NURSING DIAGNOSIS FOR PATIENTS IN PALLIATIVE CARE: A LITERATURE REVIEW
DIAGNÓSTICO DE ENFERMERÍA PARA PACIENTES EN CUIDADOS PALIATIVOS: UNA REVISIÓN DE LA LITERATURA
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11211472
Alexandra Giovanna Aragão Lima1
Karina Maria Santos Lima2
Amanda Costa Maciel3
Resumo
Objetivo: Identificar os diagnósticos de enfermagem da taxonomia NANDA-I para pacientes em cuidados paliativos citados pela literatura científica. Metodologia: Trata- se de um estudo descritivo de revisão integrativa da literatura, em que foram analisados artigos publicados nos últimos cinco anos, nas bases de dados: Lilacs e Scielo. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 12 artigos foram escolhidos. Resultados: Foram identificados 77 diagnósticos de enfermagem citados pelos autores. Os diagnósticos mais prevalentes foram mobilidade física prejudicada, seguido de dor crônica, fadiga, nutrição desequilibrada e náusea. Conclusão: Apesar no número inexpressivo de artigos científicos publicados sobre o tema, é revelado nesse estudo a importância da utilização do processo de enfermagem e identificação dos diagnósticos de enfermagem a pacientes em cuidados paliativos visando uma assistência digna, humana e sistematizada que favoreça um processo de vida e morte dignas.
Descritores: diagnóstico de enfermagem; cuidados de enfermagem; cuidados paliativos.
Abstract
Objective: To identify nursing diagnoses from the NANDA-I taxonomy for patients in palliative care cited in the scientific literature. Methodology: This is a descriptive study of an integrative literature review, in which articles published in the last five years were analyzed, in the databases: Lilacs and Scielo. After applying the inclusion and exclusion criteria, 12 articles were chosen. Results: 77 nursing diagnoses cited by the authors were identified. The most prevalent diagnoses were impaired physical mobility, followed by chronic pain, fatigue, unbalanced nutrition and nausea. Conclusion: Despite the insignificant number of scientific articles published on the subject, this study reveals the importance of using the nursing process and identifying nursing diagnoses for patients undergoing palliative care, aiming for dignified, humane and systematized assistance that favors a process of dignified life and death.
Descriptors: nursing diagnosis; nursing care; palliative care.
Resumen
Objetivo: Identificar diagnósticos de enfermería de la taxonomía NANDA-I para pacientes en cuidados paliativos citados en la literatura científica. Metodología: Se trata de un estudio descriptivo de revisión integrativa de la literatura, en el que se analizaron artículos publicados en los últimos cinco años, en las bases de datos: Lilacs y Scielo. Luego de aplicar los criterios de inclusión y exclusión, se eligieron 12 artículos. Resultados: Se identificaron 77 diagnósticos de enfermería citados por los autores. Los diagnósticos más frecuentes fueron la alteración de la movilidad física, seguidos del dolor crónico, la fatiga, la nutrición desequilibrada y las náuseas. Conclusión: A pesar del insignificante número de artículos científicos publicados sobre el tema, este estudio revela la importancia de utilizar el proceso de enfermería e identificar diagnósticos de enfermería para pacientes sometidos a cuidados paliativos, buscando una asistencia digna, humana y sistematizada que favorezca un proceso de vida digna y muerte.
Descriptores: diagnóstico de enfermería; cuidado de enfermera; Cuidados paliativos.
1. Introdução
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de cuidados paliativos é definido como abordagem multidisciplinar que busca melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Com o objetivo de prevenir e aliviar o sofrimento, através da identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e de outros problemas físicos, psicossociais ou espirituais (WHO, 2002).
O Conselho Nacional de Saúde aprovou a política nacional de cuidados paliativos no âmbito do SUS, em dezembro de 2023. Sendo assim, o foco principal do sistema de saúde é a centralização da necessidade do paciente e seus familiares na tomada de decisões baseada na ética clínica e no respeito pelos valores e pela dignidade no processo morte e morrer. (OMS, 2023; Silva et al., 2019). Os profissionais envolvidos nesse processo precisam criar estratégias de informações e capacitações diária de como abordar esses indivíduos.
A abordagem ao paciente sob cuidados paliativos, requer uma atuação interativa multiprofissional, baseada na troca de informações entre os profissionais, na vivência do trabalho em equipe, buscando amenizar o sofrimento e propiciando melhor qualidade de vida para o paciente e sua família. A equipe de enfermagem nesse contexto, torna-se crucial, pois ela participa de todos os processos no cuidado terapêutico desse cliente (Almeida et al., 2024; Messias et al., 2020).
A necessidade de cuidados paliativos está presente em todos os níveis de atenção à saúde e o profissional de enfermagem participa de todas fases. Dessa forma, esses profissionais precisam guiar um atendimento centrado no paciente, tendo como prioridade a qualidade de vida deste indivíduo para o enfretamento da enfermidade, entendendo a morte como processo natural da vida (Almeida et al., 2020; Trotte et al.,2023).
A equipe de enfermagem utiliza como instrumento metodológico o processo de Enfermagem (PE) que é uma das ferramentas utilizadas para a promoção, prevenção, controle, alívio dos sintomas e apoio as necessidades biopsicossociais. O PE é dividido em cinco fases: Avaliação de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento de Enfermagem, Implementação de Enfermagem e Evolução de Enfermagem (COFEN, 2024).
Considerando que a sistematização da assistência de enfermagem favorece uma assistência holística, focada no paciente, que viabilize um cuidado igualmente relevante a todos os pacientes e considerando os pacientes em cuidados paliativos um grupo pouco compreendido e que necessita de cuidados físicos, psicológicos e espirituais para ele e para os seus cuidadores familiares, é necessário pensar em diagnósticos e intervenções traçados para esses indivíduos. Sendo assim, elegeu- se como objetivo desse estudo: identificar os diagnósticos de enfermagem da taxonomia NANDA-I mais prevalentes em cuidados paliativos, através de uma revisão integrativa da literatura, a fim de nortear a assistência de enfermagem no manejo desses pacientes.
2. Métodos
Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, sendo este um tipo de pesquisa determina o conhecimento sobre um tema em específico, sendo realizada de forma sistemática e ordenada, para sintetizar os resultados obtidos (Souza et al, 2010). As buscas foram realizadas nas bases eletrônicas de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Para seleção da amostra foram utilizados descritores em ciências da saúde: Diagnósticos de Enfermagem; Cuidados de Enfermagem; Cuidados Paliativos. Além da utilização do operador booleano: AND.
A pergunta norteadora do estudo se deu por meio do questionamento: De acordo com a literatura, quais os diagnósticos de enfermagem da taxonomia NANDA-I mais frequentes em pacientes em cuidados paliativos? Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos em português, publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos cincos anos, que estejam disponíveis na íntegra, retratem a temática referente à revisão integrativa atendendo ao objetivo proposto e que não estejam duplicados nas bases de dados. Foram incluídos artigos entre os anos de 2019 a 2023. Os estudos que não atenderam aos critérios de inclusão foram excluídos. Dentro desse período foram identificados artigos 67 artigos, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, um total de 12 artigos foram selecionados para análise.
Figura 1. Fluxograma de seleção dos estudos primários, de acordo com a recomendação PRISMA. Teresina – PI, Brasil, 2022.
3. Resultados
Após os procedimentos de busca, análise e seleção, doze artigos foram incluídos na presente revisão, conforme detalhado na figura 1. Para a apresentação da síntese do conhecimento, foram construídas três tabelas contendo a caracterização dos artigos incluídos na revisão quanto ao título e autoria (tabela 1), objetivos dos estudos e resultados encontrados (tabela 2) e os diagnósticos de enfermagem citados nos artigos (tabela 3).
Com relação à caracterização dos artigos analisados, todos foram publicados entre os anos de 2019 a 2022, no idioma português, no Brasil e também em Portugal. Todos publicados em revistas de enfermagem. Dessa maneira, os conteúdos das pesquisas encontradas fazem referência a possíveis diagnósticos a pacientes em cuidados paliativos.
Quando ao delineamento do estudo, sete estudos foram do tipo transversais (58%), com utilização de instrumentos de coleta (E1, E2, E3, E8, E11, E12) e utilização de prontuários (E6), quatro (33,3%) utilizaram revisão de literatura (E4, E5, E7, E10), e um (8,3%) descreveu a construção de um instrumento de validação (E9) através de um estudo metodológico.
Os artigos escolhidos destacaram os diagnósticos mais prevalentes entre pacientes em cuidados paliativos. Três deles (E1, E6, E9) objetivaram validar o diagnóstico de enfermagem “Síndrome da Terminalidade”. O estudo E2 buscou identificar a prevalência do diagnóstico de enfermagem “Ansiedade relacionada à morte” e validar caraterísticas definidoras. A validação do diagnóstico de enfermagem “Tensão do papel do cuidador” para pacientes paliativos foi abordada no estudo E3. As revisões de literatura sobre diagnósticos de enfermagem a pacientes paliativos foram desenvolvidas nos estudos E7, E10 e E12. A criação de protocolos assistenciais baseados em revisões de literatura também foram temas abordados nos estudos E4 e E11.
Entre os doze artigos, foi possível identificar 77 diagnósticos de enfermagem que podem ser traçados para pacientes em cuidados paliativos de acordo com as características definidoras que esse grupo apresente. Na tabela 3 é possível identificar os diagnósticos de enfermagem, a frequência em que eles foram citados nos estudos utilizados nessa revisão de literatura, quais autores citaram cada diagnóstico possível e a qual domínio o diagnóstico pertence.
Os diagnósticos de enfermagem, no NANDA-I, são agrupados em 13 domínios que fazem referência às categorias da prática de enfermagem (tabela 3). Nesse estudo, os 77 DE foram distribuídos em 11 domínios. 18,1% dos artigos pertencem ao domínio atividade/ repouso, 14,3% pertencem ao domínio enfrentamento/ tolerância do estresse, 14,3% presentes no domínio segurança/ proteção, 9,1% são inseridos no domínio percepção/ cognição,7,7% estão presentes em eliminação e troca, 7,7% em papeis e relacionamentos, 7,7% em conforto, 6,4% em nutrição, 5,1% em autopercepção, 3,8% em promoção da saúde, 3,8% em princípio da vida. Apenas os domínios sexualidade e crescimento/ desenvolvimento não tiveram diagnósticos de enfermagem que pudessem ser traçados a pacientes em cuidados paliativos.
Quanto aos tipos de diagnósticos encontrados, 61 diagnósticos com foco no problema, 15 diagnósticos de risco e apenas 1 de promoção à saúde. Os diagnósticos mais citados nos estudos foram mobilidade física prejudicada (58, 3%), dor crônica (50%), fadiga (50%), nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporais (50%), náusea (50%), diarreia (41%), ansiedade relacionada à morte (41%), dor aguda (33,3%), eliminações urinárias prejudicadas (33,3%), enfrentamento familiar comprometido (33,3%), risco de infecção (33,3%), troca de gases prejudicado (33,3%), volume de líquidos excessivo (33,3%), volume de líquidos deficientes (33,3%), sofrimento espiritual (33,3%).
Com relação as características do público alvo dos estudos discutidos nessa revisão, 41% dos artigos abordaram os cuidados paliativos em pacientes oncológicos (E1, E7, E8, E11, E12), sendo que um deles analisou o perfil de diagnósticos em pacientes oncológicos pediátricos (E12). 16,6% utilizou como público os familiares dos pacientes em paliação (E2, E3), 8,3% se referiu aos pacientes com demência em fase final de vida (E6) e 25% abordaram pacientes em cuidados paliativos, sem distinguir faixa etária ou patologia dos pacientes (E5, E10, E11).
Tabela 1: Caracterização dos artigos. Teresina – PI 2022 (N=12).
N° | Título | Autoria | Base | Ano | País | Revista |
E1 | Ocorrência do diagnóstico de Enfermagem Síndrome de terminalidade em pacientes oncológicos | Almeida et al | LILACS | 2020 | Brasil | Enfermagem em foco |
E2 | Ansiedade relacionada à morte em cuidados paliativos: validação do diagnóstico de enfermagem | Abreu-Figueiredo et al | SCIELO | 2019 | Portugal | Acta Paul Enfermagem |
E3 | Validação clínica do diagnóstico de enfermagem NANDA-I “tensão do papel de cuidador” em contexto de cuidados paliativos | Lourenço; Abreu-Figueiredo; Sá | SCIELO | 2021 | Portugal | Texto & Contexto Enfermagem |
E4 | Protocolo de assistência de enfermagem ao paciente em cuidado terminal: construção através de revisão integrativa | Machado et al | LILACS | 2022 | Brasil | Nursing |
E5 | Diagnósticos de enfermagem para pacientes em cuidados paliativos: revisão de literatura | Morais et al | LILACS | 2020 | BRASIL | O cuidado é fundamental |
E6 | Diagnóstico de enfermagem Síndrome de terminalidade em idosos com demência avançada: mapeamento cruzado | Passarelles; Rios; Santana | SCIELO | 2020 | BRASIL | Revista de enfermagem UERJ |
E7 | Diagnóstico de enfermagem em cuidados paliativos oncológicos: revisão integrativa | Passarelles et al | SCIELO | 2019 | BRASIL | Enfermería Global |
E8 | Conforto prejudicado no fim de vida: uma associação com diagnóstico de Enfermagem e variáveis clínicas | Reis; Jesus | SCIELO | 2021 | BRASIL | Texto & contexto Enfermagem |
E9 | Diagnóstico de enfermagem: “Sindrome de terminalidade”: análise de conteúdo | Silva et al | SCIELO | 2021 | BRASIL | Brasileira de Enfermagem |
E10 | Cuidados paliativos e sua relação com os diagnósticos de enfermagem das taxonomias NANDA-I e NIC | Silva; Pacheco; Souza | LILACS | 2020 | BRASIL | Cuidado é fundamental |
E11 | Instrumento assistencial de enfermagem em cuidados paliativos para centro de terapia intensiva pediátrica oncológica | Silva e Souza | LILACS | 2019 | BRASIL | Enfermagem em foco |
E12 | Diagnóstico de Enfermagem em cuidados paliativos oncológicos segundo diagrama de abordagem multidimensional | Xavier et al | LILACS | 2019 | BRASIL | Enfermagem em foco |
Fonte: Autores, 2024.
Tabela 2: Análise de conteúdo dos artigos. Teresina – PI 2022 (N=012).
N° | Metodologia | Objetivos | Conclusão |
E1 | Transversal – uso de instrumento de coleta | Identificar o diagnóstico de enfermagem Síndrome de Terminalidade em pacientes em cuidados paliativos oncológicos | Identificou uma alta prevalência do diagnóstico de enfermagem de Síndrome de terminalidade em pacientes em paliação, contribuindo para o enfermeiro declarar suas intervenções de forma holística e melhorar assim a o seu raciocínio clínico e assistência ao paciente. |
E2 | Transversal – uso de instrumento de coleta | Identificar a prevalência do diagnóstico de enfermagem ansiedade relacionada à morte da NANDA-I em cuidadores familiares de doentes paliativos; e validar as características definidoras associadas | O diagnóstico de enfermagem ansiedade relacionada à morte obteve uma prevalência de 38,7% nesse estudo, mostrando a relevância do tema e a necessidade de intervenções de enfermagem que priorizem o cuidado aos familiares do paciente em paliação. Foram validadas 8 características definidoras, sendo as duas mais frequentes: medo da solidão e abandono relacionado ao processo de morrer. Isso remete a importância de também cuidar do cuidador familiar e esclarecer à familiar sobre os cuidados prestados ao paciente paliado. |
E3 | Transversal – uso de instrumento de coleta | Validar clinicamente as características definidoras do diagnóstico de enfermagem “Tensão do Papel de Cuidador da pessoa em situação paliativa”. | O diagnóstico de tensão do papel do cuidador já havia sido validado pela NANDA, mas em outras situações clínicas. No caso do cuidador de paciente em paliação, a validação desse diagnóstico é relevante para tornar o diagnóstico mais acurado, promovendo um raciocínio clínico, por parte do enfermeiro, mais fidedigno ao objetivo que é promover um suporte emocional a esse público. |
E4 | Revisão de literatura | Construir protocolo de enfermagem para o manejo de pacientes em terminalidade | Esse estudo foi baseado em uma revisão de literatura para criação de um protocolo de assistência com diagnósticos e intervenções que frequentemente são utilizados para pacientes em cuidados terminais. Os domínios atividade/ repouso, enfrentamento/ tolerância/ segurança/ proteção, eliminação/troca, papeis/ relacionamentos e princípio da vida foram utilizados nesse protocolo. 22 diagnósticos foram traçados com suas respectivas intervenções. 6 diagnósticos de risco, 13 diagnósticos com foco no problema e 2 de promoção de saúde elencados de 9 domínios diferentes. |
E5 | Revisão de literatura | Identificar as evidências científicas disponíveis acerca dos diagnósticos de enfermagem para pacientes em CP e elencar aqueles mais utilizados nessa prática. | Os diagnósticos mais prevalentes foram: dor; ansiedade; mobilidade física prejudicada; constipação e conforto prejudicado. Os diagnósticos com foco no controle de sintomas físicos são mais evidenciados, embora os sintomas psicológicos, espirituais, culturais e sociais também sejam relevantes no processo de morte digna. Os diagnósticos de enfermagem que auxiliem o enfermeiro na assistência à pacientes sob cuidados paliativos são insipientes. Mas, uma vez implantado um processo sistematizado, o enfermeiro terá uma tomada de decisões mais assertiva, baseadas em evidências, que subsidiem as intervenções que garantam ao paciente uma assistência individualizada, humana e de excelência. |
E6 | Transversal – utilização de prontuários | Identificar elementos da síndrome de terminalidade a partir do cruzamento de termos registrados pelos enfermeiros no cuidado ao fim de vida em idosos com demência avançada | O diagnóstico de síndrome de terminalidade foi verificado em 100% dos registros de enfermagem, com uma média de 7,5 diagnósticos por paciente, sinalizando a importância desse DE para os pacientes em paliação. Na abordagem paliativista, a síndrome de terminalidade auxilia o enfermeiro no gerenciamento do cuidado, garantindo que de forma humana, sistematizada, a equipe de enfermagem apoie o paciente e familiar no processo de morrer. |
E7 | Revisão de literatura | Identificar os diagnósticos de enfermagem encontrados em cuidados paliativos oncológicos de acordo com a taxonomia da NANDA – I | Nessa revisão de literatura foram identificados vários diagnósticos de enfermagem distintos. E levando em consideração o diagnóstico de síndrome, que promove um julgamento clínico de problemas que ocorrem simultaneamente, os autores levantaram, nesse artigo, a proposta de um diagnóstico de síndrome, otimizando assim o cuidado, intervendo de forma integral nos sinais e sintomas físicos, psíquicos e sociais dos pacientes oncológicos em paliação, chamado “síndrome da deterioração de sintomas em cuidados paliativos”. Dessa forma, o diagnóstico de síndrome pode direcionar o planejamento de enfermagem, viabilizar uma comunicação clara e proporcionar uma assistência que priorize a minimização do sofrimento e promoção do conforto. |
E8 | Transversal – instrumento de coleta de dados | Analisar as associações entre as variáveis clínicas e os diagnósticos de enfermagem da Taxonomia II da NANDA-I com a presença do Conforto prejudicado. | Dor crônica, cansaço, apetite, ansiedade e bem estar foram consideradas variáveis significativas que apoiavam o diagnóstico “conforto prejudicado”. Essas associações auxiliam o enfermeiro em sua atuação, proporcionando uma construção mais eficaz de diagnósticos, planejamentos e implementações do cuidado. Além de fomentar futuros estudos acerca do tema e o desenvolvimento de um diagnóstico de síndrome relacionando os diagnósticos aqui citados. |
E9 | Estudo metodológico para validação de conteúdo | Validar o diagnóstico “Síndrome de Terminalidade” com especialistas. | Para realizar a validação do diagnóstico “síndrome de terminalidade” é preciso considerar a experiencia de expertise em diagnósticos de enfermagem e traçar as características definidoras e os fatores relacionados mais frequentes para os pacientes em paliação. O DE sindrômico auxilia o enfermeiro na identificação e no gerenciamento dos sinais e sintomas, otimizando o raciocínio clínico e proporcionando uma assistência holística. |
E10 | Revisão de literatura | Identificar quais diagnósticos de enfermagem da taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association Internacional (NANDA-I) descritos ou indicados nas produções científicas possuem relação com os pacientes em cuidados paliativos e quais são as intervenções de enfermagem mais adequadas segundo a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC). | Essa revisão de literatura identificou 50 diagnósticos de enfermagem e relacionou com as intervenções de enfermagem (NIC) conforme a literatura, contabilizando 125 intervenções. A identificação dos diagnósticos de enfermagem e implementação das taxonomias NANDA- I e NIC na prática do enfermeiro contribui para a construção de um processo de enfermagem aos pacientes em paliação. |
E11 | Transversal – uso de instrumento de coleta | Elaborar um instrumento assistencial de enfermagem para guiar o atendimento às crianças e adolescentes com câncer em cuidados paliativos internados no Centro de Terapia Intensiva Pediátrica Oncológica. | A partir da análise das evoluções de enfermagem, foram identificados 71 diagnósticos e posteriormente feito a ligação dos sistemas de linguagem padronizado NANDA-I – NIC- NOC com diagnóstico, intervenções e resultados esperados. O autor enfatiza a necessidade de sensibilizar a equipe de enfermagem e os estudantes de graduação quanto a importância do processo de enfermagem, uma vez que ele padroniza nossa assistência, além de ser exigido pelo conselho de enfermagem. |
E12 | Transversal – uso de instrumento de coleta | Analisar o perfil de diagnósticos de enfermagem em pacientes em cuidados paliativos oncológicos conforme as dimensões do Diagrama de Abordagem Multidimensional. | Foram identificados 645 diagnósticos de enfermagem distribuídos entre 4 dimensões: social, físico, psicológico e espiritual. Os diagnósticos físicos são os mais frequentes, considerando o déficit de conhecimento por parte dos profissionais para identificarem as outras necessidades também relevantes, principalmente em pacientes paliativos que possuem dores e desconfortos que vão muito além do físico. |
Tabela 3. Diagnósticos de enfermagem mais prevalentes em pacientes em cuidados paliativos.
Diagnósticos de enfermagem | Frequência (%) | Autores | Classificação do domínio |
Ansiedade | 25% | Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Ansiedade relacionada a morte | 41% | Abreu-Figueiredo et al., 2019 Morais et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Reis; Jesus, 2021 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Baixa autoestima | 16,6% | Machado Et Al., 2022 Passarelles; Rios; Santana, 2019 | Domínio 6 – autopercepção |
Baixa autoestima crônica | 8,3% | Reis; Jesus, 2021 | Domínio 6 – autopercepção |
Capacidade de transferência prejudicada | 8,3% | Xavier et al.,2019 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Comportamento de saúde propenso a riscos | 8,3% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 1 – promoção da saúde |
Comunicação verbal prejudicada | 16,6% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al.,2019 | Domínio 5 – percepção/ cognição |
Conforto prejudicado | 25% | Machado et al., 2022 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Reis; Jesus, 2021 | Domínio 12 – conforto |
Conforto prejudicado | 25% | Machado et al., 2022 Passarelles et al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 12 – conforto |
Confusão aguda | 33,3% | Machado et al., 2022 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 5 – percepção/ cognição |
Confusão cronica | 16,6% | Passarelles Et Al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 5 – percepção/ cognição |
Conhecimento deficiente | 8,3% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 5 – percepção/ cognição |
Constipação | 33,3% | Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Reis; Jesus, 2021 Xavier et al., 2019 | Domínio 3. Eliminação e troca |
Deambulação prejudicada | 8,3% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Déficit de auto cuidado para banho | 33,3% | Machado et al., 2022 Morais et al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 5 – atividade/ repouso |
Déficit de autocuidado para alimentação | 25% | Machado et al., 2022 Morais et al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Déficit de autocuidado para higiene íntima | 16,6% | Morais et al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Deglutição prejudicada | 25% | Machado et al., 2022 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 2. Nutrição |
Desesperança | 25% | Machado et al., 2022 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Xavier et al., 2019 | Domínio 6 – autopercepção |
Desobstrução de vias aéreas ineficaz | 25% | Machado et al., 2022 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Diarreia | 41% | Machado et al., 2022 Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 3. Eliminação e troca |
Disposição para o processo familiar melhorado | 16,6% | Machado et al., 2022 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 7 – papeis e relacionamentos |
Distúrbio de imagem corporal | 8,3% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 6 – autopercepção |
Dor aguda | 33,3% | Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 12 – conforto |
Dor crônica | 50% | Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Reis; Jesus, 2021 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Souza et al., 2019 Xavier et al., 2019 | Domínio 12 – conforto |
Eliminação urinaria prejudicada | 33,3% | Machado et al., 2022 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 3. Eliminação e troca |
Enfrentamento familiar comprometido | 33,3% | Morais et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Enfrentamento ineficaz | 16,6% | Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Fadiga | 50% | Machado et al., 2022 Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Reis; Jesus, 2021 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Insônia | 8,3% | Reis; Jesus, 2021 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Integridade da membrana mucosa oral prejudicada | 16,6% | Passarelles et al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Integridade da pele prejudicada | 25% | Morais et al., 2020 Passarelles et al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Integridade tissular prejudicada | 16,6% | Machado et al., 2022 Passarelles et al., 2020 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Interação social prejudicada | 25% | Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 7 – papeis e relacionamentos |
Intolerância a atividade | 25% | Morais et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Isolamento social | 16,6% | Machado et al., 2022 Xavier et al., 2019 | Domínio 12 – conforto |
Manutenção ineficaz da saúde | 8,3% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 1 – promoção da saúde |
Medo | 16,6% | Reis; Jesus, 2021 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Memória prejudicada | 16,6% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 5 – percepção/ cognição |
Mobilidade física prejudicada | 58,3% | Machado et al., 2022 Morais et al., 2020 Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Reis; Jesus, 2021 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Motilidade gastrointestinal disfuncional | 8,3% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 3. Eliminação e troca |
Náusea | 50% | Machado et al., 2022 Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Reis; Jesus, 2021 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 12 – conforto |
Nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporais | 50% | Morais et al., 2020 Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Reis; Jesus, 2021 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 2 – nutrição |
Padrão do sono prejudicado | 16,6% | Passarelles; Rios; Santana, 2019 Xavier et al., 2019 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Padrão respiratório ineficaz | 16,6% | Passarelles et al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Perfusão tissular periférica ineficaz | 8,3% | Xavier et al., 2019 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Pesar | 25% | Morais et al., 2020 Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Processos familiares disfuncionais | 8,3% | Reis; Jesus, 2021 | Domínio 7 – papeis e relacionamentos |
Processos familiares interrompidos | 16,6% | Passarelles; Rios; Santana, 2019 Xavier Et Al., 2019 | Domínio 7 – papeis e relacionamentos |
Proteção ineficaz | 25% | Machado et al., 2022 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 1 – promoção da saúde |
Regulação do humor prejudicado | 8,3% | Souza et al., 2019 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Resiliência prejudicada | 8,3% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Risco de aspiração | 16,6% | Machado et al., 2022 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Risco de confusão aguda | 8,3% | Xavier et al., 2019 | Domínio 5 – percepção/ cognição |
Risco de constipação | 16,6% | Machado et al., 2022 Xavier et al., 2019 | Domínio 3. Eliminação e troca |
Risco de débito cardíaco diminuído | 8,3% | Machado et al., 2022 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Risco de glicemia instável | 8,3% | Machado et al., 2022 | Domínio 2. Nutrição |
Risco de infecção | 33,3% | Machado et al., 2022 Morais et al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Risco de integridade da pele prejudicada | 25% | Machado et al., 2022 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier Et Al., 2019 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Risco de intolerância à atividade | 8,3% | Xavier et al., 2019 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Risco de lesão por pressão | 8,3% | Xavier et al., 2019 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Risco de queda | 25% | Morais et al., 2020 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Risco de religiosidade prejudicada | 8,3% | Souza et al., 2019 | Domínio 10 – princípios da vida |
Risco de sangramento | 8,3% | Xavier et al., 2019 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Risco de sofrimento espiritual | 8,3% | Xavier et al., 2019 | Domínio 10 – princípios da vida |
Risco de tensão do papel do cuidador | 8,3% | Xavier et al., 2019 | Domínio 7 – papeis e relacionamentos |
Risco de volume de líquidos desequilibrados | 8,3% | Xavier et al., 2019 | Domínio 2 – nutrição |
Sentimento de impotência | 8,3% | Passarelles; Rios; Santana, 2019 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Sobrecarga de estresse | 8,3% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Sofrimento espiritual | 33,3% | Morais et al 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Reis; Jesus, 2021 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 10 – princípios da vida |
Tensão do papel do cuidador | 25% | Lourenço; Abreu-Figueiredo; Sá, 2021 Reis; Jesus, 2021 Xavier et al., 2019 | Domínio 7 – papeis e relacionamentos |
Termorregulação ineficaz | 8,3% | Passarelles et al 2020 | Domínio 11 – segurança e proteção |
Tristeza crônica | 16,6% | Silva; Pacheco; Souza, 2020 Reis; Jesus, 2021 | Domínio 9 – enfrentamento/ tolerância ao estresse |
Troca de gases prejudicada | 33,3% | Machado et al., 2022 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 Xavier et al., 2019 | Domínio 3. Eliminação e troca |
Ventilação espontânea prejudicada | 8,3% | Machado et al., 2022 | Domínio 4 – atividade/ repouso |
Volume de liquido deficiente | 33,3% | Machado et al., 2022 Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 2. Nutrição |
Volume de liquido excessivo | 33,3% | Machado et al., 2022 Passarelles et al., 2020 Passarelles; Rios; Santana, 2019 Silva; Pacheco; Souza, 2020 | Domínio 2. Nutrição |
4. Discussões
O cuidado a pacientes em paliação está em constante construção e nesse processo, a enfermagem tem papel fundamental (Machado et al., 2022). Através da Sistematização da assistência de enfermagem e do processo de enfermagem, o enfermeiro deve utilizar o raciocínio clínico para identificar as necessidades de cada indivíduo, gerar diagnósticos de enfermagem, favorecer a organização, o planejamento e o estabelecimento de prioridades a esse público, para que se obtenha uma assistência individualizada, humana, que minimize o sofrimento desses pacientes e gere conforto em seu fim de vida (Morais et al., 2020).
O resultado do presente estudo evidencia uma alta prevalência de diagnósticos de enfermagem que podem ser traçados a pacientes em cuidados paliativos. Considerando os critérios de exclusão da pesquisa, os valores poderiam ser ainda maiores. Apesar disso, as publicações referentes a identificação de diagnóstico de enfermagem ainda são escassas e podem interferir negativamente na valorização da assistência de enfermagem (Morais et al., 2020).
Dentre os 77 diagnósticos citados pelos artigos selecionados, a mobilidade física prejudicada foi a mais citada. Esse diagnóstico pode ser utilizado isoladamente para pacientes em paliação, como pode ser considerado uma característica definidora para síndromes (Almeida et al., 2020; Passarelles et al., 2020). Dos Reis e de Jesus (2021) fizeram uma associação entre o conforto prejudicado e outros DE em pacientes em fim de vida. Eles citaram que pacientes com conforto prejudicado apresentaram mais chance de apresentarem mobilidade física prejudicada, considerando que a incapacidade ou dificuldade de transferência ou locomoção geram ao paciente um sentimento de dependência.
Dor crônica é um dos diagnósticos mais frequentes em pacientes em cuidados paliativos (Silva et al., 2020). Ele pode ser traçado isoladamente, como associado a outros diagnósticos, formando diagnósticos sindrômicos (Almeida et al., 2020; Passarelles et al., 2020) já que esse sinal pode desencadear outros sinais e sintomas, como dispneia, ansiedade, delírio, constipação e outros (Passarelles; Rios; Santana, 2019). Souza et al (2019) citou a utilização de medidas não farmacológicas, atividades relaxantes, promoção de conforto e musicoterapia como intervenções necessárias para o gerenciamento da dor.
O diagnóstico “Ansiedade relacionada à morte” apresentou nesse estudo uma frequência de 50% entre os artigos analisados. Esse dado é esperado à população em cuidados paliativos, considerando a ideia de morte iminente existente (Silva et al., 2020). Um estudo validou esse diagnóstico para os cuidadores de pacientes em cuidados paliativos, salientando a sua relevância e a necessidade de mais estudos e intervenções nessa área (Abreu-Figueiredo et al., 2019).
A tensão do papel do cuidador é um diagnóstico que também é frequente entre os familiares de pacientes em cuidados paliativos. Apesar de já ser validado pelo NANDA- 1, um dos estudos buscou validar clinicamente na perspectiva do cuidador de pacientes em paliação, contribuindo com intervenções de enfermagem mais direcionadas, que diminuam o impacto de níveis de tensão e promova o apoio aos familiares (Lourenço; Abreu-Figueiredo; Sá, 2021). Em nosso estudo, 3 artigos citaram a prevalência desse diagnóstico entre cuidadores. Apesar da importância que esse público possui, são escassos os estudos com enfoque em cuidadores (Xavier et al., 2019).
Devido a multiplicidade de diagnósticos de enfermagem que podem surgir ao paciente em fim de vida, como já citamos nesse estudo, três autores elaboraram a proposta diagnóstica de enfermagem denominado “Síndrome de terminalidade” (Almeida et al., 2020; Silva et al., 2021; Passarelles et al., 2020). O diagnóstico sindrômico é considerado um conjunto de características definidoras presentes em uma determinada enfermidade e que busca aprimorar o raciocínio clínico, permitindo que seja prestado um cuidado mais preciso e acurado (Passarelles; Rios; Santana, 2019).
Um dos estudos identificou uma alta prevalência do diagnóstico de enfermagem de Síndrome de terminalidade em pacientes em paliação, contribuindo para o enfermeiro declarar suas intervenções de forma holística e melhorar assim o seu raciocínio clínico e assistência ao paciente (Almeida et al., 2020). Dos Reis e De Jesus (2021) ao investigar diversos diagnósticos de enfermagem que pode ser associado ao diagnóstico “conforto prejudicado” também relata uma perspectiva futura de desenvolver um diagnóstico sindrômico que permite uma melhor reflexão sobre a prática do enfermeiro, possibilitando uma maior sensibilidade no ato de diagnosticar.
Nesse estudo, a maioria dos artigos pertencem ao domínio atividade/ repouso, enfrentamento/ tolerância do estresse e segurança/ proteção. Esse fato é corroborado por outro estudo que também identificou diagnósticos referentes a pacientes paliativos presentes nos nesses domínios (Dos Reis, De Jesus, 2021; Machado et al., 2022).
O domínio atividade/repouso concentra o maior número de diagnósticos que podem ser traçados aos pacientes paliativos, sendo os mais citados entre os estudos. Isso porque o maior foco de atenção da equipe de enfermagem diz respeito ao controle de sintomas físicos, embora haja também sintomas de ordem psicológicas, espirituais, culturais e sociais quem demandam atenção e cuidado (Morais et al., 2020). Os diagnósticos reais são os mais frequentes, considerando o déficit de conhecimento por parte dos profissionais para identificarem as outras necessidades também relevantes, principalmente em pacientes paliativos que possuem dores e desconfortos que vão muito além do físico (Xavier et al., 2019). Passarelles et al. (2020) também aborda as dificuldades em traçar os diagnósticos psicossociais, que não foram prevalentes em seu estudo, devido as perdas cognitivas do paciente.
Nos artigos analisados foi possível perceber que quanto à utilização dos sistemas de classificação, a NANDA- I foi mais utilizada do que a CIPE. Esse fato pode estar relacionado à maior familiaridade dos profissionais a um sistema em específico ou a maior abrangência de diagnósticos utilizados para o contexto hospitalar, considerando que a maioria dos pacientes paliativos estão em centros hospitalocêntricos (Morais et al., 2020).
O papel da enfermagem no cuidado a pacientes em processo terminal é fundamental, uma vez que essa é a equipe que está diuturnamente em contato com o paciente e consegue apontar as suas necessidades, traçar diagnósticos e intervenções que visem o conforto ao doente e apoio ao cuidador (Machado et al., 2022). Dessa forma, é preciso sensibilizar a equipe de enfermagem quanto a importância do processo de enfermagem, dado que ele padroniza nossa assistência e melhora a sua qualidade (Sousa et al., 2019).
5. Conclusão
No presente estudo foram identificados 77 diagnósticos de enfermagem que podem ser traçados a pacientes em cuidados paliativos, de acordo com os artigos selecionados para essa revisão, fortalecendo dessa forma, a discussão sobre a relevância da sistematização da assistência de enfermagem e a utilização do processo de enfermagem para identificar os diagnósticos de enfermagem e assim contribuir para a atuação do enfermeiro.
Através desse estudo foi possível perceber o número incipiente de publicações que abordem a temática diagnóstico de enfermagem e cuidados paliativos, provando a necessidade desse estudo e de outros que ainda possam abordar os diagnósticos, bem como os cuidados de enfermagem necessários ao público em questão.
Conclui- se que é imprescindível utilizar diagnósticos de enfermagem, sindrômicos ou não, para pacientes em cuidados paliativos e espera- se que esse estudo possa colaborar para uma prática assistencial melhorada, individualizada e com respaldo científico que visem um processo de terminalidade digno.
ABREU-FIGUEIREDO, R. M. S. et al. Ansiedade relacionada à morte em cuidados paliativos: validação do diagnóstico de enfermagem. Acta Paul Enferm, Lisboa, v. 32, n.2, p. 178–185, mar. 2019.
ALMEIDA, A. R. et al. Ocorrência do diagnóstico de enfermagem síndrome de terminalidade em pacientes oncológicos. Enfermagem Foco, Rio de Janeiro, v.11, n.1, p. 50–56, jan. 2020.
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DOS REIS, K. M. C., DE JESUS, C. A. C. Conforto prejudicado no fim de vida: uma associação com diagnósticos de enfermagem e variáveis clínicas. Texto e Contexto Enfermagem. v. 30. 2021.
LOURENÇO, T. M. G; ABREU-FIGUEIREDO, R. M. S; SÁ, L. O. Validação clínica do diagnóstico de enfermagem NANDA – I “Tensão do papel de cuidador” em contexto de cuidados paliativos. Texto e Contexto Enfermagem, Funchal, v.30. 2021.
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WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2.ed. Geneva: WHO, 2002
1Enfermeira, mestre em Biologia Parasitária
Hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia- EBSERH
e-mail: alexandra.lima@ebserh.gov.br
2Enfermeira especialista em Terapia Intensiva
Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia- EBSERH
e-mail: karina.maria.1@ebserh.gov.br
3Enfermeira, mestre em Biologia Parasitária
Universidade Federal de Sergipe – UFS
e-mail:amandacmaciel@hotmail.com