IMPLEMENTANDO PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS PARA ALUNOS COM TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE: ESTRATÉGIAS EFICAZES E DESAFIOS ATUAIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11403138


Jessyca Stelvia Tupan Marques1, João Guilherme Dorneles Ferraz2, Anderson Fernandes de Carvalho Farias3, Ana Laura Ferreira Prado4, Karina Ruiz Alves Maciel de Lima5, Fernanda Paula Soler Pavanello6, Joselita Silva Brito Raimundo7, Helber Cabral de Araújo8, José Maylon dos Santos Moraes9, Raíssa Rodrigues Rama10


RESUMO:

Introdução:  O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por um padrão de sintomas com grande prevalência durante os anos escolares mas pode ser encontrado também na idade adulta. Objetivos: Avaliar quais são as possíveis estratégias para aplicar práticas educacionais inclusivas e Definir os desafios atuais que os alunos com TDAH enfrentam. Metodologia: O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura e foi realizado com base em artigos científicos encontrados nas bases de estudo Pubmed e Scielo. Discussão e Resultados: O TDAH é caracterizado pelo DSM-V como Transtorno do Neurodesenvolvimento com isso, fica claro que o TDAH influencia significativamente no funcionamento do indivíduo, inclusive no ambiente escolar. Portanto, é necessário identificar os desafios da inclusão educacional do aluno com TDAH e assim, definir melhoras e fazer adaptações metodológicas para tais alunos. Conclusão:  É imprescindível colocarmos em ação a educação inclusiva no dia a dia visto que, é um direito universal do cidadão. Para isso, é necessário que as escolas, professores e colegas de sala estejam abertos a receber e participar das melhorias para um bom aproveitamento escolar do aluno com TDAH.

Palavras-chave: TDAH. Estudo. Educação. Inclusiva. Estratégias. Desafios.

INTRODUÇÃO:

O transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por um padrão de sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade (SEPULVEDA, et al., 2021) com maior prevalência durante os anos escolares (DAHER et al., 2024) porém pode ser encontrado também na idade adulta. Tal transtorno pode ser descrita como um transtorno dependente de fatores genético-familiares, adversidades biológicas e psicossociais a qual possui etiologia multifatorial (CUNHA et al., 2013).

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM- V), para se fazer o diagnóstico em crianças, são necessário 6 pontos do total: desatenção, dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades recreativas, parecer não ouvir, não seguir instruções e não concluir tarefas, dificuldade em organizar tarefas e atividades, dificuldade em iniciar tarefas que exigem esforço sustentado, perde coisas, se distrai com estímulos externos e esquece as atividades diárias. Já no diagnóstico no adulto, são necessário somente 5 dos pontos citados acima, ocorre no DSM-V a especificação de tarefas de esforço sustentado em adultos como relatórios, formulários ou artigos longos, a distração de estímulos externos pode ser devida a pensamentos não relacionados e atividades cotidianas, como retornar ligações, pagar contas e marcar compromissos.

Ademais, alunos com sintomas de TDAH relatam sintomas como dificuldade de concentração, dificuldade em evitar distrações, poucas habilidades de planejamento e estudo, menor habilidade social, e notas mais baixas. (OLIVEIRA et al., 2016). Portanto, é fato que o Transtorno do Déficit de Atenção interfere muito na vida pessoal do aluno e por isso, é necessário a implementação da inclusão educacional visto que, ela é um direito universal de igualdade e respeito pela vida (PAES et al., 2022).

METODOLOGIA:

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura das estratégias eficazes para implementação de práticas educacionais inclusivas para alunos com TDAH e os desafios atuais que esses alunos enfrentam. Esse estudo foi realizado com base em artigos científicos encontrados nas bases de estudo Pubmed e Scielo. Somando as bases de dados, foram encontrados um total de 5,792 artigos, sendo 5,732 artigos no Pubmed e 60 no Scielo. Porém, usando os critérios de inclusão e exclusão, 12 artigos ficaram na seleção final e foram úteis para este trabalho.

Para a definição da pergunta norteadora, foi utilizada a estratégia PICo, levando em consideração populações, pacientes ou problemas abordados. P – população (Pacientes que possuem diabetes tipo 2), I – interesse (Semaglutida), Co- Contexto (eficácia). Portanto, a questão a ser respondida é: Quais são as estratégias eficazes e os desafios atuais para implementar práticas educacionais inclusivas para alunos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade?

Foi realizada uma pesquisa na base de dados Pubmed e Scielo. Foram coletados estudos os quais possuem informações relevantes a respeito das dificuldades enfrentadas pelos alunos com TDAH e quais estratégias são eficazes para implementar estudo inclusivo. O método de busca utilizado foi a partir da combinação de termos de pesquisa que foram “Attention Deficit Disorder with Hyperactivity” e “Education”. Os trabalhos que tiveram as palavras chaves “Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade” e “Educação serão separados e analisados individualmente. Artigos que estiverem duplicados ou que não contenham os termos de busca, serão excluídos do processo de análise.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Fato é que o Transtorno do Déficit de Atenção é caracterizada pelo DSM-V como Transtorno do Neurodesenvolvimento com isso, fica claro que TDAH influencia significativamente no funcionamento no indivíduo tanto na idade infantil quanto na idade adulta (DIAZ et al., 2022). Estudos que relacionaram o TDAH com o ambiente escolar identificaram que os problemas de aprendizagem mais prevalentes são na área da leitura e da escrita além de apresentarem médias mais baixas, maior frequência de abandono escolar, maior tempo para concluir o curso, maiores mudanças de carreira (SEPULVEDA et al., 2021), desempenho menor comparado ao grupo controle nas manipulações de sílabas e fonemas e na leitura de palavras mais complexas (CUNHA et al., 2013).

É necessário compreender que o diagnóstico de TDAH não é tão simples e fácil e além disso, é o problema comportamental mais observado por psiquiatras infantis (JIN et al., 2024) contudo, em qualquer sala pode ter um aluno com sintomas de TDAH e ainda não ter sido diagnosticado. Com isso, fica claro que os professores e colegas de sala devem estar preparados para receber alunos com tal diagnóstico visto que, tem-se como direito universal a inclusão educacional e a não descriminalização e não estigmatização (PAES et al., 2022).

Por um lado, deve-se compreender os desafios da inclusão educacional do aluno com TDAH. De início, tem-se a falta de formação adequada e contínua dos professores em estratégias de ensino inclusivo para alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade; Recursos insuficientes para as escolas adquirirem tecnologia assistivas, materiais didáticos especializados e apoio de profissionais como psicólogos e terapeutas; Falta da colaboração entre escola e família por meio da comunicação e falta de envolvimento dos pais nas atividades escolares; Dificuldade em manter a avaliação contínua do progresso do aluno entre muitas outras dificuldades. (DUPAUL et al., 2024)

Por outro lado, as adaptações metodológicas recomendadas para alunos com TDAH são: 1. Ter consciência de que os alunos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade necessitam, geralmente, de mais tempo, mais esforço e maior supervisão para realizar atividades do que seus colegas de sala; 2. Permitir que o aluno com TDAH se movimente dentro da sala de aula caso apresente níveis de hiperatividade, se possível, separe no fundo da sala um espaço sem carteiras e mesas para que o aluno não precisa sair da sala e perder a matéria; 3. Ajudar o aluno com TDAH a guia-lo em sua organização de tarefas e atividades como por exemplo, organizar sua agenda; 4. Avaliar o processo completo de aprendizagem assim como o esforço para tal e não somente notas nas provas e trabalhos; 5. Permitir o uso de relógios para que o aluno controle o tempo dedicado a cada atividade; 6. Permitir maior tempo nas provas e trabalhos escritos; 7. Supervisionar a realização de provas e trabalhos escritos para garantir que houve a compreensão correta dos enunciados entre outras adaptações possíveis para que assim, ocorra a melhoria do estudo do aluno com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e que ocorra também, diminuição da taxa de abandono dos estudos (GA et al., 2009).

CONCLUSÃO:

É imprescindível colocarmos em ação a educação inclusiva no dia a dia visto que, é um direito universal do cidadão. Para isso, é necessário que os ambientes escolares e professores estejam preparados para receber alunos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade por meio de adaptações como por exemplo, deixar um espaço livre no final da sala de aula para permitir que o aluno se movimente quando sentir necessidade, para que assim ele não perca a matéria dada em sala; Ajudar em suas tarefas e nas provas; Permitir maior tempo de prova e fornecer ajuda quando necessário, entre outras adaptações na rotina escolar para permitir o estudo do aluno e assim, diminuir as taxas de abandono escolar. Com essas modificações, será possível driblar as dificuldades enfrentadas como por exemplo, falta de profissionais capacitados, falta de colaboração e presença dos pais no ambiente escolar, entre outros.

REFERÊNCIAS:

1 SEPULVEDA BERNALES, Valeria Jimena; ESPINA ARANEDA, Valeria Fernanda. Desempeño académico en estudiantes de educación superior con Trastorno por Déficit de Atención. Estud. pedagóg.,  Valdivia ,  v. 47, n. 1, p. 91-108,    2021 .   Disponible en <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-07052021000100091&lng=es&nrm=iso>. accedido en  25  mayo  2024.  http://dx.doi.org/10.4067/S0718-07052021000100091.

2 VAGO DAHER, Donizete et al . A construção do vínculo entre o homem e o serviço de atenção básica de saúde. Rev Cubana Enfermer,  Ciudad de la Habana ,  v. 33, n. 1, p. 111-120, marzo  2017 .   Disponible en <http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0864-03192017000100013&lng=es&nrm=iso>. accedido en  25  mayo  2024.

3 CUNHA, V. L. O. et al.. Desempenho de escolares com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em tarefas metalinguisticas e de leitura. Revista CEFAC, v. 15, n. 1, p. 40–50, jan. 2013.

4 American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th Edition. Washington, DC: American Psychiatric Publishing

5 OLIVEIRA, C. T. DE .; HAUCK-FILHO, N.; DIAS, A. C. G.. College Adjustment as a Mediator Between Attention Deficit/Hyperactivity Disorder Symptoms and Work Self-Efficacy. Paidéia (Ribeirão Preto), v. 26, n. 65, p. 283–289, set. 2016.

6 PAES, S. S. M.; RENK, V. E.; SIMÃO-SILVA, D. P.. A inclusão de alunos com TDAH – um decênio das diretrizes de Educação Especial em Santa Catarina: um modelo de beneficência? . Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 30, n. 114, p. 254–273, jan. 2022.

7 VIERA DIAZ, Milierkys; AVILES JIMENEZ, Bárbara Osmara; PEREZ RODRIGUEZ, Lismay. Desarrollar la comunicación en familias de niños con trastornos por déficit de atención con hiperactividad. EDUMECENTRO,  Santa Clara ,  v. 14, p. ,   2022 .   Disponible en <http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2077-28742022000100095&lng=es&nrm=iso>. accedido en  25  mayo  2024.  Epub 30-Nov-2022.

8 JIN, Wen-Lan et al . ADHD symptoms in children aged 5 to 15 years in Zhabei District, Shanghai. Eur. J. Psychiat.,  Zaragoza ,  v. 30, n. 3, p. 173-182,  sept.  2016 .   Disponible en <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0213-61632016000300002&lng=es&nrm=iso>. accedido en  26  mayo  2024.

9 PAES, S. S. M.; RENK, V. E.; SIMÃO-SILVA, D. P.. A inclusão de alunos com TDAH – um decênio das diretrizes de Educação Especial em Santa Catarina: um modelo de beneficência? . Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 30, n. 114, p. 254–273, jan. 2022.

10 DuPaul GJ, Stoner G. ADHD in the Schools : Assessment and Intervention Strategies. Third edition. The Guilford Press; 2014. Accessed May 25, 2024. http://site.ebrary.com/id/10895713

11 Fabiano GA, Pelham WE Jr, Coles EK, Gnagy EM, Chronis-Tuscano A, O’Connor BC. A meta-analysis of behavioral treatments for attention-deficit/hyperactivity disorder. Clin Psychol Rev. 2009 Mar;29(2):129-40. doi: 10.1016/j.cpr.2008.11.001. Epub 2008 Nov 11. PMID: 19131150.

12 Reiber, C. & McLaughlin, T. F.. (2004). Classroom interventions: Methods to improve academic performance and classroom behavior for students with attention-deficit/hyperactivity disorder. International Journal of Special Education. 9. 1-13.


1Enfermeira, Faculdade Santa Terezinha – CEST

2Médico, Funorte – ICS

3Bacharel em Enfermagem, HE UFPEL EBSERH

4Artes visuais, UFU

5Pedagoga, UNESP/FCLAr

6Mestrado em Medicina, Uninove

7Psicóloga, Centro Universitário Salesiano de São Paulo

8Graduando em Ciências Biológicas, Instituto Federal da Paraíba

9Bacharelado em Nutrição, Centro Universitário Maurício de Nassau

10Graduanda em Medicina, Centro Universitário de Mineiros – Unifimes jessycastelvia@hotmail.com