ERGONOMIA APLICADA À ENFERMAGEM CIRÚRGICA: REDUZINDO RISCOS BIOMECÂNICOS NO TRANSPORTE DE PACIENTES – UMA REVISÃO INTEGRATIVA

ERGONOMICS APPLIED TO SURGICAL NURSING: REDUCING BIOMECHANIC RISKS IN PATIENT TRANSPORTATION – AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11287551


Ilana Maria Brasil do Espírito Santo[1]
Maria Idalina Rodrigues[2]
Wendell Emanoel Marques de Oliveira[3]
Pâmela Caroline Guimarães Gonçalves[4]
Tiago de Campos Mendes[5]
Nayara Jose Anchieta Scrivener[6]
Francisca Patrícia Silva Pitombeira[7]
Hildamar Nepomuceno da Silva[8]
Reginaldo da Silva Canhete[9]
Juliana Custodio Lopes[10]
Bianca Ramalho dos Santos Silva[11]
Bianca Lima e Silva[12]
Georgia Silva Soares Menor[13]
Antonio Tiago da Costa Fenelon[14]
Roseli Da Silva[15]


Resumo

Introdução: No contexto cirúrgico, os enfermeiros desempenham um papel crucial no transporte e cuidado dos pacientes, sendo essencial garantir sua segurança e bem-estar durante todo o processo. Objetivo: Realizar uma revisão integrativa do estado atual da pesquisa sobre a ergonomia aplicada à enfermagem cirúrgica, especificamente focada na redução dos riscos biomecânicos associados ao transporte de pacientes. Metodologia: Realizado uma revisão integrativa da literatura, empregando uma abordagem sistemática na busca por estudos relevantes. As bases de dados consultadas incluíram PUBMED e Biblioteca Virtual de Saúde – BVS. Após a seleção criteriosa, 12 artigos foram incluídos na análise. Discussão: A discussão dos resultados centra-se em três principais áreas: a qualidade dos registros de enfermagem relacionados ao transporte de pacientes, estratégias de assistência de enfermagem durante o transporte no contexto cirúrgico e os desafios e oportunidades para a implementação de medidas ergonômicas eficazes. Conclusão: Os estudos revisados fornecem insights valiosos para a compreensão dos riscos biomecânicos enfrentados pelos enfermeiros no transporte de pacientes no ambiente cirúrgico, além de destacar a importância da ergonomia na promoção da segurança e saúde ocupacional desses profissionais. Essas evidências contribuem para o avanço do conhecimento científico na área da enfermagem cirúrgica, visando aprimorar a qualidade do cuidado prestado aos pacientes e garantir um ambiente de trabalho mais seguro.

Palavras-chave: Ergonomia. Enfermagem. Segurança.

Abstract

Introduction: In the surgical context, nurses play a crucial role in the transport and care of patients, and it is essential to ensure their safety and well-being throughout the process. Objective: To carry out an integrative review of the current state of research on ergonomics applied to surgical nursing, specifically focused on reducing biomechanical risks associated with patient transport. Methodology: An integrative literature review was carried out, employing a systematic approach in the search for relevant studies. The databases consulted included PUBMED and Virtual Health Library – VHL. After careful selection, 12 articles were included in the analysis. Discussion: The discussion of results focuses on three main areas: the quality of nursing records related to patient transport, nursing care strategies during transport in the surgical context, and the challenges and opportunities for implementing effective ergonomic measures. Conclusion: The studies reviewed provide valuable insights for understanding the biomechanical risks faced by nurses when transporting patients in the surgical environment, in addition to highlighting the importance of ergonomics in promoting the safety and occupational health of these professionals. This evidence contributes to the advancement of scientific knowledge in the area of surgical nursing, aiming to improve the quality of care provided to patients and ensure a safer work environment.

Keywords: Ergonomics. Nursing. Security.

1 INTRODUÇÃO

A preocupação com os efeitos da ocupação sobre a saúde dos trabalhadores tem sido objeto de estudo e debate entre pesquisadores e organizações dedicadas à saúde e ao trabalho. Nesse contexto, a ergonomia emerge como um campo científico crucial, investigando a relação entre o ser humano e seu ambiente laboral. A abrangência do termo “ambiente” transcende o local físico de trabalho, englobando também os instrumentos utilizados, os métodos empregados e a organização das tarefas laborais. Além disso, a própria natureza do ser humano, incluindo suas habilidades e capacidades psicofisiológicas, antropométricas e biomecânicas, é considerada fundamental nessa análise.

O cerne da ergonomia reside no objetivo de promover a satisfação das necessidades humanas no ambiente de trabalho, visando à promoção da saúde e do bem-estar dos trabalhadores. Para alcançar esse desígnio, é essencial realizar uma análise minuciosa do trabalho, com o intuito de identificar os fatores de incompatibilidade no contexto laboral e

suas consequências para o indivíduo. Por meio de uma abordagem crítica e metodológica, a ergonomia busca reorganizar as situações de trabalho de modo a eliminar fontes de prejuízo, mitigando elementos que possam causar perda parcial ou total de funções vitais a curto, médio ou longo prazo.

Diante desse contexto, torna-se evidente a relevância da ergonomia aplicada à enfermagem cirúrgica, especialmente no que tange ao transporte de pacientes. Ao compreender os princípios ergonômicos e sua aplicação prática nesse cenário específico, torna-se possível não apenas proteger a saúde dos profissionais de enfermagem, mas também garantir a qualidade e segurança no cuidado prestado aos pacientes durante os procedimentos cirúrgicos.

A prática da enfermagem no ambiente cirúrgico é essencial para o sucesso das intervenções médicas, mas também está associada a desafios ergonômicos significativos. No cerne dessas preocupações está às condições que afetam diretamente o sistema músculoesquelético da coluna vertebral, uma área particularmente vulnerável para os profissionais de saúde. As lesões resultantes dessas condições ergonômicas podem ter um impacto profundo na saúde e na qualidade de vida dos enfermeiros, além de comprometer a segurança e o bemestar dos pacientes.

Dentro do centro cirúrgico, onde a equipe de enfermagem desempenha um papel crucial, o transporte de pacientes é uma atividade rotineira e vital. No entanto, esse processo muitas vezes envolve movimentações repetitivas, posturas inadequadas e elevado esforço físico, fatores que contribuem significativamente para o surgimento de lesões musculoesquelético. A natureza dinâmica e imprevisível do ambiente cirúrgico pode intensificar esses riscos, colocando os profissionais de enfermagem em situações que exigem esforços físicos consideráveis, como a transferência de pacientes de macas para as mesas cirúrgicas ou viceversa, além do reposicionamento durante o procedimento.

Nesta revisão integrativa, exploraremos as condições ergonômicas do trabalho que estão intrinsecamente ligadas às lesões no sistema musculoesquelético da coluna vertebral, destacando sua relevância para as atividades ocupacionais da equipe de enfermagem no centro cirúrgico. Ao compreendermos melhor esses riscos e suas implicações, podemos identificar estratégias e medidas preventivas para mitigar danos à saúde dos profissionais e promover um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para todos os envolvidos.

Este estudo representa uma resposta à necessidade urgente de abordar os desafios ergonômicos enfrentados pela equipe de enfermagem no contexto do transporte de pacientes no centro cirúrgico. Compreender a importância da ergonomia neste cenário específico não apenas contribui para a segurança e bem-estar dos profissionais de saúde, mas também influencia diretamente a qualidade do atendimento prestado aos pacientes. Ao destacar os riscos biomecânicos associados a essas atividades e propor soluções práticas, este artigo busca promover uma abordagem proativa para a gestão dos cuidados de saúde ocupacional dentro do ambiente cirúrgico.

A análise dos fatores que dificultam ou facilitam a implementação de medidas ergonômicas neste contexto oferece insights valiosos para a prática clínica e para o desenvolvimento de políticas de saúde ocupacional. Ao reconhecer os obstáculos enfrentados pelos profissionais de enfermagem e identificar estratégias eficazes para superá-los, este estudo não apenas contribui para a literatura científica, mas também promove uma cultura de segurança e bem-estar no ambiente de trabalho. Ao capacitar a equipe de enfermagem com conhecimentos e habilidades ergonômicas, podemos fortalecer a resiliência do sistema de saúde como um todo, garantindo a prestação de cuidados de alta qualidade em um ambiente seguro e sustentável.

Para concluir, é crucial ressaltar que os profissionais de enfermagem enfrentam frequentemente o desafio de levantar cargas excessivas ao movimentar e transportar pacientes, bem como ao manipular diversos materiais e equipamentos no ambiente cirúrgico. Entre esses itens, destacam-se monitores, respiradores, caixas contendo frascos de soro, galões, pesos para tração e sacos de roupas. Essas atividades representam um risco significativo para a saúde musculoesquelética dos enfermeiros, destacando ainda mais a importância de abordagens ergonômicas eficazes para minimizar esses riscos e promover um ambiente de trabalho seguro e saudável para toda a equipe.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

A aplicação da ergonomia na enfermagem cirúrgica é de extrema relevância para a segurança, saúde e bem-estar dos profissionais envolvidos, bem como para a qualidade do cuidado prestado aos pacientes. Especificamente, o transporte de pacientes apresenta desafios biomecânicos significativos que podem resultar em lesões ocupacionais para os enfermeiros. Nesse contexto, a ergonomia desempenha um papel crucial ao analisar as interações entre os trabalhadores, equipamentos e ambiente de trabalho, visando aperfeiçoar o sistema para promover segurança e eficiência.

Historicamente, os profissionais da área da saúde não eram vistos como uma categoria de alto risco para os acidentes de trabalho. Foi apenas a partir dos anos 80 que a preocupação com os riscos biológicos começou a surgir, coincidindo com o estabelecimento de normas para questões de segurança no ambiente de trabalho (Silva & Zeitoune, 2009). Essa mudança de perspectiva revelou a necessidade de uma abordagem mais ampla em relação à segurança ocupacional, especialmente considerando as demandas físicas e biomecânicas enfrentadas pelos profissionais de enfermagem cirúrgica durante o transporte de pacientes.

A enfermagem cirúrgica é uma área de atuação onde os profissionais estão               frequentemente expostos a situações que demandam esforço físico considerável, como o transporte de pacientes. A aplicação de princípios ergonômicos contribui diretamente para a prevenção de lesões musculoesqueléticas e fadiga, além de melhorar a qualidade do serviço prestado. Ao compreender os limites biomecânicos do corpo humano e projetar técnicas de transporte de pacientes adequadas, os enfermeiros podem reduzir significativamente o risco de acidentes ocupacionais e promover um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.

A instituição hospitalar é reconhecida como um ambiente de risco, de acordo com Royas (2001), devido à presença de diversos agentes potencialmente nocivos quando não controlados. Entre os fatores de risco no exercício da enfermagem em hospitais, destacam-se os riscos físicos, como inadequações de iluminação, temperatura e ruídos; os riscos químicos, incluindo medicamentos, desinfetantes esterilizantes e gases anestésicos; os riscos biológicos, como vírus, bactérias e fungos; os riscos psíquicos, relacionados ao excesso de trabalho e dificuldades nas relações interpessoais; os riscos sociais, que envolvem agressões físicas e/ou verbais; e os riscos ergonômicos, como esquemas de trabalho em turnos, carga física e mental, e mobiliário inadequado.

Segundo o Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo (2008, apud Duarte & Mauro, 2010), toda avaliação de risco laboral deve ser vista como uma oportunidade para refletir sobre a otimização da atividade profissional, visando evitar riscos desnecessários e controlar da melhor maneira possível aqueles que não podem ser eliminados. Essa abordagem ressalta a importância de medidas preventivas e de controle para garantir a segurança e o bemestar dos profissionais de saúde no ambiente hospitalar.

Apesar da importância da ergonomia, os profissionais de enfermagem frequentemente enfrentam obstáculos ao programar práticas ergonômicas no transporte de pacientes. Estes podem incluir falta de conscientização sobre os princípios ergonômicos, limitações de tempo e recursos, e resistência à mudança devido a práticas estabelecidas. Além disso, a falta de treinamento específico em ergonomia e a sobrecarga de trabalho podem dificultar a adoção de técnicas adequadas de movimentação e manejo de pacientes. Como resultado, os enfermeiros estão sujeitos a um maior risco de lesões musculoesqueléticas e exaustão física.

Para superar esses obstáculos, é essencial promover a conscientização sobre os benefícios da ergonomia entre os profissionais de enfermagem e integrar a formação em ergonomia nos currículos de enfermagem. Além disso, é fundamental fornecer recursos adequados, como equipamentos de auxílio ao transporte de pacientes e programar políticas institucionais que priorizem a segurança e o bem-estar dos profissionais. A colaboração interdisciplinar entre enfermeiros, fisioterapeutas e ergonomistas também pode ser benéfica para desenvolver e programar estratégias ergonômicas eficazes. Isso inclui a realização de avaliações de risco ergonômico no ambiente de trabalho e o desenvolvimento de protocolos padronizados para o transporte de pacientes.

Em suma, a compreensão da importância da ergonomia na enfermagem cirúrgica, especialmente no transporte de pacientes, é fundamental para promover a segurança e o bemestar dos profissionais de saúde, bem como para melhorar a qualidade do atendimento prestado aos pacientes. Superar os obstáculos enfrentados requer um esforço conjunto que envolve educação, recursos adequados e colaboração interdisciplinar. Ao priorizar a ergonomia, é possível mitigar os riscos biomecânicos e criar um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para todos os envolvidos.

3 METODOLOGIA 

Para atender aos objetivos propostos neste estudo sobre “Ergonomia Aplicada à Enfermagem Cirúrgica: Reduzindo Riscos Biomecânicos no Transporte de Pacientes”, foi conduzida uma revisão integrativa da literatura. Esta abordagem permitiu a síntese de achados de trabalhos teóricos e empíricos, visando aprofundar a compreensão sobre a aplicação da ergonomia no contexto cirúrgico e sua relação com os riscos biomecânicos enfrentados pelos profissionais de enfermagem durante o transporte de pacientes.

A construção da pergunta de pesquisa foi realizada seguindo as recomendações de Oliveira Araújo (2020) e adaptada para este tema específico. Utilizando a estratégia PICo, foram definidos os seguintes elementos: P para população ou problema (enfermagem cirúrgica), I para fenômeno de interesse (ergonomia aplicada) e Co para o contexto (transporte de pacientes). Dessa forma, a pergunta norteadora elaborada foi: “Qual a eficácia da aplicação da ergonomia na redução dos riscos biomecânicos enfrentados pelos enfermeiros durante o transporte de pacientes no contexto cirúrgico?”.

Foram estabelecidos critérios de inclusão para selecionar os estudos a serem analisados. Foram considerados elegíveis artigos originais publicados nos últimos 5 anos, disponíveis em português, inglês ou espanhol, que abordassem diretamente a aplicação da ergonomia na enfermagem cirúrgica e os riscos biomecânicos associados ao transporte de pacientes. Os critérios de exclusão englobaram artigos com conteúdo incompleto, cartas ao editor e estudos que não abordassem especificamente a temática proposta.

Para realizar a busca na literatura, foi adotada uma abordagem sistemática utilizando

as bases de dados da PubMed e da Biblioteca Virtual de Saúde – BVS. Os termos de busca foram selecionados a partir dos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) e seus equivalentes em inglês (MeSH), incluindo palavras-chave como “ergonomia aplicada”, “enfermagem cirúrgica” e “transporte de pacientes”. Operadores booleanos (AND, OR) foram empregados para combinar os termos de busca de forma adequada, visando identificar os estudos mais relevantes para a pesquisa.

Tabela 1. Estratégia de busca nas bases de dados e quantitativos de artigos antes e após aplicação dos filtros.

Base de Dados  Estratégia de Busca  Antes do               Filtro        Data da  Busca
PUBMED(Ergonomia aplicada) AND (Enfermagem   cirúrgica) AND (Transporte de pacientes)         89          27/02/2024
Biblioteca Virtual de Saúde – BVS(Ergonomia aplicada) AND (Enfermagem   cirúrgica) AND (transporte de pacientes)         36          27/02/2024

Fonte: elaboração própria.

Além das buscas realizadas nas bases de dados selecionadas, foi conduzida uma busca manual em periódicos relevantes e nas listas de referências dos artigos incluídos, a fim de identificar estudos adicionais que se enquadrassem nos critérios de inclusão estabelecidos.

O processo de análise dos artigos compreendeu duas etapas fundamentais. Inicialmente, os títulos e resumos dos artigos foram examinados para verificar sua aderência aos critérios de inclusão e exclusão definidos. Em seguida, os artigos que passaram por essa triagem foram submetidos à leitura integral, permitindo a síntese e registro claro das informações relevantes por meio de tabelas. Essa abordagem sistemática garantiu uma avaliação rigorosa dos estudos incluídos, proporcionando uma análise abrangente e detalhada sobre a aplicação da ergonomia na enfermagem cirúrgica, com foco na redução dos riscos biomecânicos associados ao transporte de pacientes.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Após a combinação dos descritores nas bases de dados, foi encontrado um total de 125 artigos científicos relevantes. Após uma análise criteriosa, apenas 12 manuscritos preencheram os critérios de inclusão e foi selecionado para inclusão nesta revisão, o que representa aproximadamente 9,6% do total de artigos encontrados.

            Os estudos selecionados foram publicados no período entre 2020 e 2024, conforme requisitado. Desses, 50% foram publicados em 2020, 25% em 2021, e os 25% restantes em 2022, 2023 e 2024. Todos os artigos selecionados foram desenvolvidos no

Brasil.

Quanto às revistas de publicação, os artigos selecionados foram distribuídos da seguinte forma: 50% foram publicados na Revista SOBECC (6 artigos), 8,3% na Revista de Enfermagem Clínica (1 artigo), 8,3% na Faculdade Sant’Ana em Revista (1 artigo), 8,3% na Research, Society and Development (1 artigo), 8,3% na Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online (1 artigo) e 8,3% na Revista Enfermagem em Evidência, Nursing (São Paulo) (1 artigo).

Esses resultados demonstram uma concentração significativa de publicações na Revista SOBECC, indicando sua relevância como veículo de disseminação científica na área de enfermagem cirúrgica e ergonomia aplicada.

4.1 Identificações dos Riscos Ergonômicos no Contexto do Transporte de Pacientes no Centro Cirúrgico

No contexto do transporte de pacientes no centro cirúrgico, é fundamental que a equipe de Enfermagem esteja ciente dos potenciais riscos ergonômicos envolvidos. Identificar esses riscos é o primeiro passo para implementar medidas preventivas eficazes e garantir a segurança dos profissionais e dos pacientes. Para tanto, é necessário realizar uma avaliação criteriosa das atividades de transporte, levando em consideração fatores como a carga a ser movimentada, a postura adotada pelos profissionais, a frequência e a duração das tarefas, entre outros.

Uma maneira de identificar os riscos ergonômicos é realizar uma análise ergonômica do trabalho, que envolve observar e analisar as atividades realizadas, identificar os pontos de sobrecarga física e as posturas inadequadas, e avaliar os equipamentos e recursos disponíveis para auxiliar no transporte. Além disso, é importante ouvir os profissionais de Enfermagem, que estão diretamente envolvidos nas atividades de transporte, para entender suas percepções e experiências em relação aos riscos ergonômicos e possíveis sugestões de melhoria.

Com base na identificação dos riscos ergonômicos, a equipe de Enfermagem pode sugerir e implementar medidas preventivas e corretivas adequadas. Isso pode incluir a adoção de técnicas de levantamento seguro de pacientes, o uso de equipamentos de auxílio ao transporte, a organização do ambiente de trabalho para reduzir a distância e os obstáculos durante o transporte, e a promoção de treinamentos e capacitações para os profissionais sobre ergonomia e segurança no trabalho.

Em suma, a identificação dos riscos ergonômicos no contexto do transporte de pacientes no centro cirúrgico é essencial para garantir a saúde e segurança dos profissionais de Enfermagem. Ao reconhecer os potenciais problemas e buscar soluções adequadas, é possível minimizar os riscos de lesões ocupacionais e promover um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para todos os envolvidos.

4.2 Estratégias para Promover um Ambiente de Trabalho Seguro

No contexto da enfermagem cirúrgica, é crucial implementar estratégias que promovam um ambiente de trabalho seguro, especialmente no que diz respeito à prevenção de acidentes ergonômicos. Para garantir a saúde e o bem-estar dos profissionais, diversas medidas podem ser adotadas. Em primeiro lugar, é fundamental promover a conscientização sobre a importância da ergonomia e dos riscos associados ao transporte de pacientes. Isso pode ser feito por meio de treinamentos regulares, nos quais os profissionais são instruídos sobre técnicas de levantamento seguro, posturas adequadas e utilização correta de equipamentos auxiliares.

Além disso, é essencial disponibilizar os recursos necessários para facilitar o transporte de pacientes de forma segura. Isso inclui investir em equipamentos ergonômicos, como macas com altura ajustável, dispositivos de elevação e transferência, e carrinhos adequados para o transporte de materiais e equipamentos médicos. A manutenção regular desses equipamentos também é fundamental para garantir seu funcionamento adequado e prevenir acidentes.

Outra estratégia importante é promover uma cultura de segurança no ambiente de trabalho, na qual os profissionais se sintam encorajados a relatar quaisquer preocupações ou sugestões para melhorias. Isso pode ser feito por meio de programas de feedback e comunicação aberta, nos quais os profissionais têm a oportunidade de expressar suas preocupações e contribuir com ideias para promover um ambiente mais seguro. Ao criar uma cultura de segurança colaborativa, é possível identificar e abordar proativamente os riscos ergonômicos, reduzindo assim o número de acidentes e lesões ocupacionais na enfermagem cirúrgica.

4.3 Desafios na Implementação de Estratégias de Prevenção de Riscos Ergonômicos no Contexto do Transporte de Pacientes no Centro Cirúrgico 

A implementação de estratégias de prevenção de riscos ergonômicos no contexto do transporte de pacientes no centro cirúrgico enfrenta uma série de desafios significativos. Um desses desafios é a dinâmica e rapidez da rotina do centro cirúrgico, onde a produtividade muitas vezes é priorizada em detrimento da segurança e do bem-estar dos profissionais. Nesse ambiente acelerado, os profissionais de enfermagem podem sentir pressão para realizar as tarefas rapidamente, o que pode levar a práticas inadequadas de levantamento e transporte de pacientes, aumentando assim o risco de lesões ocupacionais.

Além disso, a falta de recursos e equipamentos adequados também representa um obstáculo significativo na implementação eficaz de medidas ergonômicas. Em muitos centros cirúrgicos, os profissionais podem enfrentar a escassez de macas motorizadas, dispositivos de elevação ou outros equipamentos projetados para facilitar o transporte de pacientes de forma segura. A ausência desses recursos essenciais pode aumentar a carga física sobre os profissionais e contribuir para o surgimento de lesões músculos esqueléticos.

Outro desafio importante é a resistência à mudança por parte dos profissionais e da própria cultura organizacional. Programar novas práticas e procedimentos requer tempo, esforço e comprometimento de toda a equipe. No entanto, a resistência à mudança pode surgir devido a preocupações com a sobrecarga de trabalho, falta de familiaridade com novas tecnologias ou simplesmente resistência à saída da zona de conforto. Portanto, superar esses desafios requer não apenas investimento em recursos materiais, mas também uma mudança cultural que priorize a segurança e o bem-estar dos profissionais de enfermagem no centro cirúrgico.  

 4.4 Inclusões do Profissional Assistente Operacional de Transporte no CC

A inclusão de um profissional dedicado ao transporte de pacientes dentro da equipe multiprofissional do centro cirúrgico, como um assistente operacional de transporte ou maqueiro, é uma medida crucial para promover a segurança e a eficiência no ambiente cirúrgico. Esses profissionais desempenham um papel fundamental ao auxiliar na movimentação e no transporte adequado dos pacientes, reduzindo assim a carga de trabalho sobre os profissionais de enfermagem e minimizando o risco de lesões ocupacionais.

A presença de um assistente operacional de transporte ou maqueiro permite que os profissionais de enfermagem concentrem sua atenção em outras atividades essenciais durante o procedimento cirúrgico, como a preparação do paciente, a assistência ao cirurgião e a administração de medicamentos. Isso contribui para uma distribuição mais equitativa das responsabilidades dentro da equipe e garante que cada membro possa desempenhar suas funções de maneira eficaz, sem sobrecargas desnecessárias.

Além disso, um profissional dedicado ao transporte de pacientes pode contribuir para a agilidade e fluidez do fluxo de trabalho no centro cirúrgico. Com sua experiência e habilidades específicas, ele pode realizar o transporte de forma mais rápida e eficiente, garantindo que os pacientes sejam movimentados com segurança e no tempo adequado, sem atrasar o início ou o término dos procedimentos cirúrgicos.

Portanto, a inclusão de um assistente operacional de transporte ou maqueiro na equipe do centro cirúrgico não apenas promove a segurança e o bem-estar dos profissionais de saúde, mas também contribui para a qualidade e eficiência dos cuidados prestados aos pacientes durante todo o processo cirúrgico. Essa medida representa um investimento importante na melhoria do ambiente de trabalho e na excelência do atendimento no contexto hospitalar.

Em suma, a inclusão do maqueiro no contexto da enfermagem cirúrgica se revela

como uma medida essencial na perspectiva da “Ergonomia Aplicada à Enfermagem Cirúrgica: Reduzindo Riscos Biomecânicos no Transporte de Pacientes”. Ao considerar a carga física e os riscos ergonômicos associados ao transporte de pacientes, a presença desse profissional especializado não apenas alivia a sobrecarga dos membros da equipe de enfermagem, mas também contribui para a prevenção de lesões ocupacionais e para a promoção de um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente. Assim, sua inclusão não apenas se justifica pela sua experiência e preparo, mas também se revela como uma prática cada vez mais adotada em diversos centros cirúrgicos, onde tem se mostrado como um elemento fundamental na busca pela excelência nos cuidados prestados aos pacientes.

5  CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão, este estudo analisou a importância primordial da saúde do trabalhador no contexto hospitalar, especialmente no que se refere aos desafios enfrentados pela equipe de enfermagem durante o transporte de pacientes. A sobrecarga física e os riscos ergonômicos enfrentados pela equipe de enfermagem durante o transporte de pacientes representam uma preocupação significativa, pois podem levar ao adoecimento e comprometer a qualidade dos cuidados prestados aos pacientes.

Um dos principais pontos discutidos foi à necessidade de prevenção de adoecimentos ocupacionais por meio da adoção de medidas ergonômicas adequadas. Ficou claro que a implementação de estratégias voltadas para a melhoria das condições de trabalho, como o uso de equipamentos adequados e a presença do maqueiro no centro cirúrgico, desempenha um papel crucial na redução dos riscos biomecânicos e na promoção da saúde dos profissionais de enfermagem.

Além disso, destacou-se a importância de um ambiente de trabalho seguro e saudável para o bem-estar e a produtividade da equipe. A disponibilidade de equipamentos adequados, aliada a uma cultura organizacional que priorize a segurança e o cuidado com o trabalhador, é fundamental para garantir um ambiente propício ao desempenho eficaz das atividades laborais e à prevenção de lesões.

A presença do maqueiro no centro cirúrgico também foi abordada como uma estratégia eficaz para aperfeiçoar o transporte de pacientes e reduzir a carga de trabalho sobre a equipe de enfermagem. Sua inclusão não apenas alivia a sobrecarga dos profissionais, mas também contribui para a segurança e a eficiência dos procedimentos cirúrgicos, resultando em benefícios tanto para os trabalhadores quanto para os pacientes.

Diante do exposto, é imprescindível que as instituições de saúde invistam em políticas e práticas que promovam a ergonomia no ambiente de trabalho da enfermagem cirúrgica. Somente assim será possível garantir condições laborais adequadas, prevenir a ocorrência de lesões ocupacionais e proporcionar um cuidado seguro e de qualidade aos pacientes, reforçando a importância da ergonomia como uma ferramenta essencial na promoção da saúde e do bem-estar no ambiente hospitalar.

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[1] Enfermeira Assistencial – HU UFGD/EBSERH. Mestre em Ciências e Saúde – UFPI Campus CCS. e-mail:
ilanabrasyl76@gmail.com
[2] Enfermeira Especialista em Saúde Digital pela UFG. e-mail: idalinarodrigues2015@gmail.com
[3] Técnico de Enfermagem – HU UFPI/EBSERH. Discente do Curso Superior de Bacharelado em Enfermagem pela UNIP. e-mail: wendellemanoel@hotmail.com
[4] Enfermeira Terapia Intensiva – HU UFPI/EBSERH. e-mail: pamggoncalves@gmail.com
[5] Enfermeiro Assistencial – HU UFGD/EBSERH. e-mail: tiagocm99@gmail.com
[6] Enfermeira Assistencial Hospital – HU-UFGD/EBSERH. e-mail: nayarascrivener@outlook.com
[7] Bacharel em Enfermagem pelo CEUT. e-mail: fpatriciapitombeira@gmail.com
[8] Enfermeira Assistencial – HU UFPI/EBSERH. e-mail: hildamarsilva@yahoo.com.br
[9] Enfermeiro – IFMS. e-mail: reginaldo.canhete@ifms.edu.br
[10] Enfermeira Assistencial – HU UFGD/EBSERH. e-mail: lopes.enf.juliana@gmail.com
[11] Enfermeira Assistencial – HUPAA/ UFAL/ EBSERH. e-mail: bilinha_ramalho_@hotmail.com
[12] Enfermeira Assistencial  – HUUFMA/EBSERH. e-mail: bianca.lima09@hotmail.com
[13] Enfermeira Especialista em Terapia Intensiva e Saúde da Família – UFPI. e-mail: georgiamenor@hotmail.com
[14] Enfermeiro Assistencial – HU UFMA/EBSERH. e-mail: tiagofenelon@hotmail.com
[15] Técnica de Enfermagem – HU UFGD/EBSERH. e-mail: dasilvaroseli1602@gmail.com