INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO ALÍVIO DA DOR DURANTE O TRABALHO DE PARTO

PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTION FOR PAIN RELIEF DURING LABOR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11211832


Luigui Bruno de Lima Dias1;
Raynara da Silva Félix;
Thaiana Bezerra Duarte.


Resumo

Introdução: O trabalho de parto é um processo fisiológico natural e complexo pelo qual o corpo feminino passa por contrações uterinas que promovem a dilatação do colo do útero, permitindo a passagem do bebê pelo canal vaginal. O parto vaginal pode ser doloroso e acarretar estresse tanto físico quanto emocional à parturiente, e em algumas situações, sendo necessária a aplicação de técnicas não farmacológicas para alívio da dor, para melhor promover a qualidade de vida da paciente no trabalho de parto e no puerpério. Objetivo: Investigar as intervenções fisioterapêuticas para alívio da dor de parturientes em trabalho de parto. Material e métodos: Pesquisa de revisão de literatura, descritiva e qualitativa, através da busca de obras nas bases de dados – SCIELO, LILACS e PEDro, com período de busca entre os anos de 2011 e 2023. Resultados: Foram encontrados e delineados seis estudos nas bases de dados, que apontaram resultados positivos para a aplicação de técnicas não farmacológicas para alívio da dor. Considerações finais: Conclui-se então, que os resultados alcançados corroboram a efetividade das intervenções fisioterapêuticas para o alívio da dor durante o trabalho de parto, contribuindo para uma abordagem mais holística e centrada na mulher. No entanto, ressalta-se a necessidade de mais pesquisas e investimentos em treinamento para os profissionais de fisioterapia, a fim de ampliar o acesso a essas práticas e aprimorar a qualidade dos cuidados obstétricos oferecidos.

Palavras-chave: Dor do parto; Trabalho de parto; Serviço hospitalar de fisioterapia.

Abstract

Introduction: Labor is a natural and complex physiological process through which the female body undergoes uterine contractions that promote dilation of the cervix, allowing the baby to pass through the vaginal canal. Vaginal birth can be painful and cause both physical and emotional stress for the parturient, and in some situations, it is necessary to apply non-pharmacological techniques to relieve pain, to better promote the patient’s quality of life during labor and the postpartum period. Objective: To investigate physiotherapeutic interventions for pain relief in parturient women in labor. Material and methods: Descriptive and qualitative literature review research, through the search for works in the databases – SCIELO, LILACS and PEDro, with a search period between the years 2011 and 2023. Results: Six studies were found and outlined in the databases, which showed positive results for the application of non-pharmacological techniques for pain relief. Final considerations: It is concluded, then, that the results achieved corroborate the effectiveness of physiotherapeutic interventions for pain relief during labor, contributing to a more holistic and woman-centered approach. However, the need for more research and investment in training for physiotherapy professionals is highlighted, in order to expand access to these practices and improve the quality of obstetric care offered.

Keywords: Labor pain; Labor; Hospital physiotherapy service.

INTRODUÇÃO

O trabalho de parto é um processo fisiológico natural e complexo pelo qual o corpo feminino se prepara para dar à luz um bebê, na qual são empregadas as contrações uterinas que promovem a dilatação do colo do útero, permitindo a passagem do bebê pelo canal vaginal. Durante esse período, a mulher pode experimentar uma variedade de sensações físicas e emocionais, incluindo dor, desconforto e estresse. O trabalho de parto é dividido em três estágios distintos: o estágio de dilatação, o estágio de expulsão e o estágio de Greenberg, considerado, portanto, como um evento único e significativo na vida de uma mulher, marcado por uma mistura de desafios e recompensas enquanto ela se prepara para receber seu filho (Souza; Moraes; Silva, 2021).

O parto natural, quando possível e seguro, oferece benefícios tanto para a saúde do bebê quanto para a mãe, pois a compressão que ocorre durante o parto vaginal pode ajudar a eliminar fluidos dos pulmões do bebê, facilitando sua primeira respiração. Para a mãe, o parto vaginal está associado a uma recuperação mais rápida e a um menor risco de complicações pós-parto, como infecções e hemorragias. Além disso, o parto natural pode promover uma ligação emocional mais imediata entre a mãe e o bebê, facilitando a amamentação e promovendo o bem-estar de ambos (Tavares; Teixeira, 2022).

Quando uma parturiente recebe analgésicos durante o trabalho de parto, especialmente opioides ou anestésicos, há riscos potenciais tanto para ela quanto para o bebê, pois podem cruzar a placenta, afetando o sistema nervoso central do feto e causando depressão respiratória. Além disso, esses medicamentos podem prolongar o trabalho de parto, aumentando a necessidade de intervenções farmacológicas, como o uso de ocitocina sintética para acelerar as contrações. Para a mãe, analgésicos podem diminuir a sua capacidade de sentir e responder adequadamente às contrações, dificultando o progresso do parto e aumentando o risco de intervenções invasivas, e sintomas como náusea, tontura e hipotensão (Salatta; Costa; Eufrátio, 2022).

A Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ (2021), realizou um estudo vinculado ao Ministério da Saúde (MS) para investigar casos de partos no Brasil que não tinham indicação para realização de parto cesariano, na qual 25% resultaram no óbito da mãe, do bebê ou ambos. Isso indica que grande parte das parturientes prefere o parto cesariano por ter medo ou anseio de sentir as contrações uterinas, além disso, histórias traumáticas e difíceis da forma imprevista que o parto vaginal acontece, provocam ansiedade e inseguranças por parte da gestante (Mello et al., 2021).

O parto é um momento único e especial na vida de uma parturiente, portanto, promover o bem-estar da mãe e do bebê durante esse processo é essencial para o aumento da qualidade de vida de ambos no puerpério. Entretanto, essa experiência pode ser dolorosa, dificultosa e principalmente desesperadora para as mulheres, devido as contrações uterinas e dilatação cervical. Sendo assim, é imprescindível que técnicas para alívio da dor possam ser aplicadas durante o pré-parto, visando facilitar o processo e diminuição de estresse emocional à paciente. Além disso, o fisioterapeuta é o profissional mais adequado para realização dessas técnicas, uma vez que possui conhecimento sobre anatomia e fisiologia do corpo humano, assim como, possui competência clínica para aplicar as técnicas de controle da dor e pode realizar uma anamnese mais holística (Souza; Moraes; Silva, 2021).

É importante estudar essa temática pois é uma forma de abranger a experiência de trabalho de parto da gestante, promovendo um parto mais confortável e com emoções positivas, assim como a redução do uso de medicamentos e consequentemente, de efeitos colaterais. Além disso, a abordagem fisioterapêutica vai além de somente garantir melhoria e alívio da dor desta parturiente, deve-se garantir o bem-estar físico e emocional e fazer com o que essa parturiente venha a se sentir segura e amparada, contribuindo assim para um trabalho de parto com melhor evolução e segurança para enfrentar o processo fisiológico do próprio corpo durante as fases do trabalho de parto (Salatta; Costa; Eufrátio, 2022).

A intervenção fisioterapêutica durante o trabalho de parto, facilita o alívio da dor, proporcionando às mulheres uma variedade de técnicas não farmacológicas para gerenciar o desconforto. Os fisioterapeutas podem empregar métodos como massagem, exercícios de respiração, relaxamento muscular progressivo e técnicas de mobilização para aliviar a tensão e promover o conforto durante as contrações. Além disso, a orientação quanto à posição adequada e movimentos específicos pode ajudar a otimizar o progresso do trabalho de parto e reduzir a necessidade de intervenções desnecessárias. Ao abordar a dor de uma forma holística, considerando não apenas os aspectos físicos, mas também os emocionais e psicológicos, os fisioterapeutas podem fornecer um suporte durante esse momento, contribuindo para uma experiência de parto mais positiva (Lima; Moreira; Silva, 2022).

O objetivo principal deste estudo, é investigar as intervenções fisioterapêuticas para alívio da dor nas mulheres em trabalho de parto. Os objetivos específicos são: Apresentar e enumerar as técnicas não farmacológicas para alívio da dor realizadas pelo fisioterapeuta e os seus respectivos efeitos.

MATERIAIS E MÉTODO

Este estudo consiste em uma revisão de literatura que se baseou em artigos encontrados em três bases de dados: Biblioteca Científica Eletrônica Online – SCIELO, Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS e Banco de dados de evidências de fisioterapia – PEDro. 

Os descritores em Ciências da Saúde (DECS) utilizados foram: Dor do parto; Trabalho de parto; Serviço hospitalar de fisioterapia, em inglês e português. As buscas foram realizadas nos meses de fevereiro e março de 2024.

Os artigos foram selecionados com base em critérios de inclusão, incluindo texto completo, original em português ou inglês, e publicados entre os anos de 2011 e 2023 e que envolvessem alguma intervenção fisioterapêutica para alívio da dor durante o trabalho de parto. 

Os critérios de exclusão foram artigos duplicados e não disponíveis na íntegra. Os resultados foram apresentados em forma de tabelas, textos e gráficos.

RESULTADOS 

As bases de dados LILACS, SCIELO e PEDro resultaram em 369 artigos encontrados, e com a retirada das obras duplicadas (n=201), restaram 168 resultados. Destes, foram excluídas 152 obras, pois estavam foram de contexto (n=97) e tinha metodologia voltada para revisão bibliográfica (n=55). Estas obras foram elegíveis para a amostra e foram lidas de forma íntegra, foram excluídas 10 obras, pois eram publicações anteriores (n=9) e não estavam no idioma escolhido para este estudo (n=1). Foram incluídos seis estudos (n=6), nesta revisão (Figura 1).

Figura 1 – Fluxograma de coleta de dados.

Fonte: autoria própria (2024).

Quadro 1 – apresentação das obras encontradas e incluídas na revisão.

Autor/ AnoTipo de EstudoObjetivoIntervençãoResultados
Borba, Amarante e Lisboa2021ExploratórioVerificar a percepção da puérpera frente à assistência fisioterapêutica recebida durante o trabalho de parto12 puérperas participaram do estudo, e receberam foram aplicados métodos não farmacológicos para alívio da dor, exercícios de mobilidade pélvica, posturas verticalizadasA assistência fisioterapêutica tem um papel importante para a redução do quadro álgico e ansiedade, pois contribui para o suporte emocional, além de promover o relaxamento.
Marciel, D’ávila e Lourenço2019Relato de CasoRelatar uma experiência com gestantes em trabalho de parto e parto na Maternidade do Hospital Regional de Guaraí (HRGUA)1 parturiente foi avaliada durante o estudo, os métodos utilizados foram: posição vertical, deambulação, agachamento, exercícios na bola suíça e massagem.Houve aumento da oferta da assistência fisioterapêutica em parturientes de parto normal.
Minetto et al.2018Ensaio ClínicoPromover redução do quadro álgico através da intervenção fisioterapêutica em gestantes em trabalho de parto ativo do Centro Obstétrico de um Hospital do Sul de Santa Catarina.16 gestantes participaram do estudo, divididas em dois grupos. O grupo 1 recebeu o Protocolo Fisioterapêutico baseado nas condutas de deslizamento superficial e profundo associados à massoterapia. O grupo 2 recebeu um placebo de simulação de tratamento.A abordagem fisioterapêutica junto à equipe de centros obstétricos é benéfica, atuando em orientações quanto a mobilidade adequada à parturiente.
Abreu et al.2013ExploratórioObservar a visão das parturientes com relação à assistência fisioterapêutica no trabalho de parto e parto21 gestantes participaram do estudo onde foram aplicadas as técnicas de massoterapia, alternância de decúbitos, incluindo a posição sentada em cadeiras, bancos ou bolas de diferentes tamanhos.A atuação fisioterapêutica durante o trabalho de parto e parto foi importante para diminuição da percepção dolorosa.
Santana et al.2013Ensaio ClínicoIdentificar a região mais frequente da dor nas mulheres no início da fase ativa do trabalho de parto87 primigestas em trabalho de parto foram avaliadas, e foram submetidas ao diagrama corporal de localização e distribuição espacial da dor durante uma fase do trabalho de parto.A incidência da dor na fase ativa do trabalho do parto com dilatação cervical de 4 a 5 cm foi maior nas regiões infrapúbica e lombar.
Castro, Castro e Mendonça2012ExploratórioAvaliar os efeitos da abordagem fisioterapêutica no pré-parto e propor um protocolo de intervenção baseado na escala visual analógica (EVA) de dor.10 parturientes foram submetidas à avaliação do fisioterapeuta através da escala visual analógica (EVA) de dor, onde as técnicas foram aplicadas de acordo com o score: EVA (1–3): cinesioterapia, técnicas respiratórias, relaxamento e estímulo à deambulação; EVA (4–7): massoterapia, técnicas respiratórias, relaxamento e estímulo a deambulação e EVA (8–10): técnicas respiratórias, relaxamento e TENS.A abordagem fisioterapêutica no pré-parto parece interferir positivamente sobre a dor e o desconforto materno no grupo estudado.
Fonte: autoria própria.

DISCUSSÃO

Dentre os seis estudos encontrados, três são estudos exploratórios (Borba; Amarante e Lisboa, 2021; Abreu et al., 2013; e Castro; Castro; Mendonça, 2012), dois são ensaios clínicos (Minetto et al. 2018; Santana et al., 2013) e um é um relato de caso (Marciel; D’ávila; Lourenço, 2019). Ao total, 147 parturientes estavam envolvidas nas pesquisas, sendo a pesquisa de Santana et al. (2013) com o maior número de amostra (n=87), e Marciel, D’ávila e Lourenço (2019) com o menor número de participantes (n=1).

As seis obras incluídas na amostra final, foram delineadas no Quadro 1, sendo divididas em autor, ano, tipo de estudo, objetivo, metodologia e resultados. Os seis estudos encontrados possuem metodologias de pesquisas aplicadas, entre ensaios clínicos, relatos de experiência e estudos exploratórios, na qual envolveram parturientes, tanto primigestas quanto multíparas, entre 19 e 31 anos. O estudo que obteve uma amostra maior, foi de Santana et al. (2013), que observaram 87 pacientes primigestas para o alívio da dor no trabalho de parto. Observou-se que em todas as obras, os resultados foram positivos para a aplicação de técnicas não farmacologias para alívio da dor, pelo fisioterapeuta.

Dois estudos (Maciel; D’ávila e Lourenço, 2019; Abreu et al. 2013) fizeram a utilização de técnicas de massoterapia, utilização da bola suíça, deambulação e posicionamento da paciente durante o trabalho de parto. O relato das participantes do estudo foi positivo, uma vez que as intervenções e a presença do fisioterapeuta no trabalho de parto, promoveu mais segurança e confiança das pacientes nas intervenções a qual foram submetidas.

Um estudo (Casto; Castro; Mendonça, 2012) fez o uso da Escala visual analógica (EVA) da dor através de um score, na qual as técnicas de alívio da dor no parto seriam atribuídas de acordo com o score de cada paciente. Outro estudo (Santana et al., 2013), utilizou uma abordagem parecida com Castro, Castro e Mendonça (2012), mas dessa vez com o diagrama corporal de localização, onde, dependendo da localização da dor, as técnicas de alívio da dor do parto poderiam ser aplicadas.

Um estudo (Borba; Amarante; Lisboa, 2021) utilizou as técnicas de exercícios de mobilidade pélvica e posturas verticalizadas, também promovendo a diminuição do quadro álgico das pacientes, mas principalmente o suporte emocional e o relaxamento. Assim como em outro estudo (Minetto et al., 2018), que utilizou as mesmas técnicas, mas através de um ensaio clínico e aplicando em um grupo as técnicas e no outro grupo um efeito placebo, na qual não houve diferença quanto ao conforto da paciente e presença do fisioterapeuta na equipe de assistência ao parto.

Castro, Castro e Mendonça (2012), utilizaram a ferramenta de Escala Visual Analógica (EVA) para avaliar o grau da dor que as pacientes estavam sentindo, para que assim fossem aplicadas as técnicas não farmacológicas para alívio da dor. Apenas 40% das pacientes realizaram mais de 7 consultas de pré-natal durante a gestação, e receberam avaliação fisioterapêutica antes do trabalho de parto. 30% das pacientes sentiam dor no baixo ventre, 60% no baixo ventre com irradiação para a região posterior, e 10% na região lombar. 70% das respostas foram de escolha do posicionamento em decúbito lateral para a melhora da dor, 10% melhoraram com deambulação e 20% relatam não ter nenhuma melhoria com o reposicionamento.

No estudo de Santana et al. (2013), a dor foi a principal queixa relatada pelas pacientes, entretanto o bom desenvolvimento do trabalho de parto dependeu do estado emocional da paciente, tendo em vista que o fisioterapeuta precisa aplicar uma assistência humanizada. Utilizou-se então, um instrumento de avaliação da dor, chamado de diagrama corporal, para uma melhor mensuração de localização e distribuição espacial/irradiação da sensação. O maior nível de dor foi durante a fase ativa do parto, onde a dilação pélvica da mulher encontrou-se entre 4 e 5 cm, nas regiões lombar e infrapúbica.

Abreu et al. (2013), utilizaram os recursos de massoterapia, alternância de decúbito, deambulação e técnicas de respiração, com as pacientes em trabalho de parto vaginal. As respostas foram positivas quanto a utilização dessas técnicas pelo fisioterapeuta, uma vez que favoreceu o desenvolvimento do trabalho de parto e aumentou a sensação de conforto. Dentre as respostas obtidas, apenas cinco pacientes relataram um alívio maior com as técnicas de respiração, além disso, estas também sentiram-se mais seguras na presença do fisioterapeuta.

Minetto et al. (2017), realizaram um estudo de comparação entre um grupo de pacientes que recebeu a terapia manual aplicada pelo fisioterapeuta, e outro grupo que recebeu um protocolo placebo de simulação de tratamento. Não houve diferença entre o grupo 1 que recebeu o protocolo fisioterapêutico nas condutas de deslizamento superficial e profunda associada a massoterapia e o grupo 2 que recebeu um  placebo de simulação de tratamento, quanto aos benefícios que as técnicas trouxeram, o único ponto a ser ressaltado, é que o grupo 1 obteve diminuição dos sintomas álgicos após 60 minutos do início da terapia fisioterapêutica com a terapia manual. As pacientes relataram sentir-se mais seguras e confiantes na presença do fisioterapeuta, e passaram a adotar as posturas verticais para diminuição da dor e diminuição do tempo de trabalho de parto.

Borba, Amarante e Lisboa (2021), realizaram o estudo em um hospital de grande porte no estado do Rio Grande do Sul, na qual foram aplicadas as técnicas não farmacológicas de posição vertical, deambulação, agachamento, exercícios na bola suíça e massagem. O relato das 12 participantes do estudo, foi avaliado como benéfico pois descreveram o trabalho de parto como um momento único e uma experiência diferente em suas expectativas, principalmente as multíparas. Quando questionadas sobre o conhecimento das técnicas durante o pré-natal, elas relataram não ter tido acesso. 

Marciel, D’Ávila e Lourenço (2019), utilizaram as técnicas de posição vertical, deambulação, agachamento, exercícios na bola suíça, massagem, TENS, banho quente, auriculoterapia, reflexologia nos pontos glândula pituitária, hipotálamo, plexo solar e útero, acupressão dos pontos LI4, SP6 e BL32 e percepção respiratória. Este serviço na unidade de aplicação do estudo ainda está sob fase de implementação pela diretoria da unidade, entretanto, o estudo já possui 56,91% de aceitação pelas pacientes, auxiliando ainda na redução dos números de cesarianas que são realizadas por mês.

CONCLUSÃO

Ao investigar as intervenções fisioterapêuticas para o alívio da dor em mulheres durante o trabalho de parto, este estudo revelou resultados consistentes e promissores. A análise dos seis estudos selecionados evidenciou a aplicabilidade e eficácia das técnicas não farmacológicas para o manejo da dor, sob a supervisão do fisioterapeuta. Os achados destacaram a diversidade de abordagens utilizadas, desde massoterapia até técnicas de respiração, demonstrando uma ampla gama de opções disponíveis para atender às necessidades individuais das parturientes. A utilização da Escala Visual Analógica (EVA) permitiu uma avaliação objetiva do grau de dor, enquanto o emprego de instrumentos como o diagrama corporal contribuiu para uma melhor compreensão da localização e distribuição da dor.

Um ponto relevante observado foi a importância do estado emocional da paciente no processo de trabalho de parto, ressaltando a necessidade de uma abordagem humanizada por parte do fisioterapeuta. O suporte emocional e físico proporcionado pelas intervenções fisioterapêuticas não apenas auxiliou no alívio da dor, mas também favoreceu o desenvolvimento do trabalho de parto e promoveu uma sensação de conforto e segurança para as mulheres.

Embora um estudo de comparação não tenha encontrado diferenças significativas entre grupos que receberam terapia manual e placebo, observou-se uma diminuição dos sintomas álgicos após a aplicação da terapia manual, destacando seu potencial benefício para as parturientes.

Conclui-se então, que os resultados alcançados corroboram a efetividade das intervenções fisioterapêuticas para o alívio da dor durante o trabalho de parto, contribuindo para uma abordagem mais holística e centrada na mulher. No entanto, ressalta-se a necessidade de mais pesquisas e investimentos em treinamento para os profissionais de fisioterapia, a fim de ampliar o acesso a essas práticas e aprimorar a qualidade dos cuidados obstétricos oferecidos

REFERÊNCIAS

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1Discentes do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.