FOMENTANDO A INOVAÇÃO: AS DISTINTAS CONTRIBUIÇÕES DAS MULHERES NA ACADEMIA (STEM)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11626126


Jamylyy de Souza Rosa1;
Siomara Dias da Rocha2.


Resumo

Este estudo documental e crítico pretende discutir as contribuições das mulheres para as ciências tecnológicas e os desafios que enfrentam no século XXI. Os resultados da evolução humana ao longo dos anos trouxeram enormes mudanças para as gerações futuras, incluindo o espaço das mulheres na ciência, realizando grandes descobertas que beneficiaram a humanidade, mas é importante lembrar que a trajetória deste espaço foi marcada por alguns enfrentamentos. No entanto, a essência do que é ser mulher no passado e agora, transcendeu fronteiras das limitações pessoais, familiares e profissionais. Mesmo que reconhecidas, a escassez de mulheres em áreas profissionais técnicas é uma questão que precisa ser discutida à medida que a situação avança e é o resultado de uma vontade de adaptação a ambientes tradicionalmente dominados pelos homens, como os da ciência da tecnologia.

Palavras-chave: Mulheres. Contribuições. Tecnologia.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, assistimos a um aumento significativo no reconhecimento e na valorização das contribuições das mulheres no meio académico, particularmente nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Embora as mulheres ainda enfrentem desafios e lacunas em determinados domínios, é necessário destacar e celebrar as suas realizações notáveis, que desempenham um papel vital na promoção da inovação.

O campo da tecnologia oferece inúmeras oportunidades em todo o mundo, e o Brasil não é exceção. Apesar das oportunidades abundantes, as mulheres continuam gravemente sub-representadas nos domínios da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), resultando num desequilíbrio de género nestes domínios. Este desequilíbrio é o resultado de uma variedade de fatores, incluindo estereótipos que ligam estas áreas às capacidades masculinas e a falta de representação e incentivo de mulheres desse cenário.

A falta de diversidade de gênero na tecnologia tem várias consequências negativas, tais como o desenvolvimento de soluções tecnológicas tendenciosas, ambientes de trabalho hostis, perda de inovação e criatividade, e muito mais. Diante dessa situação, é importante abordar cada vez mais as mulheres na tecnologia, por isso neste artigo traremos dados históricos, pesquisas e experiências de nós que somos mulheres nesta área tanto no mercado de trabalho como no ambiente acadêmico.

A falta de diversidade de gênero na área de tecnologia tem várias consequências negativas, como o desenvolvimento de soluções tecnológicas com vieses, ambientes de trabalho hostis, perda de inovação e criatividade, dentre outros. Ao final deste trabalho, realizado através de bases literárias encontradas em livros e artigos científicos, encontrados dentro de ferramentas virtuais como sites acadêmicos como Scielo e Google E-books, espera-se que se sinta inspirado e reflexivo, pois a inclusão e o reconhecimento é um tema fundamental para nós como indivíduos e para a sociedade como um todo.

O artigo de base bibliográfica com o propósito de discutir, explanar acerca dos grandes feitos das mulheres para a área das ciências da tecnologia e suas linhas, está organizado em quatro subtítulos: Breve histórico da mulher na história. As importantes contribuições das mulheres para a ciência da Tecnologia. As principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres nessa área e a Diversidade de gênero na área de tecnologia. Concluindo na compreensão da importância desse assunto, é essencial para construir um lugar mais igualitário no meio profissional da tecnologia para as mulheres.

2. METODOLOGIA

A metodologia seguida neste estudo baseou-se na revisão de artigos de investigação em mulheres na Tecnologia e na academia Científica publicados recentemente que abordam os conceitos de gênero e/ou mulheres. Esta é a razão pela qual utilizamos ambos os termos – mulheres e gênero – como categorias de análise neste artigo. O restante do manuscrito está organizado na base da metodologia PRISMA fornece diretrizes e declarações para realizar uma revisão sistemática, e dentro desse termo, esse artigo usou de autores com grande poder científico sobre experiencia de mulheres no ambiente tecnológico e acadêmico.

As práticas metodológicas empregadas neste estudo visam abordar os fundamentos científicos adquiridos por meio de obras literárias, artigos científicos e conhecimentos empíricos, com o objetivo de propor, revisitar e analisar “Fomentando a Inovação: As diversas contribuições das mulheres na academia (STEM)”. Neste contexto, é importante promover mudanças na gestão empresarial que apostem na inclusão e em ofícios que visem aumentar a influência das mulheres na ciência e tecnologia, formando-as e proporcionando oportunidades para cargos de liderança que normalmente são ocupados maioritariamente por homens.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Sucinto Contexto Histórico acerca das Mulheres

Para que possamos compreender as críticas, ganhos e as perdas do que tange as mulheres. É preciso voltarmos no princípio, isso significa relembrar a visão, o comportamento e os papéis importante na sociedade de cada Era. Sousa (2024), afirma que durante muito tempo, os estudos de arqueólogos, paleontólogos e historiadores limitaram o mundo pré-histórico ao mundo dos “homens das cavernas”. Isto não se dá apenas por razões de nomenclatura, mas também porque a maioria dos fósseis encontrados eram masculinos.

Os estudos científicos afirmam que as mulheres eram grandes caçadoras, isso é confirmado pelos fosseis femininos que eram encontrados com equipamentos de caças.  Nesse período a mulher era símbolo de gerar filhos, nutrir, de sensualidade, era adorada, não havendo qualquer disputa ou recriminação de sexo, pois elas estavam presentes, na agricultura, coleta, caça etc.

Esse cenário mudou ao decorrer do tempo, essas comunidades foram progredindo, até originarem o ponto de partida das importantes civilizações (Suméria, Egito, Babilônia, Grécia, Roma e outras), mesmo mantendo uma estrutura patriarcal, as mulheres eram veneradas por todos, tanto pelas sacerdotisas, guerreiras ou mesmo pelas manifestações femininas por meio de divindades (BORGES, 2020).

Borges (2020, p.6) menciona em seu artigo que:

“Na antiguidade, com o avanço da doutrina hebraica, as mulheres começaram a perder o seu espaço na sociedade e o casamento tornou-se a instituição central da vida, ou seja, se as mulheres passassem a fazer parte da família, tornar-se úteis. Além disso, a religião está centrada na imagem do ser humano, também conhecido como Pai. As mulheres devem seguir e acatar à figura masculina.”

Mas no século um a.C. as leis passaram a garantir às mulheres maior liberdade e participação na vida pública, um processo que formou grande parte da base da sociedade espartana. Apesar do lugar importante da sociedade ateniense na história da democracia, as mulheres não tiveram participação porque foram educadas para servir a família.

Em contraste, a sociedade espartana era uma sociedade extremamente militarizada, pelo que as mulheres ocupavam uma posição importante na tomada de decisões públicas. As mulheres espartanas também ocupavam uma posição importante, pois eram responsáveis ​​pelo treinamento dos soldados espartanos.

De acordo com a literatura Científica a sociedade feudal era certamente patriarcal e para muitas pessoas, um período da história em que as mulheres foram obrigadas a trabalhar apenas no setor privado. No entanto, falaremos de distribuição que só é permitida dentro dos limites da casa paterna, casa matrimonial ou mosteiro.

Antes do século XIII, já era evidente o impacto profundo da imagem negativa criada pela tradição judaica em relação à primeira mulher, Eva, na Igreja. De acordo com o filósofo Filo, que contribuiu para disseminar a ideia da inferioridade feminina na sociedade judaica, Eva era vista como uma pecadora, incapaz de resistir à tentação, o que justificava a necessidade de colocá-la sob a tutela masculina. Sendo a primeira mulher, Eva carregava consigo essa carga.

Esses conhecimentos sem fundamentos, eram usados dentro da igreja que o estendia para a sociedade feudal, várias crenças acerca da mulher foram criadas por vários interesses da realeza. Nascimento (1997) diz em seu artigo que entre as falácias da época a de que: “Acreditava-se que o sangue menstrual impedia a germinação das plantas, matava a vegetação, oxidava o ferro e transmitia raiva aos cachorros.

Estas crenças terminaram por ajudar a justificar fatos tão transcendentais como a negação masculina em permitir a participação ativa da mulher nas missas, assim como a proibição de tocar os ornamentos sagrados e, finalmente, sua exclusão das funções sacerdotais” (NASCIMENTO, 1997). Mas mudanças ocorreram devido as revoltas, e certas atividades sendo ocupadas por mulheres, fato esse, decorrente das guerras medievais, mas simbolizava a passagem da mudança de tempo, e com ele a esperança de grandes feitos para a Idade Moderna.

Olhando para a mulher da Idade Moderna, pode-se afirmar que a mudança de pensamento de Teocentrismo para Antropocentrismo, ajudou muito na sua visibilidade positiva e direitos, isso porque a ciência entra com força, e dentro dessa premissa mudanças em todos os setores sociais e educacionais ocorreram. Nesse período de aumento do comércio e declínio do Feudalismo, houve um grande movimento de migração e urbanização, tornando as mulheres uma mão de obra importante para a indústria. A mulher é reconhecida como um ser capaz de conhecer, de aprender, porém, ainda limitadas por variáveis genes masculinos.

Devido à resistência das mulheres por meio de protestos, paralisações, comitês, e outros meios, o 8 de março ganhou destaque como um momento significativo para a reflexão e a batalha políticas. A origem desta data está ligada a uma série de eventos. sobre o “Dia Internacional da Mulher.”

Depois de muitos séculos de batalha e dedicação incansável, as mulheres conseguiram superar certas barreiras de discriminação de gênero e se consolidaram como profissionais de destaque. Elas alcançaram recentemente uma presença maior em termos sociais, profissionais e políticos. Apesar de terem progredido bastante e alcançado conquistas significativas, as mulheres ainda enfrentam discriminação de gênero e precisam lidar com diversas barreiras tanto internas quanto externas (AMARAL, 2019).

Segundo AMARAL (2019, p. 113):

“[…] Para conseguir ingressar no ambiente de negócios dominado pelos homens, essas mulheres têm atitude, usam traços muito femininos como calma, paciência e persistência para firmar sua posição, se esforçam muito, ganham confiança e enfrentam a situação deles. Medos internos, buscando capacitar-se para solucionar obstáculos empreendedores.”

As mulheres de hoje são educadoras, líderes de empresas, presidentes nacionais, que desafiam os obstáculos existentes para completarem a sua dupla jornada profissional e familiar, superarem preconceitos de gênero, enfrentarem tetos de vidro e, acima de tudo, superarem a falta de autoconfiança.

3.2 Importantes Contribuições das Mulheres na Ciência da Tecnologia

Segundo dados do site Nobel Prize, até 2022, 615 prêmios Nobel foram concedidos. 23 desses prêmios foram concedidos a mulheres, na categoria relacionadas a Ciência (Química, Física, Fisiologia e Medicina). Exatos 3.7% de todas as contribuições foram concedidas a mulheres. Se houvesse mais mulheres premiadas, mais meninas e mulheres se sentiriam representadas por suas semelhantes em posições de destaque e seria mais uma arma para ajudar a quebrar o estereótipo de que somente homens pertencem à Ciência, Engenharia e Tecnologia.

O “Efeito Matilda” foi criado pela historiadora Margaret W. Rossiter, em 1993, como forma de denunciar casos de desvalorização e falta de reconhecimento das contribuições das mulheres cientistas ao longo da história. Em sua publicação “Woman as an inventor”, de 1883, Matilda luta contra a ideia de que as mulheres não têm genialidade para invenções.

Apesar de a tecnologia manter presença em tudo ao nosso redor, ainda falta representatividade feminina no setor. A escritora da obra “Mulheres em Tecnologia: Como a diversidade e inclusão vão mudar o jogo nas empresas e na sociedade’’ Beatriz Oliveira em seu livro:

“Relata pontos importantes acerca da presença das mulheres no âmbito tecnológico. Estamos avançando, mas há muito a melhorar, pois essa construção deve acontecer por meio de um olhar com diversidade” (OLIVEIRA, p.12, 2024).

Precisamos atender a diferentes tipos de necessidades de públicos diversos, fato que fica prejudicado quando não temos uma equiparidade no preenchimento das vagas e nas formações das diversas profissões que integram o vasto universo da tecnologia. No caso das Ciências da Computação, a mulher pode atuar em várias áreas, como desenvolvimento de sistemas, análise de dados, administradores de ambientes operacionais, líderes de projetos e muitas outras.  Uma dessas representações marcantes na área da tecnologia foi Hamilton (Figura 1), considerada a mãe da programação de acordo com literatura Científica encontrada em artigos e livros.

Figura 1. Hamilton ao lado do Software, Projeto Apollo.

Fonte: SPACE, 2016.

A imagem acima mostra Margaret Heafield Hamilton (nascida em 17 de agosto de 1936 em Paoli, Indiana), cientista da computação, engenheira de software e empresária americana. Era diretora da divisão de software do Laboratório de Instrumentação do MIT, que criou os procedimentos de voo usados ​​no projeto Apollo 11, a primeira missão tripulada à Lua, onde o software de Hamilton impediu o pouso na Lua. Em 1960 ocupou um cargo temporário no MIT desenvolvendo programas de previsão climática nos computadores LGP-30 e PDP-1 (no projeto MAC de Marvin Minsky). Hamilton foi uma das mulheres nessa época a ter a oportunidade de ser somativa em ambiente totalmente machista (HAMILTON, 2022).

Portanto, as oportunidades são amplas e estão em expansão, necessitando de mais mulheres para aumentar a diversidade. A participação feminina no mercado de tecnologia traz novos olhares e percepções. A cientista brasileira, Alicia Kowaltowski, será homenageada em Paris, em 28 de maio, pelo Prêmio Internacional Para Mulheres na Ciência 2024, promovido pela Fundação L’Oréal, do Grupo L’Oréal, em parceria com a UNESCO.

Essa é a representatividade que as mulheres precisam, mas pra isso é fundamental que ocorra mudanças nas ações políticas das empresas e campanhas, já que as mulheres se apropriam da tecnologia como produtoras e não apenas consumidoras.

Um exemplo disso são alguns aplicativos de saúde que não contemplavam condições exclusivamente do público feminino, que depois de muita polêmica tiveram que ser alterados para incluir funcionalidades que envolviam apenas o universo das mulheres.

E acredito que isso esteja acontecendo em um ritmo lento, mas está avançando, principalmente pelo fato de as meninas estarem cada vez mais conectadas e motivadas pelos avanços da tecnologia.

3.3 As Principais Dificuldades Enfrentadas pelas Mulheres nas Diferentes Áreas Tecnológicas

Conforme pesquisas realizadas pelo campo científico tecnológico aos problemas mais comuns são: o sentimento de não pertencer, a falta de representatividade, a discriminação social, de gênero no mundo corporativo e a micro agressões verbais, as famosas piadinhas.

O sentimento de pertencimento é fundamental para todas as pessoas. É essencial sentir que fazemos parte do meio em que estamos inseridos, seja na vida profissional ou pessoal. Em uma reportagem para a Forbes (2021) em 2021 1, Jeanine Stewart, consultora sênior do Neuroleadership Institute, relatou que “quando compartilhamos um senso de identidade social com um grupo podemos nos apoiar, nos fortalecer e ser mais autênticos”.

Segundo ela, estar ao lado de outras pessoas não nos garante um sentimento de pertencimento, pois sentimento de pertencimento tem mais a ver com a identificação com um grupo e com a qualidade das interações dentro deste grupo. É necessário se sentir acolhido(a) e compreendido(a) pelos outros membros. Ser uma mulher em tecnologia é um desafio constante nessa área.

Muitas mulheres enfrentam os mesmos desafios em tecnologia. Muitas vezes somos a única ou uma das poucas mulheres da equipe em reuniões, discussões técnicas ou eventos relacionados à tecnologia. Esta falta de representação, aliada aos estereótipos de gênero, leva a um sentimento de não pertença, afetando a nossa confiança e motivação.

Além dos desafios iniciais de entrar no espaço tecnológico, ainda lidam diariamente com micro agressões e casos de discriminação que nos fazem sentir excluídos. Estas experiências podem, em última análise, ter um impacto significativo na nossa saúde mental e bem-estar, embora estas práticas possam parecer triviais para o indivíduo.

3.4 A Diversidade de Gênero na Área de Tecnologia

Muitas pessoas desconhecem o fato de que mulheres contribuíram significativamente para os avanços em STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática). Um exemplo é a matemática inglesa Ada Lovelace, que se destacou como a criadora do primeiro algoritmo processado por uma máquina.

Além dela, há outras mulheres notáveis na área de computação que merecem reconhecimento, como Grace Hopper, responsável pela criação da linguagem COBOL, Radia Perlman, inventora do protocolo de spanning tree para redes de computadores, e Hedy Lamarr, cujas contribuições abrangem diversas tecnologias de comunicação, incluindo as conexões Wi- Fi e CDMA.

Esses exemplos reforçam a importância de uma mudança cultural na forma como a história da tecnologia é contada e ensinada, especialmente em um contexto em que a presença feminina ainda é minoritária. Infelizmente, é comum ouvirmos que mulheres não estão na área de tecnologia simplesmente porque não se interessam ou porque são biologicamente inaptas.

Em 2017, um ex-funcionário do Google publicou um memorando interno criticando as políticas de diversidade de gênero da empresa e sugerindo que as mulheres são biologicamente empresa e sugerindo que as mulheres são biologicamente inadequadas para trabalhar na área de tecnologia (El País, 2015).

No entanto, é importante ressaltar que essas crenças não são fundamentadas na realidade e, inclusive, têm sido desacreditadas pela ciência. A falta de representatividade é um problema que tem várias consequências, pois, sem ter exemplos conhecidos, muitas mulheres não conseguem nem se imaginar na área. Podemos ver o reflexo disso já na porta de entrada, nos cursos de ensino superior (Criado, 2015).

Segundo Vianna (2022), uma matéria do Insper que foi baseada em dados do Censo da Educação Superior, elaborado pelo Inep, em 2020, cerca de 7 mil mulheres concluíram a graduação em cursos de computação e tecnologias da informação e comunicação (TICs), em comparação com os mais de 44 mil homens que terminaram cursos na mesma área no Brasil.

No mercado de trabalho, essas estatísticas também não são diferentes. De acordo com uma matéria de 2022 do IT Fórum, no Brasil, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostram que apenas 20% dos profissionais de TI são mulheres.

Em uma pesquisa realizada pelos autores Muniz e Irigoyen, (p.7, 2023), as 78 mulheres identificaram mais de um motivo para serem poucas, mas pode-se perceber que a maioria menciona que é algo cultural e que existe machismo e/ou sexismo. Conforme expressado na Figura 2 abaixo.

Figura 2. Gráfico de Barras: pesquisa de Muniz e Irigoyen 2023.

Fonte: Google E-books- 2023.

É evidente que quanto mais perpetuarmos estereótipos, mais difícil vai ser mudar esse cenário. A realidade que temos hoje mostra que por muito tempo estamos perdendo talentos de meninas e mulheres que poderiam trazer contribuições significativas para o mercado de trabalho e através de pesquisas e estudos. ‘’No entanto, muitas vezes elas sequer cogitam a ideia de trabalhar com tecnologia devido ao viés social de associar essa área ao perfil masculino” (OLIVEIRA, 2024.p.7).

É notório que os ganho do espaço da mulher segue à passo lento em todas as suas épocas, as mesmas em todas as esferas tiveram suas habilidades e contribuições abafadas por épocas muito machistas, o tradicionalismo e religiosidade, não foram capazes de impedir grandes autoras da ciência tecnológica.

Os resultados da pesquisa fornecem dados significativos para compreender os desafios duradouros das mulheres nas ciências da Informação e fornecem recomendações explícitas sobre como grupos de afinidade com a tecnologia e com o mundo inclusivo podem continuar a crescer para melhor atender às necessidades da comunidade.

Assim como a identidade e o pertencimento são fundamentais para a missão da inclusão e massa delas, muitas das lições aprendidas à medida que o exemplo e representatividade vem mostrando que elas podem alcançar no pódio da tecnologia.

4. CONCLUSÃO

Há mulheres no início de toda grande onda tecnológica. Não somos secundárias; somos centrais, muitas vezes ocultas em plena luz do dia. Algumas das contribuições mais assombrosas descritas aqui floresceram nos meandros duvidosos das vias expressas da informação. Antes que um novo campo seja aberto por experts, e antecipando-se à exploração comercial de qualquer coisa, as mulheres experimentam novas tecnologias e as forçam para além do que seus criadores jamais imaginariam.

 Muitas e muitas vezes, elas fizeram o trabalho que ninguém acreditava ser importante, até que essa mentalidade mudava. Mesmo a programação de computadores foi originalmente tarefa de garotas contratadas pura e simplesmente para conectar cabos até que os cabos se tornaram padrões, e os padrões se tornaram uma linguagem, e de repente a programação se transformou em algo que valia a pena aprender.

Algumas considerações antes de começarmos. Considero neste livro que sexo está para gênero assim como corpo está para alma. “Mulher” significa algo diferente para cada pessoa. Não há como imaginar todas as maneiras possíveis de ser mulher, e usar o termo traz liberdade para uma multitude de vidas. Dito isso, muitas vezes mulheres partilham experiências, e, sobretudo em ambientes em que somos minoria, é bom procurar pontos em comum que aumentem a solidariedade entre nós.

É só um pedaço do iceberg que revela a necessidade de mudança e maior presença feminina no mundo da computação. Trata-se de um grande desafio porque as mulheres não têm um histórico de presença maciça em carreiras de exatas, mas é possível mudar.

Sabe-se que isso esteja acontecendo em um ritmo lento, mas está avançando, principalmente pelo fato de as meninas estarem cada vez mais conectadas e motivadas pelos avanços da tecnologia, para isso é fundamental que exista mudanças na nossa política social e cultural.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Melissa Ribeiro do. Empoderamento da Mulher Empreendedora: Uma Abordagem Visando o Enfrentamento de Barreiras. Dissertacao de Mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão de Conhecimento – PPGEGC. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis, 2019. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/215233. Acessado em: 15 de Maio de 2024.

BORGES, J. C., LAPOLLI, É. M..2020 – A mulher e suas concepções históricas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo Conhecimento. Ano 05, Ed. 06, Vol. 09, pp. 05-21. Junho de 2020. ISSN: 2448-0959, Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/historia/concepcoes-historicas. Acessado em: 30 de Maio de 2024.

CRIADO, M. Á. Não existe cérebro masculino ou feminino. El País, 2015. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/30/ciencia/14489 04392_009014.html. Acesso em: 21 Maio de 2024.

EL PAÍS. Engenheiro demitido por publicar manifesto machista denuncia Google por “discriminação no trabalho”, 2022. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/08/tecnologia/151 5443837 348519.html. Acesso em: 21 Maio de 2024.

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MUNIZ, A. IRIGOYEN, A. Mulheres de TI: Jornadas de Aprendizado e Inspiração. Editora Brast. P.1-152, 2023. Disponível em: https://books.google.com.br/books/about/Mulheres_de_TI_jornadas_de_aprendizado_e.html?id=A4jQEAAAQBAJ&redir_esc=y. Acessado em 30 de Maio de 2024.

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OLIVEIRA, B. CARVALHO, M. Mulheres em Tecnologia: Como a diversidade e inclusão vão mudar o jogo nas empresas e na sociedade. Brasil: Casa do Código, p.1-173, 2024. Disponível em: https://www.amazon.com.br/Mulheres-Tecnologia-diversidade-inclus%C3%A3o-sociedade-ebook/dp/B0CW5VDCSX. Acessado em: 30 de Abril de 2024.

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SOUSA, R. G. O Cotidiano da mulher na Pré-História, Brasil escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/o-cotidiano-mulher-na-pre-historia.htm. Acessado em 21 de maio de 2024.

VIANNA, B. Mulheres seguem em minoria entre graduandos em tecnologia no Brasil. Insper, 2022. Disponível em: https://www.insper.edu.br/noticias/mulheres-seguem-em-minoria-entre-graduandos-na-area-tecnologica-no-brasil/. Acessado em: 24 de Abril de 2024.


1Discente do Curso Superior de Sistemas de Informação – Fundação Centro de Pesquisa e Inovação Tecnológica – FUCAPI, Manaus – AM. e-mail: jamylyy.fr@gmail.com