ENTEROCOLITE NECROSANTE (ECN): PREVALÊNCIA DE ÓBITOS DE RECÉM-NASCIDOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11214220


Francirlene Mendes Gomes¹;
Marcia Costa de Souza²;
Hanna Caroline Teles dos Santos³.


Resumo

A enterocolite necrosante (EN) é uma condição grave que predominantemente afeta recém-nascidos prematuros, caracterizada pela inflamação e necrose do intestino, potencialmente desencadeando complicações severas. O diagnóstico precoce e a intervenção terapêutica adequada são imperativos para mitigar danos irreversíveis e otimizar o prognóstico dos pacientes. Este estudo se propôs a analisar minuciosamente os aspectos da EN, além de investigar a prevalência de óbitos neonatais associados, visando elucidar práticas, estratégias de identificação e medidas preventivas. O estudo foi de revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa e de caráter exploratório, com o tipo de pesquisa descritiva segundo Köche (2016).  A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a março de 2024, nas plataformas Scielo (Biblioteca Eletrônica Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Portal de Periódicos da CAPES. As pesquisas apresentadas oferecem uma visão abrangente e detalhada sobre diferentes aspectos do cuidado neonatal e da prevenção de condições graves, como a enterocolite necrosante (ECN). O destaque dado à assistência multiprofissional reforça a necessidade de uma abordagem integrada e colaborativa para garantir a eficácia dos cuidados oferecidos aos recém-nascidos, especialmente na UTIN. A análise dos fatores de risco e proteção associados à ECN oferece insights valiosos para o desenvolvimento de estratégias preventivas direcionadas, visando reduzir a incidência e gravidade dessa doença.

Palavras-chave: Atenção de enfermagem. Diagnóstico precoce. Enterocolite necrosante. Recém-nascidos.

Abstract

Necrotizing enterocolitis (NEC) is a severe condition that predominantly affects premature newborns, characterized by inflammation and necrosis of the intestine, potentially leading to severe complications. Early diagnosis and appropriate therapeutic intervention are imperative to mitigate irreversible damage and optimize patient prognosis. This study aimed to thoroughly analyze aspects of NEC, as well as investigate the prevalence of associated neonatal deaths, with the goal of elucidating practices, identification strategies, and preventive measures. The study was an integrative literature review with a qualitative and exploratory approach, following the descriptive research type according to Köche (2016). Data collection was conducted from February to March 2024 on platforms such as Scielo (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences), and the CAPES Journal Portal. The presented research offers a comprehensive and detailed view of different aspects of neonatal care and the prevention of severe conditions like necrotizing enterocolitis (NEC). The emphasis on multiprofessional assistance reinforces the need for an integrated and collaborative approach to ensure the efficacy of the care provided to newborns, especially in the NICU. The analysis of risk and protective factors associated with NEC provides valuable insights for the development of targeted preventive strategies, aiming to reduce the incidence and severity of this disease.

Keywords: Nursing care. Early diagnosis. Necrotizing enterocolitis. Newborns.

1 INTRODUÇÃO

A Enterocolite Necrosante (EN) é uma doença clínico patológica rara, que causa um dano na mucosa do intestino, um problema que geralmente os bebês que nascem prematuramente com baixo pesos ou estão em estado grave de saúde. Sendo, uma síndrome aguda de origem multifatorial, que se caracteriza pela inflamação inexplicada da mucosa e submucosa do intestino delgado ou grosso (Bonilla Cabana et al., 2020). Essa inflamação pode evoluir para necrose difusa ou localizada após lesões hipóxias no parto, ou nos primeiros dias de vida, podendo resultar em perfurações na parede intestinal e, nos casos mais graves, comprometer extensas áreas do intestino (Da Silva et al., 2023).

Nos últimos anos, os dados epidemiológicos sobre a prevalência da EN no mundo oscilam de 1% a 5% em bebês recém-nascidos internados em unidades neonatais, sendo ainda mais alta o índice em bebês prematuros, variando de 62% a 94%. Isso acontece devido à associação da imaturidade do trato gastrointestinal com a imaturidade do sistema imunológico, tornando o bebê prematuro mais vulnerável a desenvolver essa enfermidade (Laranjeira et al., 2022). A instalação desta enfermidade é mais suscetível, quando a saúde dos bebês prematuros está comprometida, em virtude do peso abaixo de 1500g, sendo mais frequente nestes casos, e apenas 5% a 10% dos casos acontecem em bebês nascidos a termo. No entanto, a etiologia da EN não é clara, sendo alvo de constantes estudos por parte de pesquisadores e profissionais da área da saúde (Sugo, 2021).

Com isso, é importante o conhecimento desses casos, para despertar uma observação mais atenta de pais, responsáveis e equipe multidisciplinar pediátrica que atuam no cuidado destes bebês, colaborando no diagnóstico precoce, diminuindo as chances de risco de complicações, como a desnutrição severa ou até mesmo a morte (Vilaça et al., 2023).

A temática se faz tão relevante que no dia 17 de maio, celebra-se o Dia Mundial de Conscientização sobre a Enterocolite Necrosante, que visa conscientizar em todos os países, aos pais sobre a existência dessa doença, pois quanto mais cedo for detectada, melhor será a eficácia do tratamento e menor será o risco de sequelas graves. Especialistas em todo o mundo têm investigado essa doença e apontam a amamentação materna como a única forma comprovada de ajudar a prevenir a Enterocolite Necrosante. Inclusive, é recomendado o uso de bancos de leite em casos de insuficiência de leite materno, para o correto funcionamento do sistema digestivo dos bebês (Dos Santos; Meireles, 2021).

Neste prisma, na maternidade durante a prestação de cuidados ao bebê prematuro ou recém-nascido a termo, o profissional enfermeiro pode contribuir na identificação inicial da EN através de uma observação direta, a fim de diagnosticar os sintomas precocemente. Isso permite que o enfermeiro tenha as informações necessárias para conduzir um tratamento eficaz, melhorando, assim, a qualidade do cuidado prestado ao recém-nascido pela equipe multidisciplinar pediátrica (Salviano et al., 2023). Por fim o objetivo desse trabalho foi analisar os aspectos da Enterocolite Necrosante (EN) e a prevalência de óbitos de recém-nascidos, a fim de elucidaras práticas, estratégias, formas de identificação e medidas prevenção para esta condição.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Fatores e características fisiopatológicas da ECN nos neonatos

A Enterocolite Necrosante (ECN) é uma doença gastrointestinal multifatorial que acomete os neonatos, de causa relevante á morbimortalidade em prematuros, relatada significativamente nas internações em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Suas manifestações nos bebês nascidos a termo, ou seja, entre 37 e 41 semanas, se apresentam logo nos primeiros dias de vida, sendo mais relacionada a fatores de risco durante a gestação. Já nos bebês pré-termo, nascidos com menos de 37 semanas de gestação, os sintomas podem aparecer a partir da segunda semana de vida (Oli et al., 2022).

Os fatores de risco relacionados ao surgimento da enterecolite necrosante nos neonatos restringem-se a prematuridade com baixa idade gestacional (IG), que é inversamente proporcional a incidência, o baixo peso ao nascer, alterações locais e sistêmicas de fluxo sanguíneo, tipo e progressão de dieta, uso de fórmula artificial ou cirurgia abdominal, e a gemelaridade com parto prematuro (Coutinho et al., 2023).

A fisiopatologia da Enterocolite Necrosante (ECN) é impreterivelmente caracterizada pelo processo inflamatório que leva à isquemia intestinal rápida e generalizada, com necrose e perfurações devido à imaturidade intestinal. Acomete principalmente o íleo terminal, cólon ascendente e parte proximal do cólon transverso, sendo a isquemia o principal fator desencadeante (De Lacerda Roseira et al., 2024).

Tal conduta acontece somente após o nascimento, devido a quebra da esterilidade intestinal da vida intrauterina, permitindo o desenvolvimento e proliferação de bactérias patogênicas no trato gastrointestinal. Isso leva a um desequilíbrio na flora bacteriana normal, promovendo um processo inflamatório na mucosa intestinal e facilitando a translocação dessas bactérias para a corrente sanguínea, durante a atividade no sistema gastrointestinal do RN. Por isso persiste a necessidade do aleitamento materno, logo nas primeiras horas pós-parto, com a finalidade de precaver a ocorrência de ECN no bebê (Dias et al., 2023).

2.2 Diferentes estratégias e formas de identificação da ECN nos bebês

Segundo Dutra et al (2020) as manifestações sistêmicas mais comuns que permitem a identificação da ECN, durante a observação dos neonatos são a letargia, recusa alimentar, instabilidade térmica, hipo/hiperglicemia, apneia, hipotensão arterial, choque, acidose metabólica, desconforto respiratório, insuficiência respiratória, coagulação intravascular disseminada, insuficiência renal e hepática e falência de múltiplos órgãos, sintomas estes progressivos, conforme ao agravamento da doença.

Diante tais evidências sistêmicas, a radiografia abdominal é o exame preferencial para diagnóstico, e a partir do seu resultado será determinado o tratamento mais apropriado. Se houver suspeita, é recomendada a interrupção da alimentação oral e a introdução de uma sonda orogástrica para aliviar a pressão abdominal. Após a confirmação do diagnóstico, a cirurgia é considerada o tratamento padrão (Alcoforado et al., 2021).

Nos achados clínicos e radiográficos a Enterocolite Necrosante (ECN) pode ser classificada em três estágios: estádio 1 (suspeita), estádio 2 (definitiva) e estádio 3 (avançada). Conforme o estágio em que se encontra, há indicação de tratamento adequado, podendo incluir cirurgia, como se vê na tabela 1.

EstágioSinais sisgêmicosSinais intestinaisAchados radiológicosTratamento
IADistemia, apneia, braquicardia, letargiaResíduo gástrico, distensão abdominal, vômito, sangue oculto nas fezesNormais ou distensão de alçasJejum e antibiótico por 3 dias
IBIgual IASangue nas fezesIgual IAIgual IA
IIAIgual IARHA diminuídos ou abolidos, pode ter dor a palpitação abdominalPneumatoseJejum e antibióticos por 7 -10 dias
IIBÁcidose metabólica e plaquetopeniaRHA abolidos, dor a palpitação, pode ter celulite de parede e massa em QIDPode ter ar no sistema porta ou asciteJejum e antibiótico por 14 dias
IIAAcidose mista, instabilidade hemodinâmica e respiratóriaPiora da dor à palpação e distensão, eritema parede abdominalAsciteSuporte clínico, paracentese, cirurgia se não houver melhora em 24-48 h
IIBIgual IIIAIgual IIIAPneumoperitônioCirurgia
Figura 1. Estadiamento da ECN conforme os achados clínicos e radiográficos.
Fonte: Hachem et al (2022).

Conforme Hachem et al (2022) a presença do estágio 1 de enterocolite necrosante é relevante devido à possibilidade de evolução para confirmar a doença e contribui para um diagnóstico precoce. Contudo, devido ao aumento da taxa de sobrevivência de prematuros extremos, tem havido um aumento no número de pacientes classificados com estágio 1 que não desenvolvem a enterocolite confirmada. Até o momento, não existem evidências de que o estágio 1 possa avançar para estágios 2 ou 3. Frequentemente, esses casos são apenas sintomas não específicos de intolerância alimentar e, ao serem erroneamente identificados como enterocolite necrosante, acabam recebendo um tratamento agressivo.

Vale ressaltar, que a piora no quadro clínico pode indicar perfuração intestinal e peritonite, exigindo cirurgia. Geralmente, é feita a ressecção do intestino afetado e enterostomia. O tratamento preferencial inclui laparotomia exploratória, drenagem e possivelmente enteroanastomose ou ileostomia/colostomia (Leite et al., 2020).

2.3 Intervenções do enfermeiro na UTIN na assistência ao bebê prematuro ou recém-nascidos diagnosticado com ECN

Nas maternidades, a tentativa de garantir maiores chances de vida para os neonatos, com até 28 dias de vida, com diagnóstico confirmado de ECN é fundamental, desde que o acompanhamento seja nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Pois, nessa unidade especializada é possível acompanhar as situações graves ou de alto risco, que necessitam de monitoramento constante e assistência de uma equipe multiprofissional pediátrica 24 horas por dia (De Araújo et al., 2021).

Em situações de bebês nascidos antes do tempo, que são especialmente frágeis devido à idade gestacional e/ou baixo peso, é essencial que permaneçam mais tempo nas maternidades, para receber os cuidados necessários ao seu desenvolvimento. Além da prematuridade, é possível identificar níveis reduzidos de Imunoglobulina G (IgG) materna transmitida pela placenta, o que se torna um fator de risco adicional para o recém-nascido, por sua vez, diagnosticado com ECN (Faria; Magalhães, 2020). Nesse sentido, Vasques et al (2023) enfatiza que o manejo clínico realizado pelo enfermeiro deve ser iniciado tão logo quando houver suspeita de ECN, e é composto por sete procedimentos essenciais, como se mostra na Tabela 2.

Tabela 2. Procedimentos assistenciais do enfermeiro aos neonatos com ECN na UTIN.

CondutasFinalidade
JejumRepouso intestinal.
Utilização de SOG abertaDescompressão do trato gastrintestinal.
Nutrição parenteral totalDurante o período de jejum e retomada da dieta, até atingir seu volume pleno.
Administração de fluidosPara corrigir perdas.
Suporte cardiovascular e respiratórioManutenção de sinais vitais, cardíacos e respiratórios.
Uso de antibióticos de amplo espectroCobertura para patógenos que causam bacteremia de início tardio, e anaeróbios quando houver suspeita de perfuração intestinal.
Exames físicos em série, além de estudos laboratoriais e radiológicosMonitorar o curso da doença e a resposta às terapias.
Fonte: Adaptado de Vasques et al (2023).

Por sua vez, a prática profissional do enfermeiro aos neonatos com ECN é fundamental, uma vez que cabe a ele cuidar da região, zelar pelo dispositivo coletor, além de orientar e esclarecer dúvidas dos familiares. É imprescindível que o enfermeiro da UTIN tenha habilidade e conhecimento quanto a este tipo de assistência, a fim de prevenir complicações durante a internação, para garantir a segurança, bem-estar e reabilitação do neonato internado (Silva, 2021).

3. METODOLOGIA

O estudo foi de revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa e de caráter exploratório, com o tipo de pesquisa descritiva segundo Köche (2016). A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a março de 2024, nas plataformas Scielo (Biblioteca Eletrônica Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Portal de Periódicos da CAPES, partindo pelos uso dos termos: Enterocolite Necrosante; Bebês recém-nascidos e prematuros; Estratégias de reabilitação, e Enfermeiro, isolados e posteriormente combinados, sendo: Enterocolite Necrosante AND Bebês recém-nascidos e prematuros; Estratégias de reabilitação AND Enfermeiro; Enterocolite Necrosante OR Estratégias de reabilitação; Bebês recém-nascidos e prematuros OR Enfermeiro, na faixa temporal dos últimos cinco anos (2019-2024) nos idiomas inglês e português. Para inclusão selecionou-se apenas artigos de revisão, retrospectivo, descritivo e livros disponíveis na integra de acesso livre, nos idiomas definidos, onde foram feitas as devidas análises. Por questões éticas a pesquisadora respeitou a autoria das fontes, citando todos os autores e dando o devido crédito à pesquisa realizada, em conformidade com a legislação de direitos autorais vigente em nosso país. Não foram inclusos, publicações duplicadas, em outras línguas estrangeiras diferentes, estudos anteriores aos últimos cinco anos, pagos e sem relação ao objetivo desta pesquisa foram descartados. Para extrair as informações necessárias das obras pesquisadas, o processo analítico seguirá uma sequência metodológica precisa. Inicialmente, uma leitura exploratória de todo o material selecionado, caracterizada por sua brevidade e abrangência. Essa fase permite uma visão geral do conteúdo, identificando áreas de interesse e potenciais fontes de informação. Em seguida, uma leitura seletiva mais aprofundada, focada em compreender detalhes e nuances específicas do texto. Esta etapa requer uma análise mais minuciosa, visando extrair insights relevantes e fundamentais para os objetivos do trabalho. Finalmente, todas as informações pertinentes estão devidamente registradas, destacando-se aquelas que melhor respondem aos propósitos estabelecidos. Esse processo de registro é crucial para garantir a organização e a clareza das descobertas, além de facilitar a posterior análise e interpretação dos dados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através da aplicação de critérios de exclusão, realizada mediante a análise dos títulos, resumos, detecção de duplicidades e avaliação da elegibilidade, conseguimos selecionar um conjunto de 10 artigos pertinentes. Para uma organização mais clara e objetiva dos dados em consonância com os objetivos delineados neste estudo, como pode ser observado no fluxograma a seguir.

Figura 1 – Fluxograma de coleta, seleção e inserção de artigos ao estudo.

Fonte: As autoras (2024).

Após analisar cuidadosamente os dados coletados dos trabalhos inclusos, elaboramos um quadro que destaca as características mais relevantes de 06 publicações, que evidenciam sua conexão precisa com os objetivos propostos. Essas informações foram sintetizadas e submetidas a uma análise interpretativa de seus principais resultados (Quadro 1).

Quadro 1. Análise dos achados bibliográficos que evidenciam a ECN os neonatos.

AutorTítuloPeriódico/ anoVolumeMetodologiaResumo
Martins et al.Cuidados da equipe multidisciplinar ao recém-nascido com Enterocolite Necrosante: Scoping reviewBrazilian Journal of Implantology and Health Sciences (2024)6Revisão SistemáticaA assistência multiprofissional no cuidado ao recém-nascido com Enterocolite Necrosante é essencial, visto que o mesmo requer cuidados integrados dos diferentes profissionais.
Avelino et al.Perspectiva do enfermeiro sobre a segurança no uso de antimicrobianos em neonatologia: Uma revisão de literatura.Revista Contemporânea (2023)3Revisão da LiteraturaA atuação do profissional de enfermagem nesse contexto é estratégica para estar em maior proximidade dos pacientes.
Marcondes et al.Enterocolite necrosante: Avaliação dos fatores de risco e de proteção de acordo com a gravidade e o desfecho da doençaResearch, Society and Development (2023)12Estudo de CasoObservou-se um possível papel protetor do leite humano no desenvolvimento dos estágios mais graves da ECN
Caxias et al.Assistência multiprofissional em saúde frente a prevenção da enterocolite necrosante em Unidade de Terapia Intensiva NeonatalRevista Eletrônica Acervo Saúde (2022)15Revisão da LiteraturaAs medidas preventivas referentes a ECN são: aleitamento materno exclusivo, assistência de qualidade, prevenção de hipóxia, e outros.
Buna et al.Necrotizing enterocolitis in low weight newborns: hierarchized analysis of associated factors/Enterocolite necrosante em recém-nascidos de baixo peso: análise hierarquizada dos fatores associadosRevista de Pesquisa Cuidado É Fundamental Online (2021)13Estudo de caso controleOs aspectos maternos (período gestacional) e os neonatais (nascimento e hospitalização) podem estar influenciando no aparecimento da ECN.
De Menezes et al.Processo de supervisão dos enfermeiros no ambiente hospitalar e sua influência na qualidade assistencial .Research, Society and Development (2021)10Revisão interativaOs impactos da supervisão produzem resultados positivos na qualidade assistencial, buscando estratégias e instrumentos que otimizem sua atuação nas UTI.
Alsaied, Nazmul e ThalibIncidência global de enterocolite necrosante: revisão sistemática e metanáliseSpriger Link (2020)20Revisão sistemáticaSete em cada 100 de todos os RNMBP em UTIN têm probabilidade de desenvolver ECN.
Jones e NigelResultados Contemporâneos para Lactentes com Enterocolite Necrosante — Uma Revisão SistemáticaScience Direct (2020)220Revisão SistemáticaA principal limitação desta revisão é a falta de uma definição consensual para o diagnóstico de ECN e as diferenças na forma como os desfechos são relatados.
Flahive et al.Enterocolite Necrosante: Atualizações nos Resultados de Morbidade e MortalidadeThe Journal of Pediatrics (2020)220Estudo de casoA compreensão dos desfechos associados à ECN é, portanto, de vital importância para o cuidado desses pacientes, na unidade de terapia intensiva neonatal.
Zozaya et al.Incidência, Tratamento e Tendências de Desfecho de Enterocolite Necrosante em Prematuros: Um Estudo de Coorte MulticêntricoFrontiers (2020)8Estudo de casoA incidência de enterocolite necrosante manteve-se estável, apesar da melhora na frequência dos fatores protetores.
Fonte: As autoras (2024).

O estudo de Martins et al. (2024) apresenta uma análise abrangente sobre os cuidados da equipe multidisciplinar ao recém-nascido com Enterocolite Necrosante (EN). A importância da assistência multiprofissional nesse contexto é destacada, considerando que o manejo eficaz dessa condição demanda a colaboração e coordenação entre diversos profissionais de saúde. Os autores reforçam que a necessidade de uma equipe multidisciplinar envolvendo pediatras, neonatologistas, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros profissionais, para oferecer um cuidado holístico e integrado aos pacientes.

Avelino et al. (2023), apresentam uma perspectiva relevante sobre a segurança no uso de antimicrobianos em neonatologia, focando especificamente na visão dos enfermeiros. A discussão levantada é crucial, considerando a crescente preocupação global com a resistência antimicrobiana e a importância de práticas seguras de uso de antibióticos, especialmente em populações vulneráveis como os recém-nascidos. A menção à atuação estratégica dos enfermeiros nesse contexto é pertinente, já que esses profissionais frequentemente estão na linha de frente do cuidado aos pacientes neonatais, monitorando de perto sua condição e administrando os medicamentos prescritos. Além disso, os enfermeiros desempenham um papel fundamental na implementação de medidas de prevenção de infecções hospitalares e na promoção de práticas de uso racional de antibióticos, contribuindo assim para a redução do desenvolvimento de resistência bacteriana e para a segurança dos pacientes neonatais.

O estudo de Marcondes et al. (2023) investigou a relação entre fatores de risco e proteção pré-natais e neonatais e a gravidade e desfecho da Enterocolite Necrosante (ECN). Os resultados sugerem que recém-nascidos mais prematuros e gravemente afetados tendem a desenvolver os estágios mais severos da doença, com o tempo de evolução desses estágios correlacionado ao risco de óbito. Além disso, há indícios de um possível efeito protetor do leite humano contra o desenvolvimento das formas mais graves da ECN.

O estudo de Caxias et al. (2022) aborda a importância da assistência multiprofissional na prevenção da Enterocolite Necrosante (ECN) em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). A literatura destaca medidas preventivas como o aleitamento materno exclusivo, assistência de qualidade e prevenção de hipóxia, entre outras. É relevante notar que o profissional de enfermagem desempenha um papel central no cuidado direto ao recém-nascido (RN) na UTIN, destacando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para garantir a eficácia das medidas preventivas e a saúde neonatal.

O estudo de Buna et al. (2021) investigou a ocorrência da enterocolite necrosante (ECN) e os fatores associados ao seu desenvolvimento em recém-nascidos de baixo peso. Os resultados destacam a influência de aspectos maternos, como o período gestacional, e neonatais, como o momento do nascimento e a hospitalização, no surgimento da ECN. Intervenções direcionadas a essas variáveis podem reduzir significativamente o risco de ECN em recém-nascidos de baixo peso, enfatizando a importância de estratégias preventivas focadas tanto na mãe quanto no bebê para mitigar essa condição grave.

O estudo de De Menezes et al. (2021) investigou o processo de supervisão dos enfermeiros no ambiente hospitalar e sua influência na qualidade assistencial. Os resultados destacam que a supervisão pode ter impactos positivos na qualidade do cuidado oferecido aos pacientes. Isso ressalta a importância de os enfermeiros continuarem aprimorando seus conhecimentos científicos e buscando estratégias e instrumentos que otimizem sua atuação nas unidades de terapia intensiva neonatais, garantindo assim um cuidado de qualidade e seguro aos pacientes.

Na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), o enfermeiro desempenha um papel fundamental na assistência ao bebê prematuro ou recém-nascido diagnosticado com Enterocolite Necrosante (EN). Suas principais intervenções visam garantir o monitoramento contínuo dos sinais vitais do paciente, administração adequada de medicamentos prescritos e cuidados com a nutrição, especialmente se o bebê estiver em alimentação enteral (Farias; Ruhoff, 2021). Além disso, o enfermeiro está atento à prevenção de complicações, como infecções hospitalares, e à promoção do desenvolvimento neurológico e emocional do bebê, através de estímulos sensoriais adequados e conforto emocional. Sua atuação é essencial para garantir um cuidado holístico e integrado, visando à recuperação e bem-estar do bebê prematuro ou diagnosticado com EN na UTIN (Alencar et al., 2023).

Alsaied, Nazmul e Thalib (2020), destacma que  sete em cada 100 de todos os RNMBP em UTIN têm probabilidade de desenvolver ECN, devido sua fragilidade, acabam estando mais suscetíveis ao problema.

Jones e Nigel (2020), concordo que a incidência de ECN é uma preocupação significativa, mas a falta de uma definição consensual para o diagnóstico dificulta a comparação entre estudos. Isso pode obscurecer nossa compreensão real da prevalência e dos fatores associados à ECN.

Flahive et al. (2020), descrevem que devido a dificuldade de padronização dos resultados e aplicá-los de maneira eficaz na prática clínica. Precisamos de uma abordagem mais uniforme para relatar os desfechos e definir a ECN.

Zozaya et al. (2020), concordo com as preocupações levantadas. Além disso, é essencial considerar que, apesar das melhorias nos fatores protetores, a incidência de ECN permanece estável. Isso destaca a necessidade urgente de uma compreensão mais aprofundada dos mecanismos subjacentes e da identificação de estratégias de prevenção mais eficazes.

Dentro dessa unidade, o enfermeiro desempenha um papel fundamental na assistência ao bebê prematuro ou recém-nascido diagnosticado com Enterocolite Necrosante (EN). Suas principais intervenções visam garantir o monitoramento contínuo dos sinais vitais do paciente, administração adequada de medicamentos prescritos e cuidados com a nutrição, especialmente se o bebê estiver em alimentação enteral (Bernardino et al., 2020). Além disso, o enfermeiro está atento à prevenção de complicações, como infecções hospitalares, e à promoção do desenvolvimento neurológico e emocional do bebê, através de estímulos sensoriais adequados e conforto emocional. Sua atuação é essencial para garantir um cuidado holístico e integrado, visando à recuperação e bem-estar do bebê prematuro ou diagnosticado com EN na UTIN (Cavalcanti et al., 2023).

CONCLUSÃO

As pesquisas apresentadas oferecem uma visão abrangente e detalhada sobre diferentes aspectos do cuidado neonatal e da prevenção de condições graves, como a enterocolite necrosante (ECN). O destaque dado à assistência multiprofissional reforça a necessidade de uma abordagem integrada e colaborativa para garantir a eficácia dos cuidados oferecidos aos recém-nascidos, especialmente na UTIN. A análise dos fatores de risco e proteção associados à ECN oferece insights valiosos para o desenvolvimento de estratégias preventivas direcionadas, visando reduzir a incidência e gravidade dessa doença. Além disso, a importância da supervisão dos enfermeiros na garantia da qualidade assistencial ressalta a necessidade de investimento contínuo em capacitação e aprimoramento profissional. Em conjunto, esses estudos contribuem significativamente para o avanço do conhecimento e aprimoramento das práticas clínicas no cuidado neonatal, com potencial para melhorar os desfechos e a segurança dos pacientes.

REFERÊNCIAS

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¹Aluna do curso de Enfermagem da Universidade Nilton Lins – e-mail: mendesfrance44@gmail.com
²Aluna do curso de Enfermagem da Universidade Nilton Lins – e-mail: marciacsbraga@gmail.com
³Professora Especialista da Universidade Nilton Lins – e-mail: hannacarolinne@gmail.com