A EFETIVIDADE DO CEME NA ASSISTÊNCIA OFERTADA ÀS GESTANTES DIAGNOSTICADAS COM PRÉ-ECLÂMPSIA: ESTUDO TRANSVERSAL

THE EFFECTIVENESS OF CEME IN THE ASSISTANCE OFFERED TO PREGNANT WOMEN DIAGNOSED WITH PRE-ECLAMPSIA: CROSS SECTIONAL STUDY

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11434267


Emilly Zanella¹
Mariana Chaves Ribeiro²
Pâmela Marina Borges Ribeiro³
Orientadora: Taynara Augusta Fernandes4


RESUMO: Introdução: A pré-eclâmpsia (PE) consiste em uma doença multifatorial, que pode surgir por volta da 20ª semana, tendo como principais características a hipertensão e a proteinúria. Partindo dessa perspectiva, o presente estudo busca analisar se no Centro de Especialidades Médicas (CEME) de Porto Nacional–TO é realizado um adequado acompanhamento às grávidas diagnosticadas com pré-eclâmpsia. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional, descritivo do tipo transversal, com abordagem quantitativa, onde foram analisados os prontuários de gestantes com PE atendidas no CEME entre o período de 2021 a 2023. Resultado: O acompanhamento gestacional foi efetivo, além do seu desfecho. A obtenção desse resultado poderá auxiliar os profissionais da saúde no cuidado às suas pacientes. Discussão: A realização de um pré-natal de qualidade, sobretudo quando há gestação de alto risco, é crucial para o desdobramento do caso. Concluiu-se que a assistência do CEME específica à mulher com pré-eclâmpsia é realizada com competência, reduzindo complicações e óbito.

Palavras-chave: Pré-natal. Gravidez. Pré-eclâmpsia. Complicações na gravidez. Hipertensão Induzida pela Gravidez.

ABSTRACT: Introduction: Pre-eclampsia (PE) is a multifactorial disease that can arise around the 20th week of pregnancy, characterized mainly by hypertension and proteinuria. From this perspective, the present study aims to analyze whether adequate monitoring is conducted for pregnant women diagnosed with pre-eclampsia at the Centro de Especialidades Médicas (CEME) in Porto Nacional–TO. Methodology: This is an observational, descriptive, cross-sectional study with a quantitative approach, where the medical records of pregnant women with PE attended at CEME between the years 2021 and 2023 were analyzed. Result: Gestational monitoring was effective, along with its outcome. Obtaining this result could assist healthcare professionals in caring for their patients. Discussion: The provision of quality prenatal care, especially in cases of high-risk pregnancy, is crucial for the outcome. It was concluded that the specific assistance provided by CEME to women with pre-eclampsia is competently conducted, reducing complications and mortality.

Keywords: Prenatal. Pregnancy. Pre-eclampsia. Pregnancy complications. Pregnancy-induced hypertension.

1 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que todo ser humano tem direito à saúde e que o acesso a ela deve ser iniciado já no período gestacional, por meio dos Cuidados Pré-Natais (CPN). A atenção pré-natal estabelece conjuntos de ações que são de caráter preventivo, incentivando a promoção de saúde, diagnósticos e terapêuticas, que visam o bom desfecho da gestação tanto para a mulher, quanto para o filho(a) (Leal, 2020).

Com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), o acompanhamento gestacional passou a se popularizar após o ano 2000, com a outorga da Portaria do Ministério da Saúde Nº 569, de 1º de junho de 2000. Dessa forma, a recomendação do acompanhamento pré-natal é que sejam realizadas no mínimo seis consultas, sendo recomendada uma no primeiro trimestre da gravidez, duas no segundo e três no terceiro trimestre (Brasil. Ministério da Saúde, 2022).

No Brasil, a saúde da mulher e da criança vem sendo considerada prioridade dos grupos de estudos, visto a visibilidade mundial do tema. Contudo, apesar do crescente cuidado, o número de mortes provenientes de complicações da gestação e do parto ainda é gradativo, entre as diferentes complicações, destacam-se aqueles decorrentes da gestação de alto risco (Silva Sarmento et al., 2020). A gestação de alto risco ocorre quando há presença de alguma patologia ou condição sociobiológica como a idade, obesidade, etilismo, sedentarismo, entre outras condições que indicam elevado risco de desenvolvimento de doenças com potencial de óbito maternofetal (Brasil. Ministério da Saúde, 2022).

Acontecimentos anteriores, ou no decorrer da gravidez, contribuem para uma gestação de alto risco e uma das piores complicações na gravidez é a Síndrome Hipertensiva Específica da Gravidez (SHEG), onde ocorre um conjunto de sintomas que inclui a hipertensão crônica, a pré-eclâmpsia (PE), eclâmpsia e Síndrome de HELLP (Henriques et al., 2022). Dentre as SHEG, a pré-eclâmpsia (PE) é a que mais se destaca, e consiste em uma doença multifuncional e multissistêmica, que normalmente manifesta-se após a 20ª semana de gestação e cursa com uma elevação da pressão arterial, associada a proteinúria ou comprometimento de órgãos-alvo.

Nesse contexto, além de ser um risco à saúde materna e fetal, a Pré Eclâmpsia é considerada pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia

(FEBRASGO) como o principal fator causal de prematuridade no país (Peraçoli, 2019). Nessa perspectiva, os cuidados no pré-natal não se limitam apenas em prevenir o surgimento da pré-eclâmpsia, mas também a evolução dessa patologia para as formas mais graves.

Considerando esta realidade, faz-se essencial um acesso de qualidade e rotineiro à saúde, objetivando reduzir a mortalidade materna e neonatal (Peraçoli, 2019). Diante do contexto exposto, o presente trabalho tem como objetivo analisar o serviço de saúde oferecido no Centro de especialidades médicas (CEME) de Porto Nacional, desde a adesão do paciente à prevenção de complicações, sendo essencial para averiguar a eficácia da assistência ofertada.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo observacional, descritivo do tipo transversal, com abordagem quantitativa, onde analisou-se o acompanhamento das gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia no CEME de Porto Nacional. A pesquisa foi realizada no CEME de Porto Nacional – TO localizado no endereço: Av. Contorno, Nº 2422, bairro: Beira Rio, no período de fevereiro a junho de 2024. A população envolvida no estudo foi de gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia, acima dos 18 anos de idade.

Para a amostragem, foram respeitados os critérios de 95% de confiança e 5% de erro e a seleção da amostra foi aleatória simples. Ademais, em virtude da pesquisa ser um estudo transversal, foram analisados prontuários de gestantes no CEME entre o período de 2021 a 2023. A finalidade de analisar os prontuários foi de observar o acompanhamento das gestantes que foram diagnosticadas com pré-eclâmpsia e as condutas médicas tomadas. Além disso, o projeto tem a aprovação do Comitê de Ética em pesquisa com pessoas para sua realização, com o CAAE 75940823.7.0000.8075.

Os critérios de inclusão foram prontuários de gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia e que realizaram acompanhamento no CEME de Porto Nacional nos anos de 2021 a 2023. Além disso, como critério de exclusão, consideramos os prontuários ilegíveis ou incompletos. Utilizou-se as variáveis: idade materna, idade gestacional no momento do diagnóstico, município de residência e números de consultas de pré-natal.

3 RESULTADO

Foram identificados 120 prontuários no CEME de 2021 a 2023, destes 64 eram de gestantes, e após análise total de prontuários, apenas um referia a paciente com pré-eclâmpsia.

A coleta e análise dos prontuários foram realizados manualmente, estavam tanto prontuários de gestantes quanto dos pacientes de clínica médica armazenados juntos, sendo necessário fazer a separação dos prontuários para depois analisar as gestantes e, posteriormente, as gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia.

Nas tabelas abaixo, o resultado obtido está exposto.

Tabela 1: Distribuição do número de prontuários coletados:

Tabela 2: Distribuição do número de prontuários analisados:

Do total de prontuários analisados, apenas uma paciente na faixa etária de 25 anos foi diagnosticada com pré-eclâmpsia, acompanhada como gravidez de alto risco e seu parto indicado como cesárea, sendo necessário a antecipação do parto, solicitado com 36 semanas pelo especialista, pelo risco de complicações.

Na tabela abaixo, as condutas que devem ser tomadas e as condutas realizada pelo profissional médico com a paciente diagnosticada com pré-eclâmpsia está exposto.

Tabela 4: Condutas que devem ser realizadas e condutas que foram realizadas com a paciente diagnosticada com pré-eclâmpsia:

Além das condutas referenciadas na tabela acima o profissional realizou verificação da vitalidade fetal, sendo verificadas em cada consulta com boa movimentação fetal. Por se tratar de uma doença em que a progressão clínica para quadros graves ocorre de maneira rápida e imprevisível, a gestante diagnosticada com pré-eclâmpsia e com o feto a termo deve ter a gestação interrompida, de preferência por indução do trabalho de parto que foi solicitado pelo médico ginecologista do CEME.

4 DISCUSSÃO

Segundo Caldeyro-Barcia (1973), a gestação de alto risco é definida como: “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do fetal e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada.”

Nesse cenário, há diversas condições que podem ocasionar a evolução de uma gestação normal para de alto risco. Sendo assim, faz-se oportuno salientar ainda, que nem toda paciente que apresentar fatores ou marcadores de risco necessitará de intervenção medicamentosa, hospitalar ou até mesmo antecipação do parto. Em alguns casos a Mudança do Estilo de Vida (MEV) já pode reduzir o risco dessa paciente, dependendo dos marcadores (Brasil. Ministério da Saúde, 2012).

Entretanto, se necessário o encaminhamento da gestante para o alto risco, a equipe multidisciplinar deve estar sempre atenta a fornecer orientações para a gestante sobre a importância do acompanhamento tanto pelo médico especialista quanto pela continuação dos cuidados na rede. Sendo importante avaliar sempre o repouso, aferição da pressão arterial no decorrer do dia, controle do peso e da diurese, verificação dos movimentos fetais e análise das condições clínicas do feto (Filemon, 2022).

Todas as gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia correm o risco de progressão rápida e grave da doença caso não tratada, incluindo: Pré-Eclâmpsia Grave (PEG), eclâmpsia, síndrome de HELLP, hipertensão arterial crônica, coagulação intravascular disseminada, insuficiência renal, edema agudo de pulmão, hemorragia cerebral e até ao óbito (Kahhale, Francisco & Zugaib, 2018; Oldraet al., 2021).

No Brasil, o Ministério da Saúde preconiza que assim que diagnosticada, a gestante deve ser hospitalizada para uma avaliação mais minuciosa sobre o seu real estado de saúde, independente do risco gestacional. (KAHHALE; FRANCISCO; ZUGAIB, 2018).

Além disso, as gestantes que estão classificadas em situação de alto risco, devem buscar apoio por meio de ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, como o Programa Nacional de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) e o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) que tem por objetivo promover medidas preventivas durante a gestação (Brasil. Ministério da Saúde, 2022).

Em vista da seriedade da pré-eclâmpsia (PE), esforços consideráveis têm sido dedicados para identificar pacientes com maior probabilidade de manifestá-la (Ministério da Saúde, 2022). Sendo assim, é notório que o Centro de Especialidades Médicas (CEME) tem demonstrado um nível exímio de competência em fornecer esse serviço, tendo em vista, a realização de todos os protocolos para a paciente que foi diagnosticada com pré eclâmpsia, tendo um desfecho positivo tanto da paciente quanto do recém-nascido, não evoluindo para quadros mais graves.

5 CONCLUSÃO

Desse modo, espera-se que os leitores do trabalho apresentado, compreendam a importância do diagnóstico precoce das pacientes com pré-eclâmpsia no município de Porto Nacional para melhor acompanhamento e tratamento, assim como é necessário a visibilidade das gestantes diagnosticadas.

A partir do conhecimento adquirido por meio dos resultados da pesquisa, percebe-se que a finalidade de analisar os prontuários foi de observar o acompanhamento das gestantes que foram diagnosticadas com pré-eclâmpsia e as condutas médicas tomadas.

Esse estudo foi uma importante ferramenta para o conhecimento das reais necessidades e expectativas dos pacientes, assim como o que eles esperam. Perceber isso de forma que consiga atender o tratamento adequado para as pacientes ou até superar as expectativas das pacientes é uma forma de fidelização dos mesmos.

6 REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Manual de gestação de alto risco. – Brasília, 2022. [Acessado: 14         Março 2023]. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencaomulher/manual-de-gestacao-de-alto-r isco-ms-2022/

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Manual de gestação de alto risco. – Brasília, 2022. [Acessado: 14             Março 2023]. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencaomulher/manual-de-gestacao-de-alto-r isco-ms-2022/

BRASIL. Ministério da Saúde. PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO. 2012. [Acessado: 04 de Abril]. Disponível: ttps://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_pre_natal_puerperio_3ed.pdf

FILEMON, Laura Argolo; RAMOS, Elis Milena Ferreira do Carmo. Gravidez de risco: uma abordagem sobre a pré -eclâmpsia. 2022. [Acessado: 17 de Abril]. Disponível: https://repositorio.unifaema.edu.br/bitstream/123456789/3269/1/LAURA%20ARGOL O%20FILEMON.pdf

HENRIQUES, K. G. G. .; SOUZA , E. C. de .; SILVA , A. P. L. da .; MEGUINS, K. C. dos P. .;PINTO, L. M. .; AMARAL, P. L. .; PEREIRA, L. de J.; TAVARES , P. R.; SALES, M. E. L. de .; OLIVEIRA , T. G. P. .; SILVA, K. S. O. e .; CASTILHO , F. de N. F. de; CARDOSO, J. C. .; VASCONCELOS, T. de O. .; OLIVEIRA , M. V. de .; OLIVEIRA, L. V. de . Fatores de risco das síndromes hipertensivas específicas da gestação: revisão integrativa da literatura. Research, Society and    Development,    [S.   l.],  v.   11,   n.   5,   p.    e43911527981, 2022. [Acessado: 17 Março 2023]. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/27981. Acesso em: 20 apr. 2023.

KAHHALE, S.; FRANCISCO, R. P. V.; ZUGAIB, M. Pré – eclampsia. Revista de Medicina, v.97, n.2,  p. 226, 2018. [Acessado: 04 Abril 2023].  DOI: 10.11606/issn.1679-9836.v97i2p226-234.          Disponível  em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/143203.

LEAL, M. C. et al. Assistência pré-natal na rede pública do Brasil. Rev. Saúde Pública, v. 54, Rio de Janeiro, RJ, 2020. [Acessado: 10 Março 2023], 08. Disponível em: . Epub 20 Jan 2020. ISSN 1518-8787. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001458.

PERAÇOLI,     José     Carlos    et    al.     Pré-eclâmpsia/      eclâmpsia.     Revista    Brasileira    de Ginecologia e Obstetrícia, v. 47, n. 5, p. 258-272, 2019. [Acessado: 11 Março 2023], pp.318-332.  Available from: Epub 27 June  2019. SSN 1806-9339. https://doi.org/10.1055/s-0039-1687859.


¹ Acadêmica do Curso de Medicina – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
² Acadêmica do Curso de Medicina – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
³ Acadêmica do Curso de Medicina – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
4 Mestra em Biodiversidade pela Universidade Federal do Tocantins – Professora e Orientadora no Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos