HUMANIZED BIRTH: PRACTICE, CHALLENGES AND IMPACT ON THE MATERNAL EXPERIENCE
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11222035
Gabrielle Costa castro Martins¹
Rodolfo José Vitor²
RESUMO
Conceito: O parto humanizado é uma abordagem que visa priorizar o bem-estar físico, emocional e psicológico da mulher e do bebê durante o processo de nascimento. Objetivo: Identificar as evidências, desafios e impacto na experiência materna no parto humanizado relacionadas às práticas, em especial da assistência de Enfermagem. Metodologia: O estudo ora apresentado se refere a uma revisão integrativa da literatura, mediante levantamento de dados nas bases científicas: Lilacs, Scielo e Pubmed.utilizando os descritores em Ciências da Saúde (DEcS) e MeSH: Parto, Humanização e Maternidade. combinados com o operador booleano AND compondo uma amostra final de 10 artigos. Resultados: Apontam que as práticas de parto humanizado ressaltam os benefícios do parto vaginal natural, levando-se em conta a presença de um acompanhante de escolha da mulher e o uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor, redução das complicações maternas e neonatais e uma experiência mais positiva para a parturiente. Conclusão: a implementação do parto humanizado enfrenta desafios significativos, como a resistência institucional, a falta de capacitação dos profissionais de saúde e as disparidades socioeconômicas no acesso aos serviços de saúde. Para avançar neste campo, são necessárias políticas públicas e diretrizes clínicas que promovam o parto humanizado, além de pesquisas que explorem sua eficácia em diferentes contextos e populações, assegurando uma assistência respeitosa e centrada nas necessidades das mulheres em trabalho do parto.
Palavras-Chaves: Parto. Humanização. Maternidade.
ABSTRACT
Concept: Humanized birth is an approach that aims to prioritize the physical, emotional and psychological well-being of women and babies during the birth process. Objective: Identify available evidence, challenges and impact on the maternal experience in humanized birth related to practices, especially nursing care. Methodology: The study presented here refers to an integrative review of the literature, through data collection in scientific databases: Lilacs, Scielo and Pubmed, using the descriptors in Health Sciences (DEcS) and MeSH: Childbirth, Humanization and Maternity. combined with the Boolean operator AND composing a final sample of 10 articles. Results: They point out that humanized birth practices highlight the benefits of natural vaginal birth, taking into account the presence of a companion of the woman’s choice and the use of non-pharmacological methods for pain relief, reduction in maternal and neonatal complications, as well as a more positive experience for the woman in labor. Conclusion: the implementation of humanized birth faces significant challenges, such as institutional resistance, lack of training of health professionals and socioeconomic disparities in access to health services. To advance in this field, public policies and clinical guidelines that promote humanized childbirth are necessary, as well as research that explores its effectiveness in different contexts and populations, ensuring respectful assistance centered on the needs of women in labor.
Keywords: Childbirth; Humanization; Maternity.
1 INTRODUÇÃO
O parto humanizado é um tema de grande relevância no campo da saúde materna, abrangendo uma abordagem que visa respeitar os direitos e a autonomia da mulher durante todo o processo de gestação, parto e pós-parto. Ao contrário de abordagens mais “medicalizadas”, onde a intervenção médica é predominante, o parto humanizado prioriza o bem-estar físico, emocional e psicológico da parturiente e do bebê, promovendo uma experiência mais acolhedora e respeitosa. Esta abordagem enfatiza a importância do empoderamento da mulher, permitindo que ela participe ativamente das decisões relacionadas ao seu próprio corpo e ao nascimento de seu filho (Galvão et al., 2024).
Apesar dos benefícios evidentes, o parto humanizado enfrenta uma série de desafios que podem comprometer sua efetiva implementação e prática generalizada. A resistência de alguns profissionais de saúde e instituições hospitalares em adotar essa abordagem, dada a complexidade do tema está relacionada à diversidade de definições e interpretações sobre o que realmente constitui um parto humanizado, assim como a disparidade de acesso a essa modalidade de assistência ao parto e mulheres de comunidades marginalizadas ou de baixo poder aquisitivo elencam com a falta de investimento em políticas públicas voltadas para a promoção do parto humanizado configurando preocupação, problemas e desafios (Alfaro.2024).
A assistência de enfermagem no parto humanizado requer uma abordagem interdisciplinar, com uma comunicação eficaz entre a equipe de saúde, de forma a garantir que todos os envolvidos estejam alinhados com os princípios do parto humanizado. A colaboração entre enfermeiros e a equipe de enfermagem, obstetras, doulas e outros profissionais é essencial para assegurar que a assistência seja verdadeiramente centrada na mulher e que as práticas adotadas estejam de acordo com os princípios do parto humanizado (Silva et al., 2022).
A realização desta pesquisa é justificada pela sua importância da promoção da saúde materna e neonatal, pela garantia dos direitos das mulheres e os vários problemas decorrentes da falta de humanização antes, durante e após o trabalho de parto. E, como objetivo da pesquisa: Apresentar fundamentações científicas sobre o parto humanizado, buscando evidências disponíveis relacionadas às práticas, desafios e impacto na experiência materna.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Parto humanizado
O parto humanizado é uma abordagem que visa priorizar o bem-estar físico, emocional e psicológico da mulher e do bebê durante o processo de nascimento. Fundamentado em princípios de respeito, autonomia e cuidado centrado na mulher, o parto humanizado busca proporcionar uma experiência positiva e segura, reconhecendo o protagonismo da mulher em todo o processo. Nesse contexto, é essencial considerar não apenas os aspectos clínicos do parto, mas também as necessidades emocionais e sociais da gestante, garantindo sua participação ativa nas decisões relacionadas ao seu corpo e ao nascimento de seu filho (Fernandes et al., 2021).
Uma das características essenciais do parto humanizado é o respeito à fisiologia do parto, reconhecendo que o corpo da mulher é capaz de dar à luz de forma natural, sem intervenções desnecessárias. Isso implica em proporcionar um ambiente acolhedor e seguro, onde a mulher se sinta confortável e empoderada para vivenciar o processo do parto de acordo com suas próprias necessidades e desejos. Além disso, o parto humanizado valoriza a integração da família no processo de nascimento, reconhecendo o papel do companheiro e de outros membros da família como parte fundamental do apoio emocional e prático à mulher durante o trabalho de parto e o nascimento (Oliveira, 2021).
No contexto do parto humanizado, também é fundamental o papel da equipe de saúde, que deve estar capacitada e sensibilizada para oferecer um cuidado humanizado e respeitoso às gestantes. Isso inclui profissionais de saúde como obstetras, enfermeiras obstétricas, parteiras e doulas, que devem trabalhar em conjunto para garantir uma assistência segura e compassiva durante todo o processo de nascimento. Além disso, o parto humanizado enfatiza a importância da informação e do apoio à decisão informada, garantindo que a gestante tenha acesso a todas as informações necessárias para fazer escolhas conscientes sobre seu parto, incluindo opções de cuidado e possíveis intervenções médicas (Cunha, 2022).
Em suma, o parto humanizado representa uma abordagem holística e centrada na mulher para o processo de nascimento, que reconhece a importância do respeito à autonomia, dignidade e integridade da gestante e do bebê. Ao promover um ambiente de cuidado acolhedor, baseado na empatia, compaixão e respeito mútuo, o parto humanizado busca proporcionar uma experiência positiva e segura de nascimento, contribuindo para o bem-estar físico, emocional e psicológico da mãe e do bebê (Fernandes et al., 2021).
2.2 Fundamentações científicas e desafios
A diversidade de definições e interpretações sobre o que realmente constitui um parto humanizado, relaciona-se a complexidade do tema. Enquanto algumas abordagens enfatizam a minimização de intervenções médicas desnecessárias, outras destacam a importância da presença de um acompanhante de escolha da mulher durante todo o processo de parto. Essa falta de consenso pode dificultar a implementação de políticas e diretrizes claras que garantam uma prática consistente e universalmente aceita de parto humanizado (Oliveira et al., 2024).
Os protocolos rígidos e à falta de formação específica aliada a questões culturais, sociais e econômicas também podem influenciar a disponibilidade e o acesso das mulheres à opção pelo parto humanizado, caracterizando-se como um dos principais desafios – a resistência de alguns profissionais de saúde e instituições hospitalares, em adotar essa abordagem (Alfaro, 2024).
Neste sentido, ainda, mulheres de comunidades marginalizadas ou de baixo poder aquisitivo enfrentam obstáculos significativos para receberem cuidados de saúde de qualidade, incluindo opções de parto humanizado. A disparidade na saúde materna e neonatal de acesso a essa modalidade de assistência ao parto, muitas vezes pode resultar em experiências de parto traumáticas e desrespeitosas, contribuindo para disparidades (Araújo et al., 2024).
A falta de investimento em políticas públicas e ausência de incentivos financeiros, estruturais para a capacitação de profissionais de saúde e a criação de ambientes propícios voltadas para a promoção do parto humanizado pode limitar sua disseminação e impacto positivo na experiência materna (Fernandes et al., 2023).
Explorar o tema do Parto Humanizado é fundamental não apenas para compreender suas práticas e desafios, mas também para promover uma reflexão sobre como garantir o respeito aos direitos das mulheres durante o processo de parto. A discussão sobre o parto humanizado é essencial para identificar estratégias que possam superar os obstáculos existentes e promover uma abordagem mais compassiva, respeitosa e centrada na mulher no contexto do nascimento.
2.3 Impactos na saúde da mulher
Os impactos do parto humanizado na saúde da mulher são vastos e podem ser considerados tanto positivos quanto negativos. No aspecto positivo, a abordagem humanizada do parto pode reduzir o estresse e a ansiedade associados ao processo de dar à luz. Ao criar um ambiente acolhedor e empoderador, onde a mulher se sente ouvida, respeitada e no controle de suas decisões, o parto humanizado pode contribuir para uma experiência mais positiva e menos traumática para a mãe (Cunha, 2022).
Além disso, o parto humanizado valoriza a fisiologia natural do parto, permitindo que o corpo da mulher siga seu ritmo e suas necessidades durante o trabalho de parto e o parto propriamente dito. Isso pode resultar em uma recuperação mais rápida e menos complicações pós-parto, já que intervenções médicas desnecessárias são evitadas. A participação ativa da mulher no processo de nascimento também pode fortalecer o vínculo entre mãe e filho e promover uma transição suave para a maternidade (Braga et al., 2021).
No entanto, também há impactos negativos associados ao parto humanizado, especialmente quando não há acesso a cuidados adequados ou quando há complicações durante o parto. Em alguns casos, a ênfase na fisiologia natural do parto pode levar à subestimação de potenciais complicações médicas, resultando em atrasos no diagnóstico e tratamento de emergências obstétricas. Além disso, a falta de intervenções médicas pode aumentar o risco de lesões perineais e hemorragias pós-parto em certos casos (Cavalcante et al., 2022).
Outro impacto negativo potencial do parto humanizado é a falta de suporte emocional e psicológico adequado para as mulheres que experimentam complicações durante o parto ou que têm uma experiência traumática devido a intervenções não desejadas. A ausência de protocolos claros para o manejo de complicações pode resultar em sentimentos de abandono ou desamparo por parte da mulher, afetando negativamente sua saúde mental e bem-estar emocional pós-parto (Braga et al., 2021).
Em resumo, os impactos na saúde da mulher relacionados ao parto humanizado podem variar dependendo do contexto e das circunstâncias individuais. Embora a abordagem humanizada do parto possa oferecer uma série de benefícios, é importante reconhecer e abordar os potenciais riscos e desafios associados a essa prática, garantindo que todas as mulheres tenham acesso a cuidados seguros e respeitosos durante o parto (Cunha, 2022).
2.4 Assistência de Enfermagem
Considerando o crescente reconhecimento da importância da humanização do parto, bem como as implicações para a saúde materna e neonatal, a discussão sobre a assistência de enfermagem no contexto do parto humanizado é essencial para aprimorar a qualidade do atendimento obstétrico e promover uma abordagem mais centrada na mulher, respeitando seus direitos e desejos em um dos momentos mais significativos de suas vidas.
Práticas do Enfermeiro na assistência ao parto humanizado, como responsável pela equipe de enfermagem tem como premissa estabelecer protocolos em educação continuada quanto a empatia, olhar holístico e os procedimentos.
A intervenção de enfermagem desempenha um papel crucial no trabalho humanizado de parto, antes, durante e depois do processo. Antes do parto, os enfermeiros desempenham um papel fundamental ao fornecer informações claras e precisas às gestantes sobre o processo de trabalho de parto, suas opções de cuidados e quaisquer procedimentos médicos que possam ser necessários. Esse apoio educacional ajuda a capacitar as mulheres para tomarem decisões informadas sobre seu parto, promovendo sua autonomia e participação ativa no processo (Andrade, 2022).
Durante o trabalho de parto, os enfermeiros desempenham múltiplos papéis, incluindo o fornecimento de apoio emocional e físico à gestante. Eles ajudam a criar um ambiente acolhedor e seguro, oferecendo conforto e encorajamento à mulher durante as contrações e os momentos de maior intensidade. Além disso, os enfermeiros monitoram continuamente os sinais vitais da mãe e do bebê, identificando quaisquer sinais de complicações e tomando medidas apropriadas para garantir a segurança de ambos (Cavalcante et al., 2022).
Durante o parto em si, os enfermeiros desempenham um papel ativo no apoio às escolhas da mulher e na implementação de suas preferências de cuidados. Eles trabalham em estreita colaboração com a equipe médica para garantir que as intervenções sejam realizadas de acordo com os desejos da mulher e respeitando sua autonomia. Além disso, os enfermeiros podem fornecer técnicas de alívio da dor não farmacológicas, como massagem, exercícios de respiração e posicionamento, para ajudar a mulher a lidar com o desconforto do trabalho de parto (Cunha, 2022).
Após o nascimento, os enfermeiros desempenham um papel crucial no apoio à amamentação e nos cuidados com o recém-nascido. Eles oferecem orientação e apoio às mães que desejam amamentar, ajudando a garantir um início bem-sucedido e promovendo os benefícios da amamentação para a saúde do bebê e da mãe. Além disso, os enfermeiros prestam cuidados de enfermagem ao recém-nascido, monitorando seu estado de saúde e fornecendo os cuidados necessários para garantir seu bem-estar (Braga et al., 2021).
Em resumo, a intervenção de enfermagem desempenha um papel essencial no trabalho humanizado de parto, garantindo que as mulheres recebam cuidados respeitosos, individualizados e baseados em evidências durante todo o processo. Ao oferecer apoio emocional, educacional e clínico às gestantes antes, durante e após o parto, os enfermeiros contribuem significativamente para uma experiência positiva e segura de nascimento, promovendo o bem-estar físico, emocional e psicológico da mãe e do bebê (Cunha, 2022).
3 METODOLOGIA
Este estudo consistiu em uma revisão integrativa realizada no período de setembro/2023 a maio/2024 com o objetivo de investigar as atualizações relacionadas ao tema em questão. Todas as etapas desta revisão foram conduzidas de forma independente pelos autores, seguindo as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA).
Para realizar o estudo foram seguidas etapas específicas, como a identificação da questão de pesquisa, a busca e seleção de estudos relevantes, a avaliação da qualidade dos estudos incluídos e a síntese dos resultados. Essa abordagem é especialmente útil em áreas onde há uma ampla gama de evidências disponíveis, permitindo aos pesquisadores levantar diferentes perspectivas e tendências ao longo do tempo.
Dada a natureza da revisão sistemática e meta-análise, não foi necessário submeter o projeto à apreciação do Comitê de Ética (CEP). Os critérios de elegibilidade foram estabelecidos para garantir a inclusão de estudos pertinentes, incluindo a disponibilidade gratuita e integral dos artigos, publicados nos últimos 05 anos e em idioma português, enquanto os critérios de exclusão visavam eliminar artigos incompletos, duplicados, monografias e dissertações/teses.
A estratégia de busca bibliográfica envolveu consultas às bases de dados LILACS, SCIELO e PUBMED, utilizando Descritores em Ciências da Saúde (DEcS) e MeSH: Parto, Humanização e Maternidade. combinados com o operador booleano AND. Os estudos foram selecionados por meio da análise de títulos, resumos e leitura integral, excluindo-se aqueles que não atendiam aos critérios de elegibilidade ou não apresentavam resultados relevantes para a pesquisa.
A pesquisa teve início com um quantitativo de 184 artigos, sendo 48 artigos da Scielo, 135 artigos da LILACS e 1 artigo da Medline. Estes, incluídos na plataforma Rayyan, na primeira etapa foram eliminados 82 artigos de acordo com os critérios de exclusão, restando 63 artigos. Após a análise dos títulos e resumos, 39 artigos permaneceram. Por fim, após a leitura na íntegra, observou-se que 29 deles não abordavam a temática proposta, restando 10 artigos na amostra final. Sendo 02 da Scielo, 07 da Lilacs e 1 da Medline.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diversos estudos têm destacado os benefícios da promoção do parto vaginal natural como parte do parto humanizado. Pesquisas mostram que o parto vaginal pode estar associado a taxas reduzidas de complicações maternas e neonatais, quando comparado ao parto por cesariana, especialmente em mulheres de baixo risco. O quadro a seguir apresenta, segundo autores, os desafios e barreiras enfrentadas na implementação do parto humanizado e respectivos impactos.
Quadro 1 – Compilado de desafios e barreiras enfrentados na implementação do Parto humanizado, 2024
Autor, ano | Desafios/Barreiras | Impactos |
Marques; Nascimento, 2024 | Resistência institucional, medicalização excessiva do parto, falta de adaptação às realidades culturais | Redução do trauma obstétrico, fortalecimento do vínculo mãe-bebê, melhoria da satisfação materna |
Gomes et al., 2020 | Falta de capacitação dos profissionais de saúde, disparidades de acesso | Lacunas na implementação eficaz, dificuldades em alcançar populações marginalizadas |
Oliveira et al., 2023 | Falta de políticas públicas e diretrizes claras, falta de pesquisa específica | Limitação na disseminação, necessidade de evidências para embasar a prática |
Bachilli et al., 2021 | Resistência dos profissionais de saúde, diferenças culturais | Redução do trauma obstétrico, fortalecimento do vínculo mãe-bebê, promoção do apego saudável |
Cerqueira et al., 2023 | Barreiras estruturais dentro das instituições de saúde, medicalização excessiva do parto | Prevenção de complicações pós-parto, valorização da voz e autonomia das mulheres durante o parto |
Fonte: Autores da pesquisadores
Barreiras como a falta de capacitação dos profissionais de saúde, a resistência institucional e a medicalização excessiva do parto continuam a ser obstáculos para a implementação generalizada do parto humanizado. Outro aspecto a considerar é a necessidade de adaptação das práticas de parto humanizado às diferentes realidades culturais, sociais e econômicas. A importância de políticas públicas e diretrizes clínicas que promovam o parto humanizado também é evidente, garantindo acesso equitativo a opções de parto respeitosas (Marques; Nascimento, 2024).
A implementação do parto humanizado enfrenta uma série de desafios complexos, que variam conforme o contexto cultural, social, econômico e institucional. Um dos principais obstáculos é a resistência por parte de alguns profissionais de saúde em adotar essa abordagem. Estudos têm destacado que muitos profissionais ainda mantêm uma visão “medicalizada” do parto, baseada em intervenções médicas excessivas, o que dificulta a transição para um modelo mais centrado na mulher e menos intervencionista (Gomes et al., 2020).
A falta de capacitação adequada dos profissionais de saúde é outro desafio significativo na implementação do parto humanizado. Pesquisas apontam que muitos profissionais não recebem formação específica sobre essa abordagem durante sua educação formal, resultando em lacunas de conhecimento e habilidades necessárias para oferecer um cuidado verdadeiramente humanizado (Oliveira et al., 2023).
As disparidades de acesso também representam um obstáculo importante para a prática generalizada do parto humanizado. Mulheres de comunidades marginalizadas ou de baixo poder aquisitivo muitas vezes enfrentam dificuldades para acessar serviços de saúde que oferecem opções de parto respeitosas e humanizadas. Isso pode resultar em experiências de parto traumáticas e desrespeitosas, contribuindo para disparidades de saúde materna e neonatal (Bachilli et al., 2021).
Além disso, as barreiras estruturais dentro das instituições de saúde também podem impedir a implementação eficaz do parto humanizado. Protocolos hospitalares rígidos, falta de apoio administrativo e resistência institucional podem dificultar a criação de ambientes propícios ao parto humanizado, limitando as opções disponíveis para as mulheres durante o trabalho de parto e o parto (Cerqueira et al., 2023).
QUADRO 2: Ações e Assistência de Enfermagem direcionadas ao Parto Humanizado, 2024
Autor, ano | Ações e Assistência de enfermagem |
Machado et al., 2021 | Descrição da importância da humanização da assistência de enfermagem durante o parto cesariano |
Menezes, 2023 | Trazer informações sobre a humanização do parto |
Marques; Nascimento, 2024 | Promoção de práticas de parto humanizado, incluindo o uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor, criação de ambientes acolhedores e respeitosos, e suporte emocional durante o trabalho de parto e parto |
Sousa et al., 2024 | Relato e compreensão das experiências de mulheres vítimas de violência obstétrica e suas sequelas |
Oliveira et al., 2020 | Identificação de barreiras à implementação das recomendações para assistência ao parto normal |
Alves et al., 2021 | Avaliação do impacto das práticas humanizadas em gestantes de um hospital público sob a ótica de uma médica residente em sua formação profissional |
Gomes et al., 2020 | Descrição dos efeitos da implantação das Casas de Parto (CPN) na qualidade da assistência obstétrica |
Cerqueira et al., 2023 | Avaliação das repercussões do parto humanizado na saúde materna e do neonato |
Bachilli et al., 2021 | Discussão sobre a autonomia relacional e sua interseção com práticas humanizadas no SUS |
Oliveira et al., 2020 | Identificação de barreiras à implementação das recomendações das Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal a partir das melhores evidências globais |
Fonte: Autores da pesquisa
5.CONCLUSÃO
O impacto do parto humanizado na experiência materna é significativo e abrangente, abordando aspectos físicos, emocionais e psicológicos. Esta abordagem promove a redução do trauma obstétrico, o fortalecimento do binômio mãe-bebê, a melhoria da satisfação materna e a prevenção de complicações pós-parto. O apoio emocional e a autonomia da mulher são fundamentais para garantir uma experiência positiva e respeitosa durante o parto, enfatizando a importância de uma abordagem centrada na mulher no cuidado perinatal (Bachilli et al., 2021).
Esta pesquisa é relevante para a comunidade acadêmica, científica e social, pois pode contribuir para uma compreensão mais aprofundada dos benefícios do parto humanizado, dos desafios enfrentados na sua implementação e das estratégias eficazes para promover sua prática. Além disso, explorareste tema pode fornecer subsídios para o desenvolvimento de políticas públicas e diretrizes clínicas que promovam uma assistência ao parto mais humanizada, respeitosa e centrada nas necessidades das mulheres e de suas famílias.
5. REFERÊNCIAS
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¹ Discente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto Ensino Superior de Brasília – IESB Campus Oeste e-mail: gabrielle.martins@iesb.edu.br
² Docente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto Ensino Superior de Brasília – IESB Campus Oeste. Mestre em Ciências Ambientais, Saúde e Sociedade (PUC-GO). e-mail: vitor.rodolfo@gmail.com