SUPLEMENTAÇÃO DE ISOFLAVONA NO CLIMATÉRO E NA MENOPAUSA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11433421


Eliane Morandin Gardin
Gabriela Alves Ferreira Aguiar
Isabela Carlos da Silva
Jessica Ferreira Vitalino
Orientadora: Profª Vanessa Dias Ferreira Nogueira


RESUMO

Estudos demonstram que a isoflavona da soja pode ser uma alternativa para aliviar os sintomas relacionados ao climatério e menopausa. A suplementação com isoflavona de soja mostrou eficácia na melhora desses sintomas. Doses mais altas demonstraram benefícios adicionais, com redução da depressão, ressecamento vaginal, melhora da memória e concentração. Há comprovação de que os fitoestrógenos minimizam sintomas nestas fases, sem causar efeitos colaterais da terapia hormonal convencional. A isoflavona de soja mostra-se eficaz e segura para proporcionar alívio e qualidade de vida para essas mulheres. Destaca-se que estudos mais aprofundados se fazem necessários para estabelecer recomendações precisas de dose ideal, duração do tratamento e possíveis efeitos colaterais.

Palavras-chave: menopausa; climatério; isoflavona; terapia hormonal.

ABSTRACT

Studies show that soy isoflavone can be an alternative to alleviate symptoms related to climacteric and menopause. Supplementation with soy isoflavone has been shown to be effective in improving these symptoms. Higher doses have shown additional benefits, reducing depression, vaginal dryness, optimizing memory and concentration. However, more in-depth studies are needed, establishing precise recommendations: ideal dose, duration of treatment and side effects. In general, phytoestrogens have been proven to reduce symptoms in these phases, without the side effects of conventional hormone therapy. Thus, soy isoflavone appears to be effective and safe in providing relief and quality of life for these women.

Keywords: Menopause. Climacteric. Isoflavone. Hormone therapy.

1 INTRODUÇÃO 

Ao longo da vida a mulher passa por diferentes fases, sendo elas, puberdade, menarca e menopausa. Entre os 10 e os 14 anos ocorre o início da puberdade momento em que o aumento dos hormônios sexuais (estrogênio e progesterona) desencadeia mudanças emocionais e físicas. Por volta dos 12 anos, inicia o ciclo menstrual ou menarca, podendo variar de uma mulher para outra. Nessa fase o corpo se prepara para reprodução e vivencia ciclos menstruais regulares, variando entre 28 a 35 dias. Por fim, a menopausa encerra o ciclo da fase reprodutiva da mulher, entre os 45 aos 55 anos, fase em que ocorre redução dos hormônios estrogênio e progesterona ocasionando a interrupção dos ciclos menstruais. (OMS,2022)

Nesta fase de transição hormonal feminina, alguns sintomas podem surgir e causar incomodo. Muitas mulheres acabam sentindo pelo menos um dos listados: ondas de calor, transpiração excessiva durante a noite e madrugada, alterações de humor, palpitações, cefaleia e outros. Além disso, em virtude dessas alterações no organismo, é natural que surjam alterações na pele, cabelo, unhas e em sua disposição (RIZZO, FERACO, STORZ e LOMBARDO, 2022).

As mulheres nesta faixa etária costumam ter outras alterações bioquímicas que estão interligadas às adaptações do sistema hormonal de fertilidade. Podem ocorrer alterações nas taxas de colesterol e triglicerídeos, com aumento nos marcadores de LDL e diminuição de HDL, o que possibilita maior chance de complicações de saúde como: doença coronária, acidente vascular cerebral, infarto no miocárdio, aterosclerose e dislipidemias (RIZZO, FERACO, STORZ e LOMBARDO, 2022).

Neste contexto, a terapia hormonal (TH) vem sendo, há décadas, a abordagem mais usada para tratamento dos sintomas de climatério e menopausa. Esses sintomas, causados por níveis mais baixos de estrogênio, incluem fogachos, dificuldades no sono e secura vaginal (NAMS, 2013).

A TH consiste, principalmente, na reposição dos hormônios estrogênio e progesterona. O estrogênio é o hormônio que fornece o alívio mais eficaz para os sintomas da menopausa; a progesterona é acrescentada para proteger o útero contra o câncer de endométrio (uterino). Essa combinação de hormônios se justifica pelo fato de o uso único de estrogênio ser um possível causador de câncer (NAMS, 2013).

Oliveira (2021) destaca que a TH tradicional oferece alguns riscos à saúde, como: aumento do risco de neoplasias mamárias, embolias pulmonares e efeitos colaterais, como: náuseas, sangramentos irregulares, dores de cabeça, ganho de peso e inchaço abdominal. 

Nesse cenário, não é incomum algumas mulheres buscarem por tratamentos “mais naturais” visando os sintomas dessa fase da vida. Nesse sentido, vários estudos com nutracêuticos e fitoterápicos têm sido desenvolvidos como alternativa à terapia hormonal tradicional. (ROCHA et.al, 2018) 

Dentre esses fitoterápicos, se destaca a isoflavona, como uma das substâncias capazes de amenizar os sintomas do climatério e da menopausa (como fogachos e suores noturnos). Estudos evidenciam que, decorrente do grande consumo de soja, as populações orientais apresentam menores níveis de colesterol, menor risco de câncer de próstata, de mama e colo retal, além de diminuição do risco de osteoporose. A soja também demonstrou ser uma opção eficiente para mulheres que não fazem reposição hormonal (ROCHA et.al, 2018). 

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Revisar e avaliar os efeitos da suplementação da isoflavona de soja nos sintomas do climatério e menopausa.

2.2 Específicos

Relatar os efeitos da isoflavona de soja em determinados sintomas do climatério e pós-menopausa.

Revisar e analisar os benefícios da alimentação rica em isoflavona de soja.

Investigar o consumo da isoflavona indicado na literatura atual a fim de obter resultados na melhora do quadro clínico do climatério e menopausa.

3 METODOLOGIA

Esse trabalho se trata de uma pesquisa sistemática de artigos científicos publicados, sobre os efeitos da suplementação de isoflavona de soja, na diminuição dos sintomas no climatério e menopausa.

A pesquisa teve como objetivo revisar e avaliar os benefícios de fitoestrogênios da soja na redução dos sintomas do climatério e menopausa e pesquisar em quais sintomas a isoflavona tem melhor desempenho dentro dos estudos selecionados, sendo considerado na atualidade um tratamento de reposição hormonal natural.

As informações foram coletadas nas seguintes bases de dados: Pubmed, Scielo, Google Acadêmico e em livros referentes ao tema, considerando o período dos últimos 15 anos, com uso das palavras-chave: isoflavona, climatério, menopausa, fitoestrógeno. O período da pesquisa foi entre março e abril de 2024.

No total da pesquisa foram encontrados 56 artigos, dentro da temática de suplementação de isoflavona nos sintomas da menopausa. Desse total foram excluídos 3 (três) artigos que se tratavam de pesquisas pré-clínicas, 4 (quatro) artigos de pesquisas associadas com outros nutrientes além da isoflavona, 2 (dois) artigos que pesquisaram o efeito da isoflavona na saúde geral da mulher e não especificaram o período de climatério e menopausa, e 40 (quarenta) artigos que se tratavam de revisão bibliográfica (revisão de literatura).

Os artigos que foram selecionados no total 7 (sete), foram considerados elegíveis, pois se enquadravam no tema abordado, estudos de casos, estudos clínicos, estudos observacionais, que se concentraram nos efeitos da suplementação de isoflavonas de soja em mulheres no climatério, menopausa e pós-menopausa, que confirmaram apresentar as sintomatologias.

4 RESULTADOS

No Quadro 1 estão apresentados estudos relacionados às pesquisas com suplementação de isoflavona de soja, e avaliados seus efeitos na sintomatologia do climatério e menopausa e pós-menopausa.

Quadro 1 – Artigos revisados neste estudo

DadosEspecificações
1) Autor, anoSanches et al., 2010
Tipo de estudoQuase-experimental, prospectivo, longitudinal, quantitativo
População x tempo30 mulheres, 4 semanas
MetodologiaGrupo de 30 mulheres, no período de menopausa e pós-menopausa, na faixa etária de 40 e 65 anos, as mulheres ingeriram 30 g/dia de proteína isolada de soja, equivalente a 57 mg de isoflavonas, fracionada 3 x ao dia, durante 4 semanas
ResultadosOs sintomas avaliados pelo Índice Menopausal de Kupperman (IMK) apresentaram melhora significativa: no momento inicial 11,10% das mulheres apresentavam sintomas acentuados, 74% moderados e 14,80% sintomas leves. Ao final 93,30% das avaliadas apresentavam sintomas leves e 3,70% a ausência destes. Houve redução significativa dos valores medianos da somatória do IMK (26,41 x 7,93)
2) Autor, anoReisdorfer, 2011
Tipo de estudoEnsaio clínico, randomizado, placebo controlado, triplo cego
População x tempo26 mulheres, 8 semanas
MetodologiaTotal de 26 mulheres, acima de 50 anos, foram randomizadas em 2 grupos: proteína isolada de soja n = 14 consumiram 24,9 g de proteína isolada de soja, equivalente a  56 mg de isoflavona e o grupo controle proteína total do leite n = 12, consumiram 26 g de proteína do leite sem isoflavona
ResultadosOcorreram reduções nos níveis séricos de colesterol: total, LDL-c, HDL-c, LDL- peroxidada no grupo de proteína isolada de soja, porém não houve melhora no perfil lipídico, e nem efeitos significativos nos sintomas do climatério
3) Autor, anoPereira et al., 2014
Tipo de estudoCaso-controle
População x tempo24 mulheres, 16 semanas
MetodologiaEstudo com 24 mulheres no climatério, com idade entre 45 e 60 anos, sendo que 12 consumiram 120 mg de isoflavona ao dia, como terapia de reposição hormonal (TRH) e 12 que não fizeram nenhum tipo de TRH
ResultadosNão houve diferença entre grupo controle e grupo em uso de isoflavonas, quanto a análise geral dos sintomas e da qualidade de vida. Na análise individual, entretanto, a depressão foi prevalente nos dois grupos; fadiga e fogacho foram mais positivos nas mulheres em uso de isoflavonas
4) Autor, anoCarmignani, 2015
Tipo de estudoEnsaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado 
População x tempo60 mulheres, 16 semanas
MetodologiaGrupo de 60 mulheres na pós-menopausa, com idade entre 40 e 60 anos, foram randomizadas em 3 grupos: um grupo recebeu um suplemento alimentar à base de soja (isoflavona 90 mg/ dia), outro recebeu terapia hormonal de baixa dose (estradiol 1 mg e acetato de noretisterona 0,5 mg), e um grupo controle que recebeu placebo (pelo período de 16 semanas)
ResultadosO uso da TH mostrou-se eficaz na melhora nos escores do domínio físico da qualidade de vida, isto também foi observado com uso da isoflavona em uma escala muito menor, mas superior ao uso do placebo, porém, apenas o grupo que utilizou a TH apresentou correlação significativa entre a melhora dos sintomas climatéricos e a melhora na qualidade de vida. O uso de suplemento alimentar a base de soja contendo isoflavonas mostrou eficácia comparável ao da TH na melhora do ressecamento vaginal, sem exercer ação estrogênica no trato urogenital, em mulheres na pós-menopausa, e superior ao placebo
5) Autor, anoHirose et al., 2016
Tipo de estudoEstudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo
População x tempo90 mulheres, 8 semanas
MetodologiaEstudo com 90 mulheres japonesas saudáveis com idade entre 40 e 60 anos
que apresentavam pelo menos um sintoma da menopausa na Escala de Sintomas da Menopausa (MSS). As participantes foram randomizados para receber comprimidos ativos contendo doses ultra baixas (12,5 mg/dia; n = 30) ou doses baixas (25 mg/dia; n = 30) de isoflavona aglicona ou comprimidos de placebo (n = 30), por 8 semanas. Os sintomas da menopausa foram avaliados usando MSS, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) e Escala de Insônia de  Atenas (AIS) no início, 4 e 8 semanas após tratamento
Resultados87 mulheres (97%) completaram o tratamento; no grupo de doses baixa houve melhora em relação ao grupo placebo. Conclui-se que a isoflavona em doses baixas, 25 mg/dia, alivia significativamente os sintomas de depressão e insônia em mulheres japonesas
6) Autor, anoAhsan et al., 2017
Tipo de estudoEstudo piloto observacional, não randomizado
População x tempo50 mulheres, 12 semanas
MetodologiaEstudo indiano piloto observacional envolvendo 29 mulheres na perimenopausa (idade média de 42 anos) e 21 na pós-menopausa (idade média de 49 anos), com prescrição de 100 mg de isoflavonas de soja por 12 semanas. O questionário Menopause Rating Scale (MRS) foi aplicado às pacientes antes de iniciar a terapia com isoflavonas de soja e no final do tratamento
ResultadosApós 12 semanas de tratamento, as pontuações totais melhoraram significativamente em 19,55% e 12,62% nas mulheres na perimenopausa e na pós menopausa, respectivamente. A maior melhoria foi observada nos escores de ondas de calor para ambos os grupos e a menor foi demonstrada pelos sintomas da subescala urogenital
7) Autor, anoMonteiro, 2018
Tipo de estudoEnsaio clínico randomizado
População x tempo60 mulheres, 16 semanas
MetodologiaGrupo de 60 mulheres, de 40 a 60 anos, na menopausa, dividido em 3 grupos: Grupo A (Isoflavonas) que utilizou cápsulas de isoflavonas (150 mg/dia); Grupo B (Isoflavonas + Probióticos), que utilizou cápsulas de isoflavonas (150 mg/dia), associadas a um probiótico (2 g/dia); Grupo C (Terapia Hormonal), que utilizou estradiol (1 mg/dia) associado ao acetato de noretisterona (0,5 mg/dia)
ResultadosO estudo foi concluído com 58 mulheres (96,67%). Foi observado que 60 mg de
isoflavonas totais melhoraram os sintomas somáticos, urogenitais e psicológicos de
mulheres na pós-menopausa e que a associação com probióticos pode otimizar esses resultados. Queixas urogenitais e psicológicas foram avaliadas por meio da Escala de Avaliação da Menopausa (EAM); a ultrassonografia transvaginal foi realizada para avaliar espessura endometrial e efeitos colaterais associados aos medicamentos

Fonte: Autores, 2024.

Foram revisados 7 artigos científicos, que apresentaram estudos de caso, estudos clínicos randomizados, estudos observacionais, com 340 voluntárias, no climatério, menopausa ou pós-menopausa. Nos estudos, as voluntárias consumiram suplementação de isoflavona de soja entre 25 a 150 mg/dia, nos períodos de 4 a 16 semanas.

Alguns estudos (29,7%) demonstraram que doses acima de 100 mg/dia melhoram os sintomas de fogachos e fadiga, e doses mais altas, acima de 120 mg/dia, além de melhorar os fogachos, podem reduzir os sintoma de ressecamento vaginal e transtornos urogenitais, além de contribuírem para melhora da depressão. Evidenciou-se que doses baixas, de 56 mg/dia, podem reduzir níveis séricos de colesterol e LDL-c, mas não tem efeitos positivos nos sintomas do climatério e menopausa.

5 DISCUSSÃO

Carmignani (2015) avaliou um grupo de 60 mulheres durante 16 semanas, em um ensaio clínico randomizado, duplo cego. Essas mulheres foram divididas em 3 grupos, sendo que o grupo 1 recebeu 90 mg/dia de isoflavona, o grupo 2 recebeu TH de baixa dose (estradiol 1 mg e acetato de noretisterona 0,5 mg) e grupo 3 placebo. No grupo TH se mostrou bem eficaz a melhora da qualidade de vida e os sintomas climatéricos. O grupo isoflavona, em menor escala, porém mais eficiente que o grupo placebo, no quesito ressecamento vaginal se mostrou melhor que o grupo de TH. 

Resultado este concluído pelo estudo de revisão de Meneghin et al., (2010), que comparou estudos clínicos de terapias de reposição hormonal convencional e hormônios sintéticos, com a reposição de fitoesteróides. No caso, a isoflavona de soja apresentou melhoras nos sintomas do climatério e menopausa, principalmente nos fogachos e osteoporose, sem os efeitos colaterais indesejáveis, que são causados pelos sintéticos.

Outro estudo prospectivo, aberto, não randomizado, baseado em questionário, realizado no centro de Ginecologia de um Hospital Universitário na Índia, com 50 mulheres na perimenopausa e pós menopausa (AHSAN, 2017), evidenciou que houve melhora significativa em relação às ondas de calor, sendo que as mulheres na perimenopausa e pós menopausa relataram melhora de 40% nos sintomas leves e moderados, e de 36% nos sintomas graves para as mulheres na perimenopausa, sendo que na pós menopausa esses sintomas são naturalmente reduzidos. Quanto à densidade óssea, foi comprovada melhora perceptível, sendo que mulheres na perimenopausa responderam ao final do estudo com melhora de 28% nos sintomas leves e moderados e de 20% nos sintomas graves. Enquanto que, na pós menopausa, houve melhora de 17% dos sintomas leves e moderados, e de 7,5% nos sintomas graves, principalmente nos marcadores de osteoporose e osteoartrite. Quanto aos sintomas do trato urogenital não houve alterações na disfunção da bexiga, nem na secura vaginal para ambos os grupos de pacientes (perimenopausa e pós menopausa). 

A revisão sistemática de Chen (2019) encontrou resultados semelhantes nos estudos analisados. Quanto às ondas de calor, observou-se que a isoflavona suplementada em doses maiores que 40 mg/dia reduz significativamente esses sintomas e ambos os estudos relatam que o efeito placebo foi significativo. Em relação à densidade óssea, os estudos avaliados por Chen (2019) mostram que doses de 90 mg/dia de isoflavona ou mais, podem reduzir a perda de densidade óssea, principalmente na coluna lombar. Ambos artigos concordam que os sintomas do trato urinário não obtiveram melhoras significativas com a suplementação de isoflavonas, independente da dose. Porém Chen (2019) destaca estudo de 12 meses que suplementou 40 mg de isoflavona, 500 mg de cálcio, 300 UI de vitamina D e 3 g de inulina que proporcionou resultados positivos na melhora das funções sexuais das pacientes em relação ao grupo placebo.

Uma das principais melhoras observadas em artigo de Ashan (2017) foi em relação aos distúrbios psicológicos como depressão e ansiedade, com 26,32% para as mulheres na perimenopausa e 25% para as mulheres na pós menopausa, diferente do que foi observado no estudo de Simpson (2019), que não encontrou alterações de humor nas pacientes tanto na perimenopausa quanto na pós menopausa. Artigo de Chen (2019) não citou sintomas psicológicos.

No estudo realizado por Pereira et al. (2014), por 4 meses, analisaram-se 24 mulheres, com idades entre 45 e 60 anos, com objetivo de análise da qualidade de vida. Metade das mulheres foi submetida ao uso de 120 mg de isoflavona ao dia, como TRH, e outra metade não. O estudo utilizou avaliações no perfil sociodemografico, hábitos de vida, medidas antropométricas e pressão arterial. Também foi aplicado detalhado questionário com perguntas referentes a depressão, sintomas somáticos, memória, concentração, sintomas vasomotores, ansiedade, tremores, comportamento sexual, problemas no sono, sintomas menstruais e atratividade. O estudo apontou a influência na qualidade de vida das mulheres nessa fase, conectando com outros aspectos comuns da faixa etária e impactando muitas vezes na vida do casal. Algumas podem e optam pela TH, outras possuem empecilhos para tal tratamento. Além disso, é comum que existam diversas comorbidades, contribuindo para dificuldade em enfrentar essa fase. No estudo de caso-controle foram observados distúrbios de hipertensão arterial e depressão em 50% das mulheres, além de dislipidemias, diabetes e hipotiroidismo em 17%. Muitos aspectos, não somente biológicos, podem contribuir para o estado depressivo da mulher nesse longo período de transição hormonal, e o uso da isoflavona não teve impacto significativo nesse quesito. Porém, em relação à função vasomotor e fogachos, as mulheres com uso do isoflavona apresentaram melhora significativa comparada ao outro grupo (p = 0,043), sendo o sintoma que mais interferiu na qualidade de vida dessas mulheres. 

Estudo de Sousa (2024) verificou este mesmo resultado, em que houve melhora significativa na questão vasomotora quando administrado uso de isoflavona, reduzindo tais manifestações em cerca de 45% dos casos, porém, sem resultados significantes na depressão. De modo geral, ambos os estudos tiveram resultados positivos na administração da isoflavona em pontos específicos, o que, de certa forma, resulta em benefícios de maneira geral na vida das mulheres nesta fase.

Sanches (2010) conduziu um estudo para avaliar a eficácia da suplementação de proteína isolada de soja na redução dos sintomas do climatério. A pesquisa teve duração de 4 semanas, inicialmente com participação de 30 mulheres, encerrando com 27 mulheres de 40 a 65 anos. Foi um estudo quase-experimental, prospectivo, longitudinal e quantitativo. As participantes receberam 90 embalagens contendo 10 g de proteína isolada de soja cada, com instruções para consumir três embalagens por dia, totalizando 30 g/dia, equivalente a cerca de 57 mg/dia de isoflavonas. Os resultados revelaram significativa melhora nos sintomas. Inicialmente, a maioria apresentava sintomas moderados mas, ao final, a maioria relatou sintomas leves do climatério, e algumas não apresentaram mais sintomas. 48,1% (13/27) das participantes afirmaram que os sintomas desapareceram completamente; 44,4% (12/27) relataram melhora parcial e apenas 3,7% (1/27) permaneceram com sintomas acentuados.

Carvallho (2015) destacou estudos sobre os benefícios das isoflavonas como fitoterápico e sua contribuição na diminuição dos sintomas do climatério e outros benefícios para saúde da mulher. Ele mencionou estudo multicêntrico (15 centros), duplo cego, aleatorizado e controlado, com 177 pacientes pós-menopausadas, com idade média de 55 anos e que relataram cinco ou mais fogachos diários, que receberam 50 mg/dia de isoflavonas ou placebo durante 12 semanas. Em pacientes que receberam isoflavonas evidenciou-se redução significativa dos fogachos a partir da segunda semana. Durante a pesquisa o item climatério e menopausa foram abordados juntamente, por esse motivo fazem-se necessários e relevantes estudos que explorem os temas em separado, pois se tratam de períodos diferentes na vida da mulher, uma vez que o climatério é o período de transição para a menopausa, isso causa muita confusão para as pessoas.

6 CONCLUSÃO

Ao longo da vida a mulher passa por diferentes fases hormonais: puberdade, menarca e menopausa. A menopausa encerra o ciclo da fase reprodutiva da mulher, normalmente entre 45 e 55 anos de idade. Nessa fase ocorre a redução dos hormônios estrogênio e progesterona, ocasionando a interrupção dos ciclos menstruais. Com essa transição hormonal feminina, os sintomas costumam surgir e incomodar.

Há décadas, a TH é a abordagem mais utilizada para tratamento dos sintomas de climatério e menopausa, e, dentro dessa abordagem, destacam-se os tratamentos com a reposição de hormônios sintéticos e como alternativa, o uso de fito-estrógenos, os quais  têm demostrando significativa eficiência, com destaque para a isoflavona da soja.

A isoflavona de soja apresenta resultados positivos no alívio dos sintomas provenientes do climatério e da menopausa. Conforme menção bibliográfica, doses entre 50 e 100 mg/dia, foram mais eficazes, apresentando bons resultados, especialmente no sintoma vasodilatador (fogacho). Doses acima de 120 mg/dia, além de proporcionar  resposta positiva nos fogachos, amenizou sintomas de depressão, perda de memória, deficiência na concentração e secura vaginal.

Conforme este estudo de revisão, foi identificado que o consumo dos fitoestrógenos, principalmente a isoflavona de soja, está associado a benefícios na redução dos sintomas gerados durante o climatério e menopausa, sendo vantajoso quando comparado aos efeitos indesejáveis que os hormônios sintéticos costumam causar.

Neste contexto, ressalta-se a importância de maior quantidade de estudos clínicos, devidamente atualizados, visando esclarecer com detalhes a suplementação de isoflavona, determinação de doses seguras, recomendações diárias, período de início do tratamento e possíveis efeitos colaterais.

Mais estudos são necessários sobre cada período, pois no decorrer da presente  pesquisa o item climatério e menopausa foram abordados juntamente, causando confusão sobre as nomenclaturas uma vez que os períodos são diferentes na vida da mulher; sendo o climatério a transição para a menopausa.

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