O AVANÇO DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL NO BRASIL: CENÁRIO ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS

THE ADVANCEMENT OF INDUSTRIAL AUTOMATION IN BRAZIL: CURRENT SCENARIO AND FUTURE PERSPECTIVES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11194601


RAMOS, Cleuber Arruda1
RIBEIRO, Paulo Francisco2
BARBOZA, Wellington Santos3
DIAS, Márcio José4
ALCÂNTARA, Gabriel Araújo Macedo5


RESUMO

Introdução: A evolução para a Indústria 4.0 no Brasil representa uma transição marcante, impulsionada pela necessidade de reduzir a intervenção humana e integrar tecnologias informacionais aos processos de produção. Essa nova era da automação industrial é caracterizada pela fusão entre os mundos físico e digital, sinalizando uma mudança fundamental na produção e nos modelos de negócios existentes. Objetivo: Este artigo tem como objetivo analisar o atual estágio de implementação da Indústria 4.0 no Brasil, suas implicações para a economia nacional e os desafios enfrentados pelas empresas brasileiras para manter a competitividade no mercado globalizado. Metodologia: Para atingir o objetivo proposto, foi realizada uma revisão sistemática da literatura, com ênfase nos últimos 20 anos, para identificar as competências necessárias no contexto da Indústria 4.0 e como as organizações podem superar as barreiras tecnológicas e organizacionais para uma transição bem-sucedida. Resultados: Os resultados indicam que, embora a automação promete elevar a eficiência e impulsionar a competitividade, existem desafios significativos que devem ser superados, como a necessidade de uma mão de obra qualificada e a adaptação às mudanças tecnológicas. Revela-se que o avanço da automação industrial no Brasil pode levar a um aumento líquido nas oportunidades de emprego e estimular um crescimento econômico substancial.

Palavras-chave: Indústria 4.0. Automação. Desafios da indústria brasileira. 

1. INTRODUÇÃO

Após a Segunda Guerra Mundial, teve início a Terceira Revolução Industrial, também conhecida como revolução técnico-científico-informacional. Durante esse período, novas tecnologias foram desenvolvidas com o objetivo de reduzir a intervenção humana nos processos de produção. Componentes eletrônicos foram incorporados em máquinas, Controladores Lógicos Programáveis (CLP) e robôs foram introduzidos, juntamente com o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), que foram responsáveis por integrar processos, máquinas e pessoas. Foi também nesse momento que surgiu o sistema Toyota de produção, que se caracteriza pela eliminação completa de todos os desperdícios, permitindo a produção de produtos de acordo com a demanda de mercado. Atualmente, a humanidade está adentrando a Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, marcada pela integração das máquinas com a internet (COUTINHO, 1992). 

Também conhecida como a quarta onda da revolução industrial, a indústria 4.0 sinaliza uma transformação fundamental na esfera da produção, marcada pela fusão entre o mundo físico e o digital. Originada de esforços estratégicos do governo alemão para reforçar sua posição de liderança tecnológica global, o projeto Industrie 4.0 foi oficialmente apresentado em abril de 2013, durante a Feira de Hannover, um dos maiores eventos industriais do mundo. Esse paradigma descreve um contexto onde as empresas estabelecem redes globais através de Sistemas Cibernéticos Físicos (CPS), integrando máquinas, sistemas de armazenamento e instalações de produção. Esses sistemas são capazes de intercambiar informações e colaborar de forma autônoma, utilizando a Internet das Coisas (IoT), desencadeando ações e controlando uns aos outros de maneira independente (PISCHING, 2017).

Portanto, fábricas inteligentes são caracterizadas pela capacidade de controlar seu processo de produção e gerenciar o sistema de fabricação. Isso ocorre devido à integração dos agentes produtivos e à troca automática de informações, permitindo que o sistema produtivo adquira um certo grau de consciência. Essa consciência torna o processo produtivo inteligente o suficiente para antecipar o roteiro de fabricação e manter as máquinas em estado de alerta para serem ativadas (ZUBOFF, 1994).

Logo, em resposta à competição global, empresas estão impelidas a satisfazer as exigências dos clientes com eficiência máxima em termos de preço e prazo. Para alcançar esse objetivo, elas direcionam seus esforços para a adoção de novas tecnologias capazes de otimizar seus processos industriais. Isso visa aumentar a agilidade operacional e reduzir os custos operacionais (MELO, 2020). 

Os avanços tecnológicos recentes foram notavelmente significativos, manifestando-se em um intervalo de tempo relativamente breve. Nesse sentido, destaca-se a rapidez e a magnitude das inovações ocorridas. O propósito deste estudo é abordar o conceito da Indústria 4.0, explorando os estímulos e motivações que impulsionaram seu desenvolvimento, bem como os conceitos fundamentais para uma compreensão aprofundada desse tema. Além disso, serão apresentados casos exemplares de sucesso, visando ressaltar as oportunidades e desafios em relação à automação e os dilemas que as empresas brasileiras enfrentam para manter a competitividade no mercado global. 

Este estudo visa analisar os efeitos da automação industrial em diferentes setores da economia brasileira, identificar os principais impulsionadores e desafios enfrentados pelas empresas brasileiras na adoção da automação e prever as possíveis consequências socioeconômicas e laborais da crescente automatização na indústria brasileira.

2. REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1 Transformações e desafios: um breve panorama da indústria brasileira na atualidade

As indústrias brasileiras enfrentam o desafio de transitar rapidamente da era industrial 2.0 para a 4.0, sob a iminente ameaça de perder sua competitividade no contexto globalizado. Então, uma análise robusta dos impactos econômicos e sociais da Indústria 4.0 requer a consideração de diversos elementos, incluindo a evolução do mercado de trabalho com o desaparecimento e surgimento de novas profissões, as mudanças nas demandas dos consumidores, o desenvolvimento de produtos inovadores, a melhoria da eficiência dos processos industriais, bem como as alterações nos padrões de preço, oferta e consumo (TESSARINI; SALTORATO, 2018).

Portanto, não há incerteza sobre o desafio iminente de reconstruir o cenário profissional, no qual algumas ocupações serão obsoletas e novas serão criadas em resposta às mudanças tecnológicas e econômicas. No mercado, de acordo com De acordo com Da Silva França (2023), profissões ligadas à tecnologia da informação e ciências exatas ganharão maior destaque, enquanto a Indústria 4.0 também promete transformar significativamente o setor da saúde. Tecnologias já disponíveis permitem monitoramento avançado de pacientes e diagnósticos altamente precisos, ultrapassando as capacidades de diagnóstico de muitos profissionais médicos.

Os desafios enfrentados pelo Brasil na era da Indústria 4.0 incluem a necessidade de integrar digitalmente as empresas ao longo das cadeias produtivas, utilizando novas tecnologias de hardware e software, além de garantir uma infraestrutura de internet adequada. É crucial desenvolver mecanismos que promovam e facilitem a adoção das novas tecnologias pelas empresas brasileiras, fornecendo soluções adaptadas às necessidades locais e promovendo a formação de profissionais capacitados em eletrônica e processos automatizados e conectados em rede. Além disso, são necessárias políticas industriais e iniciativas tanto públicas quanto privadas para regulamentar e apoiar a disseminação e implementação dessas novas tecnologias (SUZIGAN, 2006). 

A implementação da I4.0 (Indústria 4.0) traz consigo uma série de desafios e demanda habilidades e competências que podem ainda não estar plenamente desenvolvidas, devido à novidade e contemporaneidade do conceito. Este estudo propõe uma abordagem focada na pesquisa de relatórios de referência para coletar dados sobre os desafios atuais e futuros no processo de implementação da I4.0, bem como as habilidades e competências necessárias. 

2.2 Barreiras e Perspectivas

A falta de análise dos aspectos humanos na implementação de tecnologias avançadas de fabricação é apontada como uma causa primária das falhas de 50 a 75% das implementações nos Estados Unidos, em termos de agilidade, confiabilidade, flexibilidade e eficácia. Esses dados destacam a importância de se dedicar atenção aos fatores humanos durante o processo de implementação, revelando que um dos principais desafios associados à adoção de novas tecnologias é a subestimação dos problemas humanos (ARBIX, 2017).

Os desafios enfrentados na implementação da Indústria 4.0 abrangem tanto aspectos sociais quanto sistêmicos, mesmo para empresas com vasta experiência na adoção de tecnologias de automação. Um grande desafio reside em oferecer empregos em engenharia de produção que priorizem o bem-estar humano, garantindo a preservação da saúde dos trabalhadores, promovendo seu desenvolvimento e capacitando-os para enfrentar as mudanças iminentes (DOS SANTOS, 2021). Portanto, as perspectivas apontam que o desenvolvimento do profissional na era da I4.0 requer aprimoramento de habilidades que incluem visão técnica, capacidade multidisciplinar, propensão à colaboração, proficiência em idiomas, pensamento crítico e adaptabilidade (CASEMIRO, 2018).

Por conseguinte, a introdução de conceitos pela I4.0 nos processos de gestão da produção resultou em mudanças significativas nas habilidades e competências necessárias tanto para os funcionários quanto para os gestores de recursos humanos nas operações de fabricação. Entre as competências essenciais para empregadores e empregados, destacam-se: comunicação e colaboração eficazes, criatividade, capacidade de autogestão, habilidade de resolução de problemas e disposição para aprendizado contínuo. Uma abordagem de ensino no local de trabalho, adaptada às novas tecnologias de aprendizagem disponíveis, é fundamental para atender às demandas futuras da nova indústria (DO AMARAL AIRES, 2017).

Essa integração dos mundos físico, digital e biológico é viabilizada por tecnologias-chave, tais como a Manufatura Aditiva (ou Impressão 3D), a Inteligência Artificial (IA), a Internet das Coisas (Internet of Things – IoT), a Biologia Sintética e os Sistemas Cyber-Físicos (CPS). A Manufatura Aditiva, por exemplo, possibilita a criação de objetos através da adição de material, enquanto a biologia sintética permite o desenvolvimento de novas entidades biológicas e a reconfiguração de sistemas existentes.

Nesse contexto, a I4.0 reconfigura não apenas os processos de produção, mas também as habilidades e competências necessárias para os profissionais envolvidos (HOFMANN e RÜSCH, 2017). São exigidas habilidades multidisciplinares, capacidade de colaboração, pensamento crítico e flexibilidade, além de uma postura de aprendizado contínuo. Essas competências são essenciais para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades oferecidas pela revolução industrial em curso.

Quanto aos componentes fundamentais, a I4.0 é notoriamente baseada em quatro elementos básicos que redefine os paradigmas da produção moderna. Primeiramente, destacam-se os Sistemas Físico-Cibernéticos (CPS – Cyber-Physical Systems), onde a interação entre computação e processos físicos define o comportamento do sistema. Em seguida, a Internet das Coisas (IoT – Internet of Things) estabelece a conexão entre o mundo virtual e físico, impulsionando a interconexão global. Outro componente crucial é a Internet dos Serviços (IoS – Internet of Services), que permite a prestação de serviços pela internet, com participantes, infraestrutura, modelos de negócios e serviços integrados. Por fim, as Fábricas Inteligentes representam locais onde máquinas e materiais se comunicam, permitindo a produção digital autônoma ou integrada (SACOMANO, 2018).

A I4.0, com seus princípios revolucionários, redefine os processos de produção. A capacidade de operação em tempo real é fundamental, permitindo a tomada de decisões instantâneas com a aquisição e tratamento imediatos de dados. A virtualização, por sua vez, cria cópias virtuais das fábricas inteligentes, possibilitando o monitoramento remoto de todos os processos através de sensores distribuídos. A descentralização permite que o sistema cyber-físico tome decisões em tempo real, enquanto as máquinas podem receber comandos e fornecer informações sobre seu ciclo de trabalho. A orientação a serviços e a modularidade complementam esse cenário, com arquiteturas de software voltadas para serviços e a produção modular conforme a demanda, possibilitando a adaptação fácil das máquinas às novas tarefas. Esses princípios não apenas transformam a produção, mas também moldam o futuro da indústria (PEREIRA; DE OLIVEIRA SIMONETTO, 2018).

Com o advento da Indústria 4.0, a percepção convencional das revoluções industriais ganhou uma nova dimensão. A primeira revolução industrial, impulsionada pela invenção de máquinas a vapor e a mecanização da produção, desencadeou uma transformação social marcada pela introdução de trens, fabricação em massa e preocupações ambientais. A segunda revolução industrial, por sua vez, foi caracterizada pela eletrificação e inovações na manufatura, como a linha de montagem, que revolucionou a produção em massa e a automação. A terceira revolução industrial foi definida pela proliferação dos computadores, redes de computadores e a disseminação da Internet, remodelando fundamentalmente a forma como as informações são processadas e compartilhadas, além de introduzir a automação em diversos setores. Já a quarta revolução industrial transcende a mera conectividade digital, representando a convergência dos domínios físico, digital e biológico. Ela é possibilitada por um conjunto de tecnologias avançadas, como Internet das Coisas, Big Data, computação em nuvem, robótica avançada e inteligência artificial. Essas tecnologias permitem a criação de sistemas cyber-físicos que conectam ambientes digitais e físicos na manufatura, abrindo amplas possibilidades para inovação e otimização (ISZCZUK et al., 2021). Enquanto as três primeiras revoluções industriais impulsionaram a produção em massa e a competição tecnológica, a quarta revolução promete um impacto ainda mais profundo e exponencial, transformando radicalmente a sociedade em todos os aspectos.

A introdução da I4.0 traz consigo uma ampla gama de vantagens se considerarmos uma perspectiva de progressão da economia brasileira, refletindo a típica dinâmica de adoção de novas tecnologias. Esses benefícios podem ser classificados em quatro categorias principais. Inicialmente, destaca-se a produtividade e a eficiência no uso de recursos, alcançadas por meio da interconexão de uma rede que une máquinas, produtos e sistemas produtivos. Essa integração promove uma otimização no uso de recursos, resultando em uma eficiência energética e de materiais aprimorada, especialmente em ambientes industriais interconectados. Adicionalmente, espera-se um aumento substancial na receita, impulsionado pela crescente demanda dos fabricantes por equipamentos aprimorados, combinados com a crescente expectativa dos consumidores por produtos personalizados, juntamente com a aplicação estratégica de dados. 

A questão da empregabilidade é um ponto de discussão complexo, considerando os efeitos históricos da automação e dos avanços tecnológicos que, por vezes, levaram a uma redução temporária na oferta de empregos. No entanto, com a adoção da I4.0, antecipa-se um aumento líquido no número de oportunidades de trabalho disponíveis, embora seja necessário reconhecer a necessidade de habilidades diversas (TESSARINI, 2018). Enquanto alguns trabalhadores menos qualificados podem ser substituídos por automação, profissionais especializados em áreas como engenharia mecânica, programação de software e tecnologia da informação estarão em alta demanda. Por fim, a adoção da I4.0 é esperada para estimular um influxo considerável de investimentos, o que, por sua vez, pode impulsionar significativamente o crescimento econômico. A introdução da I4.0 tem impactos significativos sobre diversos aspectos da produção industrial, incluindo produtividade, controle do processo de fabricação, customização da produção e redução de custos. Essa mudança profunda afeta diretamente as operações das fábricas, proporcionando ganhos de eficiência e redução nos custos associados à manutenção de máquinas e ao consumo de energia (PASSOS, 2020).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia dentro de um trabalho científico consiste em reunir elementos necessários para a busca de respostas como resultado de indagações propostas em objetivos e problemas. Dessa forma, é voltada para a solução de problemas, através de processos científicos e técnicas específicas de pesquisa. A coleta de dados foi realizada mediante busca eletrônica nas bases de dados Google Scholar, Capes e SciELO e a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), sobre a temática em questão. Como localizador dos artigos, foram utilizados os descritores automação industrial, indústria 4.0, desafios.

Para os critérios de inclusão foram utilizados artigos completos em língua portuguesa, disponíveis eletronicamente, relatos de experiência, estudos de revisão, livros, monografias e dissertações e que obedeçam à temática supracitada. Referente aos critérios de exclusão estão: estudos que não tenham relação com o trabalho aqui apresentado.

Assim, para análise de conteúdo e classificação dos artigos serão seguidos os seguintes passos, segundo Bardin (2008, p.10):

a) Pré-análise: leitura flutuante do material coletado; constituição do corpus da pesquisa;

b) Exploração do material: recorte em unidades de registro de contexto; codificação e classificação segundo categorias empíricas e teóricas;

c) Tratamento dos dados e interpretação: análise final dos dados obtidos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A aplicação da automação industrial no contexto brasileiro apresenta uma série de desafios tecnológicos, organizacionais e sociais que precisam ser superados. A abordagem adotada não é homogênea, variando entre diferentes setores e empresas. Enquanto alguns setores optam por soluções prontas de fornecedores internacionais, outras empresas preferem implementar automações isoladas para processos específicos. Além disso, há aquelas que buscam uma integração parcial de seus subsistemas, tanto em termos de processo quanto de gerenciamento (COMENALE, 2021). Uma potencial transformação desse cenário envolve a modernização das plantas industriais, aproveitando o fato de que já existem empresas nacionais capazes de fornecer equipamentos, serviços e suporte com qualidade comparável ao padrão internacional. Isso poderia proporcionar uma maior autonomia e flexibilidade às empresas brasileiras no desenvolvimento e manutenção de seus sistemas de automação.

Os setores automobilístico, siderúrgico, de papel e celulose, petroquímico, farmacêutico e alimentício são reconhecidos pelos fornecedores de equipamentos e softwares como líderes em automação industrial no Brasil. Especificamente, a indústria automobilística brasileira é amplamente elogiada como um modelo exemplar de automação em escala global (FENERICK, 2020). No contexto brasileiro, a modernização industrial ainda está em andamento, marcando um processo contínuo de evolução. É essencial uma reestruturação que conduza a uma economia verdadeiramente moderna, caracterizada por uma produção industrial sustentável e competitiva em escala internacional, baseada no eficiente uso da informação e do conhecimento.

A introdução da automação nas empresas brasileiras foi impulsionada pela entrada de empresas estrangeiras, que não apenas trouxeram consigo experiências tecnológicas pioneiras, mas também implementaram práticas administrativas distintas. Como resultado desse influxo, a automação se disseminou amplamente pelo parque industrial do Brasil. Em 2000, o Brasil registrou sua presença inaugural nas estatísticas internacionais de instalações de robôs, marcando assim seu ingresso oficial no cenário da automação industrial global (RIBEIRO, 2022). 

O surgimento gradual de empresas competitivas não se restringiu apenas à liberalização de preços e à abertura de mercados. Uma importante contribuição para esse cenário foi a transição dos processos industriais para um foco em qualidade. Esse fenômeno pode ser atribuído, em parte, ao eficiente emprego da informação e do conhecimento em todas as etapas operacionais, desde o chão de fábrica até as esferas de gerenciamento e administração.

Portanto, levando em consideração a robótica, por exemplo, constata-se que a incorporação da automação, exerce um impacto significativo nos procedimentos industriais. Este avanço resulta em uma melhoria da eficiência operacional, redução dos índices de refugiados, aprimoramento da qualidade dos produtos, diminuição dos custos laborais, e, ainda, contribui para uma elevação da segurança ergonômica dos trabalhadores.

O mercado global de robótica está em expansão, impulsionado pelo investimento crescente em tecnologia por parte dos países desenvolvidos. Isso coloca um desafio para as nações menores, que buscam equiparar-se às grandes potências para competir e prosperar economicamente. As descobertas da pesquisa revelam benefícios claros: a demanda por maior qualidade no mercado justifica o investimento, novas tecnologias estão emergindo e as indústrias avançadas estão focadas na eficiência e eficácia dos processos. O investimento em automação é uma resposta a esse cenário competitivo, visando atender às demandas do mercado (IRREÑO, 2021).

Nesse contexto, as empresas adotaram características que impulsionam sua competitividade. Embora muitos possam supor que o principal objetivo da automação industrial seja simplesmente aumentar a produção, é importante ressaltar que esse não é o único propósito, visto que produzir em excesso sem demanda não seria viável. Assim, a automação industrial resulta em melhorias tanto dentro das instalações industriais quanto para os consumidores, que se beneficiam de produtos com maior qualidade, preços mais acessíveis, entre outros aspectos positivos.

Sendo assim, no contexto brasileiro, a economia enfrenta desafios significativos, especialmente no setor industrial, que tem enfrentado adversidades recentes. No que tange a I4.0, observam-se diversas interações e disparidades, destacando-se tanto os obstáculos internos quanto externos. Estes incluem a falta de domínio sobre os componentes e tecnologias, a escassez de mão de obra qualificada, bem como o impacto cultural que influencia o sucesso ou fracasso da implementação de sistemas de produção nas organizações. Adicionalmente, é crucial realizar uma análise abrangente das características individuais da empresa, sua estrutura, o mercado em que atua e suas necessidades específicas. Apesar desses desafios, os dados indicam que a quarta revolução industrial representa uma oportunidade promissora para o país.

Para alterar essa situação, é necessário superar diversos obstáculos, incluindo o aprimoramento do entendimento das empresas sobre os benefícios da digitalização. Isso abrange não apenas o aumento da produtividade, mas também a exploração das oportunidades oferecidas por novos modelos de negócio, a flexibilização e personalização da produção, e a redução do tempo necessário para lançar produtos no mercado.

Para se posicionar de forma competitiva no mercado global, a indústria nacional deve priorizar o aumento da produtividade e sua contribuição para a economia do Brasil. Isso implica em investimentos significativos em inovação e educação, além do desenvolvimento de grandes projetos e iniciativas, envolvendo tanto o setor público quanto o privado. 

Uma investigação realizada em uma empresa de plásticos revelou avanços significativos com a adoção de robôs na produção de conexões. Ao comparar um procedimento manual com um automatizado, foi constatada uma substancial redução no tempo de produção, o que resultou em um notável aumento na eficiência.

A introdução da automação industrial não apenas elevou a eficácia na produção, mas também contribuiu para a segurança dos trabalhadores. Ao eliminar tarefas repetitivas e arriscadas, como o rosqueamento manual de peças, houve uma considerável redução nos acidentes, evidenciando os benefícios duplos proporcionados pela automação.

Uma análise comparativa entre a produção manual e automatizada revelou um aumento expressivo de 98,04% na produtividade com o emprego de robôs. Esses ganhos, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, destacam a efetividade da automação na indústria.

É importante ressaltar que a automação industrial não deve ser vista como uma ameaça ao emprego humano, mas sim como um impulsionador da competitividade. Ao permitir que máquinas assumam tarefas repetitivas, os trabalhadores humanos podem se concentrar em atividades mais desafiadoras e gratificantes.A automação na indústria brasileira marca uma nova fase, trazendo oportunidades e desafios consideráveis. Enquanto avanços tecnológicos prometem elevar a eficiência e impulsionar a competitividade, o país se depara com questões complexas ligadas à implementação e adoção em larga escala dessas tecnologias. A urgência de colaboradores altamente capacitados, juntamente com a adaptação das estruturas organizacionais para abraçar as mudanças, surge como um desafio fundamental. A automação tem o poder de transformar completamente o panorama industrial brasileiro, porém o êxito dependerá da habilidade do país em lidar com essas questões com flexibilidade e planejamento.

Frente à automação, surgem questionamentos sociais, econômicos e culturais como desafios cruciais a serem analisados. A provável relocação de funcionários e a urgência de capacitação requerem políticas públicas eficazes e um engajamento renovado com a educação e o aprimoramento de competências. Também é essencial garantir uma infraestrutura tecnológica e o acesso a recursos apropriados para facilitar uma transição tranquila para um cenário industrial automatizado e interligado.

5. CONCLUSÃO

Com base no objetivo de analisar os efeitos da automação industrial, identificar impulsionadores e desafios da sua adoção, e prever consequências socioeconômicas e laborais, conclui-se que o avanço da automação industrial no Brasil é um fenômeno inevitável e de grande impacto. 

Os resultados desta pesquisa revelam que a automação está transformando profundamente diversos setores da economia brasileira, aumentando a eficiência, reduzindo custos operacionais e impulsionando a competitividade das empresas. No entanto, esse avanço também traz desafios significativos, como a necessidade de requalificação da mão de obra, o surgimento de novas demandas por profissionais especializados em tecnologia e o aumento das preocupações com o desemprego estrutural.

A análise dos impulsionadores da automação, como avanços tecnológicos, pressões competitivas e demandas por eficiência, indica que sua adoção continuará a se expandir no futuro. Contudo, é crucial que as empresas brasileiras estejam preparadas para enfrentar os desafios associados a esse processo, investindo em capacitação de trabalhadores, políticas de inclusão digital e estratégias de adaptação às mudanças no mercado de trabalho.

Quanto às consequências socioeconômicas e laborais, este estudo sugere que a automação industrial pode gerar tanto oportunidades quanto desafios. Por um lado, ela pode impulsionar o crescimento econômico e a inovação, criando novos empregos e melhorando as condições de trabalho. Por outro lado, ela também pode contribuir para o aumento da desigualdade de renda, a concentração de poder nas mãos de poucas empresas e o surgimento de problemas sociais relacionados ao desemprego estrutural.

Em suma, o avanço da automação industrial no Brasil representa um processo complexo e multifacetado, com impactos significativos em diversos aspectos da sociedade e da economia. Portanto, é fundamental que governos, empresas e sociedade civil trabalhem em conjunto para garantir que os benefícios dessa transformação sejam amplamente distribuídos e que os desafios sejam enfrentados de forma eficaz, promovendo assim um desenvolvimento sustentável e inclusivo para o país.

REFERÊNCIAS

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1Discente do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial da Faculdade de Tecnologia SENAI Roberto MANGE. e-mail: cleuberarruda@gmail.com
2Discente do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial da Faculdade de Tecnologia SENAI Roberto MANGE. e-mail: pauloribeiroan@gmail.com
3Discente do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial da Faculdade de Tecnologia SENAI Roberto MANGE. e-mail: wellingtonfase@hotmail.com
4Docente do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial da Faculdade de Tecnologia SENAI Roberto MANGE. e-mail: marciodias.senai@fieg.com.br.
5Docente do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial da Faculdade de Tecnologia SENAI Roberto MANGE. e-mail: gabrielaraujo.senai@fieg.com.br