IMPACT OF COVID-19 ON NURSING PROFESSIONALS AT THE ECU OF THE MUNICIPALITY OF PORTO NACIONAL-TO
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11224259
Ruth Helena Alves Tavares¹;
Solange Francisco Melo Brito¹;
Vitória Regina Costa Moraes¹;
Orientadora: Kiria Vaz²
RESUMO:
Introdução: Desde a publicação da pandemia de Covid-19 em todo o mundo, os profissionais da saúde, mais especificamente os enfermeiros, têm assumido uma rotina intensa e exaustiva, se expondo diariamente a alto risco de contágio e por consequência de transmissão. Os enfermeiros, em sua atuação profissional, estão sujeitos a diversos impactos de saúde devido os mesmos serem fundamentais para a recuperação da saúde das pessoas infectadas. Desta maneira, este estudo tem como objetivo analisar o impacto da Covid-19 nos profissionais de enfermagem da Unidade Pronto Atendimento (UPA) do município de Porto Nacional TO. Metodologia: Pesquisa de campo realizada através de uma investigação de coleta de dados junto aos enfermeiros da Unidade Pronto Atendimento (UPA) do município de Porto Nacional-TO. A abordagem da pesquisa foi do tipo quanti qualitativa composta por onze enfermeiros que atam na UPA. Resultados: 82% dos profissionais são do sexo feminino e 18% do sexo masculino, com prevalência da idade entre 30 a 39 anos, estado civil casado. A maioria dos enfermeiros possuem mais de 6 anos de atuação, atuam na triagem/assistência, são efetivos, sempre atendem pacientes com suspeita de Covid-19 e a carga horária trabalhada é de 40 horas semanais. As alterações que mais se destacaram nos enfermeiros, foram: estresse/irritabilidade, ao qual a maioria apresenta uma qualidade de sono regular. 100% dos enfermeiros não se consideram bem remunerados e 55% deles contraíram a Covid-19 durante o exercício profissional. Considerações Finais: É inegável que a pandemia provocou impactos na vida do enfermeiro, pois os mesmos precisaram se adaptar à nova realidade vivenciada, tanto no âmbito físico quanto psicológico.
Palavras-chave: Enfermeiros. Estresse. Impacto de saúde. Irritabilidade. Pandemia.
ABSTRACT: Introduction: Since the publication of the Covid-19 pandemic around the world, health professionals, more specifically nurses, have undertaken an intense and exhausting routine, exposing themselves daily to a high risk of contagion and, consequently, transmission. Nurses, in their professional activities, are subject to various health impacts because they are fundamental for the recovery of the health of infected people. Therefore, this study aims to analyze the impact of Covid-19 on nursing professionals at the Emergency Care Unit (UPA) in the city of Porto Nacional TO. Methodology: Field research carried out through a data collection investigation with nurses from the Emergency Care Unit (UPA) in the city of Porto Nacional-TO. The research approach was quantitative and qualitative, composed of eleven nurses who work in the UPA. Results: 82% of professionals are female and 18% male, with a prevalence of age between 30 and 39 years old, married marital status. The majority of nurses have more than 6 years of experience, work in triage/assistance, are effective, always care for patients suspected of having Covid-19 and the workload is 40 hours per week. The changes that stood out most in nurses were: stress/irritability, to which the majority had regular sleep quality. 100% of nurses do not consider themselves well paid and 55% of them contracted Covid-19 during their professional practice. Final Considerations: It is undeniable that the pandemic had impacts on nurses’ lives, as they needed to adapt to the new reality experienced, both physically and psychologically.
Keywords: Nurses. Stress. Health Impact. Irritability. Pandemic.
1 INTRODUÇÃO
A Covid-19 é uma doença causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). Sua origem ocorreu em dezembro de 2019, na China, porém, somente em março de 2020 foi que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia provocada por esse vírus. A transmissão, na maioria dos casos, acontece entre pessoas sintomáticas, geralmente três dias após o surgimento dos primeiros sintomas, porém existem relatos de transmissão em casos assintomáticos. A gravidade da doença varia de acordo com a pessoa infectada, indo de leve a grave, podendo levar à morte. Os sintomas mais comuns são cefaleia, febre, diarreia e dispneia. Em pessoas idosas ou com comorbidades, a doença pode evoluir para síndrome respiratória aguda grave, podendo chegar a uma sepse ou a problemas cardiovasculares e/ou renais (ACIOLI et al., 2022).
Desde o surgimento da pandemia de Covid-19, que os diversos profissionais da saúde se deparam com mudanças significativas na rotina de trabalho e na vida pessoal. Neste âmbito estão os enfermeiros, que desenvolvem um papel essencial na linha de frente nas mais variadas áreas da saúde, fornecendo apoio, coletando amostras para exames, realizando triagem de casos suspeitos, fornecendo orientações a respeito do isolamento e disponibilizando cuidados e procedimentos necessários para os pacientes, como é o caso da administração de medicamentos, orientações de higiene, dentre outros. Além disso, o enfermeiro possui participação ativa nas atividades de educação em saúde, ensino e pesquisa e gerenciamento (MATOS; ROCHA; CAMELO, 2023).
Para Silva; Ribeiro (2020) o profissional de Enfermagem é indispensável quando se fala em assistência à saúde, especialmente quando esta é voltada ao paciente infectado pelo vírus SARS-CoV-2, uma vez que cuidar é o pilar da profissão. Este profissional é que tem contato próximo com o paciente, por um maior espaço de tempo e geralmente cria e mantém vínculos tanto com o paciente, quanto com os seus familiares, então pode promover a saúde e o bem-estar biopsicossocial, incentivando estes a obterem melhor enfrentamento no processo de saúde doença.
Sabe-se que os profissionais de enfermagem, que prestam os primeiros atendimentos à população nos estabelecimentos de saúde, estão na linha de frente do enfrentamento à Covid-19 ao cuidar de pacientes confirmados ou suspeitos, além de pacientes assintomáticos, porém infectados. Os ambientes de assistência à saúde são caracterizados como complexos e críticos, e os enfermeiros vivenciam de maneira peculiar o impacto provocado pela pandemia. São profissionais que estão vulneráveis não somente a um maior risco de infecção, mas também a adquirir problemas de saúde mental, exigindo condições laborais que diminuam as chances de transmissão, além da necessidade de um atendimento especializado que promova sua saúde mental e física (GÓES et al., 2022).
Considerando que a rotina de trabalho da equipe de enfermagem, diante do Covid-19, pode impactar diretamente na saúde mental desses profissionais que atuam na linha de frente do cuidado, esse estudo se justifica por procurar analisar os fatores relacionados a esse impacto. Espera-se que a discussão e a reflexão proveniente do desenvolvimento deste trabalho, amplie o conhecimento dos profissionais e ajude a nortear futuras ações de cuidado de saúde mental dos profissionais de enfermagem.
Desta maneira, este estudo tem como objetivo analisar o impacto da Covid-19 nos profissionais de enfermagem da Unidade Pronto Atendimento (UPA) do município de Porto Nacional-TO.
2 METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa de campo desenvolvida através de uma investigação em que, além da pesquisa bibliográfica, desenvolveu-se uma coleta de dados junto aos enfermeiros da Unidade Pronto Atendimento (UPA). A abordagem da pesquisa foi do tipo quanti qualitativa por ter utilizado procedimentos estruturados e instrumentos formais para a coleta de dados, além de ter enfatizado o subjetivo como meio de compreender e interpretar as experiências.
A pesquisa foi realizada na Unidade Pronto Atendimento do município de Porto Nacional-TO, localizada na Rua Maria Angélica da Silva Prado, setor Nova Capital. A UPA realiza atendimentos de urgência e emergência, com atendimento 24 horas do dia. A população do estudo foi composta por enfermeiros que atuam na UPA de Porto Nacional-TO. A amostra foi composta por 11 (onze) enfermeiros.
Os critérios de inclusão da amostra utilizados neste estudo foram: atuar na UPA a pelo menos seis meses, estar em atividade no período de realização da pesquisa, atuar no atendimento de pacientes com suspeita e/ou confirmados de Covid-19, aceitar em participar da pesquisa através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e esclarecido (TCLE). Os critérios de exclusão, foram: enfermeiros que não aceitaram assinar o TCLE, não atuam no atendimento a pacientes suspeitos e/ou confirmados de Covid-19, não estavam presentes no dia de realização da pesquisa.
Os dados foram coletados através de um instrumento semi-estruturado, elaborado pelas acadêmicas pesquisadoras, sendo que esse instrumento obedeceu ao objetivo proposto no estudo. O estudo respeitou as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde através da Resolução nº 466/12, outorgada pelo Decreto nº 93.333 de 12 de dezembro de 2012, que trata das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos e só foi realizada após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa através do CAAE nº 77055423.9.0000.8075, parecer nº: 6.660.270.
3 RESULTADOS
O questionário foi aplicado em um total de onze enfermeiros da Unidade Pronto Atendimento-UPA, de Porto Nacional-TO, representando 100% dos profissionais que laboram na unidade. Verificou-se que 82% dos profissionais são do sexo feminino e 18% do sexo masculino, com prevalência da idade entre 30 a 39 anos (n=7), estado civil casado (n=7) e curso de especialização, conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1: Distribuição dos enfermeiros que trabalham na Unidade Pronto Atendimento-UPA, de Porto Nacional-TO, segundo sexo, idade, estado civil e curso de especialização realizado.
Fonte: Pesquisa realizada pelas acadêmicas (2024)
Verificou-se que 82% possuem especialização, sendo que a mais citada foi Urgência e Emergência (n=6), seguido de UTI Adulta (n=1), Enfermagem do trabalho (n=1) e Saúde da Família (n=1). Em seguida, procurou-se identificar o tempo de atuação do enfermeiro na UPA, o setor que atua, o tipo de vínculo, se atende pacientes com suspeita de Covid-19 de maneira constante, a carga horária exercida, conforme apresentado na Tabela 2.
Tabela 2: Distribuição dos enfermeiros que trabalham na Unidade Pronto Atendimento-UPA, de Porto Nacional-TO, segundo tempo de atuação do enfermeiro na UPA, setor que atua, tipo de vínculo, se atende pacientes com suspeita de Covid 19 de maneira constante, carga horária exercida.
A maioria dos enfermeiros que trabalham na UPA de Porto Nacional-TO, possuem mais de 6 anos de atuação (55%), atuam na triagem/assistência (64%), são efetivos (64%), sempre atendem pacientes com suspeita de Covid-19 (2%) e a carga horária trabalhada é de 40 horas semanais (100%). Outras variáveis analisadas, foram: alterações adquiridas durante a atuação na UPA, qualidade do sono, treinamento, aumento de carga horária, pensamento de abandonar a profissão, atividade para aliviar a tensão profissional, remuneração, se já foi infectado pelo Covid-19, conforme apresentado na Tabela 3.
Tabela 3: Distribuição dos enfermeiros que trabalham na Unidade Pronto Atendimento-UPA, de Porto Nacional-TO, segundo alterações adquiridas durante a atuação na UPA, qualidade do sono, treinamento, aumento de carga horária, pensamento de abandonar a profissão, atividade para aliviar a tensão profissional, remuneração, se já foi infectado pelo Covid-1.
Segundo os enfermeiros, as alterações que mais se destacaram nos enfermeiros, foram: estresse/irritabilidade (28%), ao qual a maioria apresenta uma qualidade de sono regular (64%). 73% dos enfermeiros afirmaram que não tiveram alteração de carga horária durante a pandemia, sendo que esse mesmo quantitativo afirmou já ter pensado em abandonar a profissão. 82% dos enfermeiros afirmaram que praticam atividade para aliviar a tensão, sendo que as atividades citadas, foram: atividade física e lazer. 100% dos enfermeiros não se consideram bem remunerados e 55% deles contraíram a Covid-19 durante o exercício profissional.
Quanto ao acesso aos equipamentos de proteção individual (EPI), necessários para o exercício da profissão frente ao atendimento de pacientes com suspeita e/ou confirmado de Covid-19, 73% afirmaram que nem sempre possuem acesso a todos os EPIs necessários, conforme apresenta o Gráfico 1.
Gráfico 1: Acesso aos equipamentos de proteção individual (EPI), necessários para o exercício da profissão frente ao atendimento de pacientes com suspeita e/ou confirmado de Covid-19.
Fonte: Pesquisa realizada pelas acadêmicas (2024)
Procurou-se identificar o que mais impactou o enfermeiro na experiência com o Covid-19, sendo que as falas foram: “a luta árdua da enfermagem na busca de salvar vidas frente ao cenário de falta de oxigênio no Brasil; Evolução rápida do paciente ao óbito; sentimento de impotência; mudança na rotina; adaptação; às famílias que sofriam com a perda de seus entes queridos; desgaste físico e psicológico; isolamento; falta de materiais e insumos; falta de profissionais”.
4 DISCUSSÃO
Os resultados apresentados neste estudo são de grande relevância para o avanço científico que trata sobre o enfrentamento da pandemia em unidades de urgência e emergência, ao verificar impactos reais no desenvolvimento da profissão de Enfermagem. Desta maneira, percebe-se a necessidade de elaboração de mais políticas públicas e estratégias institucionais que viabilizem a reorganização dos processos de trabalho, especialmente no que diz respeito ao suporte psicológico e emocional do enfermeiro, além da disponibilidade adequada de recursos materiais e humanos.
Assim, ressalta-se que frente ao estabelecimento de uma nova demanda de cuidado, que foi estabelecida pela instalação da pandemia de Covid-19, o enfermeiro é forçado a pensar e a repensar suas ações de cuidado, readequando o trabalho por meio de práticas assertivas, ágeis e resolutivas. Neste contexto, a enfermagem provoca e sofre reflexos, nos contextos social, econômico, político e histórico. Todos esses reflexos são provenientes dos desafios impostos pelo Covid-19, que coloca em evidência o potencial do papel do profissional de enfermagem nos centros de saúde, que sofrem com a preocupação e medo de contraírem e repassarem o vírus (CHAVES et al., 2020).
Foram tempos difíceis, ao qual o enfermeiro precisou doar o melhor de si mesmo, desencadeando fatores estressores, reconhecidos como característicos do cotidiano desses profissionais que atuam na UPA. Sobre esse fator, Gallasch et al., (2020) acrescentam que o novo coronavírus trouxe para os enfermeiros novos desafios a serem enfrentados diante à contraposição existente entre a necessidade de se disponibilizar uma assistência resolutiva com base em Protocolos Operacionais Padrões (POP) específicos para a Covid-19 e o comprometimento com as ofertas das condições de trabalho, que são formados por fatores estruturais e psicossociais, além dos aspectos relacionados aos serviços de saúde.
O esgotamento dos enfermeiros, deste e de outros estudos, são visíveis por meio da (in)satisfação com o dia a dia do trabalho, do pensamento de desistir da profissão, da insatisfação profissional, de conflitos interpessoais e até mesmos dos danos provocados nos pacientes por uma doença que, até os dias de hoje, ainda provoca surpresas indesejáveis. O pensamento de abandonar a profissão demonstrado por alguns profissionais deste estudo, foi também descrito no estudo de Ampos et al., (2023) estando esse pensamento associado ao grande número de óbitos e ao contato direto com o sofrimento dos pacientes.
O cuidado com a saúde física e mental foram citados neste estudo pelos enfermeiros ao afirmarem que praticam atividades como exercícios físicos e lazer para aliviar a tensão. O descanso, o exercício físico e a alimentação adequada foram descritos por Pinheiro et al., (2023) como práticas de prevenção de problemas de saúde mental e melhoria da imunidade. Macedo et al., (2022) complementam que profissionais da enfermagem que utilizam essas práticas, demonstram mais benefícios na atenuação de fatores estressores.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o surgimento da pandemia do Covid-19 que os profissionais da saúde, especialmente o enfermeiro, ficaram expostos a diversas vulnerabilidades. Ao se analisar o impacto da Covid-19 nos profissionais de enfermagem da Unidade Pronto Atendimento (UPA) do município de Porto Nacional-TO, foi possível verificar que os enfermeiros adquiriram estresse, irritabilidade e alterações emocionais, além de sentirem que tiveram a qualidade do sono prejudicada.
É inegável que a pandemia provocou impactos na vida do enfermeiro, pois os mesmos precisaram se adaptar à nova realidade vivenciada, tanto no âmbito físico quanto psicológico, ao se considerar que os profissionais tiveram, e ainda têm, a necessidade de enfrentar desafios nunca vivenciados antes.
Assim, sugere-se que cuidados imediatos sejam implementados em todos os níveis de assistência à saúde, pois assim será possível diminuir resultados ainda mais negativos na saúde mental e física desses profissionais que são essenciais na assistência do paciente.
REFERÊNCIAS
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¹Acadêmicas do Curso de Enfermagem – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos;
²Professora–Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos