MANEJO DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO DA SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ: UMA REVISÃO DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11493717


Brunno Leonnardo Silva de Souto¹
Ellton José Oliveira Marques¹
Edman Gonçalves de Souza¹
Hemily Missayre Cavalcanti de Medeiros¹
Marina Targino de Lucena Cabral¹
Pedro Augusto de Lima Barroso¹
Carlos Rômulo de Freitas Oliveira Segundo¹
Arthur Moreira Meirelles¹
Mariana Fonsêca de Deus¹
Fernando de Paiva Melo Neto²
Bianca Etelvina Santos de Oliveira³


RESUMO

A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma condição rara em que o sistema imunológico ataca os nervos periféricos, resultando em fraqueza muscular súbita e perda de sensibilidade, tipicamente começando nas pernas e progredindo para os braços e tronco em casos mais graves. Este estudo busca examinar as evidências atuais sobre a síndrome e como lidar com os pacientes afetados. A pesquisa segue uma abordagem documental, exploratória e descritiva, passando pelas etapas de sistematização, categorização e apresentação dos dados de forma acessível. Compreender os aspectos clínicos, epidemiológicos e fisiopatológicos da SGB é crucial para diagnóstico, tratamento e prevenção eficazes. Destaca-se a importância de uma abordagem integrada para lidar com essa condição complexa, visando melhorar as estratégias de saúde pública e os cuidados clínicos oferecidos aos pacientes e suas famílias.

Palavras-chave: Síndrome de Guillain-Barré; Manejo; Neurologia.

ABSTRACT

Guillain-Barré Syndrome (GBS) is a rare condition in which the immune system attacks peripheral nerves, resulting in sudden muscle weakness and loss of sensation, typically starting in the legs and progressing to the arms and trunk in more severe cases. This study seeks to examine the current evidence on the syndrome and how to manage affected patients. The research follows a documentary, exploratory and descriptive approach, going through the stages of systematization, categorization and presentation of data in an accessible way.Understanding the clinical, epidemiological and pathophysiological aspects of GBS is crucial for effective diagnosis, treatment and prevention. The importance of an integrated approach to dealing with this complex condition is highlighted, aiming to improve public health strategies and clinical care offered to patients and their families.

Keywords: Guillain Barré Syndrome; Management; Neurology.

1.     INTRODUÇÃO

A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma condição neurológica rara, aguda e desmielinizante do sistema nervoso periférico. Isso pode acarretar fraqueza muscular súbita e

perda de sensibilidade em diferentes partes do corpo, começando, geralmente, nos membros inferiores e se estendendo para os braços e tronco, causando sintomas como parestesias, fraqueza progressiva e dor (GALARACE et al, 2019).

A causa exata da doença é desconhecida, mas muitas vezes ela é precedida por infecções virais ou bacterianas. As infecções que estão mais relacionadas à síndrome incluem: infecções respiratórias, como a gripe, e infecções gastrointestinais, especialmente aquelas causadas pela bactéria Campylobacter jejuni (uma bactéria frequentemente encontrada em aves mal cozidas) (NÓBREGA et al., 2018).

Os sintomas podem variar de leves a graves, dentre eles: Fraqueza muscular ou sensação de formigamento, começando pelas pernas e com ascendência para o tronco; Dores musculares; Déficit na motricidade ocular extrínseca ou na motricidade da face, bem como, dificuldades para se comunicar ou deglutir; Cardiopatias e alterações na pressão arterial (GALARACE et al, 2019).

A maior parte das pessoas com a SGB se recupera total ou quase totalmente, embora o processo possa ser um pouco extenso. Em alguns casos, a condição pode ser grave, causando complicações como paralisia ou dificuldades respiratórias. É fundamental buscar atendimento médico imediato ao suspeitar de sintomas da síndrome.

Com isso, este trabalho objetiva analisar na literatura atual as evidências científicas sobre a SGB e o manejo destes pacientes. Dessa forma, traçou-se um percurso visando a compreensão da patologia da melhor forma, desde a identificação da síndrome até a condução terapêutica.

2.     MATERIAIS E MÉTODOS

Como na didática de Michel (2015), o processo de investigação é de suma importância, sendo uma sequência para poder entender o produto final da pesquisa, estas fases são denominadas: a sistematização, categorização e tornar acessível da melhor forma os dados que são sintetizados mediante ao conhecimento adquirindo no processo de ensino aprendizagem.

Mediante o objetivo proposto, seguindo a proposta principal desta pesquisa, que é de cunho documental, exploratório e descritivo.

[…] tomar como fonte de coleta de dados apenas documentos, escritos ou não, que constituem o que se denominam como fontes primárias. Estas podem ter sido feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorreu (MARCONI; LAKATOS, 2017, p.190).

Neste permeio, a primeira síntese a ser discutida sobre a pesquisa documental é que a mesma facilita uma compreensão aprofundada do tópico de estudo. Para isto, esta pesquisa envolve as grandes áreas da Medicina: Neurologia e Infectologia. Sendo consultados materiais no Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), bases de dados na área de saúde tais como Scientific Electronic Library Online (SciELO), United States National Library of Medicine (PubMed) e EBSCP information Services.

Em destaque vale ressaltar, os critérios de inclusão e exclusão desta investigação. Para isto, foi realizado um trabalho vasto na qual o primeiro critério foram selecionadas as pesquisas nas bases de dados em saúde supracitadas, no recorte temporal de 2010 a 2023, sendo utilizadas as pesquisas de metanálise, estudos randomizados em duplo cego e estudos ecológicos que corroboram para facilitar a aproximação entre os dados e as investigações teóricas. Como critérios de exclusão foram analisadas, pesquisas duplicadas, que não eram inseridas nas características dos estudos que foram abordados anteriormente.

Subsequente aos objetivos delineados na introdução é importante ressaltar que o presente artigo incorpora uma abordagem qualitativa, com o propósito primordial é o de relatar o fenômeno ou situação específica, de acordo com a pesquisa de Ferreira (2023).

A síntese de uma pesquisa descritiva proporciona ao pesquisador uma ampla base de conhecimento sobre o tema a ser estudado. Isso ocorre porque esse tipo de estudo se dedica a detalhar minuciosamente os principais eventos e mudanças relacionados ao objeto de investigação, como mencionado por Creswell (2014).

3.     RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1  A SGB nos dias atuais

A SGB também pode ser desafiadora de diagnosticar devido à sua apresentação clínica variada e à sobreposição de sintomas com outras condições neurológicas. No entanto, avanços em técnicas de imagem e testes laboratoriais têm ajudado os médicos a identificar a doença mais rapidamente, permitindo um início precoce do tratamento e melhorando os resultados para os pacientes. (FERREIRA,2020).

Houve incremento no número de internações por síndrome de Guillain-Barré no Brasil, a partir de 2015. As internações por SGB estiveram presentes em nível epidêmico na região Nordeste no primeiro semestre dos anos de 2015, 2016 e, com menor intensidade, 2017. Situação semelhante foi encontrada nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte (RAMALHO,2020, p.1).

Embora a SGB continue sendo uma condição séria, os avanços na medicina têm permitido uma abordagem mais personalizada e eficaz no tratamento. A compreensão dos mecanismos imunológicos envolvidos na doença levou ao desenvolvimento de terapias mais direcionadas, como a imunoglobulina intravenosa e a plasmaférese, que podem ajudar a controlar a resposta autoimune que desencadeia os sintomas da doença. (MATOS, 2017).

Além do quadro clínico, é importante a investigação de infecções prévias ao momento das alterações neurológicas, visto que estas desencadeiam a síndrome de Guillain barré. Para investigar quadros de infecções é importante questionar o paciente sobre sintomas prévios ao comprometimento neurológico como febre, exantema, vômitos, mialgia, dores articulares e conjuntivite. (MALTA et al 2017, p. 10)

Os esforços contínuos na pesquisa médica estão ajudando a identificar novas abordagens terapêuticas e a aprimorar as estratégias de reabilitação para os pacientes com SGB. A colaboração entre médicos, pesquisadores e organizações de saúde tem sido fundamental para avançar no conhecimento sobre a condição e melhorar os resultados para os pacientes. (MALTA, 2017)

Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem enfrentados no tratamento da SGB. A variabilidade na gravidade dos sintomas e na resposta ao tratamento significa que cada caso requer uma abordagem individualizada. Além disso, a síndrome pode deixar alguns pacientes com sequelas a longo prazo, como fraqueza muscular ou problemas de coordenação, que exigem acompanhamento e suporte contínuos. (RAMALHO,2020).

Para os pacientes com SGB, o suporte emocional e psicológico também desempenha um papel importante no processo de recuperação. Lidar com uma doença grave e potencialmente debilitante pode ser emocionalmente desafiador, e o apoio de familiares, amigos e profissionais de saúde pode ajudar os pacientes a enfrentar esses desafios e a manter uma perspectiva positiva durante o tratamento e a reabilitação.(RAMALHO,2020).

É importante também continuar investindo em pesquisa e educação sobre a SGB para melhorar ainda mais a compreensão da doença e desenvolver novas estratégias de tratamento.

A colaboração entre profissionais de saúde em todo o mundo é essencial para enfrentar os desafios associados a essa condição complexa e para garantir os melhores resultados possíveis para os pacientes. (RAMALHO,2020)

3.2  Relação da SGB com Arboviroses

O eixo de comunicação entre a SGB e as arboviroses tem ganhado um grande relevância no viés científico da Medicina , mediante ao fato de que é uma doença autoimune na qual o sistema imunológico do corpo humano ataca de uma forma errada o Sistema Nervoso Periférico e com isso temos reflexos na clínica do paciente, causando a fraqueza muscular progressiva e em casos graves pode até chegar a paralisia. (CAVALCANTI,2019)

Em estudos epidemiológicos recentes, vem sendo enfatizado a relação direta com os surtos de arboviroses em áreas espalhadas ao longo do Brasil, sugerindo uma possível ligação entre as infecções virais e o desenvolvimento da Síndrome.

Frequentemente, a SGB é precedida por uma infecção. Há também relatos de SGB após vacinação ou trauma, como cirurgias, embora ambas as situações sejam consideradas raras e discutíveis.O agente mais comumente associado à infecção anterior é a bactéria Campylobacter jejuni , seguida de infecção por citomegalovírus, vírus Epstein-Barr (EBV), Mycoplasma pneumoniae , Haemophilus influenzae , vírus da influenza A, hepatite B e E, e vírus da imunodeficiência humana ( HIV).Atualmente, também há registros de casos de SGB associados à infecção pelos vírus da dengue, chikungunya e zika (JADHER et al, 2018, p.1).

Acredita-se que a resposta imunológica desencadeada pelo vírus, especialmente em casos de infecção aguda, possa desencadear uma reação autoimune que ataca os nervos periféricos. Além disso, há evidências de que certos vírus, como o Zika, podem ter uma afinidade particular pelo sistema nervoso, o que pode contribuir para o desenvolvimento de complicações neurológicas, como a SGB (CAVALCANTI, 2019).

No Brasil, mesmo com a ocorrência de epidemias de dengue em diferentes períodos e regiões do país desde 1984, e a introdução do vírus chikungunya em 2014, não se percebeu um aumento de internações significativas por SGB. Até que, no primeiro semestre de 2015, com a autorização da circulação do vírus Zika e da epidemia, principalmente na região Nordeste, o Ministério da Saúde foi notificado sobre o aumento de internações por manifestações neurológicas no estado de Pernambuco, incluindo encefalites, neurite óptica, mielites, encefalomielites e SGB; esta última representou mais de 80% dos casos. (JADHER et al, 2015, p.1)

Neste sentido as pesquisas abarcadas, trazem dados relevantes para evidenciar um pouco desse eixo do aumento de internações relacionadas com as arboviroses e a SGB, tendo como exemplo o número de internações da pesquisa de Jadher et al. (2018) no Estado de Pernambuco no período de 2010 a 2015 com a distribuição dos casos de dengue ou zika.

Foram registrados por volta de 31.395 casos prováveis de dengue no ano de 2012, na qual este foi um índice de alta demanda para o estado e a relação direta com a SGB totalizou 96 internações em 2012, porém, entre janeiro e junho de 2015, ocorreu outra elevação de casos prováveis, sendo totalizados 66.488 casos prováveis de dengue e Zika, e uma elevação para os casos de SGB para 128 internações.

A compreensão dessa relação é crucial para o diagnóstico precoce e o manejo eficaz da SGB em pacientes com histórico de infecção por arbovírus. A vigilância epidemiológica contínua, juntamente com pesquisas adicionais sobre os mecanismos subjacentes, é essencial para desenvolver estratégias de prevenção e intervenção eficazes.

Além do impacto individual para os pacientes afetados, o aumento da incidência de SGB relacionada a arboviroses representa um desafio significativo para os sistemas de saúde pública. A demanda por cuidados médicos especializados, unidades de terapia intensiva e suporte respiratório pode sobrecarregar os recursos hospitalares durante surtos de arboviroses, destacando a importância de medidas preventivas e de intervenção precoce.

Medidas de controle de vetores e campanhas de conscientização pública sobre os riscos associados às arboviroses e à SGB também desempenham um papel fundamental na redução da incidência dessas condições e na proteção da saúde da população (MALTA et al., 2017).

Além do impacto individual para os pacientes afetados, o aumento da incidência de SGB relacionada a arboviroses representa um desafio significativo para os sistemas de saúde pública. A demanda por cuidados médicos especializados, unidades de terapia intensiva e suporte respiratório pode sobrecarregar os recursos hospitalares durante surtos de arboviroses, destacando a importância de medidas preventivas e de intervenção precoce (MALTA et al., 2017).

Em última análise, a compreensão aprofundada da relação entre as arboviroses e a SGB é crucial para orientar políticas de saúde pública, programas de prevenção e estratégias de tratamento eficazes. Investimentos em pesquisa contínua, vigilância epidemiológica e

educação pública são essenciais para mitigar os impactos dessas condições na saúde da população e promover intervenções oportunas para aqueles em risco de desenvolver complicações neurológicas associadas às arboviroses (CAVALCANTI, 2019).

3.3  Manejo Diagnóstico

O diagnóstico da síndrome é baseado nos sintomas clínicos e em exames como Eletroneuromiografia (ENMG), como também, com a análise do líquido cefalorraquidiano. Com isso, histórico médico e exame físico será feito da seguinte forma:

O médico irá coletar informações ao longo da consulta sobre os sintomas apresentados pelo paciente, principalmente quando os sintomas começaram e como eles foram progredindo, além disso, irá realizar um exame físico para avaliar a força muscular, a sensibilidade das extremidades e os reflexos do paciente. Dentre os exames citados acima, temos também a avaliação dos respectivos aspectos, seguindo as perspectivas de Borges et al (2023):

  • Força muscular: o médico irá testar a força muscular do paciente em diferentes grupos musculares, onde começa pelas extremidades, para poder identificar sintomas de fraqueza muscular. Esse exame pode ajudar a determinar a extensão e a distribuição da fraqueza;
  • Reflexos: será avaliado pelo médico os reflexos dos tendões do joelho e do tornozelo. Caso exista uma redução ou uma ausência de reflexos, será um sinal característico da síndrome;
  • Sensibilidade: testes com sensibilidade à dor, frio, calor, será testada para identificar qualquer perda de sensibilidade ou se alguma alteração sensorial;
  • Coordenação e equilíbrio: O paciente irá realizar o teste de coordenação motora e equilíbrio, como por exemplo: tocar o nariz com os olhos fechados ou tentar caminhar em linha reta;
  • Movimentos oculares: serão observados os movimentos dos olhos para verificar se há alterações, como movimentos oculares involuntários (nistagmo) e movimentos oculares rápidos;
  • Movimentos faciais e cranianos: será avaliado a capacidade de realização de movimentos faciais e verificar a função dos nervos cranianos pode ajudar a identificar quaisquer anormalidades;

Estes testes ajudam a determinar se há sinais consistentes relacionados com a SGB e também ajudam a descartar outras condições neurológicas que podem estar relacionadas a algum sintoma semelhante.

O diagnóstico é baseado na história clínica e exame físico. Outros exames como análise do líquor, eletroencefalograma, exames laboratoriais e ressonância magnética são utilizadas para descartar outras hipóteses diagnósticas, principalmente nas apresentações atípicas (LAMAN et al., 2022)

Além dos exames citados acima o investigador Laman et al (2022) discorre que , temos os exames complementares de extrema importância, que são:

  • ENMG: Esse exame se caracteriza como um teste, onde mede a atividade elétrica dos músculos e dos nervos, podendo indicar danos nos nervos, como redução da velocidade de condução nervosa, que é uma das características da SGB;
  • Líquido cefalorraquidiano: A análise é realizada através de uma punção lombar para coletar uma amostra do líquido. Na SGB, o líquido na maioria das vezes, mostra níveis elevados de proteínas com poucos ou nenhum aumento nos glóbulos brancos.
3.4  Manejo Terapêutico

O tratamento normalmente inclui terapias para acelerar a recuperação, como plasmaferese (troca de plasma) ou imunoglobulina intravenosa (IVIG) que são tratamentos específicos. Auxiliam na remoção dos anticorpos anormais e outras substâncias que podem está atacando o sistema nervoso periférico do paciente. (HEEMSTRA, 2008)

Durante o tratamento com a plasmaferese, o plasma, a parte líquida do sangue que contém anticorpos, é separada das células sanguíneas. É removido e substituído por uma solução de albumina ou plasma de um doador. As células sanguíneas, que são filtradas, são devolvidas ao corpo junto com o plasma substituto. (LAMAN, J et al, 2022)

Deve-se realizar avaliação prévia da função renal (especialmente em pacientes diabéticos), nível sérico de IgA, sorologia para HIV e hidratação prévia. Durante a administração, controlar sinais clínicos para anafilaxia e efeitos adversos, tais como dor moderada no peito, no quadril ou nas costas, náuseas e vômitos, calafrios, febre, mal-estar, fadiga, sensação de fraqueza ou leve tontura, cefaleia, urticária, eritema, tensão do tórax e dispneia. (HEEMSTRA et al, 2008, p.545).

Com isso, a plasmaférese ajuda no manejo da SGB da seguinte forma: Reduz a resposta imune anormal quando remove o plasma, a plasmaferese remove também os anticorpos que estão atacando o sistema nervoso periférico. Isso irá reduzir a inflamação e a lesão nos nervos; minimiza as complicações ao reduzir a gravidade da doença, a plasmaférese pode ajudar a prevenir complicações associadas à síndrome, como dificuldades respiratórias ou cardíacas; Acelera a recuperação encurtando a duração dos sintomas e diminuindo a sua gravidade (BORGES et al., 2023).

O procedimento em si, é geralmente realizado em várias sessões ao longo de alguns dias ou semanas. Ela se torna mais eficaz quando iniciada nas primeiras semanas após o início dos sintomas. A IVIG é através da administração de anticorpos para ajudar a bloquear a resposta imunológica anormal. Esse teste irá ajudar a tratar a síndrome da seguinte forma: Bloqueio da resposta imunológica anormal, onde a imunoglobulina intravenosa é uma solução concentrada de anticorpos coletados de doadores saudáveis (BORGES et al., 2023).

Quando administrada por via intravenosa, podendo bloquear os anticorpos anormais que estão atacando os nervos periféricos. Isso ajuda a reduzir a lesão e a inflamação nos nervos. Neutralização de toxinas e mediadores inflamatórios; Estimulação da modulação imunológica: Reduzindo a produção de anticorpos prejudiciais e regulando a resposta inflamatória; Aceleração da recuperação; Redução do risco de complicações: Por exemplo dificuldades respiratórias e motoras.

Esse tratamento com IVIG geralmente é administrado em doses específicas ao longo de vários dias. Além dos tratamentos específicos, podem ser utilizados o monitoramento de suporte, sendo eles em dois monitoramentos: um cardíaco (devido a síndrome poder causar problemas cardíacos e de pressão arterial) e um respiratório (devido a síndrome poder afetar os músculos respiratórios). Como também, acompanhar o paciente com um suporte nutricional, caso o mesmo tenha dificuldade para deglutir, podendo ser necessário uma alimentação através de sondas.(BORGES et al, 2023)

Com isso, na sua reabilitação, se faz necessário uma fisioterapia para tratar da força muscular do paciente para o mesmo poder recuperar a sua força motora, melhorar a coordenação e a mobilidade, prevenindo complicações como contraturas. Os medicamentos que podem ser utilizados para controlar os sintomas são: Analgésicos, no caso serem receitados para controlar a dor do paciente, caso seja necessário. Como também, medicamentos para controlar a pressão arterial ou frequência cardíaca, caso necessário. BORGES et al, 2023)

3.5  Aumento da Hospitalização por SGB

De acordo com as pesquisas utilizadas, esta seção objetiva relacionar o aumento da hospitalização por SGB no país. Logo, serão apresentados gráficos e tabelas relacionados a esta temática no contexto brasileiro.

A taxa anual de ocorrência varia de 1 a 4 casos por cada 100.000 habitantes, atingindo o seu ponto máximo entre as idades de 20 e 40 anos. É importante notar que a SGB é classificada como uma condição rara e não requer notificação obrigatória. O Ministério da Saúde acompanha a situação através do registro de admissões hospitalares e tratamentos médicos.(BRASIL,2017)

Entre os anos de 2008 e 2017, houve um total de 15.512 hospitalizações por SGB no Brasil. De modo geral, houve um aumento nas internações a partir de 2015. Durante o período de 2008 a 2014, as internações permaneceram estáveis, com uma média de 1.344 por ano. No ano subsequente (2015), houve um aumento significativo, com 1.953 internações por SGB, representando um acréscimo de 45%. Destaca-se especialmente o ano de 2016, que registrou o maior número de internações: 2.216. (BRASIL,2017)

Durante todo o período analisado, os homens representaram a maioria dos casos, com uma proporção de 58,0%. A idade média dos pacientes admitidos girou em torno dos 40 anos, com exceção do ano de 2008, quando foi registrada uma mediana de 45 anos. Entre os anos de 2008 e 2017, observou-se um aumento gradual no tempo médio de permanência no hospital, embora entre 2012 e 2017, a mediana permaneça constante em 8 dias (BRASIL, 2017).

Também foi notado um crescimento progressivo na proporção de pacientes tratados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), passando de 9,6% em 2008 para 19,5% em 2015. O número de óbitos anuais variou de 30 a 97 durante o período examinado, com destaque para o ano de 2016, que registrou a maior taxa de mortalidade (4,4%) (BRASIL, 2017).

O mesmo estudo traz ilustra a evolução temporal das hospitalizações por SGB nos estados e regiões, mediante os dados analisados, é evidente um aumento significativo das internações a partir de 2015, quando comparado com o ano anterior, em várias regiões do país. No Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul, foram observados aumentos de 78,3%, 35,0%, 18,5% e 7,7%, respectivamente (BRASIL, 2017).

Os estados nordestinos do Ceará e da Bahia apresentaram o maior número de hospitalizações por SGB em 2015, em relação a todo o período analisado, com 115 e 162 casos, respectivamente. Embora tenha havido um aumento de internações em Pernambuco em 2015, o pico de casos neste estado ocorreu em 2017, com 189 internações (BRASIL, 2017).

No Sudeste, o ano de 2016 se destacou como o de maior número de internações por SGB no período analisado (2008-2017), com 909 casos registrados. No mesmo ano, houve um aumento significativo em Minas Gerais, com 311 internações; Rio de Janeiro, com 192; e São Paulo, com 377. Apesar de ter registrado o maior número de internações por SGB em 2008 e 2009 (457 e 395 casos, respectivamente), a região Sul mostrou um aumento gradual posteriormente, especialmente em 2016, com 348 internações (BRASIL, 2017).

Na região Centro-Oeste, observou-se um aumento nas hospitalizações por SGB a partir de 2015, destacando-se o ano de 2016, com 236 casos registrados, e o estado de Goiás, com um aumento de 69,2% em comparação com o ano anterior (BRASIL, 2017).

4.     CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo abrangente da SGB, desde sua definição até o manejo dos pacientes, é essencial para profissionais de saúde e pesquisadores. Compreender os aspectos clínicos, epidemiológicos e fisiopatológicos da SGB é fundamental para diagnosticar, tratar e prevenir essa condição neurológica grave. Destaca-se a importância do reconhecimento precoce da GBS e da implementação de intervenções imediatas para melhorar os resultados clínicos dos pacientes, bem como a complexa relação entre SGB e arboviroses, requerendo uma abordagem multidisciplinar.

No contexto atual, em que surtos de arboviroses desafiam os sistemas de saúde globalmente, a compreensão da associação entre essas infecções virais e a SGB é crucial. Isso ressalta a necessidade de uma vigilância epidemiológica robusta e estratégias de prevenção eficazes para mitigar os riscos associados à SGB em populações afetadas por arboviroses. Além disso, a pesquisa contínua e o desenvolvimento de terapias inovadoras são destacados como promissores para melhorar os desfechos clínicos e a qualidade de vida dos pacientes com SGB.

A disseminação do conhecimento sobre a SGB entre profissionais de saúde e o público em geral, juntamente com a conscientização sobre a possível associação com arboviroses, são cruciais para orientar estratégias de prevenção e controle. Uma abordagem integrada e holística é enfatizada para entender, diagnosticar e tratar a SGB, visando melhores estratégias de saúde pública e cuidados clínicos para os pacientes e suas famílias.

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¹ Discente do Curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)

² Médico pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)

³ Neurologista e Docente do Curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)