ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM PORTADORES DE DOENÇA DE PARKINSON IDIOPÁTICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11220088


Elenkaliana Amparo dos Santos1
Orientadora: Roberta de Melo Roiz2


RESUMO 

A Doença de Parkinson Idiopática (DPI) é um problema de saúde pública, e caracteriza-se como uma condição  neurológica crônica de caráter progressivo ocasionada devido a degeneração da substância negra dos neurônios  em uma região específica do mesencéfalo. O presente estudo tem como objetivo analisar a relevância da atuação  do fisioterapeuta no suporte ao paciente com DPI e incontinência urinária, além de avaliar a eficácia da estimulação  do nervo tibial posterior e da ginástica hipopressiva na gestão da incontinência urinária em pacientes com DPI. Trata-se de uma revisão integrativa de natureza básica com objetivos exploratórios por meio de pesquisa  bibliográfica, cuja busca dos artigos ocorreu nas principais bases de dados com recorte temporal de cinco anos.  Constatou-se que o fisioterapeuta é fundamental na avaliação e no tratamento da incontinência urinária em  pacientes com DPI, pois por meio da fisioterapia uroginecológica oferece uma abordagem individualizada e  holística, visando fortalecer os músculos do assoalho pélvico, melhorar o controle da bexiga e reduzir os sintomas  de incontinência urinária. Também se evidenciou que embora diversas abordagens terapêuticas, como a  Estimulação Transcutânea do Nervo Tibial (ETNT), a neuromodulação e da ginástica hipopressiva, tenham  demonstrado eficácia na melhoria dos sintomas urinários, alguns estudos apontam para a necessidade de mais  evidências clínicas para confirmar sua efetividade. O fisioterapeuta desempenha um papel importante na educação  e no suporte aos pacientes e suas famílias, fornecendo informações sobre o manejo da incontinência urinária e  estratégias para melhorar a função da bexiga, além de corroborar para melhor qualidade de vida dos pacientes.  

Palavras-chave: Estimulação Transcutânea. Fisioterapia. Incontinência urinária. Parkinson.

ABSTRACT 

Idiopathic Parkinson’s Disease (IPD) is a public health problem and is characterized as a chronic, progressive  neurological condition caused by degeneration of the substantia nigra neurons in a specific region of the midbrain.  The aim of this study is to analyze the relevance of physiotherapists’ work in supporting patients with IPD and  urinary incontinence, as well as to assess the effectiveness of posterior tibial nerve stimulation and hypopressive  gymnastics in managing urinary incontinence in patients with IPD. This is an integrative review of a basic nature  with exploratory objectives through bibliographic research, whose search for articles took place in the main  databases with a time frame of five years. It was found that physiotherapists are fundamental in the assessment  and treatment of urinary incontinence in patients with ILD, as through urogynaecological physiotherapy they offer  an individualized and holistic approach aimed at strengthening the pelvic floor muscles, improving bladder control  and reducing the symptoms of urinary incontinence. It has also been shown that although various therapeutic  approaches, such as Transcutaneous Tibial Nerve Stimulation (TTS), neuromodulation and hypopressive  gymnastics, have shown efficacy in improving urinary symptoms, some studies point to the need for more clinical  evidence to confirm their effectiveness. Physiotherapists play an important role in educating and supporting  patients and their families, providing information on the management of urinary incontinence and strategies to  improve bladder function, as well as contributing to a better quality of life for patients.  

Keywords: Transcutaneous stimulation. Physiotherapy. Urinary incontinence. Parkinson’s disease.

1. INTRODUÇÃO  

A Doença de Parkinson Idiopática (DPI) é um problema de saúde pública, e caracteriza se como uma condição neurológica crônica de caráter progressivo ocasionada devido a  degeneração da substância negra dos neurônios em uma região específica do mesencéfalo  (Suzuki; DeCarvalho, 2021). A doença tem maior incidência, entre 1 a 2 % em todo o mundo,  em idosos e prevalência no Brasil de 3% em idosos (Navarro, 2015). É considerado a segunda  doença neurodegenerativa mais comum no mundo principalmente entre indivíduos com mais  de 60 anos e apresenta maior incidência no sexo masculino. Nos últimos anos, o aumento da  expectativa de vida contribuiu para a transição demográfica e o crescimento exponencial da  população idosa, aumentando o impacto da DPI (Ferreira, 2020). 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta a Doença de Parkinson Idiopática  (DPI) como a segunda doença crônica, degenerativa, do sistema nervoso central mais frequente  do mundo. Existem mais de 4 milhões de pessoas com DPI, o que significa 15% da população  mundial a partir dos 65 anos. Com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da  população, esse número pode dobrar até 2040. Estima-se, que no Brasil, 200 mil pessoas vivam  com a enfermidade (Brasil, 2021). 

A etiologia da Doença de Parkinson é idiopática, entretanto, acredita-se que fatores  ambientais e genéticos contribuem para o desenvolvimento neurodegenerativo da DPI (Martins  et al., 2020). Apesar da sintomatologia clássica da DPI ser facilmente identificada por meio da  clínica, o curso degenerativo é lento, o que dificulta o diagnóstico precoce. O  envelhecimento das regiões externas do sistema dopaminérgico nigroestriatal, atrelado ao  envelhecimento do sistema nervoso autônomo periférico, repercute na manifestação dos  inúmeros sinais e sintomas não-motores (Suzuki; DeCarvalho, 2021).  

Portanto, as manifestações autonômicas da DPI relacionam-se ao envelhecimento das  células presente no sistema nervoso autônomo e periférico, sendo as principais: disfagia,  disfunções cardiovasculares, urogenitais, termorregulatórias, respiratórias e gastrointestinais. A  disfunção autonômica em pacientes com DPI contribui de forma significativa para o surgimento  de sintomas do trato urinário inferior, e os pacientes costumam apresentar com maior  prevalência: noctúria, aumento da frequência, urgência e Incontinência Urinária (IU) (Martins  et al., 2020). Isso ocorre, pois na DPI, a IU está associada a alterações do funcionamento da  bexiga, como a elevação da frequência de contrações não inibidas e relaxamento do detrusor  anormal, bem como o comprometimento da contratilidade e diminuição da capacidade de  armazenar urina na bexiga (Cordeiro et al., 2019).

Na DPI, a fraqueza muscular na região pélvica contribui para a perda involuntária de  urina, e a fisioterapia é geralmente a primeira recomendação para prevenir e tratar essas  disfunções. Fisioterapeutas pélvicos desempenham um papel crucial no tratamento da IU em  pacientes com DPI, utilizando uma variedade de técnicas e exercícios para fortalecer a  musculatura do assoalho pélvico e melhorar o controle da bexiga e dos esfíncteres. Isso  promove uma melhora na bexiga hiperativa e oferece aos pacientes um melhor controle urinário  e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida (Sakakibara et al., 2015). 

Entre as queixas urinárias relacionadas aos pacientes com DPI estão a urgência e  frequência urinária e noctúria. A incontinência urinária (IU) em pacientes com DPI pode ser  por vários fatores, como tremores, os quais dificultam a ida ao banheiro, rigidez dificultando um  bom relaxamento dos músculos do assoalho pélvico, ocasionando IU. Além disso, esses  pacientes podem enfrentar déficits funcionais, lentidão nos movimentos, fraqueza muscular e  tremores, que podem comprometer sua capacidade de usar o banheiro corretamente e aumentar  o risco de quedas (Ginsberg, 2013). 

O tratamento da IU poderá ser invasivo ou conservador, como a fisioterapia e dependerá  do diagnóstico, da identificação da doença de base e do tipo de perda urinária. A fisioterapia  atua por meio de ações de prevenção, na educação em saúde através do ensino acerca da função  miccional, e no fortalecimento e reeducação da musculatura pélvica, por meio da utilização  recursos como o biofeedback, mudanças comportamentais, eletroestimulação neuromuscular,  os cones vaginais e a cinesioterapia (Santos; Ferro, 2022).  

Assim, o presente estudo tem como objetivo analisar a relevância da atuação do  fisioterapeuta no suporte ao paciente com Doença de Parkinson Idiopática e incontinência  urinária, além de avaliar a eficácia de técnicas fisioterapêuticas como a estimulação do nervo  tibial posterior, a neuromodulação e a ginástica hipopressiva na gestão da incontinência urinária  em pacientes com Doença de Parkinson Idiopática. 

2. REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1 DOENÇA DE PARKINSON IDIOPÁTICA 

Existem muitos tipos de doenças neurodegenerativas que causam danos em diferentes  partes do cérebro e de formas diferentes. A Doença de Parkinson Idiopática é definida pela  morte das células do mesencéfalo na área de substância negra, onde é produzida a dopamina,  um neurotransmissor sendo responsável pelo controle do movimento (Brasil, 2021).

Pacientes com a DPI normalmente cursam com déficits motores de tremor e lentificação  dos movimentos (bradicinesia), sendo os principais sintomas notados. Com a cronicidade  desses déficits, com a evolução da doença, surgem outros comprometimentos, tais como perda  da capacidade funcional, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita.  Além disso, costumam apresentar sintomas relacionados a bexiga hiperativa, que inclui  urgência, polaciúria e noctúria, com ou sem incontinência urinária de urgência, sendo os  sintomas urinários mais comuns da doença. Todos esses comprometimentos e possíveis  sintomas, a DPI pode causar um desgaste físico e emocional, trazendo grandes limitações no  desenvolvimento das suas funções diárias (Vaughanet al., 2019). 

O diagnóstico da DPI consiste, principalmente, em uma boa anamnese e exame físico,  bem como na clínica dos sintomas motores e não-motores. Além disso, é necessário realizar a  exclusão de outras patologias e diagnósticos que possam simular o quadro clínico semelhante  ao da doença. Embora ainda não tenham encontrado a cura para a DPI, o tratamento tem como  finalidade o alívio da sintomatologia, melhora da a qualidade de vida e retardamento da  progressão da doença (Ferreira, 2020). 

2.2 A RELAÇÃO ENTRE A INCONTINÊNCIA URINÁRIA E A DOENÇA DE PARKINSON  IDIOPÁTICA 

A Incontinência Urinária (IU) é uma patologia que acomete muitas pessoas em  diferentes fases da vida. Entretanto, muitas vezes essa condição pode ser debilitante quando  afeta a população idosa, incluindo os que possuem comorbidades associadas, como por exemplo  a doença de Parkinson idiopática (DPI). A definição de IU consiste na perda involuntária de  urina e apresenta algumas classificações de acordo com a forma dessa perda, podendo ser  definida como: incontinência de urgência, incontinência de esforço e incontinência mista  (Abrams et al., 2018). 

Na DPI, a IU é frequentemente associada a alterações na função da bexiga, incluindo  aumento da frequência de contrações não inibidas e padrões anormais de relaxamento do  detrusor. Os sintomas urinários mais comuns na DPI incluem urgência miccional, noctúria e  incontinência urinária de urgência, que podem estar presentes desde o estágio motor inicial da  doença e tendem a aumentar em prevalência e gravidade à medida que a doença progride  (Suzuki; DeCarvalho, 2021). 

O diagnóstico da IU no paciente com DPI é feito por meio da análise da história clínica,  do exame físico e avaliação urodinâmica e o tratamento é multifacetado, e realizado mediante a gravidade dos sintomas e a classificação da IU. Existem diversos tipos de tratamento para IU,  dentre eles os principais são a terapia comportamental, fisioterapia convencional, administração  de medicamentos que atuam diretamente no sistema nervoso central e, em alguns casos,  intervenções cirúrgicas (Sakakibara et al., 2015). 

A terapia comportamental é uma ferramenta utilizada em conjunto com outras técnicas  que tem como finalidade minimizar ou até mesmo eliminar os sintomas e desconfortos  urinários, incluindo a IU. Essa terapia é muito utilizada por fisioterapeutas e consiste na  educação sobre a condição de saúde, mudanças em hábitos de vida e alimentares, bem como o  treinamento vesical (Méndez et al., 2022).  

É importante salientar que o paciente que possui associação entre a IU e a DPI pode  apresentar rebaixamento do quadro clínico, limitação nas Atividades de Vida Diária (AVDs),  corroborando para questões psicossociais como o isolamento social, ansiedade e até mesmo  depressão. Assim, a identificação e intervenção precoce, bem como o manejo de forma ágil  para melhorar a IU no paciente que possui DPI é fundamental visando a melhoria da qualidade  de vida e o bem-estar (Cordeiro et al., 2019). 

2.3 FISIOTERAPIA UROGINECOLÓGICA 

A fisioterapia uroginecológica é uma especialidade da fisioterapia que, dentre as  múltiplas finalidades, atua no tratamento e na prevenção de disfunções do assoalho pélvico,  como por exemplo, a Incontinência Urinária (IU). As orientações do fisioterapeuta, fundamentais no tratamento da IU, devem ser realizadas não apenas para realização de  exercícios durante as sessões, mas também para o engajamento do paciente em exercícios  específicos e adoção de posturas adequadas no dia a dia, mas também na regulação da ingestão  de líquidos para controlar a micção (Figueiredo, 2015). 

No entanto, compreende-se que, em alguns casos, a aplicação dessas orientações de  forma isolada pode não ser tão eficaz. Dessa forma, a combinação de orientações com a  aplicação de manobras convencionais e demais estratégias e ferramentas fisioterapêuticas,  como a cinesioterapia e o uso de cones vaginais, pode resultar em uma maior eficácia no  tratamento da IU (Ribeiro et al., 2016). 

Dentre as diversas técnicas utilizadas no contexto da fisioterapia uroginecológica, a  ginástica hipopressiva tem se demonstrado eficaz, tanto quando aplicada isoladamente quanto  em combinação com outras técnicas. A ginástica hipopressiva resulta na realização de manobras  e exercícios com objetivo de promover uma contração dos músculos profundos do abdômen e do períneo, sem aumentar a pressão intra-abdominal (Figura 1) visando o fortalecimento da  musculatura abdominal e do assoalho pélvico, e contribuindo para a melhora dos sintomas da  IU (Silva et al., 2017). 

Figura 1. Técnica da ginástica abdominal hipopressiva. 

Fonte: Cristoforu (2019). 

As terapias combinadas apresentam melhor resultado, quando comparadas a aplicação  da técnica convencional isolada, na resolução dos sintomas da IU. Essas terapias contribuem  para o fortalecimento e propriocepção dos músculos do assoalho pélvico e a eficácia dessas  abordagens só contribuem para discussões acerca da importância da fisioterapia  uroginecológica como uma opção de tratamento efetiva para a IU (Ribeiro et al., 2016). 

2.4 ESTIMULAÇÃO DO NERVO TIBIAL POSTERIOR 

A Estimulação do Nervo Tibial Posterior (ENTP) é uma técnica fisioterapêutica, não  invasiva, que consiste na técnica de neuromodulação que tem sido muito utilizada no tratamento  de doenças como bexiga hiperativa, bexiga neurogênica e a Incontinência Urinária (IU). A  estimulação ocorre por meio de um pequeno dispositivo de estimulação elétrica que é inserido  próximo ao nervo tibial, na região tíbio-társica, fornecendo estímulos elétricos de baixa  intensidade, conforme disposto na Figura 2 (Monteiro et al., 2017). 

Figura 2. Localização da aplicação dos eletrodos da eletroestimulação transcutânea do nervo tibial posterior.

Fonte: Meyer et al. (2020). 

A ENTP contribui na melhoria dos sintomas de IU, por meio da redução da frequência  e da urgência urinária. Essa melhoria é possível através do mecanismo de ação da ENTP, o qual  consiste na modulação da atividade dos nervos sacrais e pélvicos, que desempenham um papel  importante no controle da bexiga e dos esfíncteres urinários (Meyer et al., 2020). A aplicação  da ENTP deve, preferencialmente, ser realizada em sessões semanais, seguindo uma  continuidade em semanas, e alguns pacientes podem apresentar melhora considerável dos  sintomas logo nas primeiras sessões. Além disso, essa técnica é muito discutida e considerada  uma boa opção de tratamento para IU, pois apresenta poucos efeitos colaterais e mecanismo de  ação direcionado (Tomasi et al., 2014). 

Entretanto, embora a ENTP seja uma opção de tratamento que traga benefícios e  repercussões positivas para alguns pacientes, é importante considerar que nem todos  apresentaram respostas satisfatórias a esse tipo de terapia. Portanto, é fundamental que haja uma  avaliação criteriosa pelo fisioterapeuta antes de iniciar o tratamento. Assim, compreende-se que  o fisioterapeuta desempenha um papel essencial na aplicação dessa técnica visando a melhora  do quadro clínico (Cavenaghi et al., 2020). 

3. METODOLOGIA 

O método utilizado no presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, de natureza  básica, abordagem qualitativa e classificação exploratória. A coleta de dados foi realizada no  período de março de 2023 a abril de 2024, com bases em artigos da língua portuguesa e inglesa  que expusessem estudos relacionados ao tema, promovendo respostas ao objetivo da pesquisa.  As buscas realizadas para seleção dos artigos foram por meio da base de dados do Mega Buscador da Periódica Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, da Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),  Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e Pubmed. Foram encontrados no total, 145 achados  científicos, utilizando-se na construção da revisão bibliográfica apenas 24 dos encontrados,  através dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Estimulação Transcutânea”.  “Fisioterapia”. “Incontinência urinária”. “Parkinson”, conforme apresentação no quadro 1. 

Nas etapas seguintes foram realizadas leituras dos artigos para a familiarização do tema  abordado, com recorte temporal de 2014 a 2022. Os critérios para inclusão dos artigos nesta  revisão foram pautados em estudos que abordassem atuação do fisioterapeuta no suporte ao  paciente com Doença de Parkinson Idiopática e incontinência urinária, trabalhos traduzidos  para a língua portuguesa e que estivessem na íntegra. Como método de exclusão, pesquisas que  não relataram sobre a atuação do fisioterapeuta no suporte ao paciente com Doença de 

Parkinson Idiopática e incontinência urinária, e acerca da eficácia da estimulação do nervo tibial  posterior e outras abordagens terapêuticas na gestão da incontinência urinária em pacientes com  Doença de Parkinson Idiopática e que não se adequassem ao recorte temporal de 10 anos e/ou  que não estivessem na íntegra.  

Após a seleção dos artigos foi realizada a identificação das informações e os dados  constantes dos achados com relação ao tema nos artigos. Posteriormente, se estabeleceram  relações entre as informações e os dados obtidos com o problema proposto e foi feita a análise  da consistência das informações e dados apresentados pelos autores.  

Em seguida, foram levantados os pontos que seriam abordados na presente pesquisa de  forma a responder aos objetivos e contemplar o tema central do objeto de estudo. Com base  nesse levantamento e na comparação com o que foi analisado nos artigos, deu-se início à  elaboração da escrita do estudo separando-os, inicialmente, em um quadro com informações  (autores, ano, objetivo e resultados) dos artigos selecionados. Em seguida, foram separados os  principais resultados acerca da temática comparando entre os autores e realizado a discussão.  Por fim, após toda a construção, análise e reflexão das informações obtidas por meio da revisão  foi construída a conclusão, de forma a atingir os objetivos e trazer novas perspectivas, desafios  e limitações encontrados na construção do presente estudo. 

Quadro 1. Fontes e descritores em ciências da saúde utilizados para busca dos artigos.

FonteDescritores em Ciências da Saúde (DeCS)
BVS “Estimulação Transcutânea” and “Fisioterapia” and “Incontinência urinária” and “Parkinson”. “Transcutaneous Stimulation” and ‘Physiotherapy’ and ‘Urinary Incontinence’ and  ‘Parkinson’s’.
CAPES “Estimulação Transcutânea” and “Fisioterapia” and “Incontinência urinária” and “Parkinson”.
PEDro “Transcutaneous Stimulation” and ‘Physiotherapy’ and ‘Urinary Incontinence’ and  ‘Parkinson’s’.
Pubmed “Transcutaneous Stimulation” and ‘Physiotherapy’ and ‘Urinary Incontinence’ and  ‘Parkinson’s’.
SciELO “Estimulação Transcutânea” and “Fisioterapia” and “Incontinência urinária” and “Parkinson”. “Transcutaneous Stimulation” and ‘Physiotherapy’ and ‘Urinary Incontinence’ and  ‘Parkinson’s’.

Fonte: Autoria própria, 2024. 

4. RESULTADOS  

O quadro 2 demonstra a seleção dos estudos utilizados após a identificação dos  elementos de pesquisa. Os estudos foram elegíveis para a composição dos resultados, que  relataram sobre a atuação do fisioterapeuta no suporte ao paciente com Doença de Parkinson  Idiopática e incontinência urinária e acerca da eficácia da estimulação do nervo tibial posterior  e outras abordagens terapêuticas na gestão da incontinência urinária em pacientes com Doença  de Parkinson Idiopática.

Quadro 2. Distribuição dos estudos mais relevantes para a pesquisa organizados quanto à autoria/ano, objetivo, métodos e resultados.

Autor e ano Objetivo Métodos Resultados
Kabay et al. 2016 Investigar o efeito do  tratamento percutâneo com  estimulação do nervo tibial posterior em relação aos achados urodinâmicos em  pacientes comDoença de Parkinson Idiopática (DPI) após 12 semanas de tratamento.Trata-se de um ensaio realizado com 47  pacientes com DPI com hiperatividade  neurogênica do detrusor. Foram realizados estudos urodinâmicos antes e após 12  semanas de tratamento com estimulação  percutânea do nervo tibial posterior.Os resultados demonstraram que a estimulação do nervo tibial posterior melhora os sintomas do trato  urinário inferior e os parâmetros urodinâmicos em  pacientes com Doença de Parkinson Idiopática  (DPI) após 12 semanas 
Perissinotto et al. 2015 Avaliar o efeito da estimulação  transcutânea do nervo tibial no tratamento de sintomas do trato  urinário inferior em pacientes com Doença de Parkinson idiopática. Trata-se de um ensaio clínico randomizado  realizado na Clínica Urológica e Neurológica  da Universidade Estadual de Campinas  (Unicamp), Campinas, Brasil. A coleta de  dados foi realizada antes e após a intervenção.  Sendo realizada por um fisioterapeuta, exceto  o estudo urodinâmico, que foi realizado por  um médico. Tanto o fisioterapeuta quanto o  médico desconheciam a atribuição do grupo  de participantes.A estimulação transcutânea do nervo tibial é eficaz  no tratamento de sintomas do trato urinário  inferior em pacientes com DP, reduzindo  episódios de urgência e noctúria e melhorando os  parâmetros urodinâmicos.
Buchman et al. 2017 Testar a hipótese de que a incontinência urinária (IU) está associada à incidência de  parkinsonismo em idosos. Trata-se de um ensaio clínico longitudinal  sobre envelhecimento e cognição,  empregando a avaliação clínica estruturada  comum e coleta de dados. Mais de 3.076  pessoas inscreveram-se para participar do  estudo, entretanto, após aplicação dos  critérios de inclusão apenas 2.617 pessoas  foram incluídas nessas análises. Cada sujeito  teve uma avaliação estruturada uniforme que  incluiu histórico médico, exame médico e  neurológico e testes cognitivos.No início do estudo, mais de 45% dos  participantes relataram algum grau de  incontinência urinária. Ao longo de uma média de  quase 8 anos de acompanhamento, a incontinência  urinária foi associada ao incidente de  parkinsonismo. Logo, confirmou-se que a incontinência urinária pode ser um indicador  precoce de disfunção cerebral e em alguns casos  relaciona-se ao agravamento de doenças neurológicas como à doença de Parkinson.
Pacheco et al. 2018 Analisar a eficácia do  tratamento da bexiga  hiperativa por meio da técnica de Eletroestimulação  Transcutânea e por meio da Eletroestimulação Percutânea do nervo tibial em  Parkinsonianos.Trata-se de uma revisão sistemática, onde a  pesquisa dos artigos ocorreu por meio das  bases de dados MEDLINE, da SciELO, da  PEDro, da BVS, no ano de 2017. Não foi utilizado recorte temporal para busca dos artigos científicos. Os artigos apresentaram-se favoráveis a  estimulação tibial e demonstraram que terapias de  eletroestimulação tibial, tanto transcutânea, quanto percutânea são eficazes para o tratamento  da bexiga hiperativa em parkinsonianos, Entretanto, devem ser avaliados os diversos vieses. 
Dias et al. 2019 Identificar os benefícios que a fisioterapia proporciona no  desempenho funcional do paciente com Doença de Parkinson Idiopática.Foi realizada uma revisão de literatura, a  partir das evidências obtidas em publicações  científicas, nas bases eletrônicas BIREME,  LILACS, MEDLINE, utilizando artigos com  recorte temporal entre os anos de 2000 e  2017.A fisioterapia com programas de fortalecimento  muscular e condicionamento aeróbio tem  benefícios para pacientes com DP, pois reduz  sintomas relacionados às questões urinárias,  hipocinesia, bradicinesia e distúrbios da marcha. A  eficácia do tratamento fisioterapêutico sobre o equilíbrio estático e dinâmico além da parte  urinária melhorou a capacidade funcional desses  pacientes.
Vaughan et al. 2019 Determinar a eficácia da  terapia comportamental para sintomas urinários na Doença  de Parkinson Idiopática (DPI).Trata-se de um ensaio randomizado de  terapia comportamental comparado à  condição de controle entre adultos com  Parkinson e ≥ 4 episódios de incontinência  semanais. A terapia comportamental inclui  exercícios para os músculos do assoalho pélvico, treinamento da bexiga, controle de líquidos e constipação. Ambos os grupos  completaram o automonitoramento do diário  vesical.Dos 53 participantes randomizados, 47 relataram  resultados em 8 semanas, incluindo terapia  comportamental e 21 controles. Os participantes  comportamentais versus controle foram  semelhantes em relação à idade, sexo, escore  motor, cognição, média de episódios semanais de  incontinência. O automonitoramento resultou em  diminuição dos sintomas urinários; no entanto, apenas a terapia comportamental  multicomponente foi associada à redução do  incômodo e à melhora da qualidade de vida.
Azevedo et al. 2021 Avaliar os efeitos da  fisioterapia convencional  associada à neuromodulação  na bexiga e intestino  neurogênicos na Doença de  Parkinson Idiopática.Foi realizado um estudo piloto. Os  participantes, após assinarem o termo de  consentimento, foram submetidos a avaliação  das funções eliminatórias, qualidade de vida  e estágio da doença por meio de instrumentos  específicos. Os sujeitos realizaram dezesseis sessões de neuromodulação parassacral e acompanhamento da fisioterapia  convencional.Os resultados demonstraram que os pacientes  obtiveram melhora dos sintomas urinários,  evacuatórios e dos domínios de qualidade de vida.  Foi apresentado também aumento da capacidade vesical que embora não significativos já  expressam melhora do quadro clínico. Também  houve melhora para frequência evacuatória, consistência das fezes e eliminação do esforço  para evacuar.
Li et al. 2022 Realizar uma revisão para  determinar a prevalência geral dos sintomas do trato urinário e seus subtipos, incluindo incontinência e retenção urinária em pacientes com  Doença de Parkinson Idiopática (DPI). Trata-se de uma revisão sistemática por meta análise, onde as buscas ocorreram por meio  dos bancos de dados da PubMed, EMBASE e Web of Science de janeiro a maio de 2022. A  prevalência agrupada é calculada através de  modelos de efeitos aleatórios. Foram realizadas análises de meta-regressão e de ubgrupos.Os sintomas do trato urinário e seus subtipos estão  presentes em uma proporção significativa, cerca  de 61% dos estudos avaliados com pacientes com Doença de Parkinson Idiopática (DPI). A incontinência urinária e retenção urinária não são incomuns na DPI.
McClurg et al. 2022 Avaliar se a estimulação  transcutânea do nervo tibial é uma opção terapêutica eficaz  para o tratamento de sintomas  de Doença de Parkinson  idiopática.Trata-se de um ensaio clínico, onde os  participantes foram recrutados em 12  ambientes comunitários de atendimento  ambulatorial do Reino Unido, onde  normalmente eram prestados cuidados de  Doença de Parkinson idiopática. Os 121  participantes do grupo intervenção colocaram o eletrodo de superfície autoadesivo em cada  perna, 2 cm atrás do maléolo medial (dentro  do tornozelo) e o eletrodo positivo 10 cm  próximo a ele. Já os 121 participantes do  grupo placebo colocaram os eletrodos no lado  lateral da perna (fora do tornozelo), evitando  assim o nervo tibial e os nervos cutâneos  relevantes.A estimulação transcutânea do nervo tibial  demonstrou ser seguro com um alto nível de  adesão. Houve uma mudança significativa, 71%  do grupo intervenção e 52% do grupo placebo, em  uma das medidas de resultados co-primários,  relacionado às questões e sintomas da IU, no final  do período de tratamento. São necessários mais  ensaios clínicos randomizados completos para  determinar tratamentos eficazes.
Smith et al. 2022 Evidenciar a eficácia do  manejo fisioterapêutico como  intervenção dos distúrbios  urinários em indivíduos com  Parkinson.Trata-se de uma revisão sistemática que  utilizou estudos que tratassem acerca das  intervenções fisioterapêuticas para a  incontinência urinária em pacientes com DPI.  Foram selecionados para composição estudos  que retratassem sobre as intervenções  fisioterapêuticas, como exercícios do  assoalho pélvico, em pacientes com DPI e  incontinência urinária.Os resultados demonstraram que as intervenções  fisioterapêuticas, incluindo exercícios do assoalho  pélvico e estimulação do nervo tibial posterior, são  eficazes na melhoria da função miccional e na  redução dos sintomas de incontinência urinária em  pacientes com DPI. 

 Fonte: Autoria Própria, 2024.

5. DISCUSSÃO 

Os estudos têm demonstrado a importância da fisioterapia no tratamento da  incontinência urinária (IU) em pacientes com Doença de Parkinson Idiopática (DPI), visando o  fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico e promoção do controle da bexiga  neurogênica, por meio de técnicas fisioterapêuticas como a estimulação do nervo tibial  posterior, a neuromodulação e a ginástica hipopressiva. Nesse sentido, Dias et al. (2019) corroboram com a afirmativa e destacam a importância da fisioterapia e de estratégias  terapêuticas específicas para intervir diante dos sintomas e melhorar a qualidade de vida desses  pacientes. 

De acordo com o estudo de Smith et al. (2022), a atuação do fisioterapeuta junto ao  paciente com Doença de Parkinson Idiopática (DPI) e Incontinência Urinária (IU) é  fundamental, visto que as duas condições comprometem as Atividades de Vida Diária (AVDs).  O estudo revelou que cerca de 27% dos pacientes com DPI são acometidos por IU, decorrente  de associações entre o enfraquecimento do assoalho pélvico, disfunções do trato urinário  inferior e comprometimento cognitivo. Os autores também constataram que dentre as  abordagens existem as farmacológicas, como o uso de anticolinérgicos e beta-3ª agonistas, e as  não farmacológicas como a fisioterapia convencional, que pode ser realizada por meio de  intervenções como a estimulação do nervo tibial posterior e exercícios específicos do assoalho  pélvico, visando melhorar a função miccional e reduzir os sintomas de incontinência.  

A revisão sistemática realizada por Li et al. (2022) demonstrou que a incontinência e  retenção urinária não são incomuns na Doença de Parkinson Idiopática (DPI) e a alta  prevalência de Sintomas do Trato Urinários (STU’s) confirmou a importância desses sintomas  como uma característica não motora notável da DPI. Os autores também referem que os STU’s  foram encontrados em mais da metade dos pacientes com DP, sendo os principais efeitos  descritos como o declínio da autoestima e da comunicação social, além de depressão, ansiedade,  deterioração da vida sexual e diminuição da atividade física. 

O estudo de Buchman et al. (2017) sugere que a associação de outras doenças  neurológicas com a DPI incide de forma exponencial em idosos, e que essa associação contribui  para a manifestação de graus variados de déficits não motores, como a Incontinência Urinária  (IU), e para combinação com deficiências motoras leves. 

Nesse sentido a revisão de Dias et al. (2019) demonstrou que a fisioterapia tem como  objetivo a prevenção e reabilitação dos pacientes com DPI atuando de forma a intervir em  questões como a melhora da disfunção física, da amplitude de movimento, do ganho de força, treino de marcha, e fortalecimento da musculatura pélvica visando a melhoria dos STU’s. Tais  ações podem ser realizadas por meio da fisioterapia convencional através de exercícios e  terapias manuais, bem como a utilização da ginástica hipopressiva, neuromodulação e a  Estimulação Transcutânea do Nervo (ETNT). 

Dentre as técnicas utilizadas para melhoria da IU nos pacientes com DP, Perissinotto et  al. (2015) trazem a ETNT como uma técnica não invasiva que tem sido difundida e relatada  nos estudos como uma ferramenta que visa melhorar os STU por meio da supressão a  hiperatividade do detrusor melhorando a capacidade da bexiga. Os autores constataram que  100% (oito) dos pacientes que receberam tratamento com a ETNT, durante cinco semanas,  apresentaram reduções significativas do número de episódios de urgência e de noctúria. Sendo  que os testes urodinâmicos revelaram que os cinco pacientes submetidos ao grupo de tratamento  convencional apresentaram melhorias no volume intravesical com forte vontade de micção. 

Pacheco et al. (2018) afirmam que a ETNT demonstrou ser eficaz no tratamento da  bexiga hiperativa neurogênica, e esses resultados podem ser observados em outras pesquisas  que empregaram o mesmo método com pacientes que possuíam diagnósticos de outras  condições neurológicas que não condizia apenas ao Parkinson. Os autores também relatam que  os resultados foram constatados através da evolução dos scores, redução dos eventos  relacionados à distúrbios urinários e pela diminuição do uso de protetores diários, determinando  que o tratamento é eficaz, destacando a importância do papel do fisioterapeuta no processo de  reabilitação. 

Corroborando com a pesquisa acima, o estudo de Perissinotto et al. (2015) demonstrou  que a avaliação do diário vesical revelou que os pacientes submetidos ao tratamento ativo com  ETNT experimentaram uma redução estatisticamente significativa no número de episódios de  urgência durante um período de 3 dias e que a técnica reduziu o número de episódios de  urgência e noctúria no registro vesical de 3 dias quando comparado aos valores basais.  

Já no estudo de Vaughan et al. (2019) eles afirmaram que a terapia comportamental  baseada em exercícios musculares do assoalho pélvico, realizada por fisioterapeutas, com a  finalidade de melhora dos sintomas urinários pode ser eficaz para os pacientes com DP. Sendo  que, dos 53 pacientes, 47 relataram melhora nos sintomas urinários em 8 semanas mediante as  intervenções comportamentais realizadas pelo fisioterapeuta. Além disso, os autores afirmam  acerca da necessidade dos participantes obterem o aprendizado de uma habilidade motora e a  implementação de uma estratégia comportamental adaptativa visando realizar a contração dos  músculos do assoalho pélvico para retardar a necessidade de urinar quando surge a urgência. 

Ainda no estudo relatado acima, os autores constataram que houve uma melhora dos sintomas urinários da bexiga hiperativa em pessoas com Doença de Parkinson Idiopática e o  tratamento comportamental multicomponente está associado à redução do incômodo e à  melhora na qualidade de vida. Além disso, no que se refere aos efeitos colaterais, a terapia  comportamental foi considerada como opção de primeira linha para pessoas com DPI, em  comparação à terapia medicamentosa ou outras intervenções.  

Em relação a técnica de estimulação do nervo tibial posterior em pacientes com  associação entre a DPI e a IU, o estudo de Kabay et al. (2016) demonstrou que com apenas uma  única aplicação da técnica de estimulação do nervo tibial posterior foi suficiente para apresentar  uma melhora do quadro de IU, entretanto, o ensaio consistia em um tratamento com duração de  12 semanas. Assim, ao final desse período foi observado também uma melhora da capacidade  cistométrica e os parâmetros do diário miccional de frequência diurna, noctúria, episódios de  incontinência de urgência e episódios de urgência melhoraram significativamente em relação  ao valor basal. 

Entretanto, para McClurg et al. (2022), apesar da ETNT ter sido eficaz em 86 dos 121  participantes (71%) com IU e DPI do grupo intervenção, foi considerada pouco significativa  quando comparada ao grupo placebo. Os autores ainda sugerem que novos ensaios clínicos  randomizados completos para sejam realizados como forma de estabelecer tratamentos e um  caminho mais evidente para afirmar o tratamento. 

Assim, no estudo piloto de Azevedo et al. (2021) realizado com 6 participantes, revelou  que os pacientes submetidos a dezesseis sessões de neuromodulação parassacral e  acompanhamento da fisioterapia convencional obtiveram melhora dos sintomas urinários,  evacuatórios e dos domínios de qualidade de vida. Também foi constatado que 83,3% dos  participantes apresentaram aumento da capacidade vesical que embora não significativos já  revelam melhora do quadro clínico, demonstrando que a associação entre a neuromodulação e  a fisioterapia convencional é eficaz para indivíduos com DPI associado a disfunções vesicais e  intestinais. 

6. CONCLUSÃO 

Após a análise dos estudos sobre a relação entre a Doença de Parkinson Idiopática (DPI)  e a Incontinência Urinária (IU), assim como a eficácia de intervenções terapêuticas, podemos  inferir que o objetivo proposto foi atingido. Os resultados evidenciaram a alta prevalência de  Sintomas do Trato Urinário (STU’s) na DPI, destacando sua relevância como uma característica  não motora notável da doença. Contudo, embora diversas abordagens terapêuticas, como a Estimulação Transcutânea do Nervo Tibial (ETNT), tenham demonstrado eficácia na melhoria  dos sintomas urinários, alguns estudos apontam para a necessidade de mais evidências clínicas  para confirmar sua efetividade. 

A intervenção do fisioterapeuta é essencial no manejo da Doença de Parkinson  Idiopática (DPI) e Incontinência Urinária (IU), dada a sua impactante interferência nas  Atividades de Vida Diária (AVDs). A associação entre o enfraquecimento do assoalho pélvico, disfunções do trato urinário inferior e comprometimento cognitivo ressalta a importância de  abordagens multifacetadas, como a fisioterapia convencional e técnicas específicas, para  melhorar a função miccional e mitigar os sintomas de incontinência. Este estudo reforça a  relevância do papel do fisioterapeuta na prevenção e reabilitação, oferecendo uma gama de  estratégias terapêuticas para otimizar a qualidade de vida dos pacientes afetados por DPI e IU. 

Percebe-se que a incontinência urinária é uma manifestação comum em pacientes com  DPI, destacando a importância de abordagens terapêuticas eficazes para melhorar a qualidade  de vida desses indivíduos. No entanto, apesar da eficácia relatada de intervenções como a  ETNT, alguns estudos levantam questões sobre a consistência dos resultados, indicando a  necessidade de estudos com maior rigor e técnica sejam realizados visando mais  esclarecimentos e eficácia dessas técnicas. 

A eficácia da ETNT no tratamento da bexiga hiperativa neurogênica proporcionou  melhorias significativas nos sintomas urinários e na qualidade de vida dos pacientes. No  entanto, é importante considerar que a eficácia da ETNT pode variar dependendo da duração e  da frequência do tratamento, destacando a necessidade de protocolos padronizados. 

Embora a terapia comportamental baseada atrelada a realização de exercícios  musculares do assoalho pélvico tenha sido apontada como uma alternativa viável para o manejo  da incontinência urinária em pacientes com DPI, é essencial reconhecer que cada paciente pode  responder de forma diferente a diferentes abordagens terapêuticas. Portanto, é fundamental uma  abordagem individualizada e multidisciplinar para o tratamento desses pacientes. 

A intervenção do fisioterapeuta por meio das sessões de neuromodulação e da ginástica  hipopressiva foi considerada eficaz no manejo da Doença de Parkinson Idiopática (DPI) em  associação com Incontinência Urinária (IU), dada as repercussões positivas nas Atividades de  Vida Diária (AVDs). Assim, além das intervenções discutidas, é fundamental reconhecer o  papel do fisioterapeuta na avaliação e no tratamento da incontinência urinária em pacientes com  DPI, pois a fisioterapia uroginecológica oferece uma abordagem individualizada e holística,  visando fortalecer os músculos do assoalho pélvico, melhorar o controle da bexiga e reduzir os  sintomas de incontinência urinária. 

O fisioterapeuta também desempenha um papel importante na educação e no suporte  aos pacientes e suas famílias, fornecendo informações sobre o manejo da incontinência urinária  e estratégias para melhorar a função da bexiga. Entretanto, apesar dos estudos trazerem  resultados promissores é relevante que haja um número maior de ensaios clínicos randomizados  como forma de aprimorar os resultados e nortear as condutas dos profissionais frente a  problemática.

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1Discente do curso de Fisioterapia da Faculdade Madre Thaís – FMT. 
2Doutora em Ciências Médicas e docente do curso de Fisioterapia da Faculdade Madre Thaís – FMT.