PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA SÍFILIS EM GESTANTES CADASTRADAS NO SISTEMA SINAN NO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL – TO NO PERÍODO DE 2018 A 2022

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF SYPHILIS IN PREGNANT WOMEN REGISTERED IN THE SINAN SYSTEM IN THE MUNICIPALITY OF PORTO NACIONAL – TO FROM 2018 TO 2022

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11204968


Eloir Ferreira de Almeida;
Francielle Gonçalves Pedrosa Martins;
Lorena Martins Vilela;
Orientadora: Msc. Grazielly de Souza Mendes


Resumo

A sífilis é uma doença infecciosa causada pela transmissão da bactéria Treponema pallidum, que pode ser passada por contato sexual, transfusão sanguínea, compartilhamento de agulhas infectadas, e da mãe para o feto durante a gestação ou parto. O objetivo desse estudo é analisar o perfil epidemiológico dos casos notificados de sífilis em gestantes no município de Porto Nacional, estado do Tocantins, no período de 2018 a 2022. O artigo propõe-se como um estudo de caráter descritivo e exploratório com abordagem quantitativa embasado em uma pesquisa retrospectiva a ser realizado por meio da coleta do banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do município de Porto Nacional – TO. Evidenciou-se A cor parda apresentou o maior número de casos comparada às outras etnias, com destaque ao ano de 2021, com 10 casos e um total de 18 casos nos anos de 2019 e 2020. Referente às características da gestante (Tabela 5), as idades mais acometidas da gestante com sífilis foram entre 20 a 34 anos (n = 40). No que se refere à escolaridade, foi observado que a maior parte das pacientes com sífilis apresentou ensino médio completo (n = 13). Ainda, o número de casos no período estudado é menor entre as gestantes que possuem ensino superior incompleto (n = 1), ensino superior completo (n = 1) e ensino fundamental incompleto (n = 1). Além disso, referente à ocupação das gestantes, a maioria era dona de casa (n = 11). A partir das evidências alcançadas no presente estudo, certifica-se que o aumento de casos de sífilis gestacional tem sido atestado em variadas investigações dos estados brasileiros, destacando o Tocantins.

Palavras-chave: Epidemiologia. Sífilis congênita. Cuidado pré-natal.

1 INTRODUÇÃO

A sífilis é uma doença infecciosa causada pela transmissão da bactéria Treponema pallidum, que pode ser passada por contato sexual, transfusão sanguínea, compartilhamento de agulhas infectadas, e da mãe para o feto durante a gestação ou parto, sendo este último caso referido como sífilis congênita. Essa doença costuma-se apresentar de forma assintomática e a gestante que a possuir deve realizar notificação compulsória, sendo que no Brasil, estima-se que, ao ano, uma média de 50 mil gestantes possuem o diagnóstico (FREITAS et al., 2019).

Ademais, tem-se que a sífilis pode progredir ao longo de muitos anos caso não seja tratada adequadamente e evoluir em seus estágios, que são: primário, secundário, latente recente, latente tardio e terciário, tendo o primário e secundário como os que mais apresentam sintomas comumente. E o período de incubação varia de 10 a 90 dias, com uma média de 21 dias, a partir do contato sexual infectante e pode ser transmitida mesmo quando não há sintomas visíveis evidenciando assim a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para evitar complicações da doença (BRASIL, 2019).

Nesse viés, durante a gestação, a sífilis pode ser transmitida verticalmente em qualquer estágio da doença materna, sendo mais comum nos estágios primário e secundário, e tal ação pode ocorrer através da placenta e gerar graves efeitos negativos para o feto. Tais como, o aborto, natimortalidade, óbito perinatal, prematuridade, baixo peso ao nascer, lesões cutâneas e ósseas, além de comprometimento neurológico e oftalmológico (MARASCHIN et al., 2019).

Dessa forma, fica claro que a sífilis gestacional deve ser diagnosticada e tratada o mais precocemente possível, com o intuito de mitigar a possibilidade de transmissão vertical e os consequentes riscos para o feto e para a gestante. Nesse enfoque, os dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) revelaram que, em 2017, a cobertura de testes para sífilis no Brasil não atingiu a meta de 95% de gestantes que recebem atendimento pré-natal e que ultrapassar tal resolução implica em viabilizar o acesso a um tratamento efetivo provido pelo estado (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2019).

Com esse foco, observou-se que no Brasil, a sífilis gestacional, em 2019, identificou 61.127 casos notificados, com 45,1% no Sudeste, 21,3% no Nordeste, 15,4% no Sul, 9,9% na região Norte e 8,4% na região Centro-Oeste (Brasil, 2022). E o Tocantins apresentou 1.626 casos notificados, representando uma taxa de 0,93% dos casos do país ocorridos entre os anos de 2017 e 2019, evidenciando uma quantidade expressiva, tendo em vista que a população tocantinense representa em média apenas 0,75% da população brasileira (FAGUNDES et al., 2022).

Dessa forma, esta pesquisa poderá contribuir para chamar a atenção da sociedade, mas mais ainda do poder público competente para questões relativas ao cuidado pré-natal, à saúde das gestantes e dos recém-nascidos.  

Justifica-se o estudo desse trabalho devido a conhecer a realidade local quanto à incidência de casos de grávidas com sífilis possibilita a proposição de mudanças na assistência a esse público, a fim de promover qualidade de vida e saúde. Nesse viés, discutir essa problemática é imprescindível, pois a incidência de doenças transmissíveis, como a Sífilis e a Gonorreia, em grávidas pode incidir em diversos danos ao bebê, como por exemplo o abortamento, parto prematuro, morte fetal, malformações, entre outros.

Assim, o objetivo desse estudo é analisar o perfil epidemiológico dos casos notificados de sífilis em gestantes no município de Porto Nacional, estado do Tocantins, no período de 2018 a 2022.

2 METODOLOGIA

O artigo propõe-se como um estudo de caráter descritivo e exploratório com abordagem quantitativa embasado em uma pesquisa retrospectiva a ser realizado por meio da coleta do banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do município de Porto Nacional – TO. Sendo que um estudo descritivo é aquele que se descreve uma determinada situação, população, frequência de ação entre outros objetivos relevantes, sempre de acordo com o foco do estudo. 

Segundo Gil (1991), o estudo exploratório é o que visa, como o próprio nome já diz, explorar possibilidades e cenários que ainda não foram descobertos. Em outro viés, a pesquisa quantitativa é aquela em que o método de pesquisa social que utiliza a quantificação nas modalidades de coleta de informações e no seu tratamento, mediante técnicas estatísticas, tais como percentuais, média, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outros. E por fim, o estudo retrospectivo é aquele em que o pesquisador colhe informação pregressa dos fatores de exposição e acompanhada por um período os indivíduos. 

A pesquisa foi realizada através do banco de dados do SINAN, o qual informa seu monitoramento na vigilância epidemiológica do município de Porto Nacional – TO. A coleta de dados ocorrerá no mês de outubro de 2023. 

A população e amostra do estudo foi constituída por todos os casos de Sífilis em gestantes, notificados e registrados pelo SINANdo município de Porto Nacional no período de 2018 a 2022. A amostra foi constituída por uma reunião de informações do Sistema de Internações Hospitalares (SIH) – banco de dados do Departamento de Informação e Informática do SUS (DATASUS) englobando as moradoras do município de Porto Nacional – TO que realizaram notificação compulsória da sífilis congênita no período analisado.

Os critérios de inclusão foram notificação de sífilis congênita ser de gestantes moradoras no município de Porto Nacional – TO e notificação de gestantes que apresentaram a sífilis congênita no período de 2018 a 2022.

A questão norteadora do estudo foi: Qual o perfil epidemiológico e a prevalência de casos notificados de gestantes diagnosticadas com sífilis durante os anos de 2018 a 2022 no município de Porto Nacional – TO?

Foram excluídas as notificações de gestantes que apresentaram a sífilis congênita fora do período de 2018 a 2022; os casos de gestantes que não possuíam diagnóstico de sífilis congênita e as notificações com dados incompletos.

As variáveis estudadas foram relacionadas ao perfil sociodemográfico: tipo de notificação, unidade de saúde, data do diagnóstico, data de nascimento, idade, sexo, gestante, raça/cor, escolaridade, município de residência, distrito, bairro e zona. Variáveis relacionadas ao perfil epidemiológico das progenitoras: ocupação, antecedentes de sífilis, tratamento e comportamento sexual. Variáveis relacionadas ao perfil clínico: resultados dos exames, teste não treponêmico, teste treponêmico, classificação clínica; esquema de tratamento realizado, classificação final do caso e observações adicionais. 

Os dados dos casos novos de sífilis foram provenientes do banco de dados do SINAN do Ministério da Saúde disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde do Tocantins e alimentados pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Nacional. Os dados populacionais necessários para o cálculo da taxa de detecção de sífilis foram fornecidos pelo IBGE. Foram utilizadas estimativas populacionais para os anos de 2019 e 2022 disponibilizados na página do DATASUS/MS/TABNET. O SINAN fornece informações pessoais, sociodemográficas e dados clínicos do caso suspeito notificado. 

Após a coleta de dados, eles foram organizados e tabulados em uma planilha do Microsoft Excel 2010. Posteriormente, os resultados foram apresentados em gráficos, tabelas e/ou quadros, e fundamentado com outros estudos já publicados.

3 RESULTADOS 

Nos últimos quatros anos, 54 casos de sífilis em gestantes foram notificados na cidade de Porto Nacional, Tocantins. Nesse período, os anos de 2018 e 2020 apresentaram um maior número de notificação (n = 12), seguido de 2019 e 2021 (n = 11), verificando-se um decaimento em 2022 (n = 8) (Tabela 1).

Tabela 1 – Quantitativo de diagnósticos de sífilis (n = 54) referente ao mês da notificação, Porto Nacional, Tocantins.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN Net (2023).

A respeito dos diagnósticos de sífilis nos anos de 2018 a 2022 quanto ao bairro de residência (Tabela 2), foi possível observar que o setor Vila Nova e Nova Capital (n = 4) apresentou o maior número de notificações, seguida dos setores Alto da Colina, Jardim Brasília e Irmã Edila (n = 3).

Tabela 2 – Quantitativo de diagnósticos de sífilis (n = 54) referente ao bairro de residência, Porto Nacional, Tocantins.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN Net (2023).

No que diz respeito à realização do pré-natal e Unidade de Saúde de realização da assistência (Tabela 3), identificou-se que três pacientes não realizaram o pré-natal nos anos 2020, 2021 e 2022. Em contrapartida, cinquenta gestantes com sífilis realizaram o acompanhamento, onde o ano de 2018 foi o mais prevalente (n = 12). A respeito da unidade para a assistência dessas pacientes, o Hospital Materno Infantil Tia Dedé é o mais frequentado (n = 9).

Tabela 3 – Quantitativo de diagnósticos de sífilis (n = 54) referente à realização e Unidade de Saúde do pré-natal, Porto Nacional, Tocantins.

Legenda: US: Unidade de Saúde;CEME: Centro de Especialidades Médicas; UBS: Unidade Básica de Saúde; USF: Unidade Saúde da Família.
Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN Net (2023).

A Tabela 4 é referente ao perfil demográfico. Observou-se idade detalhada menor que 1 ano em 100% da amostra, prevalência em pacientes do sexo feminino (n = 30). A cor parda apresentou o maior número de casos comparada às outras etnias, com destaque ao ano de 2021, com 10 casos e um total de 18 casos nos anos de 2019 e 2020.

Tabela 4 – Quantitativo de diagnósticos de sífilis (n = 54) referente ao perfil demográfico, Porto Nacional, Tocantins.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN Net (2023).

Referente às características da gestante (Tabela 5), as idades mais acometidas da gestante com sífilis foram entre 20 a 34 anos (n = 40). No que se refere à escolaridade, foi observado que a maior parte das pacientes com sífilis apresentou ensino médio completo (n = 13). Ainda, o número de casos no período estudado é menor entre as gestantes que possuem ensino superior incompleto (n = 1), ensino superior completo (n = 1) e ensino fundamental incompleto (n = 1). Além disso, referente à ocupação das gestantes, a maioria era dona de casa (n = 11).

Tabela 5 – Quantitativo de diagnósticos de sífilis (n = 54) referente às características maternas, Porto Nacional, Tocantins.

Legenda: EF: Ensino fundamental.
Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN Net (2023).

No tocante do teste não treponêmico, foi possível observar que 47 pacientes apresentaram teste reagente, correlacionando com a atividade da sífilis materna (Tabela 6).

Tabela 6 – Quantitativo de diagnósticos de sífilis (n = 54) referente ao teste não treponêmico, Porto Nacional, Tocantins.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN Net (2023).

Quanto ao tratamento da sífilis em gestantes, verifica-se que a maioria das pacientes tratadas fizeram uso de outro esquema medicamentoso (n = 25), seguido de Penicilina G cristalina 100.000 a 150.000 UI kg/dia por 10 dias (n = 24). Ademais, nos chama atenção o fato de que, no período estudado, duas gestantes não receberam nenhum tratamento. Diante das informações colhidas também foi possível identificar que as pacientes receberam esquema de tratamento inadequado (n = 26), onde somente seis pacientes completaram o esquema de tratamento adequadamente (Tabela 7).

Tabela 7 – Quantitativo de diagnósticos de sífilis (n = 54) referente ao tratamento e esquema de tratamento, Porto Nacional, Tocantins.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN Net (2023).

Na tabela 8, verifica-se a evolução da sífilis materna evidenciando que nenhuma paciente foi a óbito pelo agravo notificado.

Tabela 8 – Quantitativo de diagnósticos de sífilis (n = 54) referente à evolução, Porto Nacional, Tocantins.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN Net (2023).

A Tabela 9 é referente ao diagnóstico final da sífilis materna em pacientes notificadas na cidade de Porto Nacional. Observa-se elevada prevalência em relação a sífilis congênita recente (n = 47). Em contrapartida, nenhuma paciente foi notificada com sífilis congênita tardia durante 2018 a 2022.

Tabela 9 – Quantitativo de diagnósticos de sífilis (n = 54) referente ao diagnóstico final, Porto Nacional, Tocantins.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN Net (2023).

4 DISCUSSÕES

Evidencia-se que a sífilis na gravidez ainda é encontrada em uma parcela considerável de gestantes, favorecendo de forma direta a ocorrência de sífilis congênita. Dessa forma, corroborando com os achados do presente estudo, Ramos et al. (2022) apresentaram que, no diz respeito à raça, a sífilis é predominantemente encontrada entre pacientes pardas, mantendo o mesmo padrão ao longo dos anos.

Conforme Brasil (2020), a segunda faixa etária mais predominante desde o ano de 2005 era entre 30 a 39 anos, seguida por 15 a 19 anos. Entretanto, ocorreu uma modificação desde 2011, em concordância com os dados do presente estudo.

A nível nacional, o aumento de casos de sífilis em gestantes tem sido atestado em análises de diversos locais do Brasil, tais como o estado do Tocantins, Pará, São Paulo, Goiás e Fortaleza. Ao verificar o perfil epidemiológico das pacientes, achados da literatura registraram prevalência de sífilis em gestantes adultas jovens, pardas, com baixo-médio índice de escolaridade, realizando pré-natal de maneira precária e tratamento inadequado, concordando com os resultados do presente estudo (SOUZA et al., 2020; LUPPI et al., 2020; CESAR et al., 2020;).

No estudo de RAMOS et al. (2022), os autores ressaltaram que em 2020, os estados de Tocantins, Roraima, Acre, Amazonas, Sergipe, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul exibiram elevada taxa de detecção para sífilis materna acima da taxa nacional. Concordante, Jesus et al. (2021), salientaram que dentre 2017 a 2019 houve registro de 174.125 casos de sífilis em gestantes no Brasil, onde 1.626 foram notificados em Tocantins, representando uma taxa de 0,93% de ocorrências no país. 

Em contrapartida, embora esse aumento tenha sido evidenciado, o número de notificações pode ser subestimado, uma vez que haja falhas de notificação compulsória, assim como reduzido nível de esclarecimento quanto à necessidade do pré-natal e dos cuidados durante a gravidez e de inferior acesso ao pré-natal e aos testes de rastreio (CESAR et al., 2020;  DAVEY et al., 2020;  BARBOSA et al., 2021).

De acordo com Câmara et al. (2020), o aumento de casos de sífilis em gestantes não é apenas por causa da elevação de casos, mas também da ação da vigilância epidemiológica. Tal órgão reduz a subnotificação e ampliação da cobertura de Estratégias de Saúde da Família, por meio de aumento da disponibilidade dos testes rápidos e do tratamento na atenção básica.

Observa-se como principais dificuldades em relação ao tratamento da sífilis gestacional a inexistência de diagnóstico e/ou falha de tratamento durante o pré-natal; a falta de entendimento das pacientes a respeito da doença; a escassez do medicamento para a efetivação do tratamento; a adesão restringida dos cônjuges e o sexo desprotegido (ROEHRS et al., 2021). 

Evidências afirmam que se o tratamento não for realizado, aumenta a transmissão vertical da sífilis, sendo capaz de abranger valores próximos a 100% nas formas recentes da sífilis. Desse modo, o diagnóstico e o tratamento adequado são altamente eficientes e diminuem a transmissão vertical em até 97% (ROEHRS et al., 2021).

O Ministério da Saúde orienta a realização de triagem sorológica para sífilis, preferencialmente através do teste rápido treponêmico (FTA-Abs, ELISA/ EQL, TPHA/TPPA/MHA-TP ou teste rápido) e o teste não treponêmico (VDRL, RPR e TRUT), durante o pré-natal na primeira consulta, no primeiro e no terceiro trimestre de gestação. O controle do tratamento e da cura das pacientes diagnosticadas com sífilis deve ser feito através do teste não treponêmico (BRASIL, 2019). 

Há medidas no tratamento da gestante com sífilis que constituem ações com o objetivo de prevenir a sífilis congênita. Alguns fatores são conhecidos para o tratamento adequado da sífilis gestacional, como o uso de penicilina G benzatina iniciando até trinta dias antes do parto, o esquema terapêutico apoiado com o estágio clínico da sífilis. Da mesma forma, devese respeitar o intervalo de doses, avaliar o risco de reinfecção e a documentação de queda do título do teste não treponêmico em, no mínimo, duas diluições em três meses ou quatro diluições em seis meses após o término do tratamento (ROEHRS et al., 2021).

O tratamento da sífilis gestacional proposto pela Organização Mundial de Saúde é realizado por meio do uso de Penicilina Benzatina intramuscular (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017). A penicilina é o único fármaco eficiente no tratamento materno e, concomitantemente, na prevenção da transmissão vertical. Diante disso, é possível observar que grávidas com alergia a essa medicação necessitam de dessensibilização, uma vez que é imprescindível o seu uso. Como consequência, as pacientes que utilizarem outras alternativas terapêuticas serão julgadas como inadequadamente tratadas (BRASIL, 2019; FAGUNDES et al., 2022). Desse modo, observa-se que no presente estudo 26 pacientes receberam tratamento inadequado.

De acordo com Arruda et al. (2020), as pacientes identificadas com sífilis, em seu estudo, foram por meio de testes não treponêmicos, sendo realizado tratamento com penicilina benzatina 1.200.000UI e penicilina benzatina 7.200.000UI. A vulnerabilidade que a gravidez está sujeita, intervém de forma direta no tratamento da sífilis gestacional. Sendo assim, quanto maior a vulnerabilidade, inferiores são as chances de um tratamento bem-sucedido.

Portanto, desenvolver práticas de saúde que abrangem questões sociais, culturais e econômicas é fundamental, considerando os conceitos de vulnerabilidade e risco que conseguem estar atrelados às noções de carência e exclusão. Assim, é imprescindível o conhecimento do perfil da sífilis gestacional nas diversas regiões do Brasil, visto que diante as características detectadas poderão aperfeiçoar as políticas públicas e as estratégias de prevenção e de combate a este agravo (PAIVA et al., 2020).

4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das evidências alcançadas no presente estudo, certifica-se que o aumento de casos de sífilis gestacional tem sido atestado em variadas investigações dos estados brasileiros, destacando o Tocantins. 

Ao observar o perfil epidemiológico das pacientes, há prevalência de sífilis em gestantes com faixa etária entre 20 a 34 anos, de raça parda, com índice de escolaridade reduzido a médio. Contudo, nota-se que as pacientes realizaram pré-natal precariamente, assim como tratamento com Penicilina G Cristal 100.000 a 150.000 UI kg/dia/10dd e esquema inadequado.

Consequentemente, destaca-se a relevância do entendimento do problema em questão, sendo necessário a atualização constante das melhores abordagens terapêuticas às pacientes com diagnóstico de sífilis gestacional, ofertando um cuidado individualizado. Assim, poderá aumentar as chances de resultados de tratamento bem-sucedido.  

REFERÊNCIAS

uma revisão de literatura. Revista Educação em Saúde, v. 8, p. 246-252, 2020.

BARBOSA, M. S. et al. Epidemiological study in Brazilian women highlights that syphilis remains a public health problem. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 63, p. e4, 2021.

BRASIL, Ministério da Saúde, Sífilis. (2019). Boletim Epidemiológico. Brasília, Número Especial.

BRASIL. Ministério da Saúde.  Boletim Epidemiológico Sífilis. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2020/outubro/29/BoletimSfilis2020especial.pdf. Acesso em: 02 maio 2024.

BRASIL.  Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (IST). Brasília-DF.Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-deconteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-1.pdf/view. Acesso em: 22 mar. 2023

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2019.

CÂMARA, L. S. et al. Perfil epidemiológico das gestantes com sífilis no Rio de Janeiro. Research, Society and Development, v. 9, n. 10, p. e4999108712-e4999108712, 2020.

CESAR, J. A. et al. Não realização de teste sorológico para sífilis durante o pré-natal: prevalência e fatores associados. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 23, p. e200012, 2020.

DAVEY, D. L J. et al. Prevalence of curable sexually transmitted infections in pregnant women in low-and middle-income countries from 2010 to 2015: a systematic review. Sexually Transmitted Diseases, v. 43, n. 7, p. 450-458, 2016.

FAGUNDES, D. F. et al. Análise do perfil epidemiológico da sífilis materna no município de Palmas, Tocantins, no período de 2017 a 2021. Research, Society and Development, v. 11, n. 14, p. e250111436378-e250111436378, 2022.

FREITAS, J. L. G. et al. Sífilis Materna e Congênita em Rondônia: casos notificados de 2010 a 2015. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 11, n. 17, p. e1631-e1631, 2019.

LUPPI, C. G. et al. Syphilis in the state of São Paulo, Brazil, 2011‒2017. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 23, p. e200103, 2020.

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PAIVA, K. M. et al. Perfil epidemiológico da sífilis materna e congênita em florianópolis, 2016-2017. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 8, p. 54750-54760, 2020.

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