A PROMOÇÃO À SAÚDE DE MULHERES PORTADORAS DO VÍRUS HIV: UMA ABORDAGEM ASSISTENCIAL E SOCIAL

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11391866


Ana Leida Miranda Sousa1; Franciane Martins Figueiredo2; Joelly Vanessa Morais De Oliveira3; Sandrely De Jesus Pereira4; Thayana Reis Dos Reis5; Jamilly Karoliny Da Silva Miranda6


RESUMO

O Vírus da Imunodeficiência Humana e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida representam uma das mais graves crises de saúde pública da história contemporânea. Desde a sua identificação na década de 1980, a epidemia de Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida tem afetado milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo dados da UNAIDS, em 2020, aproximadamente 37,7 milhões de pessoas viviam com Vírus da Imunodeficiência Humana globalmente, com cerca de 1,5 milhão de novas infecções registradas anualmente. O impacto da doença é, especialmente, pronunciado em regiões como a África Subsaariana, onde se concentra a maior parte dos casos. No Brasil, a resposta à epidemia de Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida tem sido marcada por políticas públicas robustas e um sistema de saúde que fornece tratamento antirretroviral gratuito através do Sistema Único de Saúde. O presente artigo consiste em uma revisão integrativa, o qual tem como objetivo analisar e discutir as estratégias de promoção à saúde de mulheres portadoras do Vírus da Imunodeficiência Humana, considerando tanto as abordagens assistenciais quanto as sociais, com o intuito de identificar os desafios e necessidades específicas desse grupo e propor soluções eficazes para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dessas mulheres. Trata-se de uma revisão integrativa, na qual foram utilizadas as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde, Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde e Google Acadêmico. A promoção da saúde e a prevenção são fundamentais para controlar a disseminação do Vírus da Imunodeficiência Humana e melhorar a qualidade de vida das mulheres vivendo com o vírus. Estratégias de prevenção primária e secundária desempenham papéis complementares nesse processo. O cuidado abrangente de mulheres vivendo com o Vírus da Imunodeficiência Humana requer uma abordagem que considere tanto os aspectos clínicos quanto os psicossociais da doença. Estratégias de prevenção, acesso a serviços especializados e apoio emocional são essenciais para melhorar a qualidade de vida dessas mulheres e prevenir novas infecções. Ao promover a conscientização, reduzir o estigma e garantir o acesso equitativo aos serviços de saúde, é possível criar um ambiente de cuidado compreensivo e empático que permita que as mulheres vivendo com o Vírus da Imunodeficiência Humana alcancem uma vida plena e saudável.

Palavras-chaves: HIV; Promoção da Saúde; Saúde Reprodutiva.

INTRODUÇÃO

O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) representam uma das mais graves crises de saúde pública da história contemporânea. Desde a sua identificação na década de 1980, a epidemia de HIV/AIDS tem afetado milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo dados da UNAIDS, em 2020, aproximadamente 37,7 milhões de pessoas viviam com HIV globalmente, com cerca de 1,5 milhão de novas infecções registradas anualmente. O impacto da doença é, especialmente, pronunciado em regiões como a África Subsaariana, onde se concentra a maior parte dos casos. No Brasil, a resposta à epidemia de HIV/AIDS tem sido marcada por políticas públicas robustas e um sistema de saúde que fornece tratamento antirretroviral gratuito através do Sistema Único de Saúde (SUS). Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2021, havia, aproximadamente, 920 mil pessoas vivendo com HIV no país. Apesar dos avanços significativos no diagnóstico e tratamento, desafios persistem, especialmente, no que diz respeito à prevenção e ao combate ao estigma e discriminação associados à doença (UNAIDS, 2022).

A promoção à saúde de mulheres vivendo com HIV é uma prioridade crucial, dada a vulnerabilidade específica desse grupo. As mulheres enfrentam uma série de desafios únicos relacionados ao HIV, que vão além das questões médicas. As barreiras ao acesso à saúde, a violência de gênero, o estigma social, e as responsabilidades familiares, muitas vezes, dificultam a busca por cuidados adequados e contínuos. A promoção à saúde para essas mulheres envolve, não apenas, a garantia de acesso a tratamento antirretroviral e acompanhamento médico regular, mas também, a oferta de apoio psicossocial e serviços de saúde reprodutiva. Estratégias eficazes de promoção à saúde incluem a educação sobre prevenção, a criação de ambientes de apoio e a implementação de políticas públicas que abordem as necessidades específicas das mulheres com HIV (Santos, 2022).

 Além disso, é fundamental enfrentar e reduzir o estigma e a discriminação que muitas mulheres enfrentam, tanto na comunidade quanto nos serviços de saúde. O apoio psicossocial e a formação de grupos de suporte podem ajudar as mesmas a lidar com o impacto emocional do diagnóstico e a aderir ao tratamento. A promoção à saúde integral, que considera os aspectos físicos, emocionais e sociais, é essencial para melhorar sua qualidade de vida e seu bem-estar vivendo com HIV (Silva et al., 2022).

O presente artigo consiste em uma revisão integrativa, o qual tem como objetivo analisar e discutir as estratégias de promoção à saúde de mulheres portadoras do vírus HIV, considerando tanto as abordagens assistenciais quanto as sociais, com o intuito de identificar os desafios e necessidades específicas desse grupo e propor soluções eficazes para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dessas mulheres.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa, a qual tem como objetivo buscar análise e descrição de um corpo de conhecimento já existente em busca de resposta a uma pergunta específica (Souza; Silva; Carvalho, 2010). As seis etapas metodológicas utilizadas para a construção deste trabalho foram: escolha do tema, questão norteadora, coleta de dados, avaliação dos artigos, fichamento dos resultados e produção dos dados. O estudo foi elaborado a partir da seguinte pergunta norteadora: Como as abordagens assistenciais e sociais podem contribuir para a promoção à saúde de mulheres portadoras do vírus HIV, considerando os desafios e necessidades específicas desse grupo?

Para coletar os dados foram utilizadas as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Google Acadêmico. Para as duas bases de dados foram utilizados descritores do Descritores de Ciências da Saúde (DeCS): “HIV”, “Promoção da Saúde”, e “Saúde Reprodutiva”. Foi usado o operador booleano AND para a realização dos cruzamentos.

Os critérios de inclusão foram: trabalhos disponíveis na íntegra nas bases de dados escolhidas e publicados nos idiomas português e inglês. E os critérios de exclusão foram: trabalhos em outros idiomas e que não apresentam texto na íntegra.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

EPIDEMIOLOGIA DO HIV EM MULHERES

A epidemia de HIV/AIDS afeta desproporcionalmente mulheres em diversas regiões do mundo, e a análise de dados epidemiológicos revela tendências preocupantes. Globalmente, aproximadamente, metade das pessoas vivendo com HIV são mulheres. Segundo dados da UNAIDS, em 2020, cerca de 18,8 milhões de mulheres estavam infectadas com o vírus. Na África Subsaariana, onde a epidemia é mais grave, as mesmas representam cerca de 59% das pessoas vivendo com HIV. Essa disparidade é influenciada por uma série de fatores biológicos, sociais e culturais (UNAIDS, 2022).

No Brasil, a prevalência de HIV entre mulheres também é significativa. Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2021, havia, aproximadamente, 300 mil mulheres vivendo com HIV no país. A taxa de novas infecções entre mulheres tem mostrado uma tendência preocupante, especialmente, entre as jovens de 15 a 24 anos. Essa faixa etária tem apresentado um aumento na taxa de incidência, refletindo a necessidade urgente de intervenções direcionadas para este grupo (Ministério da Saúde, 2023).

Os grupos de risco para HIV entre mulheres incluem aquelas que pertencem a minorias socioeconômicas, trabalhadoras do sexo, usuárias de drogas injetáveis, e mulheres transgênero. Além disso, mulheres em relacionamentos heterossexuais com homens infectados também estão em risco significativo. A vulnerabilidade ao HIV é exacerbada por fatores como a desigualdade de gênero, a violência sexual e doméstica, e o limitado acesso a serviços de saúde e educação sexual (Lima et al., 2021).

Fatores biológicos também contribuem para a maior suscetibilidade das mulheres ao HIV. A estrutura anatômica do trato genital feminino torna a transmissão do vírus mais eficiente durante a relação sexual desprotegida. Além disso, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) não tratadas podem aumentar o risco de infecção pelo HIV (Maúngue, 2020).

Os determinantes sociais da saúde, como pobreza, falta de educação, e discriminação, desempenham um papel crucial na propagação do HIV entre mulheres. As que vivem em condições de pobreza têm menos acesso a recursos de saúde, incluindo preservativos e tratamento para IST, e são mais propensas a se envolver em atividades de risco para sustentar a si mesmas e suas famílias. A discriminação e o estigma associados ao HIV podem impedir que as mesmas busquem testagem e tratamento, perpetuando a transmissão do vírus (Silva et al., 2022).

Diante desses desafios, é imperativo que as políticas de saúde pública sejam ajustadas para abordar as necessidades específicas das mulheres. Programas de prevenção devem incluir educação sexual abrangente, acesso facilitado a métodos contraceptivos, e serviços de apoio psicossocial. Além disso, a promoção da igualdade de gênero e o combate à violência contra as mulheres são essenciais para reduzir a vulnerabilidade ao HIV. A coleta e análise contínua de dados epidemiológicos são fundamentais para monitorar a eficácia dessas intervenções e ajustar as estratégias, conforme necessário (Spindola et al., 2021).

ASPECTOS CLÍNICOS DO HIV EM MULHERES

O HIV se manifesta de forma diversa em homens e mulheres, com algumas particularidades clínicas específicas nas mulheres. Embora muitos sintomas sejam comuns a ambos os sexos, certas condições ginecológicas e outras manifestações podem ser mais prevalentes ou apresentar-se de maneira diferente em mulheres. Nos estágios iniciais da infecção pelo HIV, as mulheres podem experimentar sintomas inespecíficos semelhantes aos da gripe, como febre, fadiga, dor de garganta e linfadenopatia. No entanto, conforme a infecção progride, podem surgir sintomas e condições específicas. Infecções vaginais frequentes, como candidíase vaginal recorrente, são comuns entre mulheres vivendo com HIV. Outras infecções ginecológicas, como a doença inflamatória pélvica (DIP), também podem ocorrer com maior frequência e gravidade nas mesmas (Maúngue, 2020).

Além disso, mulheres com HIV têm um risco aumentado de cânceres ginecológicos associados ao papiloma vírus humano (HPV), incluindo câncer cervical. A coinfecção com HIV e HPV pode acelerar a progressão das lesões pré-cancerosas para o câncer cervical, tornando a triagem regular essencial para essa população. Outros sintomas clínicos podem incluir irregularidades menstruais, perda de peso inexplicada, suores noturnos e infecções oportunistas, que são mais comuns à medida que o sistema imunológico se enfraquece. Mulheres com HIV, também, são mais suscetíveis a condições como tuberculose, pneumonia e infecções fúngicas (Carvalho; Monteiro, 2021).

O diagnóstico precoce do HIV é crucial para o manejo eficaz da doença e para a prevenção de sua progressão. O diagnóstico precoce permite o início imediato do tratamento antirretroviral (TAR), que é essencial para controlar a carga viral, manter a função imunológica e prevenir a transmissão do vírus. Testes de diagnóstico de HIV incluem: testes de anticorpos, testes de antígenos/anticorpos combinados e testes de ácido nucleico (NAT). Para mulheres, a triagem regular, especialmente durante a gravidez e em populações de alto risco, é vital para a detecção precoce. Testes de triagem durante o pré-natal ajudam a prevenir a transmissão vertical do HIV (Lima et al., 2021).

O TAR é a pedra angular do manejo do HIV. Para mulheres, é essencial considerar fatores específicos ao iniciar e manter o mesmo. As mulheres podem experimentar efeitos colaterais diferentes ou mais graves do tratamento em comparação aos homens, incluindo náuseas, anemia e alterações na distribuição de gordura corporal (lipodistrofia). A adesão ao TAR pode ser desafiada por fatores sociais e econômicos, como responsabilidades familiares, violência de gênero e acesso desigual aos serviços de saúde. Além dos benefícios clínicos, o TAR também desempenha um papel significativo na prevenção da transmissão do HIV. Mulheres em tratamento eficaz têm uma carga viral suprimida, o que reduz, significativamente, o risco de transmissão sexual do HIV a parceiros e a transmissão vertical durante a gravidez e o parto (Lopes et al., 2019).

A educação e o apoio contínuos são essenciais para ajudar as mulheres a aderirem ao TAR e gerenciarem quaisquer efeitos colaterais. Programas de apoio e grupos de suporte podem proporcionar a assistência necessária, ajudando as mulheres a superar barreiras e a manter uma boa qualidade de vida (Madella et al., 2024).

PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO

A promoção da saúde e a prevenção são fundamentais para controlar a disseminação do HIV e melhorar a qualidade de vida das mulheres vivendo com o vírus. Estratégias de prevenção primária e secundária desempenham papéis complementares nesse processo. A prevenção primária envolve medidas para evitar novas infecções pelo HIV, incluindo o uso consistente de preservativos, a profilaxia pré-exposição (PrEP) para indivíduos em alto risco, e programas de redução de danos para usuárias de drogas injetáveis. Essas estratégias são essenciais para diminuir a taxa de novas infecções, especialmente, entre grupos vulneráveis como jovens, trabalhadoras do sexo e mulheres transgênero (Spindola et al., 2021).

 A prevenção secundária, por outro lado, foca em evitar complicações e a progressão da doença em pessoas já infectadas com HIV. Isso inclui o diagnóstico precoce através de testagem regular, o início imediato do TAR, e o monitoramento contínuo da saúde das mulheres vivendo com o vírus. A adesão ao tratamento, não apenas, melhora a saúde individual, mas também, reduz a carga viral a níveis indetectáveis, o que minimiza a transmissão do vírus a outras pessoas. O acompanhamento médico regular e o tratamento de infecções oportunistas são componentes críticos dessa abordagem, ajudando a manter o bem-estar e a longevidade das pacientes (Lima et al., 2021).

O acesso a informações e recursos sobre saúde sexual e reprodutiva é vital para a promoção da saúde entre mulheres vivendo com HIV. A educação sobre métodos contraceptivos, prevenção de IST, e planejamento familiar permite que as mesmas tomem decisões informadas sobre suas vidas sexuais e reprodutivas. Além disso, a educação sobre o vírus e seus modos de transmissão reduz o estigma associado à doença e encoraja comportamentos preventivos. Programas que integram serviços de saúde sexual e reprodutiva com cuidados relacionados ao HIV garantem que as necessidades das mulheres sejam abordadas de forma holística, promovendo uma melhor qualidade de vida (Spindola et al., 2021).

Campanhas de conscientização e educação em saúde são cruciais para disseminar informações corretas sobre HIV/AIDS e combater a desinformação e o estigma. Essas campanhas podem ser realizadas por meio de diversos meios, incluindo mídia tradicional, redes sociais, e iniciativas comunitárias. Campanhas eficazes aumentam a conscientização sobre a importância da testagem regular, a adesão ao tratamento, e o uso de preservativos, além de promover a compreensão sobre a PrEP e outras medidas preventivas. A educação em saúde deve ser contínua e culturalmente sensível, adaptada às necessidades e realidades das diferentes comunidades (Santos, 2022).

A implementação de campanhas educativas nas escolas, centros de saúde, e comunidades é fundamental para alcançar um público amplo e diversificado. Essas campanhas devem envolver, não apenas, informações técnicas, mas também, abordar questões emocionais e sociais, como o estigma, a discriminação e a violência de gênero, que afetam diretamente a eficácia das estratégias de prevenção e tratamento. Ao empoderar as mulheres com conhecimento e recursos, e ao promover um ambiente de apoio, é possível fazer avanços significativos na luta contra o HIV/AIDS e melhorar a saúde e o bem-estar das mulheres afetadas pelo vírus (Oliveira; Junqueira, 2020).

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E CUIDADOS INTEGRADOS

Uma abordagem multidisciplinar é essencial para garantir o cuidado abrangente e eficaz de mulheres vivendo com HIV. Isso envolve a colaboração entre diversos profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros especialistas, para fornecer uma gama completa de serviços que atendam às necessidades físicas, emocionais, sociais e psicológicas das pacientes. A abordagem multidisciplinar reconhece que o HIV afeta, não apenas, o corpo físico, mas também, tem impactos significativos na qualidade de vida e no bem-estar emocional das mulheres (Madella et al., 2024).

A disponibilidade de serviços de saúde especializados e acessíveis desempenha um papel fundamental no apoio às mulheres vivendo com HIV. É crucial que as mesmas tenham acesso a clínicas e centros de saúde que ofereçam serviços específicos para o manejo do vírus, incluindo testagem, aconselhamento, TAR, cuidados ginecológicos, apoio psicossocial e serviços de prevenção de transmissão vertical durante a gravidez e o parto. Além disso, é importante que esses serviços sejam culturalmente sensíveis e livres de estigma, para que as mulheres se sintam confortáveis e confiantes ao buscar cuidados (Santos, 2022).

O acompanhamento de enfermagem regular desempenha um papel crucial no cuidado de mulheres com HIV, fornecendo apoio contínuo e monitoramento da saúde das pacientes. Os enfermeiros desempenham diversas funções, incluindo educação sobre o HIV e seu tratamento, administração de medicamentos, monitoramento de efeitos colaterais, apoio emocional, aconselhamento sobre saúde sexual e reprodutiva, e coordenação de cuidados entre diferentes profissionais de saúde. O acompanhamento de enfermagem regular também é fundamental para promover a adesão ao tratamento, garantindo que as mesmas compreendam a importância de tomar seus medicamentos, conforme prescrito, e recebam apoio para superar quaisquer desafios ou preocupações relacionadas ao TAR (Madella et al., 2024).

A adesão ao TAR é crucial para o controle da carga viral e para a saúde a longo prazo das mulheres com HIV. O acompanhamento de enfermagem pode ajudar a identificar e abordar as barreiras à adesão, como preocupações com efeitos colaterais, dificuldades com a rotina de medicamentos ou problemas sociais e econômicos que possam interferir na capacidade das mulheres de seguir o tratamento. Além disso, o acompanhamento regular permite que os enfermeiros monitorem a resposta ao tratamento, avaliem a eficácia dos medicamentos e ajustem o plano de cuidados, conforme necessário, para garantir o melhor resultado possível para as pacientes (Lopes et al., 2019).

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E APOIO EMOCIONAL

O diagnóstico de HIV pode ter um impacto significativo no bem-estar psicológico das mulheres, desencadeando uma série de emoções complexas, como choque, medo, tristeza, ansiedade e raiva. O estigma social associado ao HIV pode levar as mulheres a se sentirem isoladas, envergonhadas e estigmatizadas, o que pode afetar, negativamente, sua autoestima e qualidade de vida. Muitas mulheres enfrentam dificuldades para lidar com o estigma e a discriminação, tanto dentro de suas comunidades quanto dentro de suas próprias famílias. O medo do julgamento e da rejeição pode impedir as mesmas de procurarem apoio emocional e social, o que pode levar ao isolamento e à solidão (Oliveira; Junqueira, 2020).

É crucial reconhecer a importância do apoio psicológico e dos grupos de suporte para mulheres vivendo com HIV. O apoio emocional pode ajudar as mulheres a lidar com suas emoções, a encontrar maneiras saudáveis de expressar seus sentimentos e a desenvolver estratégias eficazes para enfrentar os desafios associados ao vírus. Os grupos de suporte oferecem um espaço seguro e solidário onde as mulheres podem compartilhar suas experiências, encontrar apoio mútuo e aprender com os outros que estão passando pela mesma situação. A conexão com outras mulheres que vivenciam desafios semelhantes pode fornecer uma fonte valiosa de apoio, compreensão e empoderamento (Silva et al., 2022).

O enfrentamento do estigma e da discriminação é uma parte importante do cuidado de mulheres com HIV. Isso envolve a promoção da conscientização e da educação sobre o HIV/AIDS, a promoção da igualdade de direitos e oportunidades para pessoas vivendo com o vírus, e o combate à discriminação em todas as suas formas. As mulheres devem ser capacitadas a defender seus direitos, a se pronunciarem contra o estigma e a discriminação e a exigirem um tratamento justo e digno. O empoderamento das mesmas é essencial para criar uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todas as pessoas, independentemente do seu status sorológico, sejam tratadas com respeito, compaixão e dignidade (Oliveira; Junqueira, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cuidado abrangente de mulheres vivendo com HIV requer uma abordagem que considere tanto os aspectos clínicos quanto os psicossociais da doença. Estratégias de prevenção, acesso a serviços especializados e apoio emocional são essenciais para melhorar a qualidade de vida dessas mulheres e prevenir novas infecções. Ao promover a conscientização, reduzir o estigma e garantir o acesso equitativo aos serviços de saúde, é possível criar um ambiente de cuidado compreensivo e empático que permita que as mulheres vivendo com HIV alcancem uma vida plena e saudável.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, J. M. R.; MONTEIRO, S. S. Visões e práticas de mulheres vivendo com HIV/aids sobre reprodução, sexualidade e direitos. Cad. Saúde Pública. v. 37, n. 6, e00169720, 2021.

LIMA, C. F. et al. Mulheres vivendo com HIV, maternidade e saúde: revisão integrativa. Periódicus. v. 2, n. 16, p. 57-80, 2021.

LOPES, A. O. L. Aspectos epidemiológicos e clínicos de pacientes infectados por HIV. RBAC. v. 51, n.  4, p. 296-299, 2019.

MADELLA, A. A. P. et al. Consulta de enfermagem às mulheres que convivem com o HIV na perspectiva fenomenológica. REME – Rev Min Enferm. v. 28, e-153, 2024.

MAÚNGUE, H. B. Mulher e o HIV/SIDA: uma reflexão sobre o cotidiano feminino da infecção na cidade de Maputo. Em Tese. v. 17, n. 2, p. 94-116, 2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Brasil registra queda de óbitos por aids, mas doença ainda mata mais pessoas negras do que brancas. Gov.br. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/novembro/brasil-registra-queda-de-obitos-por-aids-mas-doenca-ainda-mata-mais-pessoas-negras-do-que-brancas. Acesso em: 18 mai. 2024.

OLIVEIRA, M. M. D.; JUNQUEIRA, T. L. S. Mulheres que vivem com HIV/aids: vivências e sentidos produzidos cotidiano. Revista Estudos Feministas. v. 28, n. 3, e61140, 2020.

SANTOS, M. E. J. Assistência às mulheres soropositivas (HIV/AIDS) na Atenção Básica no município de Itabaiana (SE). Dissertação – Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão, 2022.

SILVA, C. M. et al. Interação social de mulheres com exposição ao HIV/AIDS: um modelo representativo. Texto Contexto Enferm. v. 31, e20210149, 2022.

SOUZA, M. T.; SILVA, M. D.; CARVALHO, R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein.2010.

SPINDOLA, T. et al. A prevenção das infecções sexualmente transmissíveis nos roteiros sexuais de jovens: diferenças segundo o gênero. Ciência & Saúde Coletiva. v. 26, n. 7, p. 2683-2692, 2021.

UNAIDS. Estatísticas. UNAIDS. 2022. Disponível em: https://unaids.org.br/estatisticas/. Acesso em: 18 mai. 2024.