intrinsecamente relacionada à quantidade e qualidade dos equipamentos disponíveis, bem como das ferramentas acessíveis aos alunos, professores e gestores. É fundamental destacar que muitos estudantes não possuem recursos para adquirir computadores, tablets ou smartphones, nem têm condições de arcar com os custos de uma conexão de internet.

Esses elementos assumem relevância ao sublinhar a presença de uma cultura caracterizada pelo não emprego generalizado das TDICs no processo educacional, devido ao insuficiente investimento, que se configura como uma barreira para a democratização da educação. De acordo com registros presentes na pesquisa “TIC na Educação” (2019, p. 28), cujos levantamentos se efetuaram no ano de 2018, antecedendo o advento da pandemia:

[…] aproximadamente 30% dos alunos que estudam em escolas localizadas em áreas urbanas não possuíam nenhum tipo de computador no domicílio (tablet, computador portátil ou de mesa). Entre os alunos usuários de Internet, 18% deles acessaram a rede exclusivamente pelo telefone celular, sendo que a proporção era maior entre os estudantes de escolas públicas (21%) e habitantes da região Norte (31%) e Nordeste (32%). Nas áreas rurais, apenas 34% das escolas possuíam ao menos um computador com acesso à Internet, percentual que foi de apenas 14% na região Norte, em 2018.

Percebe-se claramente que o fator de desigualdade regional é uma questão central no texto mencionado. Isso não é surpreendente, considerando que tanto a Região Nordeste quanto a Região Norte do Brasil apresentam os maiores percentuais de pobreza, miséria e analfabetismo no país, além das menores taxas de renda per capita (Saraiva, 2019).

Além disso, a pesquisa TIC Educação (2019, p. 27) destaca a realidade precária enfrentada pelos professores e pela comunidade escolar, como evidenciado por:

Em 2018, 57% dos docentes afirmaram utilizar a Internet no telefone celular para desenvolver atividades pedagógicas com os alunos, sendo que 49% declararam ter realizado tais atividades por meio da conexão 3G ou 4G do próprio dispositivo e 27% afirmaram que os alunos utilizaram a própria conexão durante a realização das atividades. Situação semelhante é identificada também nas áreas rurais, onde 52% dos gestores escolares disseram que os professores levam os próprios dispositivos móveis para realizar atividades com os alunos. Além disso, 58% dos gestores declararam utilizar a conexão de Internet de seus próprios telefones celulares para realizar atividades administrativas da escola, como comunicar-se com a Secretaria de Educação, contatar os pais dos alunos e acessar programas de gestão escolar.

Ademais dessas dessemelhanças, o Censo Escolar de 2020 revela que o ensino fundamental nas escolas municipais “[…] é o que menos dispõe de recursos tecnológicos, como lousa digital (9,9%), projetor multimídia (54,4%), computador de mesa (38,3%) ou portátil (23,8%) para os discentes, ou mesmo internet disponível para uso deles (23,8%)” (Brasil, 2020, p. 55).

Nesse contexto, a multiplicidade do papel do professor e sua atuação profissional em relação às ferramentas tecnológicas merecem destaque. O emprego das TDICs, como mencionado na seção anterior, tem sido reconhecido como fundamental para a universalização do ensino. No entanto, é importante enfatizar também a diversidade das práticas pedagógicas que podem ser enriquecidas com o auxílio dessas tecnologias (Idem, 2021).

Diante das demandas dos alunos, dos centros de ensino, dos órgãos educacionais e da sociedade civil, os professores estão constantemente sob pressão em relação à sua prática pedagógica. Para se aprimorar, aprender e reaprender em sua profissão, esses profissionais recorrem a diversos métodos, incluindo a utilização de tecnologias como conexões em banda larga, lousas digitais, projetores multimídia, tablets, etc. (Idem, 2021).

No entanto, embora a tecnologia no ambiente letivo possa enriquecer significativamente o processo de aprendizagem, é categórico que os docentes não substituam o método pedagógico pela tecnologia. Pelo contrário, o recurso da tecnologia deve ser visto como um complemento, visando à constituição do conhecimento. Em outras palavras, a ferramenta em si não deve substituir a ação do professor, nem ser colocada acima do conteúdo, e definitivamente não deve servir como um escudo para a falta de preparo profissional (Martines et al., 2018).

Portanto, fica evidente o quanto as tecnologias, mesmo que tenham um impacto positivo nas aulas, devem ser usadas com sabedoria. Nesse sentido, esses recursos representam uma abordagem mais dinâmica em comparação às aulas tradicionais, por meio do uso de computadores, tablets, celulares e os diversos programas que possibilitam novos ambientes interativos, estimulantes, cognitivos e educativos.

5.2 Adaptações nas abordagens de formação em um cenário de ensino remoto

Além dos diversos problemas sociais, econômicos e sanitárias desencadeados pela pandemia da COVID-19, algumas questões problemáticas foram identificadas, e uma das mais evidentes se relaciona diretamente com a educação no contexto brasileiro. É importante ressaltar que os desafios enfrentados por gestores, docentes e estudantes, sobretudo nas escolas públicas situadas em regiões marginalizadas, são reflexo do histórico comprometimento dos governantes com políticas socioeconômicas que beneficiam a elite do país. Esses fatores contribuíram para criar complexas disparidades, especialmente em um momento tão delicado (Dias & Pinto, 2020).

Esse cenário, tornou ainda mais evidente o abismo da desigualdade, que abrange questões como fome, miséria, desemprego, acesso à educação e serviços de saúde, entre outras (Dias & Pinto, 2020). O que foi chamado de “ensino remoto” no Brasil, notadamente para os estudantes de escolas públicas, se resumiu à disponibilização de atividades por meio de ferramentas eletrônicas de comunicação e informação, como WhatsApp e Google Forms. Essas ferramentas desempenharam o papel de intermediário entre professores e alunos.

É conveniente destacar o valor de aplicativos como esses, principalmente em circunstâncias tão desafiadoras, pois são considerados ferramentas que facilitam os procedimentos de ensino e aprendizagens. Por meio dessas plataformas, é possível compartilhar textos, vídeos, áudios e links, além de promover debates com a participação em tempo real de todos os membros do grupo.

No entanto, não se pode ignorar a realidade da ausência de acesso a esses dispositivos digitais em muitos casos. Nesse contexto, é possível afirmar que a estruturação do sistema educacional durante a crise pandêmica revelou-se insuficiente para efetivar integralmente sua missão democrática. Além disso, muitos educadores não estavam preparados para lidar com as tecnologias necessária:

[…] muitos no Brasil não têm acesso a computadores, celulares ou à Internet de qualidade – realidade constatada pelas secretarias de Educação de Estados e municípios no atual momento – e um número considerável alto de professores precisou aprender a utilizar as plataformas digitais, inserir atividades online, avaliar os estudantes a distância e produzir e inserir nas plataformas material que ajude o aluno a entender os conteúdos, além das usuais aulas gravadas e online. Na pandemia, grande parte das escolas e das universidades estão fazendo o possível para garantir o uso das ferramentas digitais, mas sem terem o tempo hábil para testá-las ou capacitar o corpo docente e técnico-administrativo para utilizá-las corretamente (Dias & Pinto, 2020, p.546).

Essa realidade ressalta a urgência de um investimento efetivo na capacitação dos educadores e na garantia de acesso igualitário às tecnologias, a fim de promover uma educação mais inclusiva e eficaz.  Torna-se manifestamente claro que a disparidade social constitui um obstáculo intransponível para o acesso e a aquisição de conhecimento por parte da maioria dos estudantes.

Nesse contexto, é importante destacar que os profissionais em educação, diante dessa nova realidade, estão inseridos em uma dinâmica de trabalho que revela desgaste e angústia, tanto devido ao excesso de trabalho quanto à falta de familiaridade com tecnologias de comunicação e informação (Santos & Soares, 2020).

Por outro lado, a pandemia da COVID-19, impulsionada pela necessidade imediata, trouxe uma revolução nos hábitos e costumes dos envolvidos na educação – alunos, professores e gestores. Essas mudanças rápidas funcionaram como um holofote, destacando os problemas e atrasos do sistema educacional brasileiro, incluindo a questão do acesso limitado à tecnologia na cultura educacional.

Assim, os aprendizados extraídos desta conjuntura pandêmica indicam a necessidade de uma nova forma de abordar a educação (Santana & Sales, 2020). Portanto, a educação está sendo convocada a reconhecer novos modelos de ensino-aprendizagem na contemporaneidade e, embora de forma gradual, a implementar novos processos educativos (Santos & Soares, 2020).

Isso implica em combater as desigualdades, democratizar o ensino presencial e remoto, e integrar as tecnologias na escola como meio de aprimorar a construção do conhecimento e enriquecer as práticas pedagógicas. Em conclusão, acredita-se que os governantes brasileiros, durante e após o período pandêmico, precisam responder às demandas da educação como parte fundamental de nosso aprendizado histórico. A transformação e o aprimoramento do sistema educacional são cruciais para garantir um futuro mais igualitário e justo para todos os cidadãos.

6. Considerações finais

O objetivo geral deste estudo foi analisar o processo de formação contínua de docentes na aplicação de tecnologias no ensino, com foco no período da pandemia de COVID-19 e suas implicações para a educação contemporânea. No decorrer dos capítulos desta análise, embasada em uma diversidade de autores e pesquisadores, delineou-se um panorama abrangente da educação no Brasil, com enfoque particular no contexto das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Esta investigação conduziu-nos a algumas conclusões fundamentais.

Em primeiro lugar, identificamos que o ensino a distância no Brasil possui uma história rica e relevante, tendo evoluído desde as primeiras transmissões por rádio até as sofisticadas tecnologias digitais contemporâneas. No entanto, verificamos que as instituições de ensino no Brasil, especialmente as de caráter público, ainda se deparam com notáveis deficiências no que tange à disponibilidade destas tecnologias.

A ausência de acesso às TDICs constitui um entrave significativo para a consecução da universalização da educação e a promoção da igualdade de oportunidades no cenário educacional contemporâneo. Ademais, é imperativo ressaltar a inquietante deficiência nas competências dos educadores para manusear ferramentas tecnológicas de vanguarda, o que exerce impactos negativos sobre o próprio processo de ensino-aprendizagem.

A pandemia de COVID-19 acentuou essas desigualdades, tornando evidente o descaso com as classes sociais mais vulneráveis. Durante este período extraordinário, caracterizado por circunstâncias singulares e desafiadoras, o ensino remoto emergiu como a única alternativa praticável para preservar a continuidade das atividades educacionais, expondo a necessidade urgente de combater as desigualdades no Brasil, aumentar os investimentos no sistema público de educação e capacitar professores e gestores no uso efetivo das tecnologias.

Neste contexto, torna-se manifestamente nítido que as tecnologias emergentes desempenham um papel fundamental na contemporaneidade, exigindo, assim, a imperativa busca por soluções que assegurem sua utilização eficaz no âmbito educacional. Acredita-se que as inovações implementadas nas instituições educacionais possuem o potencial de fomentar uma aprendizagem profundamente significativa. Estas inovações não apenas incentivam o protagonismo dos estudantes, mas também facilitam uma interação mais fluida entre educadores e colegas.

No entanto, é imprescindível destacar que a mera incorporação de tecnologias no ambiente educacional não assegura automaticamente a elevação do processo de aprendizagem ou o aprimoramento do desempenho docente. É decisivo realizar uma seleção criteriosa e uma aplicação diligente dessas tecnologias, contextualizando-as de maneira adaptada ao ambiente educacional específico. Somente por meio desse cuidadoso discernimento e aplicação contextualizada é possível alcançar os resultados almejados no campo da educação.

Destacamos também a importância do papel desempenhado pelo docente enquanto mediador no âmbito do processo de formação do conhecimento. Embora as metodologias ativas, centradas nos estudantes, coloquem mais responsabilidade no aluno, é imprescindível reconhecer que o professor assume a responsabilidade de orientar, estimular a reflexão e ajustar suas estratégias educacionais de acordo com as demandas individuais dos alunos. É o educador que assume a capacidade de adaptação das práticas pedagógicas, desempenhando um papel crucial na promoção de um ambiente educacional eficaz, centrado no desenvolvimento cognitivo dos alunos.

No desfecho deste estudo, foram apresentadas análises que delineiam a utilização estratégica das tecnologias no aprimoramento do cenário educacional. Este trabalho não apenas explicou os meios pelos quais as tecnologias podem ser eficazmente integradas, mas também apresentou sugestões concretas e aplicáveis para sua implementação. Estes insights oferecem uma perspectiva valiosa para os decisores políticos, educadores e demais interessados, fornecendo um guia tangível para a efetivação dessas tecnologias no contexto educacional contemporâneo. Entretanto, é imperativo que todos os agentes envolvidos no âmbito educacional, abrangendo desde as instâncias governamentais até os profissionais docentes, se dediquem de maneira intransigente à transposição das barreiras preexistentes, com o intuito de assegurar que as tecnologias desempenhem um papel eficaz e convergente na promoção de uma educação de excelência, marcada pela inclusão e pleno acesso, estendendo seus benefícios a toda a população brasileira.

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