ABORDAGEM INTEGRATIVA SOBRE O IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA E DA DIETA NA SAÚDE CARDIOVASCULAR: UMA ANÁLISE DE EVIDÊNCIAS E DIRETRIZES PARA ORIENTAR A PRÁTICA CLÍNICA

INTEGRATIVE APPROACH ON THE IMPACT OF PHYSICAL ACTIVITY AND DIET ON CARDIOVASCULAR HEALTH: AN ANALYSIS OF EVIDENCE AND GUIDELINES TO GUIDE CLINICAL PRACTICE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11211234


Amanda Rodrigues de Oliveira1; Antonio Carlos Moreira da Silva2; Cristhian Leites Grubert3; Erlan Maurício Calado4; Felipe Gomes Pereira5; Giovanni Moretto6; Izabella Crystinna Xavier Teixeira7; Maria Fernanda do Vale8; Neuler Scapin9; Tháscito Romário Sousa Silva10


RESUMO

Este artigo revisa o impacto da atividade física e da dieta na saúde cardiovascular, com foco nas evidências atualizadas e recomendações para a prática clínica. A atividade física regular e uma dieta balanceada desempenham papéis cruciais na prevenção e manejo de doenças cardiovasculares. Estudos de revisão foram utilizados para analisar os efeitos desses fatores na saúde do coração, incluindo diferentes tipos de exercícios e abordagens dietéticas. Recomendações práticas são elaboradas com base nas evidências apresentadas, visando orientar profissionais de saúde e pacientes na promoção de hábitos saudáveis para a saúde cardiovascular.

Palavras-chave: Atividade física, dieta, saúde cardiovascular, revisão integrativa, recomendações clínicas.

ABSTRACT

This article reviews the impact of physical activity and diet on cardiovascular health, focusing on updated evidence and recommendations for clinical practice. Regular physical activity and a balanced diet play crucial roles in the prevention and management of cardiovascular diseases. Review studies were used to analyze the effects of these factors on heart health, including different types of exercises and dietary approaches. Practical recommendations are elaborated based on the presented evidence, aiming to guide healthcare professionals and patients in promoting healthy habits for cardiovascular health.

Keywords: cerebrovascular accident, prevention, acute treatment, emerging therapies, post-stroke rehabilitation.

1. INTRODUÇÃO

    A saúde cardiovascular é um dos pilares fundamentais da saúde humana, refletindo a capacidade do coração e dos vasos sanguíneos de funcionarem de forma eficiente e livre de doenças. As doenças cardiovasculares, que incluem condições como doença arterial coronariana, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca, representam uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Essas condições não apenas impactam negativamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados, mas também exercem uma carga significativa sobre os sistemas de saúde e a economia global. Diante desse cenário, compreender os fatores que influenciam a saúde cardiovascular e identificar estratégias eficazes de prevenção e tratamento tornam-se imperativos para promover a saúde pública e reduzir o ônus das doenças cardiovasculares.

    Nesse contexto, a atividade física e a dieta desempenham papéis cruciais na prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares. A atividade física regular está associada a uma série de benefícios para a saúde cardiovascular, incluindo a melhoria da função cardíaca, a redução da pressão arterial, a regulação dos níveis de colesterol e glicose no sangue, e a manutenção de um peso corporal saudável. Da mesma forma, uma dieta equilibrada e nutritiva, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, tem sido consistentemente associada a um menor risco de doenças cardiovasculares e seus fatores de risco.

    No entanto, apesar do vasto corpo de evidências que apoia os benefícios da atividade física e da dieta para a saúde cardiovascular, ainda existem lacunas no conhecimento que precisam ser abordadas. Questões como a quantidade ideal de exercício, os tipos específicos de atividade física mais benéficos, as estratégias dietéticas mais eficazes e as abordagens de intervenção mais adequadas para diferentes populações continuam a ser objeto de investigação e debate. Portanto, esta revisão busca preencher essa lacuna no conhecimento, fornecendo uma análise abrangente e atualizada das evidências disponíveis sobre o impacto da atividade física e da dieta na saúde cardiovascular. Ao reunir os resultados de estudos relevantes, este estudo tem como objetivo informar políticas de saúde, orientar práticas clínicas e promover a saúde cardiovascular.

    2. IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA NA SAÚDE CARDIOVASCULAR

    A atividade física regular é amplamente reconhecida como um componente crucial na promoção da saúde cardiovascular e na prevenção de doenças cardiovasculares. Estudos de revisão têm consistentemente demonstrado os benefícios da atividade física na redução do risco de doenças cardiovasculares e na melhoria da saúde do coração (Monteiro et al., 2008; Moreira et al., 2017).

    Diversas evidências destacam os benefícios da atividade física na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares. Estudos epidemiológicos têm associado a prática regular de exercícios com uma redução significativa no risco de desenvolvimento de condições como hipertensão arterial, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral. Além disso, a atividade física regular tem sido correlacionada com uma menor incidência de fatores de risco cardiovasculares, incluindo obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia e síndrome metabólica.

    Os mecanismos pelos quais a atividade física influencia positivamente a saúde cardiovascular são diversos e complexos. A prática regular de exercícios promove adaptações fisiológicas benéficas no sistema cardiovascular, incluindo o aumento da capacidade cardiorrespiratória, a melhoria da função vascular, a redução da inflamação sistêmica e a regulação do perfil lipídico (Monteiro et al., 2008). Além disso, a atividade física está associada a uma redução da pressão arterial, aumento da sensibilidade à insulina, e melhoria da função endotelial, todos essenciais para a saúde do coração.

    É importante ressaltar que diferentes tipos, intensidades e durações de exercício podem ter efeitos variados na saúde cardiovascular. Estudos têm demonstrado que tanto exercícios aeróbicos quanto exercícios de resistência podem conferir benefícios significativos para o coração e vasos sanguíneos (Moreira et al., 2017). Além disso, a intensidade do exercício também desempenha um papel crucial, com evidências sugerindo que tanto exercícios de intensidade moderada quanto exercícios de alta intensidade pode ser eficazes na melhoria da saúde cardiovascular. Da mesma forma, a duração e a frequência dos exercícios também são importantes, com recomendações gerais indicando pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana, distribuídos ao longo de vários dias.

    3. IMPACTO DA DIETA NA SAÚDE CARDIOVASCULAR

    A dieta desempenha um papel fundamental na saúde cardiovascular, influenciando diversos aspectos fisiológicos e bioquímicos que podem afetar o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Estudos de revisão têm fornecido evidências robustas sobre o impacto dos diferentes componentes da dieta na saúde do coração.

    Diversos componentes da dieta têm sido associados a efeitos específicos na saúde cardiovascular. Por exemplo, o consumo excessivo de gorduras saturadas e trans tem sido correlacionado com um aumento do colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) e um maior risco de doença arterial coronariana. Em contrapartida, dietas ricas em ácidos graxos ômega-3, presentes em peixes gordurosos, têm sido associadas a uma redução do risco de eventos cardiovasculares adversos (Moreira et al., 2018).

    Além disso, a composição global da dieta desempenha um papel crucial na saúde cardiovascular. Dietas ricas em frutas, vegetais, grãos integrais e legumes são conhecidas por serem benéficas para a saúde do coração, devido ao seu teor de fibras, vitaminas, minerais e compostos antioxidantes. Por outro lado, o consumo excessivo de alimentos processados, ricos em açúcares adicionados e gorduras saturadas, tem sido associado a um maior risco de obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

    Dietas específicas, como a dieta mediterrânea e a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), têm sido amplamente estudadas devido aos seus potenciais benefícios para a saúde cardiovascular. Essas dietas enfatizam o consumo de alimentos integrais, incluindo frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, enquanto limitam o consumo de alimentos processados, gorduras saturadas e sódio. Estudos de revisão têm consistentemente demonstrado que seguir uma dieta mediterrânea ou DASH pode reduzir o risco de hipertensão arterial, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral.

    Além disso, estratégias dietéticas específicas têm sido investigadas para reduzir fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, hipercolesterolemia e obesidade. Por exemplo, a redução do consumo de sódio, o aumento da ingestão de fibras solúveis e a substituição de gorduras saturadas por gorduras insaturadas têm sido recomendadas para controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol no sangue (Mendes et al., 2011).

    Com base nesses estudos, é possível avaliar a qualidade dos dados dietéticos e antropométricos utilizados em estudos sobre abordagens dietéticas e sua relação com o risco cardiovascular. Isso permite uma análise mais precisa das evidências disponíveis e ajuda a fornecer recomendações mais confiáveis ​​para profissionais de saúde e indivíduos em busca de orientação dietética para a prevenção e manejo de doenças cardiovasculares.

    4. RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA CLÍNICA

    As recomendações para a prática clínica devem ser embasadas em evidências sólidas para garantir a eficácia das intervenções na prevenção e manejo de doenças crônicas, incluindo as cardiovasculares. No entanto, é fundamental considerar a confiabilidade das informações fornecidas pelos pacientes sobre suas condições de saúde ao planejar e implementar estratégias de cuidados.

    As recomendações para a prática clínica devem ser baseadas em evidências sólidas e confiáveis, garantindo que os profissionais de saúde possam orientar seus pacientes de forma eficaz. O estudo de Najafi et al. (2019) destaca a importância da confiabilidade no autorrelato de doenças crônicas em estudos de coorte populacionais. Com base nesse estudo, é essencial considerar as seguintes recomendações:

    a) Validar os dados autorrelatados: Os profissionais de saúde devem estar cientes das limitações do autorrelato de doenças crônicas pelos pacientes. É crucial validar esses dados por meio de exames clínicos, testes laboratoriais e registros médicos sempre que possível.

    b) Capacitar os pacientes: Os pacientes devem ser educados sobre a importância da precisão no autorrelato de suas condições de saúde. Eles devem entender os critérios de diagnóstico e ser incentivados a relatar com precisão seus sintomas e histórico médico durante as consultas.

    c) Utilizar múltiplas fontes de informação: Além do autorrelato dos pacientes, os profissionais de saúde podem incorporar informações de familiares, cuidadores e registros médicos anteriores para obter uma visão mais abrangente da saúde do paciente.

    d) Estabelecer uma relação de confiança: Uma relação de confiança entre o paciente e o profissional de saúde é fundamental para garantir a precisão no autorrelato de doenças crônicas. Os pacientes devem se sentir à vontade para compartilhar informações sobre sua saúde sem medo de julgamento ou retaliação.

    e) Realizar avaliações periódicas: Os profissionais de saúde devem realizar avaliações regulares da saúde dos pacientes, atualizando e verificando as informações autorrelatadas ao longo do tempo. Isso ajuda a garantir a precisão e confiabilidade das informações utilizadas no planejamento e manejo do tratamento.

      Ao seguir essas recomendações, os profissionais de saúde podem minimizar os riscos associados à confiabilidade do autorrelato de doenças crônicas, garantindo uma abordagem mais precisa e eficaz no cuidado com os pacientes. Além disso, é importante promover uma comunicação aberta e empática entre profissionais de saúde e pacientes para garantir a coleta precisa de informações sobre a saúde do paciente. Isso pode incluir a educação dos pacientes sobre a importância de relatar com precisão suas condições de saúde e oferecer um ambiente acolhedor e livre de julgamentos para encorajar a transparência e a honestidade.

      Em resumo, a confiabilidade da autodeclaração de doenças crônicas deve ser considerada ao desenvolver e implementar estratégias de cuidados de saúde cardiovascular. A integração de métodos complementares de avaliação da saúde do paciente e uma comunicação eficaz entre profissionais de saúde e pacientes podem ajudar a garantir a precisão das informações coletadas e melhorar os resultados dos cuidados de saúde.

      5. CONCLUSÃO

      A conclusão desta revisão integrativa reitera a importância fundamental da atividade física e da dieta na promoção da saúde cardiovascular. Ao recapitular as principais descobertas e conclusões do estudo, destacamos que tanto a atividade física quanto a dieta desempenham papéis significativos na prevenção e no manejo de doenças cardiovasculares.

      As evidências revisadas demonstram consistentemente que a adoção de uma dieta saudável, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, aliada à prática regular de atividade física, pode reduzir significativamente o risco de doenças cardiovasculares. Estudos revisados também enfatizam que dietas específicas, como a mediterrânea e a DASH, têm benefícios adicionais na redução da pressão arterial, do colesterol e na prevenção de eventos cardiovasculares adversos.

      As implicações clínicas dessas descobertas são vastas. Profissionais de saúde devem integrar a promoção da atividade física e de hábitos alimentares saudáveis em suas práticas clínicas rotineiras, oferecendo orientação personalizada e apoio contínuo aos pacientes na adoção de estilos de vida saudáveis. Além disso, políticas de saúde pública devem ser desenvolvidas para incentivar ambientes favoráveis ​​à prática de exercícios e acesso a alimentos saudáveis, promovendo assim a saúde cardiovascular em níveis populacionais.

      Quanto às futuras direções de pesquisa, é essencial continuar investigando os mecanismos pelos quais a atividade física e a dieta afetam a saúde cardiovascular, bem como explorar intervenções inovadoras para melhorar a adesão a hábitos saudáveis. Além disso, estudos longitudinais e ensaios clínicos randomizados são necessários para avaliar os efeitos a longo prazo dessas intervenções e informar diretrizes clínicas atualizadas.

      Em resumo, a promoção da atividade física e de uma dieta saudável continua sendo uma estratégia fundamental na prevenção e no manejo de doenças cardiovasculares. Ao enfatizar a importância contínua desses comportamentos, podemos avançar na promoção da saúde cardiovascular e melhorar os resultados de saúde em escala individual e populacional.

      REFERÊNCIAS

      FONTANELLI, M. M.; TEIXEIRA, J. A.; SALES, C. H.; et al. Validation of self-reported diabetes in a representative sample of São Paulo city. Rev Saude Publica, v. 51, 20.

      FOLSOM, A. R.; YATSUYA, H.; NETTLETON, J. A.; et al. Community prevalence of ideal cardiovascular health, by the American Heart Association definition, and relationship with cardiovascular disease incidence. J Am Coll Cardiol, v. 57, n. 16, p. 1690-1696, 2011.

      GAYE, B.; CANONICO, M.; PERIER, M. C.; et al. Ideal cardiovascular health, mortality, and vascular events in elderly subjects: the Three-City Study. J Am Coll Cardiol, v. 69, n. 25, p. 3015-3026, 2017.

      GUO, L.; ZHANG, S. Association between ideal cardiovascular health metrics and risk of cardiovascular events or mortality: a meta-analysis of prospective studies. Clin Cardiol, v. 40, n. 12, p. 1339-1346, 2017.

      JACKSON, C. L.; AGÉNOR, M.; JOHNSON, D. A.; et al. Sexual orientation identity disparities in health behaviors, outcomes, and services use among men and women in the United States: a cross-sectional study. BMC Public Health, v. 16, n. 1, p. 807, 2016.

      MALTA, DC; DUNCAN, BB; SCHMIDT, MI; et al. Trends in mortality due to non-communicable diseases in the Brazilian adult population: national and subnational estimates and projections for 2030. Population and Health Metrics No prelo, 2020.

      MARQUES, A.; PERALTA, M.; NAIA, A.; et al. Prevalence of adult overweight and obesity in 20 European countries, 2014. Eur J Public Health, v. 28, n. 2, p. 295-300, 2018.

      MENEZES, T. N.; OLIVEIRA, E. C. T. Validity and concordance of self-reported diabetes mellitus by the elderly. Cien Saude Colet, v. 24, n. 1, p. 27-34, 2019.

      MISKOLCI, Richard; et al. Desafios da saúde da população LGBTI+ no Brasil: uma análise do cenário por triangulação de métodos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, p. 3815-3824, 2022.

      MOREIRA, A. D.; CLARO, R. M.; FELISBINO-MENDES, M. S.; et al. Validade e reprodutibilidade de inquérito telefônico de atividade física no Brasil. Rev Bras Epidemiol, v. 20, n. 1, p.


      1 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

      2 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

      3 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

      4 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

      5 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

      6 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

      7 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

      8 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

      9 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

      10 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil – Fernandópolis/SP