ESTRATÉGIAS DE POSVENÇÃO EM SAÚDE MENTAL NO SUICÍDIO: MANEJO E SUPORTE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11204536


Ana Paula Silva Almeida; Ariadne da Silva França; Elaine dos Santos Felizardo Maria; Gildeny Rodrigues Santos; Luccas Teixeira Barroso Bastos; Pamela Ventura Copa; Coorientador Anderson Scherer1; Orientador: Fledson de Souza Lima2.


RESUMO

Este documento científico discute o suicídio como uma grave questão de saúde pública global, com cerca de 700.000 mortes anuais segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Aborda a complexidade multifatorial do suicídio, destacando a evolução das percepções sociais e culturais ao longo da história e a necessidade de uma abordagem integrada que considere fatores biológicos, psicológicos e sociais.

A pesquisa enfatiza a importância da posvenção, que é o suporte aos enlutados após o suicídio de familiares ou amigos, salientando estratégias eficazes para gerenciar o luto e prevenir futuros episódios suicidas. Exemplifica com iniciativas como o Plano de Ação de Prevenção ao Suicídio da Nova Zelândia e programas do Centro de Valorização da Vida (CVV) no Brasil.

O estudo ressalta o papel crítico dos profissionais de saúde, especialmente da enfermagem, na implementação de práticas de posvenção. Aponta para a necessidade de uma abordagem sensível e multidisciplinar para ajudar os sobreviventes a superarem o luto. Também destaca a falta de recursos e diretrizes específicas para posvenção no Brasil, urgindo por mais estudos e o desenvolvimento de políticas públicas adequadas.

A conclusão reitera que, apesar dos progressos em estratégias de prevenção, a posvenção é um campo vital que requer atenção imediata para oferecer suporte adequado aos enlutados e reduzir o risco de reincidência do comportamento suicida. A integração de práticas baseadas em evidências, envolvendo o apoio contínuo de profissionais de saúde mental e enfermagem, é crucial para uma resposta efetiva ao fenômeno do suicídio, promovendo a resiliência e a recuperação comunitária.

Palavras-chave: Suicídio; posvenção; Estratégias de posvenção; Luto; Enfermagem; Sobreviventes de Suicídio

ABSTRACT

This scientific document discusses suicide as a serious global public health issue, with approximately 700,000 annual deaths according to the World Health Organization (WHO). It addresses the multifactorial complexity of suicide, highlighting the evolution of social and cultural perceptions throughout history and the need for an integrated approach that considers biological, psychological, and social factors.

The research emphasizes the importance of postvention, which is the support provided to the bereaved following the suicide of family members or friends, highlighting effective strategies for managing grief and preventing future suicidal episodes. It exemplifies with initiatives such as New Zealand’s Suicide Prevention Action Plan and programs from the Center for Life Valuation (CVV) in Brazil.

The study underscores the critical role of healthcare professionals, especially in nursing, in implementing postvention practices. It points to the need for a sensitive and multidisciplinary approach to help survivors overcome their grief. It also highlights the lack of resources and specific guidelines for postvention in Brazil, urging further studies and the development of appropriate public policies.

The conclusion reiterates that, despite advances in prevention strategies, postvention is a vital field that requires immediate attention to provide adequate support to the bereaved and reduce the risk of recurrence of suicidal behavior. The integration of evidence-based practices, involving ongoing support from mental health professionals and nursing, is crucial for an effective response to the phenomenon of suicide, promoting resilience and community recovery.

Keywords: Suicide; Postvention; Postvention Strategies; Grief; Nursing; Suicide Survivors

INTRODUÇÃO

O cenário atual suscita uma percepção alarmante de que o suicídio representa uma das principais causas de morte em todo o mundo. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que aproximadamente 800.000 pessoas cometem suicídio anualmente. Este fenômeno não apenas termina vidas prematuramente, mas também deixa uma marca indelével nos sobreviventes, que frequentemente enfrentam um luto complexo e um estigma duradouro. A magnitude global do problema requer uma análise meticulosa das intervenções que podem mitigar suas repercussões, especialmente a posvenção, que se foca no apoio aos enlutados e na prevenção de suicídios subsequentes (Organização Mundial da Saúde, 2021).

No Brasil, a situação é igualmente grave. Estatísticas do Ministério da Saúde apontam para um aumento significativo na taxa de suicídios ao longo das últimas décadas, com números que destacam a urgência de abordagens eficazes de prevenção e posvenção. Em São Paulo, por exemplo, o cenário é ainda mais preocupante, com taxas de suicídio superiores à média nacional, ressaltando a necessidade de intervenções específicas e direcionadas nessa região (Brasil, 2021).

A pósvenção ao suicídio destaca-se como uma área crítica, embora frequentemente negligenciada, dentro das estratégias de saúde mental, com especial relevância na formação e prática de enfermagem. Os enfermeiros, ocupando uma posição central nos cuidados diretos aos pacientes, muitas vezes se veem despreparados para enfrentar os desafios únicos do luto pós-suicídio. Esta lacuna na educação e na preparação profissional contribui para a insuficiência no apoio aos sobreviventes, que são aspectos fundamentais para a recuperação emocional e para a prevenção de futuros incidentes. Adicionalmente, o aumento das taxas de suicídio em um contexto global reforça a urgência em capacitar adequadamente esses profissionais (Smith, 2019; Organização Mundial da Saúde, 2022).

Constata-se afomarção insuficiente em pósvenção pode resultar em abordagens inadequadas às complexidades do luto, deixando enfermeiros e outros profissionais de saúde mal equipados para oferecer o suporte necessário. A natureza do luto pós-suicídio, que frequentemente inclui questões de culpa, estigma e trauma, amplifica a necessidade de estratégias eficazes de pósvenção, complicando significativamente o processo de luto. Desta forma, a inclusão de programas de treinamento específicos sobre pósvenção ao suicídio nos currículos de enfermagem é crucial para preparar os profissionais para responder de maneira mais eficaz e empática (Silva, 2021).

Ampliar o entendimento e as competências em pósvenção por parte dos profissionais de enfermagem não apenas melhora os cuidados prestados aos sobreviventes de suicídio, mas também fortalece as comunidades na gestão e prevenção do suicídio. Investir em educação e treinamento específicos pode transformar a prática da enfermagem, capacitando esses profissionais a atuarem como agentes fundamentais na redução do impacto do suicídio nas famílias e comunidades. Alinhar as práticas de saúde às necessidades emocionais e psicológicas dos sobreviventes é essencial para um atendimento holístico e eficaz (Costa e Almeida, 2022).

A relevância da temática exatamente nesta lacuna: compreender e melhorar as estratégias de pósvenção em saúde mental, com ênfase na atuação da enfermagem. Investiga-se como as práticas e intervenções podem ser otimizadas para apoiar efetivamente os sobreviventes de suicídio e seus familiares, promovendo não só a cura do luto, mas também a resiliência comunitária frente a futuras crises (Souza & Lima, 2021).

A expressiva prevalência de ideias suicidas, atingindo cerca de 20% da população brasileira que reporta ter experienciado tais pensamentos ao longo da vida, destaca a urgência por estratégias de prevenção e intervenção eficazes (Fukumitsu & Kovács, 2020; OMS, 2021). A campanha Setembro Amarelo, iniciativa brasileira de conscientização e prevenção do suicídio, representa um passo significativo nessa direção, embora seja crucial expandir e aprofundar as estratégias de posvenção para incluir os denominados sobreviventes – familiares e amigos enlutados pelo suicídio (OMS, 2021).

No tocante ao suicídio, evidências científicas recentes emergiram mostrando que o assunto em questão não apenas deixa marcas profundas nos sobreviventes, mas também eleva substancialmente o risco desses indivíduos para comportamentos suicidas. Isso torna essencial a adoção de intervenções de pósvenção direcionadas a auxiliar essas pessoas no processo de luto e recuperação (Andriessen, Krysinska, 2021; Organização Mundial da Saúde, 2021). Iniciativas internacionais, como o Plano de Ação de Prevenção ao Suicídio da Nova Zelândia de 2022 e o StandBy Response Service da Austrália, atualizado em 2022, evidenciam a eficácia de abordagens de pósvenção na promoção do bem-estar dos sobreviventes e na prevenção de futuras ocorrências de suicídio, ressaltando a relevância de políticas e programas focados nesse segmento (Ministry of Health, 2022; United Synergies, 2022).

O caminho metodológico adotado foi a revisão de literatura, escolhida para este estudo sobre estratégias de pósvenção em saúde mental após o suicídio, que permite uma compreensão profunda e detalhada das práticas atuais e sua eficácia. Este método é ideal para avaliar a amplitude de estudos existentes e identificar lacunas significativas no conhecimento, sendo crucial quando se trata de temas complexos como a pósvenção, que envolve o manejo do luto e o apoio emocional por profissionais de enfermagem. A abordagem sistemática da revisão integrativa da literatura auxilia na síntese de dados provenientes de diversas fontes, assegurando que as práticas recomendadas estejam fundamentadas em evidências robustas (Lima, Santos & Ramos, 2021).

Importante ressaltar,  que historicamente, a metodologia científica tem evoluído para enfatizar a necessidade de uma base empírica sólida para a prática clínica, uma visão que é especialmente relevante na pós-venção ao suicídio. A partir da formulação do método indutivo por Francis Bacon, a ciência moderna valoriza a observação e experimentação controlada como pilares da aquisição de conhecimento. Na área da saúde, isso se traduz em práticas baseadas em evidências que guiam intervenções clínicas, como o suporte de enfermagem a sobreviventes de suicídio, garantindo que essas intervenções sejam tanto eficazes quanto sensíveis às necessidades dos envolvidos (Fowler, 1965; Babbie, 2015).

No entanto, a aplicação deste método na pesquisa de estratégias de pósvenção em enfermagem implica uma análise criteriosa da literatura, onde artigos são selecionados com base em sua relevância e rigor científico. Usando bases de dados como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), LILACS e PUBMED, esta revisão cobre estudos recentes, utilizando descritores precisos para extrair informações pertinentes ao papel dos enfermeiros no manejo do luto pós-suicídio. Este processo meticuloso assegura que apenas os dados mais atuais e diretamente relacionados ao tema sejam considerados, proporcionando uma base de conhecimento confiável para a formulação de diretrizes práticas para a equipe de enfermagem (Costa, Martins & Gomes, 2021).

Nesta perspectiva , convidamos o leitor a explorar as profundidades de um tema tanto complexo quanto vital. Através de uma discussão detalhada e informada, buscamos não apenas iluminar os desafios da posvenção ao suicídio, mas também inspirar ações que possam transformar o manejo do luto em uma jornada de esperança e recuperação para os sobreviventes e suas comunidades.

ma base empírica sólida para a prática clínica, uma visão que é especialmente relevante na pósvenção ao suicídio. Desde a formulação do método indutivo por Francis Bacon, a ciência moderna valoriza a observação e a experimentação controlada como pilares da aquisição de conhecimento. Na área da saúde, isso se traduz em práticas baseadas em evidências que guiam intervenções clínicas, como o suporte de enfermagem a sobreviventes de suicídio, garantindo que essas intervenções sejam tanto eficazes quanto sensíveis às necessidades dos envolvidos (Novaes & Alencar, 2022).

A aplicação deste método na pesquisa de estratégias de pósvenção em enfermagem implica uma análise criteriosa da literatura, onde artigos são selecionados com base em sua relevância e rigor científico. Usando bases de dados como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), LILACS e PUBMED, esta revisão cobre estudos recentes, utilizando descritores precisos para extrair informações pertinentes ao papel dos enfermeiros no manejo do luto pós-suicídio. Este processo meticuloso assegura que apenas os dados mais atuais e diretamente relacionados ao tema sejam considerados, proporcionando uma base de conhecimento confiável para a formulação de diretrizes práticas para a equipe de enfermagem (Costa, Martins & Gomes, 2021).

Nesta perspectiva , convidamos o leitor a explorar as profundidades de um tema tanto complexo quanto vital. Através de uma discussão detalhada e informada, buscamos não apenas iluminar os desafios da posvenção ao suicídio, mas também inspirar ações que possam transformar o manejo do luto em uma jornada de esperança e recuperação para os sobreviventes e suas comunidades.

1. Objetivo Geral

Explorar o papel essencial da enfermagem na posvenção do suicídio, investigando como práticas, estratégias e intervenções podem apoiar eficazmente os sobreviventes e familiares enlutados. Este estudo visa entender profundamente a contribuição dos profissionais de enfermagem no suporte à promoção do apoio aos envolvidos.

1.2 Objetivos Específicos
  • Investigar a Efetividade da posvenção: Avaliar a eficácia de diferentes estratégias deposvenção ao suicídio implementadas globalmente, destacando programas e práticas que demonstraram impacto positivo no apoio aos sobreviventes de suicídio.
  • Identificar as Necessidades dos Sobreviventes: Compreender as necessidades eimplementar suporte aos familiares e amigos enlutados por suicídio, além de identificar os desafios específicos enfrentados por profissionais de saúde mental após a perda de pacientes.
  • Explorar a Formação e Capacitação em posvenção: Incentivar e implementar programas de treinamento para enfermeiros e outros profissionais de saúde mental, visando equipá-los com as habilidades necessárias para efetuar intervenções de posvenção sensíveis e eficazes.
  • Apontar Diretrizes para a posvenção: Contribuir para a formulação de diretrizes nacionais sobre a posvenção do suicídio, visando padronizar o atendimento aos sobreviventes e garantir a implementação de práticas baseadas em evidências.
  • Avaliar o Impacto das Intervenções de posvenção: Investigar o impacto a longo prazo das intervenções de posvenção sobre a saúde mental dos sobreviventes, incluindo a eficácia destas estratégias na prevenção de futuros episódios suicidas entre os enlutados.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 POSVENÇÃO DO SUICÍDIO

O termo “posvenção” foi originalmente introduzido por Shneidman em 1973 para descrever as intervenções focadas nos familiares e amigos de pessoas que cometeram suicídio. Essas intervenções têm como objetivo facilitar o processo de luto e prevenir futuros episódios suicidas entre os sobreviventes. Ainda que reconhecida a importância dessa abordagem, percebe-se que a literatura especializada em posvenção permanece limitada, o que sublinha a urgência de mais pesquisas e desenvolvimento nesse campo (Shneidman, 1973).

A posvenção, definida como um conjunto de intervenções psicológicas e de suporte destinadas a auxiliar pessoas impactadas pela tentativa de suicídio ou pelo suicídio de alguém próximo, é uma prática essencial, mas frequentemente subvalorizada na abordagem de saúde mental. Apesar do reconhecimento de sua importância, existe uma deficiência notável na formação e conscientização dos profissionais de saúde sobre como implementar efetivamente essas intervenções. Enfermeiros e outros profissionais que frequentemente se encontram na linha de frente do atendimento ainda carecem de treinamento adequado para lidar com as complexidades associadas ao luto e trauma resultantes do suicídio (World Health Organization, 2021).

O enfrentamento do suicídio para os sobreviventes, é um luto particularmente complexo, marcado por estigma e uma profunda necessidade de encontrar sentido na perda sofrida. É fundamental que desenvolvam estratégias de adaptação à ausência do ente querido, um processo que pode variar desde o isolamento social, como mecanismo de defesa contra o julgamento alheio, até a participação em atividades que proporcionem algum conforto, como a psicoterapia, trabalho voluntário ou práticas espirituais. Essas estratégias são essenciais para auxiliar os sobreviventes a navegarem por este período desafiador de suas vidas (Fukumitsu & Kovács, 2016).

Os sobreviventes de suicídio passam por um processo de luto particularmente dificil e desafiador. Este luto é frequentemente intensificado pelo estigma associado ao suicídio e pela busca intensa por sentido após a perda devastadora. Para se adaptar à nova realidade sem o ente querido, esses indivíduos precisam desenvolver estratégias eficazes. Estas incluem desde o manejo do isolamento social, que pode surgir como uma resposta ao medo de ser julgado, até o engajamento em atividades que ofereçam algum conforto ou escape, tais como sessões de psicoterapia, envolvimento em atividades voluntárias ou o aprofundamento em práticas espirituais. Essas ações podem facilitar significativamente o processo de luto e ajudar na reconstrução de uma nova perspectiva de vida (Fukumitsu, K. O.; Kovács, M. J., 2022).

Na Austrália, o serviço StandBy Support After Suicide demonstra a importância da posvenção ativa através do suporte a sobreviventes de suicídio, contribuindo significativamente para a melhoria da saúde mental e das habilidades sociais dos envolvidos. Avaliações do programa indicam melhorias no bem-estar dos participantes e destacam os benefícios econômicos pela redução dos custos em saúde e perdas de produtividade, exemplificando como intervenções bem-estruturadas podem impactar positivamente a comunidade (United Synergies, 2020).

A posvenção, entendida como o conjunto de intervenções dirigidas aos sobreviventes diretos e indiretos de tentativas ou consumações de suicídio, representa uma área crucial, porém frequentemente negligenciada, dentro das estratégias de saúde mental. Embora seu valor seja reconhecido nas diretrizes internacionais para prevenção do suicídio, a familiaridade com este termo e a implementação de práticas de posvenção são variáveis, especialmente entre os profissionais da saúde, incluindo enfermeiros, que muitas vezes são os primeiros a interagir com pessoas em crise (World Health Organization, 2021).

Em um contexto mundial, a posvenção está inserida nas políticas de saúde pública como parte das estratégias de enfrentamento ao suicídio, no entanto, sua adoção prática enfrenta barreiras significativas devido à falta de treinamento e ao limitado conhecimento dos profissionais sobre as práticas recomendadas. Pesquisas indicam que muitos profissionais de saúde não estão suficientemente preparados para lidar com os aspectos psicossociais que envolvem o luto suicida, o que pode resultar em um suporte inadequado aos sobreviventes (Andriessen et al., 2019).

No Brasil, a situação é semelhante A posvenção ainda é um conceito pouco difundido entre os profissionais da saúde, com uma carência notória de formação específica dentro dos cursos de medicina e enfermagem. Este déficit se reflete na qualidade do apoio oferecido aos sobreviventes, que muitas vezes encontram-se desamparados em um momento de extrema vulnerabilidade (Souza et al., 2020). A implementação de programas de formação em posvenção poderia, portanto, ser uma estratégia vital para melhorar a resposta à crise suicida no país.

Contudo, a implementação efetiva dessas políticas ainda é desafiadora, devido à falta de recursos e à necessidade de treinamento específico para profissionais de saúde. A integração da posvenção nas estratégias nacionais de saúde mental é vital para melhorar o suporte a indivíduos impactados pelo suicídio (Silva et al., 2021).

Pesquisas recentes apontam que estratégias de posvenção bem implementadas podem diminuir substancialmente o risco de tentativas subsequentes de suicídio, já que os sobreviventes frequentemente enfrentam um risco elevado de recorrência. Vez que os efeitos benéficos das intervenções de posvenção se estendem para além do suporte imediato oferecido aos sobreviventes de tentativas de suicídio.  Além disso, a construção de redes de apoio, tanto profissionais quanto comunitárias, desempenha um papel crucial ao prover um ambiente contínuo e especializado de suporte, essencial para a recuperação duradoura desses indivíduos (Jones et al., 2022).

São inumeras as estratégias que podem ser adotadas para uma implementação eficaz da posvenção. Iniciativas como programas de capacitação direcionados a profissionais de todas as áreas da saúde, o desenvolvimento de protocolos de intervenção pós-crise e a criação de centros de apoio comunitário têm mostrado sucesso em vários países. Essas medidas não apenas melhoram a competência dos profissionais de saúde, mas também fortalecem a conscientização sobre a importância da saúde mental, contribuindo para uma abordagem mais holística no tratamento e suporte após incidentes de suicídio (Martinez et al., 2023).

Para que a posvenção se torne uma prática efetiva e integrada às políticas de saúde mental no Brasil e no mundo, é necessário um investimento contínuo na formação de profissionais e na pesquisa aplicada. A ampliação do conhecimento sobre as práticas de posvenção pode fortalecer as redes de cuidado e contribuir significativamente para a redução das taxas de suicídio, consolidando a posvenção como um pilar fundamental da saúde pública (World Health Organization, 2021).

Profissionais de saúde, especialmente em áreas de emergência e enfermagem, não recebem treinamento adequado sobre como apoiar sobreviventes de tentativas de suicídio e pessoas enlutadas por suicídio. Isso resulta em uma lacuna no cuidado e suporte oferecidos, tornando imperativa a inclusão da posvenção em programas de educação continuada em saúde (Jones et al., 2022).

A adoção de práticas de posvenção eficazes pode significar uma redução no risco subsequente de suicídio entre os sobreviventes. Intervenções que incluem suporte emocional, terapia de grupo e acesso a serviços de saúde mental podem fornecer recursos cruciais para aqueles em situação de vulnerabilidade (Clark et al., 2022).

Para uma implementação bem-sucedida de programas de posvenção, é fundamental uma abordagem colaborativa que envolva treinamento especializado para todos os profissionais de saúde. Iniciativas internacionais e estudos de caso de posvenção podem servir como modelos para o desenvolvimento de práticas baseadas em evidências e adaptadas às realidades locais (Martinez et al., 2023).

A posvenção é necessária no âmbito da saúde pública e necessita de mais atenção e recursos. Fortalecer as capacidades dos profissionais de saúde através da educação e do treinamento é essencial para proporcionar o suporte necessário a indivíduos afetados pelo suicídio, potencializando a prevenção e a resiliência na comunidade (World Health Organization, 2021).

2.2 Panorama do Suicídio: Brasil e no Mundo

O suicídio é uma questão de saúde pública global que afeta todas as faixas etárias e sociedades.Estudos indicam que cerca de 800.000 pessoas morrem por suicídio anualmente, o que representa uma morte a cada 40 segundos em todo o mundo (World Health Organization, 2021). Colocando-o entre as 20 principais causas de morte mundialmente (World Health Organization,

2021). A distribuição geográfica das taxas de suicídio mostra variações substanciais, influenciadas por fatores socioculturais, econômicos e de saúde mental, que podem modificar os padrões de risco e comportamento em diferentes populações (Johnson et al., 2021).

No Brasil, o panorama é igualmente grave, com o país figurando entre os de maior prevalência de casos na América Latina. Dados recentes do Ministério da Saúde ilustram a disparidade regional, com índices particularmente elevados no Sul, atribuídos a fatores socioeconômicos específicos e maior acessibilidade a meios letais (Souza et al., 2020). A A população jovem entre 20 a 29 anos apresenta maior vulnerabilidade, enfrentando intensas pressões econômicas e sociais que podem precipitar crises suicidas.

Pesquisas indicam que transtornos mentais, como depressão e ansiedade, figuram entre os principais fatores de risco, juntamente com circunstâncias de vida adversas, como instabilidades financeiras ou rompimentos afetivos (Smith & Silva, 2019). O abuso de substâncias também é reconhecido por amplificar o risco, sublinhando a necessidade de abordagens preventivas que integrem cuidados em saúde mental e suporte social.

Aspectos socioculturais e econômicos também desempenham papéis cruciais nas taxas de suicídio. Desigualdades econômicas, desemprego e instabilidade social são fatores de risco conhecidos (Chang et al., 2021). A estigmatização da saúde mental e as variações culturais na aceitação do suicídio afetam diretamente as estatísticas globais e a eficácia das intervenções de prevenção.

A epidemiologia do suicídio revela padrões significativos, como maior prevalência entre homens e em idades específicas. Programas de prevenção, como aqueles implementados na Escandinávia, que combinam políticas de saúde pública e estratégias comunitárias, mostraram redução nas taxas de suicídio (Andersson et al., 2021). Estes programas enfatizam a importância de estratégias proativas e adaptadas culturalmente.

Na medicina, o desenvolvimento de novas abordagens farmacológicas e terapias psicológicas avançadas oferece esperança. Tratamentos inovadores, como a terapia com psilocibina e a ketamina, estão sendo explorados para tratamento rápido de condições depressivas graves, um dos principais fatores de risco para o suicídio (Johnson et al., 2022). Estas abordagens representam a vanguarda da pesquisa clínica e prometem revolucionar o tratamento da saúde mental.

É imperativo que a prevenção do suicídio seja considerada uma prioridade global de saúde. O aumento dos esforços internacionais e a cooperação são essenciais para desenvolver estratégias eficazes que abordem todos os aspectos do suicídio. A pesquisa contínua e o compromisso com soluções baseadas em evidências serão fundamentais para diminuir a prevalência deste trágico fenômeno (WHO, 2021).

2.3 ASSISTÊNCIAS E APOIO AOS SOBREVIVENTES

Grupos de apoio constituídos por indivíduos enlutados devido ao suicídio de entes queridos vêm se destacando como efetivas estratégias de posvenção, auxiliando significativamente no amparo emocional dos participantes. Estes grupos, apoiados tanto por entidades governamentais quanto não governamentais, além de doações e contribuições dos membros, fornecem um espaço vital para o compartilhamento de experiências e o suporte mútuo (WHO, 2000).

Originados na América do Norte nos anos 70, os grupos de suporte a sobreviventes de suicídio expandiram-se globalmente, particularmente em países de língua inglesa. Embora ainda sejam relativamente raros, a colaboração entre organizações como a American Association of Suicidology, a Organização Mundial da Saúde e a International Association for Suicide Prevention tem sido fundamental na disseminação de recursos e informações sobre o tema (WHO, 2000).

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma organização fundamental na prevenção do suicídio e no fornecimento de suporte emocional. Anualmente, o CVV realiza mais de um milhão de atendimentos, contando com uma extensa rede de voluntários que operam em todo o território nacional. Utilizando uma variedade de plataformas de comunicação, incluindo telefone, chat e e-mail, o CVV proporciona um suporte essencial para aqueles em busca de auxílio, desempenhando um papel crucial na redução das taxas de suicídio e na promoção da saúde mental (Centro de Valorização da Vida, 2023).

Entre as diversas iniciativas do Centro de Valorização da Vida (CVV), os Grupos de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio (GASS) são particularmente notáveis. Estes grupos promovem encontros mensais que visam oferecer um espaço seguro de diálogo e apoio mútuo para sobreviventes de suicídio. Essas reuniões são fundamentais para facilitar o processo de luto e contribuir significativamente para a recuperação emocional dos participantes. Este esforço do CVV demonstra o impacto positivo que o suporte comunitário e a solidariedade podem ter na superação das adversidades enfrentadas por aqueles que perderam entes queridos para o suicídio (Centro de Valorização da Vida, 2022).

O Instituto Vita Alere de Prevenção e posvenção do Suicídio, desde sua fundação, tem sido um pilar na abordagem do suicídio através de grupos de apoio. Inspirados no conceito de posvenção, esses grupos têm como finalidade diminuir a incidência de suicídios, acolher sobreviventes e capacitar profissionais. As reuniões, realizadas mensalmente em diversas cidades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, são gratuitas e abertas ao público. Esses encontros buscam facilitar a troca de experiências e criar um espaço de acolhimento e escuta ativa, fundamentais para o suporte aos envolvidos (Instituto Vita Alere, 2022).

Figura 1: Identificação de comportamentos de risco baseada em características observáveis durante o acolhimento.

Fonte: Manual de prevenção ao suicídio entre crianças e adolescentes, 2019, elaborado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul em colaboração com o Ministério da Saúde.

Na saúde pública, o suicídio se apresenta como um desafio de grande escala, demandando abordagens multidisciplinares para seu efetivo enfrentamento. Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700.000 pessoas perdem a vida por suicídio todos os anos, sendo esta uma das principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, observou-se um aumento de 43% nas mortes por suicídio no período de 2010 a 2019, sublinhando a seriedade deste problema (Organização Mundial da Saúde, 2021; Ministério da Saúde do Brasil, 2021). O suicídio resulta de uma interação complexa de fatores ambientais, psicológicos, culturais, biológicos e políticos, reforçando a necessidade de uma compreensão ampla e integrada para a formulação de políticas e intervenções eficazes (Schlösser, Rosa & More, 2021).

A morte por suicídio impõe um luto especialmente dificultoso para os sobreviventes, colocando-os em um elevado risco de problemas de saúde mental. Nesse cenário, torna-se crucial a identificação precoce de sinais de risco e a implementação de intervenções terapêuticas para oferecer suporte adequado a esses indivíduos. Tais medidas são essenciais tanto em contextos comunitários quanto nos serviços de saúde, visando minimizar o impacto psicológico prolongado causado pelo suicídio (Wilson & Marshall, 2022). Karl Andriessen, Krysinska e Grad, em estudos recentes, sublinham a importância de reconhecer e apoiar os sobreviventes de suicídio — aqueles que enfrentam o luto após a perda de um ente querido — enfatizando a necessidade de acompanhamento especializado e contínuo para essas pessoas (Andriessen, Krysinska & Grad, 2022).

O luto resultante de um suicídio apresenta características particulares que exigem uma abordagem especializada, devido à sua intensidade prolongada e aos questionamentos recorrentes sobre as motivações do ato. Scavacini et al. (2020) enfatizam que compreender essas peculiaridades é crucial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de intervenção. Os sobreviventes muitas vezes experienciam um desespero acentuado, sensações de desamparo e episódios de depressão, o que requer um suporte psicológico adequado e contínuo. A posvenção, um conceito originado por Edwin Shneidman, é direcionada para amenizar o impacto do suicídio entre os sobreviventes, incluindo a proposição de intervenções focadas na recuperação dos enlutados e na prevenção de futuros episódios suicidas (Scavacini et al., 2020; Fukumitsu & Kovács, 2022).

Flexhaug e Yazganouglu destacam a posvenção como um conjunto de ações que visam aliviar o sofrimento decorrente do suicídio, evidenciando a conexão direta entre a eficácia dessas intervenções e a prevenção de suicídios em futuras gerações. Neste contexto, as políticas públicas desempenham um papel crucial. Por exemplo, recentemente atualizadas diretrizes brasileiras para a prevenção do suicídio e a promoção da saúde mental, como as estabelecidas pela Portaria do Gabinete do Ministro da Saúde, refletem um esforço contínuo para fortalecer as estratégias nacionais nesta área (Ministério da Saúde do Brasil, 2022).

A enfermagem, ocupando uma posição central nos cuidados de saúde, exerce um papel fundamental nas estratégias de posvenção. Isso se deve não apenas ao seu contato direto e contínuo com a comunidade, mas também à sua habilidade de criar ambientes acolhedores e de suporte para os enlutados pelo suicídio. A prática dos profissionais de enfermagem é pautada pela empatia e pelo compromisso com o cuidado holístico, elementos vitais que auxiliam na recuperação dos sobreviventes de suicídio (Silva et al., 2021).

 Figura 1: Assistência prestada na posvenção padronizados pelo ministério da saúde da Nova Zelândia.

Fonte: Ministry of Health. (2021). New Zealand suicide prevention action plan 2008–2012: Second progress report. Wellington: Ministry of Health.

Para uma posvenção do suicídio eficaz, é crucial a atuação conjunta de equipes multidisciplinares de saúde, que incluem enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e assessores culturais. Esses profissionais desempenham um papel ativo dentro das comunidades, oferecendo suporte contínuo durante o ano que segue ao evento de suicídio. Eles auxiliam os sobreviventes e interagem com escolas e outras instituições afetadas por casos de suicídio, garantindo um acompanhamento integral e sensível à cultura local (Ministry of Health, New Zealand, 2022).

O programa australiano Standby Response Service é um exemplo notável de uma abordagem proativa na assistência a grupos impactados pelo suicídio, incluindo os enlutados. Focado em melhorar a produtividade, saúde mental e competências sociais dos sobreviventes, o programa também promove a conscientização sobre questões fundamentais como luto, perda, gestão de crises e controle de trauma. Além disso, visa fortalecer a capacidade comunitária para manejar e responder de forma adequada a casos de suicídio, destacando-se como uma iniciativa integral em saúde pública (Ministry of Health, New Zealand, 2022).

O programa australiano Standby Response Service é um exemplo notável de uma abordagem proativa na assistência a grupos impactados pelo suicídio, incluindo os enlutados. Focado em melhorar a produtividade, saúde mental e competências sociais dos sobreviventes, o programa também promove a conscientização sobre questões fundamentais como luto, perda, gestão de crises e controle de trauma. Além disso, visa fortalecer a capacidade comunitária para manejar e responder de forma adequada a casos de suicídio, destacando-se como uma iniciativa integral em saúde pública (Ministry of Health, New Zealand, 2022).

O luto decorrente de um suicídio frequentemente inclui um esforço para compreender o ato e enfrentar o estigma social associado, o que pode tornar essa experiência particularmente isolante e silenciada. Esse isolamento é frequentemente exacerbado pela tendência em manter o suicídio como um segredo dentro da família, especialmente entre crianças e adolescentes. Esse silêncio pode aumentar consideravelmente o sofrimento dos enlutados, exigindo abordagens sensíveis e abertas para lidar com o luto em tais circunstâncias (Botega, N. J.; Fukumitsu, K. O.; Kovács, M. J., 2022).

Para os sobreviventes de suicídio, a exposição direta às circunstâncias da morte, como o encontro com o corpo, pode desencadear traumas psicológicos profundos, que se manifestam frequentemente em flashbacks e pesadelos. Estas experiências dolorosas destacam a necessidade de um suporte especializado e sensível, que compreenda as particularidades do luto por suicídio. Isso enfatiza a importância de intervenções psicológicas cuidadosas e direcionadas para ajudar os enlutados a processar seus sentimentos e traumas de maneira saudável (Botega, N. J.; Fukumitsu, K. O.; Kovács, M. J., 2022).

A intervenção, ou posvenção, destinada a amigos e familiares de pessoas que cometeram suicídio, requer um suporte multidisciplinar, embora ainda existam lacunas significativas nos estudos sobre essas práticas. Profissionais de saúde desempenham um papel essencial, oferecendo orientações que ajudam a normalizar as reações ao luto e a promover estratégias eficazes de enfrentamento. Isso inclui a participação em grupos de apoio e o acesso a materiais educativos sobre como lidar com o luto, aspectos essenciais para auxiliar os sobreviventes neste processo difícil (Organização Mundial da Saúde, 2022; Fukumitsu, K. O.; Kovács, M. J., 2022).

Os impactos do suicídio ultrapassam o círculo íntimo de amigos e familiares, alcançando colegas, comunidades escolares e profissionais de saúde, todos igualmente considerados sobreviventes desse trágico acontecimento. Esse entendimento ampliado sublinha a necessidade de um suporte abrangente e destaca a importância de políticas de saúde pública que se concentrem na posvenção. Essas políticas devem proporcionar medidas eficazes para atender a todos os afetados, ajudando-os a lidar com o luto e a recuperar-se do trauma (Botega, N. J., 2022).

Figura 3: Estratégias mais comuns para lidar com o luto após um suicídio.

Rocha & Lima. Características distintas do luto em famílias de sobreviventes de suicídio e a intervenção psicológica. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, volume 31, número 2, páginas 323-344, agosto de 2019.

2.4 O Papel da Enfermagem na posvenção ao Suicídio

A posvenção ao suicídio é uma componente crucial da saúde mental, enfocando o suporte às pessoas enlutadas após a perda por suicídio. Este artigo examina as práticas de posvenção e ressalta a importância do papel desempenhado pelos enfermeiros no fornecimento desse suporte especializado. A literatura recente indica que uma posvenção eficaz inclui a oferta de suporte emocional contínuo, a criação de espaços acolhedores para os enlutados e a participação em cerimônias fúnebres, essenciais para a formação de uma rede de apoio comunitário (Botega, N. J., 2022).

Familiares de vítimas de suicídio frequentemente destacam a importância de uma comunicação clara e empática por parte dos profissionais de saúde. Um exemplo disso foi partilhado por um pai durante uma entrevista recente, onde ele ressaltou a sensibilidade de um enfermeiro ao comunicar a trágica notícia:

“Quando nos contaram, o enfermeiro escolheu suas palavras com muito cuidado. Isso ajudou a clarear a situação e a entendermos o que aconteceu” (Jordan, R., 2022).

As intervenções de posvenção abrangem uma vasta gama de atividades, que vão desde autópsias psicológicas e grupos de suporte mútuo até aconselhamento individual. É essencial também preparar e fornecer apoio contínuo a equipes de primeiros socorros, como bombeiros e paramédicos, que frequentemente lidam com as consequências imediatas de um suicídio. Estas equipes precisam de treinamento específico para gerenciar o impacto emocional dessas ocorrências (Bteshe, J., 2022; Ferro, L., 2022). Adicionalmente, as iniciativas de posvenção comunitária são cruciais, não apenas para ajudar na recuperação dos sobreviventes, mas também para prevenir futuros incidentes, destacando a importância de uma abordagem integrada e sustentada (Andriessen, K., 2022).

O encaminhamento para recursos apropriados constitui uma parte essencial do papel dos enfermeiros na posvenção ao suicídio. Os familiares valorizam especialmente quando os enfermeiros fornecem acesso contínuo a recursos de suporte ao luto. Conforme destacado por Maple et al. (2022),

“é crucial que as famílias sejam direcionadas para suportes externos e grupos de apoio, pois isso pode desempenhar um papel fundamental na sua recuperação.”

As pesquisas ressaltam a relevância dos grupos de apoio como espaços cruciais onde os enlutados podem compartilhar suas experiências e dar os primeiros passos em sua jornada de cura emocional. Esses grupos criam um ambiente de empatia e compreensão mútua, elementos fundamentais para um processo de luto saudável e para a prevenção de novos pensamentos suicidas (Kreuz, R. & Antoniassi, P., 2022; Rocha, S. & Lima, F., 2022).

Além de oferecer suporte emocional, a equipe de enfermagem também desempenha um papel educativo crucial, orientando os familiares sobre o luto e suas diversas manifestações. Andriessen et al. (2022) destacam a importância dessa orientação, afirmando que “educar as famílias sobre o luto e suas potenciais complicações pode prepará-las melhor para o caminho à frente”. O manejo do luto após o suicídio de um ente querido é, sem dúvida, uma experiência profundamente pessoal e complexa, que envolve não apenas os familiares mas também os profissionais de saúde, com um papel destacado para a equipe de enfermagem.

Um estudo realizado por Cerel et al. (2022) sublinha a intensidade e o caos dos primeiros momentos após a notícia de um suicídio, enfatizando como o apoio inicial da equipe de enfermagem pode influenciar significativamente o processo de luto subsequente. Esta observação ressalta a necessidade de uma comunicação extremamente sensível e empática por parte dos enfermeiros durante esses momentos críticos.

Complementarmente, a habilidade dos enfermeiros em identificar sinais de luto complicado nos familiares é crucial. Um exemplo disso é relatado em um estudo mais recente por Shear et al. (2022), onde uma mãe descreve sua experiência:

“Eu não estava apenas triste, eu estava perdida em minha tristeza, e a enfermeira percebeu isso antes mesmo de eu saber nomear o que estava sentindo”.

Estas iniciativas destacam a importância de uma equipe de enfermagem bem preparada e atenta às complexidades emocionais enfrentadas pelos familiares de pessoas que cometeram suicídio.

A função da enfermagem é fundamental no processo de posvenção ao suicídio, envolvendo a detecção precoce de sinais de luto complicado e a implementação de intervenções terapêuticas. Os enfermeiros desempenham papéis essenciais que vão desde o acolhimento inicial até a coordenação de grupos de apoio e a implementação de estratégias psicoeducativas, todas voltadas para sustentar a saúde mental dos sobreviventes. Essas ações são cruciais para ajudar as famílias a navegar no processo de luto de maneira saudável e construtiva (Botega, N. J., 2022).

A diversidade das intervenções de posvenção enfatiza a importância de uma abordagem multidisciplinar na saúde, que envolve a coordenação entre socorristas, enfermeiros e outros profissionais de saúde. Esta colaboração é crucial para uma gestão eficaz de crises e para oferecer suporte continuado aos enlutados. A eficiência desta abordagem é sustentada pela integração de diferentes especialidades que podem abordar os aspectos complexos do luto pós-suicídio, ressaltando a necessidade de estratégias coordenadas e integradas (Bteshe, J.; Ferro, L., 2022).

O feedback dos familiares destaca a necessidade de treinamentos contínuos para enfermeiros em comunicação e manejo do luto. De acordo com um relatório recente de Hom et al. (2022),

“é essencial que treinamentos especializados em posvenção sejam incorporados regularmente nos currículos de enfermagem para aprimorar a capacidade de resposta em situações de suicídio”.

O feedback dos familiares destaca a necessidade de treinamentos contínuos para enfermeiros em comunicação e manejo do luto. De acordo com um relatório recente de Hom et al. (2022),

“é essencial que treinamentos especializados em posvenção sejam incorporados regularmente nos currículos de enfermagem para aprimorar a capacidade de resposta em situações de suicídio”.

2.5 Além do Cuidado Clínico: Treinamento em posvenção para Enfermeiros

A capacitação de enfermeiros em estratégias de posvenção ao suicídio torna-se crucial frente à crescente incidência de suicídios e ao papel fundamental desses profissionais no apoio aos sobreviventes. Jordan e McIntosh (2022) destacam que o luto decorrente de suicídios apresenta características únicas, exigindo dos profissionais de saúde um entendimento aprofundado e habilidades para manejar emoções intensas e muitas vezes contraditórias. Este conhecimento especializado é essencial para oferecer um suporte adequado e eficaz aos enlutados em um momento tão delicado.

Realizar uma comunicação sensível e adaptativa é essencial no apoio a sobreviventes, transcendendo a rotina clínica usual. Maple et al. (2022) enfatizam que os enfermeiros devem ser capacitados para oferecer conforto e compreensão, minimizando o risco de agravar o trauma dos enlutados. Através de uma comunicação eficaz, os enfermeiros podem auxiliar os sobreviventes a expressar seu luto de forma saudável e construtiva.

Cerel et al. (2022) salientam que a capacitação em intervenções específicas de posvenção pode ser uma estratégia eficaz para prevenir futuros suicídios entre os sobreviventes. Tais intervenções incluem a elaboração de planos de segurança personalizados, estratégias de gestão de crises e a coordenação de grupos de apoio, ressaltando a importância de integrar essas abordagens nos programas de treinamento para enfermeiros.

A proposta de um modelo de formação continuada que combine módulos de aprendizado online e presencial, workshops práticos e simulações, conforme recomendado por Santos et al. (2019). Eles sugerem a inclusão de depoimentos de sobreviventes nos treinamentos para enriquecer a compreensão dos enfermeiros sobre as complexidades enfrentadas pelos enlutados.

A eficácia desses programas depende da colaboração entre instituições educacionais, serviços de saúde e associações profissionais. Machado e Santos (2020) defendem que o desenvolvimento profissional contínuo em posvenção deve ser uma prioridade, alinhado às diretrizes nacionais e internacionais para prevenção do suicídio.

Costa et al. (2021) enfatizam a importância da avaliação e atualização constantes dos programas de treinamento para assegurar que os enfermeiros se mantenham atualizados com as práticas mais recentes em saúde mental. Este compromisso contínuo com a aprendizagem e adaptação a novas evidências é crucial para manter a eficácia da posvenção ao suicídio.

2.6 Ecos de uma Despedida: O Impacto Emocional e Profissional

Para os profissionais de saúde mental, que enfrentam o luto decorrente da morte por suicídio de pacientes, apresenta desafios únicos. Diferenciando-se significativamente das experiências de outros profissionais da saúde. Esse impacto profundo muitas vezes resulta do estreito vínculo que se desenvolve entre terapeutas e pacientes, em que estes últimos compartilham de maneira intensa suas emoções e narrativas de vida. Essa conexão profunda pode tornar a perda extremamente traumática. Plakun e Tillman (2022) destacam que compreender e manejar essas emoções é crucial para os terapeutas, que precisam encontrar maneiras de lidar com o próprio luto enquanto continuam a oferecer suporte a outros pacientes.

Aceitar a possibilidade da morte por suicídio de um paciente é uma realidade difícil, porém inerente ao trabalho no campo da saúde mental. Essa exposição frequentemente leva os profissionais a uma dimensão onde a perda pode ser percebida como uma falha pessoal ou profissional, gerando um complexo de emoções intensas, estigmatização e até a amplificação de sintomas depressivos entre os cuidadores (Conselho Federal de Psicologia, 2022; Scavacini, 2022).

A morte de um paciente por suicídio é muitas vezes descrita como um dos eventos mais perturbadores na carreira de profissionais da saúde, evocando sentimentos de choque, fracasso, impotência, tristeza profunda, culpa e raiva. Além disso, a situação é exacerbada por possíveis acusações ou litígios movidos pelos familiares do paciente, o que aumenta significativamente o estresse emocional e profissional enfrentado pelos terapeutas (Botega, N. J., 2022; Fukumitsu, K. O., 2022).

Apesar dos esforços em programas de prevenção e avaliação de riscos, o suicídio de pacientes ainda ocorre, desafiando a concepção de que é responsabilidade exclusiva do terapeuta “salvar” o paciente. Assim, é crucial ampliar as estratégias de enfrentamento ao sofrimento, adotando uma abordagem multidisciplinar no manejo da ideação suicida (Botega, N. J., 2022; Fukumitsu, K. O., 2022).

A revisão de casos e a discussão em equipe sobre as abordagens terapêuticas são essenciais para processar o luto profissional e refletir sobre as dinâmicas de tratamento. O diálogo com supervisores e a troca de experiências são apontados como cruciais para a elaboração de respostas adequadas ao suicídio do paciente, apesar do receio de compartilhamento por medo de julgamento (Plakun, E. M.; Tillman, J. G., 2022).

Na posvenção, é fundamental racionalizar o ato suicida como uma consequência das experiências do paciente, o que ajuda a aliviar a culpa nos profissionais ao distinguir esta dos deveres reais. Compreender as limitações de cada indivíduo e os múltiplos fatores que levam ao suicídio é crucial (Conselho Federal de Psicologia, 2022; Grad, O., 2022).

Os profissionais devem estar adequadamente preparados para oferecer suporte aos familiares e amigos do paciente, sugerindo estratégias de luto e encorajando a participação em grupos de autocuidado. O acompanhamento por outros profissionais de saúde mental é fundamental para ajudar os enlutados a desenvolver novas perspectivas sobre o evento traumático, facilitando o processo de cura e adaptação (Botega, N. J., 2022; Grad, O., 2022).

O suicídio de um paciente é um evento que requer uma abordagem sensível e bem informada por parte dos profissionais de saúde mental. É importante reconhecer suas limitações e buscar apoio para navegar pelo luto profissional e pessoal. Esta experiência sublinha a importância de uma rede de suporte robusta e de recursos adequados para lidar com as repercussões emocionais e profissionais dessa perda (Botega, N. J., 2022; Grad, O., 2022).

3. METODOLOGIA

Metodologia refere-se ao estudo dos métodos empregados na aquisição de conhecimento em diferentes campos acadêmicos e contextos científicos. Essa área abrange as técnicas utilizadas na coleta de dados, formulação de hipóteses, condução de experimentos e análise de resultados, sendo fundamentais para assegurar a validade e a confiabilidade dos dados coletados em pesquisas.

Tradicionalmente vinculada à filosofia da ciência, a metodologia tem em Francis Bacon (15611626) um de seus pioneiros, reconhecido como o “pai da metodologia moderna” por suas contribuições ao desenvolvimento do método científico, que prioriza a observação sistemática e a experimentação controlada (Smith, J., 2022).

No contexto deste estudo, sobre estratégias de posvenção em saúde mental após suicídios, adotou-se a revisão integrativa da literatura como metodologia. Esta abordagem possibilita uma análise compreensiva de estudos anteriores, integrando informações de pesquisas experimentais e não experimentais para oferecer uma visão detalhada do assunto. A revisão integrativa é crucial para embasar práticas em evidências concretas, sendo particularmente valiosa para profissionais da saúde. Ela facilita a implementação prática de descobertas importantes no atendimento clínico e aprimora o suporte oferecido pelos profissionais de enfermagem aos sobreviventes de suicídio (Carvalho, P., Silva, A., & Souza, M., 2022).

Para garantir a relevância e atualidade dos dados analisados, a metodologia deste estudo envolveu uma seleção cuidadosa de estudos nas bases de dados confiáveis como BVS, LILACS e PUBMED. Foram utilizados descritores específicos, como “Suicídio”, “Luto” e “Sobreviventes”, e os critérios de inclusão foram estritamente definidos para contemplar publicações do período de 2019 a 2024, excluindo trabalhos fora do escopo da saúde mental e acessos não gratuitos. Esse processo meticuloso assegura a relevância das fontes escolhidas e uma compreensão profunda das estratégias de posvenção, ressaltando o papel crucial da enfermagem no suporte aos sobreviventes de suicídio (Souza, M. R.; Silva, P.; Carvalho, F., 2022).

Este método é fundamental para assegurar que as intervenções de posvenção sejam baseadas nas melhores evidências disponíveis, alinhando práticas baseadas em evidências à necessidade de oferecer cuidados compassivos e eficazes para a população vulnerável de sobreviventes de suicídio. A revisão integrativa, ao final, destaca a necessidade de abordagens multidisciplinares e sensíveis, refletindo sobre como as práticas de posvenção podem mitigar o impacto do luto e prevenir futuras ocorrências suicidas, enfatizando o papel vital dos enfermeiros neste contexto (Mendes, K.; Silveira, R.; Galvão, T., 2022).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tendência de evitar discussões sobre o luto, particularmente o luto por suicídio, reflete um estigma persistente na sociedade contemporânea, intensificando o isolamento dos enlutados e inibindo a busca por apoio. Esse cenário destaca a necessidade crítica de quebrar o silêncio em torno do luto por suicídio, incentivando o diálogo aberto e o apoio aos enlutados (Santos et al., 2019).

Uma lacuna evidente na capacitação de profissionais de saúde mental aponta para a falta de preparo específico e orientações claras sobre como apoiar pessoas enlutadas por suicídio. Há uma urgência em iluminar o caminho para esses profissionais, oferecendo insights sobre maneiras eficazes de auxiliar os enlutados a reorganizarem suas vidas e encontrarem novos significados após suas perdas (Machado & Santos, 2020).

Apesar da existência de materiais focados no autocuidado para familiares enlutados, nota-se uma escassez de recursos destinados aos desafios enfrentados por profissionais de saúde mental ao lidarem com a morte de pacientes por suicídio. As implicações emocionais, éticas e administrativas são significativas, sublinhando a necessidade de mais estudos e diretrizes para apoiar esses profissionais de maneira efetiva (Costa et al., 2021).

A ausência de diretrizes específicas para o período pós-suicídio nos planos nacionais de prevenção ao suicídio destaca uma área crítica de necessidade, especialmente no que diz respeito ao suporte aos enlutados e às práticas que os profissionais de saúde devem adotar após o evento. Esse vácuo no conhecimento ressalta a urgência de mais pesquisas e do desenvolvimento de políticas mais abrangentes que ofereçam orientações claras para os profissionais em suas interações com os sobreviventes e nos procedimentos administrativos após a perda. Este cenário chama atenção para a necessidade de atualizações e ajustes nas políticas existentes, conforme recomendado pela Organização Pan-Americana da Saúde em suas diretrizes mais recentes (Organização PanAmericana da Saúde, 2022).

Embora o suicídio seja reconhecido como uma preocupante questão de saúde pública, há uma carência de foco no Brasil em relação à abordagem do luto por suicídio, tanto em termos de pesquisa quanto de prática clínica. A maioria dos recursos disponíveis concentra-se na prevenção do suicídio, deixando um vácuo no suporte aos sobreviventes e na orientação para profissionais de saúde mental sobre como proceder após a morte de um paciente por suicídio. Essa disparidade sublinha a necessidade de estudos adicionais que contribuam para o desenvolvimento de serviços especializados em cuidados aos sobreviventes e apoio aos profissionais que enfrentam a perda de um paciente (Organização Pan-Americana da Saúde, 2018; Ministério da Saúde, 2019).

A posvenção emerge como um campo crucial, visando não apenas auxiliar os enlutados em seu processo de luto, mas também funcionar como uma estratégia preventiva ao desencorajar futuras tentativas de suicídio entre os sobreviventes. Revela-se fundamental promover espaços de escuta e acolhimento, facilitando a aceitação do luto e fortalecendo a saúde mental dos envolvidos. Contudo, a falta de materiais específicos para profissionais de saúde mental e a necessidade de diretrizes claras pós-suicídio evidenciam a importância de avanços na pesquisa e na formulação de políticas que abordem de maneira eficaz a posvenção dentro da saúde pública (Organização Pan-Americana da Saúde, 2018; Ministério da Saúde, 2019).

REFERÊNCIAS

  1. Andersson, L., et al. (2021). Reducing suicide rates through community-based interventions. International Journal of Mental Health Systems, 15(1), 42. DOI:10.1186/s13033-021-00432-9.
  2. Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). (2020). Suicídio: reconhecimento e prevenção. Disponível em: [link].
  3. BRASIL. (2019). Lei nº 13.819, de 26 de abril de 2019. Institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Diário Oficial da União, Brasília, DF.
  4. BRASIL, Ministério da Saúde. (2021). Boletim Epidemiológico, Mortalidade por suicídio e notificações de lesões autoprovocadas no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde.
  5. Botega, N. J. (2022). Pós-venção como estratégia de saúde pública: Um enfoque no impacto comunitário do suicídio. São Paulo: Editora da USP.
  6. Botega, N. J.; Fukumitsu, K. O.; Kovács, M. J.(2022). Dinâmica do luto por suicídio: compreensão e intervenção. São Paulo: Editora da USP.
  7. Centro de Valorização da Vida. (2021). Grupos de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio. São Paulo: CVV. Disponível em: [link].
  8. Chang, S.S., et al. (2021). Economic recession and suicide: A global analysis. Journal of Epidemiology and Community Health, 75(4), 369-375. DOI:10.1136/jech-2020-214218.
  9. Dantas, E. S. O.; Bredemeier, J.; Amorim, K. P. C. (2022). Sobreviventes enlutados por suicídio e as possibilidades para posvenção no contexto da saúde pública brasileira. Saúde e Sociedade.
  10. Feijoo, A. M. L. C. (2021). Situações de suicídio: atuação do psicólogo junto a pais enlutados. Psicologia em Estudo.
  11. Ghanadian, H.; Nejadgholi, I.; Al Osman, H.(2024). Socially Aware Synthetic Data Generation for Suicidal Ideation Detection Using Large Language Models. IEEE Access.
  12. Johnson, K.B., et al.(2022). Psilocybin and ketamine for depression: A comparative analysis. Clinical Psychopharmacology and Neuroscience, 20(1), 15-28. DOI:10.9758/cpn.2022.20.1.15.
  13. Johnson, M. K.; Silva, P. L.; Thompson, R. (2021). Efficacy of community-based interventions in suicide prevention. Psychiatry Journal, 12(3), 55-65.
  14. Ministry of Health, New Zealand. (2022). Guidelines for postvention in the event of suicide. Wellington: Ministry of Health.
  15. Ministry of Health, New Zealand. (2022). Guidelines for community response to suicide. Wellington: Ministry of Health.
  16. Mörch, C.-M.; Gupta, A.; Mishara, B. L. (2019). Canada Protocol: an ethical checklist for the use of Artificial Intelligence in Suicide Prevention and Mental Health. Artificial Intelligence in Medicine.
  17. Organização Mundial da Saúde. (2021). Suicide worldwide in 2019: Global Health Estimates. Geneva: World Health Organization.
  18. Peshkovskaya, A.; Xiang, Y.-T. (2024). How Social Media Big Data Can Improve Suicide Prevention. ArXiv:2401.07718.
  19. Plakun, E. M.; Tillman, J. G. (2022). O impacto do suicídio de pacientes nos terapeutas: desafios e estratégias de manejo. American Journal of Psychiatry, v. 179, n. 3, p. 210-215.
  20. Rao, A. K.; Trivedi, G. Y.; et al. (2024). Predicting suicidal behavior among Indian adults using childhood trauma, mental health questionnaires and machine learning cascade ensembles. ArXiv:2401.17705.
  21. Roy, K.; Zi, Y.; et al. (2023). Process Knowledge-infused Learning for Clinician-friendly Explanations. ArXiv:2306.09824.
  22. Silva, R., et al. (2022). The impact of mental health issues on suicide rates globally. Journal of Psychiatric Research, 56(2), 234-243. DOI:10.1016/j.jpsychires.2021.08.014.
  23. Smith, D. & Jones, M. (2020). Depression and suicide: Towards new therapeutic approaches. Psychiatry and Clinical Neurosciences, 74(5), 312-320. DOI:10.1111/pcn.12984.
  24. Smith, J. D.; Silva, L. B. (2019). The role of mental health disorders in suicide risk: A systematic review. Clinical Psychology Review, 39(2), 101-113.
  25. Souza, L. R.; Almeida, T. G.; Oliveira, M. P. (2020). Economic downturns and suicide rates in Brazil: data analysis and projections. Brazilian Journal of Psychiatry, 42(4), 432-436.
  26. World Population Review. (2024). Suicide Rate by Country 2024. Recuperado de worldpopulationreview.com

Docente orientador do curso de enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi
Orientador Fledson de Souza Lima e co-orientador Anderson Sherer