ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA ESPORTIVA NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE LESÕES EM ATLETAS DE KARATÊ: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

THE ROLE OF SPORTS PHYSIOTHERAPY IN THE PREVENTION AND TREATMENT OF INJURIES IN KARATE ATHLETES: BIBLIOGRAPHICAL REVIEW.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11194575


Wagner Aparecido Bento1


RESUMO

No karatê e demais esportes de combate, são muitas as consequências para os praticantes, advindas de lesões. A fisioterapia desportiva tem atuação direta na prevenção e reabilitação de lesões decorrentes das práticas de esportes. O presente estudo tem o objetivo de identificar e revisar na literatura as intervenções fisioterapêuticas e seus efeitos na prevenção e no tratamento de lesões em atletas praticantes de Karatê. A pesquisa se deu através uma revisão bibliográfica de natureza qualitativa, cuja coleta de dados processou-se junto às bases de dados dos sites Scielo, Pubmed e do Google Acadêmico, com o critério de exclusão, para estudos que relataram assuntos referentes a condutas e procedimentos na prevenção e tratamento de lesões não oriundas das práticas das lutas e artes marciais. Contudo, é possível concluir que tanto atletas profissionais ou praticantes de forma recreativa de esportes de combates ou artes marciais, estão sujeitos a lesões. Os principais locais do corpo onde ocorrem essas lesões, devido a prática do karatê, são: pés, tornozelos, mãos, dedos e cabeça, e estas estão associadas ao tempo de prática. A prevenção dessas lesões desportivas, ocorre por meio de uma preparação física, paralela ao treinamento, com correção postural, fortalecimento, alongamentos, sempre buscando equilíbrio muscular desse praticante de karatê, com o objetivo de melhorar a estabilidade articular das áreas mais acometidas por essa modalidade. 

Palavras-chave: Fisioterapia. Lesões. Karatê. Prevenção. Artes Marciais.

ABSTRACT

In karate and other combat sports, there are many consequences for practitioners resulting from injuries. Sports physiotherapy has a direct role in preventing and rehabilitating injuries resulting from sports. The present study aims to identify and review physiotherapeutic interventions in the literature and their effects on the prevention and treatment of injuries in athletes practicing Karate. The research was carried out through a bibliographical review of a qualitative nature, whose data collection was processed using the databases of the Scielo, Pubmed and Google Scholar websites, with the exclusion criteria, for studies that reported matters relating to conduct and procedures. in the prevention and treatment of injuries not arising from the practice of fighting and martial arts. However, it is possible to conclude that both professional athletes and recreational practitioners of combat sports or martial arts are subject to injuries. The main places on the body where these injuries occur, due to the practice of karate, are: feet, ankles, hands, fingers and head, and these are associated with the time of practice. The prevention of these sports injuries occurs through physical preparation, parallel to training, with postural correction, strengthening, stretching, always seeking muscular balance in this karate practitioner, with the aim of improving joint stability in the areas most affected by this modality.

Keywords: Physiotherapy. Injuries. Karate. Prevention. Martial Arts.

INTRODUÇÃO 

As práticas esportivas de competição, acabam por gerar uma sobrecarga em diferentes pontos do aparelho locomotor, e quando esta ultrapassa a capacidade fisiológica, se instala um processo patológico, na maioria das vezes caracterizados pela dor, edema, entorses, entres outros (RESENDE; CÂMARA; CALLEGARI, 2014). A Fisioterapia Desportiva trata-se de uma área da Fisioterapia que tem atuação direta na prevenção e reabilitação de lesões decorrentes das práticas de atividades físicas ou desportiva, constituindo está a principal área de apoio a atletas profissionais ou amadores, por possibilitar uma melhora no desempenho, inibindo ocorrências que venham a provocar morbidade temporária ou permanentes decorridas de práticas esportivas (SALDANHA et al., 2020).

As diversas modalidades esportivas carregam suas especificidades, tanto nas regras e regulamentos quanto nas características próprias da sua prática. Tendo, em vista isso, cada modalidade apresenta lesões distintas e singulares que podem se assemelhar a de outras práticas. Por isso, encontramos grande dificuldade em determinar critérios de catalogação, aclarar o conceito classificando sua incidência e consequências, e também futuras sequelas (PASTRE et. al., 2005).

No Brasil, as pesquisas apontam que os tipos de lesões mais comuns são as entorses de joelho e tornozelo, lombalgia e as lesões musculares. Contudo, a incidência de lesões esportivas pode variar decorrentes de inúmeros fatores, como: o tipo de esporte, o tempo de prática nesse esporte e o nível do atleta em competições (ARENA; CARAZZATO, 2007).

As lesões musculares ocasionadas pela prática esportiva podem ser um leve dano muscular quanto até uma ruptura completa da musculatura, isso faz com que, o tempo de reabilitação seja incerto (AHMAD et al., 2013). Essas lesões ocorrem na prática tanto de esportes de contato quanto em esportes que não há contato físico entre os atletas. De acordo com a literatura, torna-se imprescindível conhecer as causas que podem acarretar o aumento das lesões, e assim desenvolver certas medidas de prevenção (PASTRE et. al., 2005).

Nas artes marciais e esportes de combate são muitas as consequências para os praticantes advindas dessas lesões. Os esportes de combate exigem grande força muscular e boa reatividade. Além disso, o risco de lesão pode ser alto devido ao contato prolongado entre os lutadores. Entre as lesões mais comuns nesse tipo de esporte estão: entorses de joelho e tornozelo, lombalgia, contusão muscular e estiramentos. (KUDŁACZ; CYNARSKI, 2008).

O Karate é uma modalidade esportiva em uma crescente expansão caracterizado como arte marcial e também esporte de combate, segundo Oliveira, Viera & Valença, 2011, este tem-se tornado popular e as lesões a ele associadas podem ser maiores do que em outras modalidades desportivas. Segundo Fong et al. (2007, citados por Atalaia et al., 2009), o desporto é uma das maiores causas de lesões musculoesqueléticas quando comparado com outras determinadas ocorrências, uma vez que as lesões desportivas podem originar dor, afastamento das atividades relacionadas com a modalidade além de gastos médicos.

Para reduzir essas incidências é preciso identificar os fatores que levam os danos na prática esportiva. Sendo, indispensável uma equipe multidisciplinar com fisioterapeutas, educadores físicos e outros profissionais engajados na vida desportiva do atleta, conheçam os fatores causais, e adotarem ações preventivas necessárias e eficazes (PASTRE et al., 2005). O papel da fisioterapia preventiva é realizar condutas para tentar, ao máximo prevenir lesões, melhorar o desempenho dos atletas, e auxiliar na recuperação de lesões, possibilitando que o mesmo retorne precocemente às atividades (KRIST et. al., 2013).

A justificativa para realização deste estudo reside no reconhecimento de que praticantes de práticas desportivas de combate, assim como o Karatê, estão suscetíveis a lesões, motivo pelo qual o acompanhamento de forma rigorosa e preventiva se faz necessário, estando o Fisioterapeuta Desportivo como principal profissional atuante nesse âmbito. Conhecer a atuação dessa área se faz pertinente, sobretudo diante do fato de que esta pode contribuir tanto na sua performance como também para prevenir ocorrências de morbidades temporárias ou permanentes junto a este público por conta de lesões de treinamentos e competitivas.

Com base nesses aspectos, este estudo tem como objetivo geral identificar as condutadas e procedimentos na prevenção e tratamento de lesões oriundas da prática esportiva do Karatê, assim como seus efeitos auxiliando os atletas no retorno de suas atividades competitivas. De modo específico, pretende-se ainda: caracterizar os principais tipos de lesões que acometem indivíduos que praticam as modalidades do Karatê; relatar a importância da Fisioterapia para a performance do atleta; identificar os principais protocolos terapêuticos adotados pela Fisioterapia para prevenção e tratamento de lesões em atletas do Karatê.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica de natureza qualitativa, cuja coleta de dados processou-se junto às bases de dados da Scielo, Pubmed e do Google Acadêmico, de artigos relevantes publicados o mais recente possível. Os critérios de inclusão, foram para estudos em língua portuguesa e inglesa, disponíveis na íntegra e que atendiam ao recorte temporal estabelecido. Os critérios de exclusão, foram para estudos que relataram assuntos referentes a condutas e procedimentos na prevenção e tratamento de lesões não oriundas das práticas das lutas e artes marciais.

Utilizou-se como descritores de pesquisa: Fisioterapia, Fisioterapia Desportiva, Lesões Esportivas, Lesões no Karatê, Prevenção de Lesões e Tratamentos de Lesões na seguinte combinação: Fisioterapia AND Fisioterapia Desportiva; Lesões Esportivas AND Lesões no Karatê; Prevenção de Lesões AND Tratamentos de Lesões.

Para a análise dos resultados obtidos, foi aplicada a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin, onde é possível encontrar respostas para as questões semelhantes e também comprovar ou não as afirmações estabelecidas antes do início do processo de investigação (BARDIN, 2011). 

Essa técnica apresenta três fases a saber: Na primeira fase, chamada de pró-análise, objetiva-se realizar a sistematização dos dados para que o analista possa conduzir as operações sucessivas de análise. Já na segunda fase, conhecida como exploração do material, consiste na definição de categorias; e a terceira fase, diz respeito ao tratamento dos resultados, inferência e interpretação (BARDIN, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Na prática de atividade de artes marciais e lutas, há sempre uma preocupação sobre os riscos, ao qual o atleta ou praticante está sujeito, de lesões provenientes do treinamento, sendo que as características individuais biológicas e de treinamento estão associadas com os fatores de riscos para ocorrência de lesões (BRENNER,2007).

A prevenção de lesões nesses atletas inclui identificar fatores de risco modificáveis, oferecer programas de treinamento preventivo eficazes e estabelecer critérios seguros de retorno ao esporte. Existem várias tecnologias de coleta de dados que podem ser usadas por equipes esportivas que normalmente incluem a presença do fisioterapeuta, para ajudar a coletar e analisar dados. (VELLIOS et al.,2020).

De acordo com Silva Junior et. al. (2018), as lesões relacionadas às lutas podem acometer tanto em atletas profissionais quanto praticantes de forma recreativa, pois, os praticantes estão sujeitos a movimentos rotacionais que dependem da estabilidade articular. A prevenção dessas lesões deve ser realizada durante os treinamentos, seja com orientação técnica e com equipamentos adequados, o que estabelece, preparação física paralela, com fortalecimento, alongamento, equilíbrio muscular, e mesmo assim, em qualquer esporte de contato físico, ainda pode existir a possibilidade de lesões.

O estudo de Tulendiyeva et. al. (2021), analisou os casos, causas e prevenção dos traumas típicos das artes marciais tradicionais e modernas, mostrando um breve panorama histórico dos principais estilos de combate originários da China, Coreia e Japão. Os autores concluíram que apesar da ampla aplicação de equipamentos de proteção e do endurecimento das regras do sparring, os praticantes das artes marciais modernas vêm sofrendo diversos tipos de lesões, incluindo traumas de articulações, músculos e fraturas ósseas.

Destombe et. al. (2006), apresentou um estudo onde foram avaliados os principais locais de lesão, participaram do estudo 186 karatecas, os resultados obtidos foram de 35% lesões nos pés, 28,9% nas mãos e 26,5% na cabeça. Já, no estudo de Santos (2016), com 76 atletas de Karatê Shukokai, os locais com mais lesões foram pés, tornozelos e dedos. No estudo, a autora ainda apresenta que as lesões são mais recorrentes em atletas de 14 a 24 anos, que treinam entre 5 e 6 dias na semana e o índice de maior porcentagem são em atletas faixa preta, sendo 62,5%, faixa marrom 53,3% e faixas coloridas 17,8%.

Em um estudo realizado por Zetaruk et. al. (2000), sobre a segurança na prática esportiva, 114 atletas de karatê foram avaliados, permitindo chegarem no resultado de que, a carga horária de treino influencia na incidência de lesões, sendo ela menor em atletas que treinam três horas ou menos por semana.

FISIOTERAPIA DESPORTIVA

A Fisioterapia é a ciência da saúde que estuda o movimento humano, com o intuito de avaliar, tratar e prevenir lesões e distúrbios nos órgãos ou sistemas do corpo humano. A Fisioterapia Desportiva, atua na prevenção e reabilitação de atletas, sejam profissionais ou amadores, possibilitando um melhor desempenho e o tratamento do atleta após lesão temporária ou permanente (SALDANHA et. al.; 2020).

técnica desportiva, entre os diversos métodos da fisioterapia, possui um programa de exercícios direcionados exclusivamente para atletas, combinando atividades e modalidades terapêuticas para restaurar os movimentos e a capacidade física dos atletas ao seu padrão, garantindo a prevenção ou reversão dos efeitos da inatividade do profissional desportivo, recuperando de forma completa o nível de competição do atleta. (GOMES, 2023)

Os planos de tratamento na fisioterapia desportiva, são realizados de forma individual, pensando nas necessidades de cada atleta, contudo, seu objetivo é correção postural, melhorar o condicionamento físico, resistência muscular, ganho de força, melhorar a condição cardiorrespiratória e controle de lesões. A fisioterapia preventiva, busca minimizar os riscos de lesões, para isso, é necessário que o profissional realize o acompanhamento do atleta para identificar fatores ocasionadores, prever possíveis danos e precaver o mesmo de tais contusões, para minimizar os riscos (RESENDE et. al.,2014).

Além da prevenção, a fisioterapia esportiva tem papel importante na reabilitação de atletas lesionados, que podem ser decorrentes, de acordo com Arena e Carazzato (2007), por inúmeros fatores, como o esporte praticado, tempo de prática e treinamento e ainda, o nível de competição.

Para Rose, Tadiello, Junior (2006), cada esporte tem suas características próprias, de espaço, dinâmica, exigência física e mental do atleta e ainda tem níveis de complexidade. Dentro dos esportes de combate, muito se pensa que as lesões estão relacionadas com a prática esportiva e com o confronto direto, no entanto, há riscos em qualquer prática desportiva, segundo Ward (2004), ocorrências de lesão se relaciona com a falta de preparo e/ou capacidade fisiológica, locais de treino inadequados, falta de equipamentos de proteção e até mesmo pelo excesso de treinos. Para Vanderlei (2011), outro fator seria o estresse psicológico. 

Santos (2016), em seu estudo com atletas de Karatê Shukokai, os atletas do estilo, referiam as lesões a “utilização incorreta de gestos técnicos” e a “realização de gesto/movimento brusco”. Algumas técnicas praticadas são realizadas através de movimentos que exigem uso de força muscular, amplitude das articulações, mudanças de direções e impacto, que podem sobrecarregar o sistema musculoesquelético, para isso, é necessário ao atleta, preparo físico para suportar todas essas forças (FRANCA; FERNANDES, CORTEZ, 2004).

PROCEDIMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS NA PREVENÇÃO DE LESÕES ESPORTIVAS

A fisioterapia esportiva é a melhor forma de tratar lesões ocasionadas pela prática esportiva. O principal objetivo é prevenir e reabilitar o atleta, isso inclui planejar rotina de exercícios de forma personalizada, através de triagem e diagnóstico do atleta e ajudar a melhorar o desempenho do mesmo (NEGRÃO, 2002). O fisioterapeuta após avaliar a função biomecânica e identificar qualquer déficit, elabora uma combinação de exercícios corretivos, e tratamento prático, para a prevenção de futuras lesões (Sanches, 2023).

De acordo com Fontana (1999), com o aumento de atletas e pessoas que buscam os benefícios da terapia preventiva, esse aspecto deve ser priorizado por fisioterapeutas esportivos. A fisioterapia auxilia no fortalecimento e na restauração de movimentos e previne novas lesões.

Um dos procedimentos fisioterapêuticos é o fortalecimento muscular, uma vez que, as musculaturas desenvolvem um trabalho conjunto, tornando mais eficaz a sinergia muscular (PURIM; LEITE, 2010). Para Ezechili (2013), a boa performance do atleta está relacionada ao centro corporal, se fraco, mais chances de a longo prazo desenvolver lesões.

Nos estudos analisados, pouco se encontra sobre procedimentos fisioterapêuticos específicos. Contudo, de forma geral, são desenvolvidas terapias com exercícios para fortalecimento muscular, alongamentos, crioterapia, exercícios de flexibilidade, treino proprioceptivo, entre outros.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE LESÕES ESPORTIVAS DO KARATÊ

O Karatê é um esporte de alto impacto. Atletas que praticam atividades físicas que exigem grande esforço, como o Karatê, são mais suscetíveis a lesões (VOLL, 2014). Alguns fatores de risco de lesões em karatecas são: Fraqueza da musculatura estabilizadora e desequilíbrio musculares; deficiência técnica; lesões anteriores não tratadas; falta de flexibilidade e mobilidade; locais inadequados e falta de material; entre outros (KANASHIRO, 2018).

A fraqueza muscular pode estar relacionada a várias causas, uma delas é o excesso de exercícios, que ocorre quando são lesionadas fibras musculares (MORAES, 2020). Para Sanchez (2015), a estabilidade está ligada ao controle do sistema nervoso central, o equilíbrio depende da estabilidade da lombar e da cintura pélvica (FRANÇA et, al., 2008). A lesão desportiva pode ocorrer por má orientação técnica nos treinos (TORRES, 2004).

Kanashiro (2018), pontua ferramentas frequentemente usadas na fisioterapia esportiva: exercícios preventivos; mobilização articulares; recursos eletrofísicos; manipulação de tecidos moles; bandagens; osteopatia; recovery.

Na prevenção há três fases, sendo a primária, relacionada a alimentação, materiais e ambientes de treinamento. A Secundária, onde já houve a lesão e deve ser tratada precocemente, e terciária, na lesão em fase crônica, o objetivo é desenvolver capacidade residual para que o indivíduo possa se inserir novamente na sua prática esportiva (SIMÕES, 2005).

A liberação miofascial são técnicas de terapia manual (SOUZA, 2012). Para Delbrucke (2018), a técnica é usada também, para mobilizar tecido cicatricial prevenindo a recorrência de inflamação por longo prazo. A bandagem (que não possui ativos medicamentosos), alivia as dores nas articulações, tendões e músculos, sem restringir o movimento (KANASHIRO, 2020). Segundo Ribeiro (2020), os recursos eletrofísicos promovem redução de dor, de espasmo muscular, promovem aumento na mobilidade articular, recuperação da atividade neuromuscular, entre outros. O Recovery ou recuperação pós-exercício, busca a restauração da condição inicial do corpo, homeostase (TOMLIN, 2001).

CONCLUSÃO

Com base nos estudos relacionados aqui nesta pesquisa, podemos concluir que as lesões relacionadas às lutas, seja no karatê ou em outra modalidade de combate podem acometer tanto atletas profissionais, quanto praticantes apenas de forma recreativa dessas práticas esportivas, devido aos movimentos rotacionais que exigem determinada estabilidade articular durante a execução dos movimentos.

Apesar das recomendações e obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção e das mudanças rígidas em regras de competições de lutas oriundas da China, Coreia e Japão, na qual podemos incluir o karatê, os praticantes das artes marciais modernas, ainda veem sofrendo lesões, tais como: traumas articulares, lesões musculares e fraturas ósseas. Os principais locais do corpo onde ocorrem essas lesões devido a prática do karatê, são: pés, tornozelos, mãos, dedos e cabeça.  

Os fatores de riscos que acabam por contribuírem para a ocorrência de lesões em praticantes de karatê são os seguintes: Fraqueza da musculatura estabilizadora; desequilíbrio musculares; deficiência da técnica; lesões anteriores não tratadas; falta de flexibilidade e mobilidade articular; locais inadequados a prática e falta de uso de material de proteção; entre outros.

No entanto, as lesões decorrentes da prática do karatê estão associadas também ao tempo de treinamento dos praticantes, seja esse em curto prazo ou a longo prazo de periodização, quanto mais dias na semana estes têm se disponibilizado a prática da modalidade, estão mais sujeitos a ocorrência de lesões e quanto mais graduados, ou seja, mais próximos da faixa preta, maior a presença de ocorrência de lesões advindas da prática por anos até a graduação mais alta.

Ainda com base nas informações captadas, podemos entender que a prevenção dessas lesões deve ser realizada durante os treinamentos, através de um Fisioterapeuta que atue com a especificidade desportiva, estabelecendo uma preparação física paralela ao treinamento, com correção postural, fortalecimento, alongamentos, sempre buscando equilíbrio muscular desse praticante de karatê, com o objetivo de melhorar a estabilidade articular das áreas mais acometidas por essa modalidade. 

O Fisioterapeuta Desportivo através de métodos e programas de exercícios direcionados exclusivamente para o atleta de forma individual, pensando na suas especificidade desportiva, combinando com atividades terapêuticas, é capaz de avaliar, tratar e prevenir lesões, reabilitando atletas ao restaurar os movimentos e as capacidades físicas, garantindo assim a reversão dos efeitos da inatividade desportiva, seja essa profissional ou amadora após uma lesão temporária ou permanente decorrente de práticas esportivas. 

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1Formando do Curso de Fisioterapia Bacharelado – EaD, do Centro Universitário Ingá/UNINGÁ, Maringá, PR, Brasil.