CHALLENGES AND STRATEGIES IN EARLY DIAGNOSIS OF AUTISM SPECTRUM DISORDER IN CHILDREN AND ITS IMPACTS ON LEARNING PROCESSES.
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11194295
FERREIRA, Franciny Duarte de Jesus 1
SILVA, Thatiana Paz da 2
RESUMO
Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio neurológico complexo que afeta o desenvolvimento da comunicação, interação social e comportamento das crianças. Este estudo aborda os desafios e estratégias no diagnóstico precoce do TEA em crianças, bem como os impactos desse diagnóstico no processo de aprendizagem. Objetivos: O objetivo geral deste estudo é analisar os desafios enfrentados no diagnóstico precoce do TEA e as estratégias utilizadas para superá-los, além de investigar os impactos desse diagnóstico no processo de aprendizagem das crianças. Os objetivos específicos incluem revisar a literatura sobre o tema, identificar os principais desafios e estratégias no diagnóstico precoce do TEA, analisar os impactos do diagnóstico precoce no processo de aprendizagem e discutir as implicações desses resultados. Justificativa: A pesquisa sobre o diagnóstico precoce do TEA e seus impactos no processo de aprendizagem é de suma importância nas perspectivas social, acadêmica e científica. Socialmente, a identificação precoce do TEA pode levar a intervenções mais eficazes e melhorar a qualidade de vida das crianças afetadas. Academicamente, o estudo contribui para a compreensão dos desafios enfrentados pelos profissionais de saúde e educadores na detecção e intervenção precoce do TEA. Cientificamente, a pesquisa amplia o conhecimento sobre o TEA e seus efeitos no desenvolvimento infantil. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica abrangente, com análise crítica de artigos científicos e livros que abordam os desafios e estratégias no diagnóstico precoce do TEA em crianças e os impactos desse diagnóstico no processo de aprendizagem. A seleção dos artigos seguiu critérios de inclusão e exclusão, e a metodologia empregada abordou diretamente o tema em questão. Resultados e Discussão: Os estudos analisados forneceram uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelos profissionais e famílias no diagnóstico precoce do TEA, bem como das estratégias eficazes para superá-los. Destacou-se a importância do diagnóstico precoce para garantir intervenções eficazes e melhorar o prognóstico das crianças com TEA. Além disso, discutiu-se a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no diagnóstico e tratamento do TEA, envolvendo profissionais de diferentes áreas. No contexto educacional, ressaltou-se a importância da legislação brasileira na promoção da inclusão de pessoas com TEA na educação regular e na implementação de suporte adequado para atender às suas necessidades individuais. Conclusão: Conclui-se que o diagnóstico precoce do TEA é fundamental para garantir intervenções eficazes e melhorar o prognóstico das crianças afetadas. Uma abordagem multidisciplinar no diagnóstico e tratamento, aliada a uma preparação adequada dos profissionais de saúde e educadores, é essencial para promover a inclusão social e educacional das crianças com TEA. É necessário investir em estratégias de capacitação profissional, tecnologias assistivas e suporte familiar para garantir uma educação de qualidade e uma maior inclusão social desses indivíduos.
Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista, diagnóstico precoce, aprendizagem, intervenções, inclusão.
ABSTRACT
Introduction: Autism Spectrum Disorder (ASD) is a complex neurological disorder that affects the development of communication, social interaction, and behavior in children. This study addresses the challenges and strategies in the early diagnosis of ASD in children, as well as the impacts of this diagnosis on the learning process. Objectives: The general objective of this study is to analyze the challenges faced in the early diagnosis of ASD and the strategies used to overcome them, as well as to investigate the impacts of this diagnosis on the learning process of children. Specific objectives include reviewing the literature on the topic, identifying the main challenges and strategies in the early diagnosis of ASD, analyzing the impacts of early diagnosis on the learning process, and discussing the implications of these results. Justification: Research on early diagnosis of ASD and its impacts on the learning process is of paramount importance from social, academic, and scientific perspectives. Socially, early identification of ASD can lead to more effective interventions and improve the quality of life of affected children. Academically, the study contributes to understanding the challenges faced by healthcare professionals and educators in the detection and early intervention of ASD. Scientifically, the research expands knowledge about ASD and its effects on child development. Methodology: A comprehensive literature review was conducted, with critical analysis of scientific articles and books addressing the challenges and strategies in the early diagnosis of ASD in children and the impacts of this diagnosis on the learning process. Article selection followed inclusion and exclusion criteria, and the methodology employed directly addressed the topic at hand. Results and Discussion: The studies analyzed provided a comprehensive view of the challenges faced by professionals and families in the early diagnosis of ASD, as well as effective strategies to overcome them. The importance of early diagnosis was highlighted to ensure effective interventions and improve the prognosis of children with ASD. Additionally, the need for a multidisciplinary approach in the diagnosis and treatment of ASD involving professionals from different areas was discussed. In the educational context, the importance of Brazilian legislation in promoting the inclusion of people with ASD in regular education and implementing adequate support to meet their individual needs was emphasized. Conclusion: It is concluded that early diagnosis of ASD is fundamental to ensure effective interventions and improve the prognosis of affected children. A multidisciplinary approach to diagnosis and treatment, along with adequate preparation of healthcare professionals and educators, is essential to promote the social and educational inclusion of children with ASD. Investment in professional training strategies, assistive technologies, and family support is necessary to ensure quality education and greater social inclusion of these individuals.
Keywords: Autism Spectrum Disorder, early diagnosis, learning, interventions, inclusion.
1 INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), termo adotado desde a publicação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V) pela Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2014), é um distúrbio não degenerativo do neurodesenvolvimento que afeta significativamente a comunicação verbal, não verbal e a interação social. Sua etiologia ainda é alvo de debate, mas alguns estudos sugerem uma possível influência genética e ambiental (APA, 2014).
O TEA possui início precoce e apresenta uma ampla variação na intensidade e na forma de expressão dos sintomas (APA, 2014). O tratamento é personalizado de acordo com a gravidade dos sintomas, podendo variar de leve a moderado ou severo (Sowa & Meulenbroek, 2015).
Estima-se que cerca de 2% da população mundial possua o diagnóstico do TEA, em variadas faixas etárias (Silva A.; Lima; Monte, 2021). No contexto brasileiro, os números sugerem uma estimativa de cerca de 2 milhões de pessoas afetadas pelo transtorno. No entanto, diante das dificuldades de acesso à saúde e da escassez de profissionais especializados, é provável que as estatísticas estejam subestimadas. A subnotificação dos casos e o desconhecimento sobre o transtorno contribuem para a falta de assistência a muitos afetados (Monteiro et al., 2020; Morais, 2021).
Atualmente, o TEA é uma das condições mais comuns, despertando uma crescente atenção para seus sinais e sintomas diagnósticos. Essa maior visibilidade tem impulsionado o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais abrangentes e eficazes. Contudo, esse cenário também representa um desafio significativo para a saúde pública, exigindo uma resposta adequada por parte dos profissionais e dos sistemas de saúde (Cupertino et al., 2018; Santos et al., 2022).
O diagnóstico precoce na primeira infância é crucial para identificar o TEA, como enfatizado por Maparunga et al. (2021), para garantir intervenções eficazes que possam diminuir o risco de complicações a longo prazo (Bhat et al., 2014). Essa abordagem precoce tem sido associada a melhorias notáveis no desenvolvimento cognitivo e adaptativo das crianças afetadas (Blumberg et al., 2016).
O diagnóstico do TEA é essencialmente clínico, baseado nos critérios do DSM-V, que destacam dificuldades na interação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento, e desafios na adaptação ao ambiente externo (APA, 2014). Os sinais e sintomas geralmente surgem durante o período crucial do desenvolvimento social da criança, impactando várias áreas de sua vida (Prisco; Arantes, 2022; Da Câmara; Cenci, 2021).
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda o uso do Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT) como um teste de triagem para sinais precoces de autismo(SBP, 2019). Este teste é aplicado em crianças entre 16 e 30 meses, o M-CHAT é complementado por uma entrevista com a mãe. Embora um resultado positivo no teste de triagem não confirme o diagnóstico de TEA, crianças identificadas têm um risco aumentado de apresentar outros atrasos ou transtornos no desenvolvimento. A detecção precoce dessas diferenças neurológicas e intervenção precoce podem impactar positivamente o prognóstico e o desenvolvimento social e adaptativo a longo prazo (SBP, 2019).
Embora o diagnóstico do TEA possa ser realizado de forma confiável até os 2 anos de idade, a média no Brasil tem sido em torno dos 6 anos, representando um atraso significativo de pelo menos 36 meses(Nyp et al., 2014). Esse atraso impacta negativamente na morbidade e no aproveitamento da plasticidade neuronal, essencial para intervenções precoces eficazes em crianças autistas (Nyp et al., 2014).
As intervenções e tratamentos precoces são fundamentais para melhorar o prognóstico dos pacientes diagnosticados com TEA, proporcionando benefícios clínicos e educacionais (Johnson, 2007). No contexto educacional, a inclusão escolar é um tema relevante, pois crianças com necessidades educativas especiais devem frequentar instituições de ensino regular, conforme estabelecido pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). Essa legislação reforça o direito à educação inclusiva e destaca a importância de proporcionar um ambiente educacional adequado e acessível para todos os alunos, independentemente de suas condições individuais (Brasil, 2015).A eficácia dessas intervenções depende do tempo, frequência e intensidade das terapias aplicadas, sendo essencial para promover progressos significativos nas habilidades e áreas afetadas pelo TEA (Silva et al., 2020).
No âmbito escolar o diagnóstico e a estimulação precoce são essenciais para promover uma educação de qualidade a esse educando. Para que ocorra um desenvolvimento educacional desses alunos é essencial uma infraestrutura adequada da escola, um corpo docente qualificado e, também a presença constante da unidade familiar, pois a família desse educando deve acompanhar o dia a dia escolar e promover um diálogo constante entre a rede de ensino e as terapias que a criança realiza no seu cotidiano para que possa realmente haver estímulos que promovam e desenvolvam o aprendizado do educando.
Considerando os desafios enfrentados no diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas implicações no processo de aprendizagem, esta pesquisa se apresenta como uma valiosa contribuição para a compreensão desta temática. O objetivo principal é não apenas ampliar o conhecimento sobre o assunto, mas também oferecer uma fundamentação teórico-científica para a comunidade acadêmica. Nesse contexto, pretende-se realizar uma análise abrangente da literatura existente, com foco nos principais desafios encontrados no diagnóstico psicológico precoce do TEA. Especial atenção será dada à relação entre o diagnóstico precoce, a inclusão escolar e o desenvolvimento educacional da criança, visando identificar estratégias eficazes para enfrentar esses desafios e promover um ambiente educacional inclusivo e favorável ao desenvolvimento das crianças com TEA.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Delineamento da pesquisa
Este estudo adota uma abordagem de pesquisa bibliográfica integrativa de natureza qualitativa, utilizando métodos de revisão sistemática. O objetivo principal é oferecer uma análise abrangente de um do tema os desafios e estratégias no diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças e os impactos desse processo no seu desenvolvimento educacional, com o intuito de desenvolver e esclarecer conceitos e ideias, além de formular questões mais precisas e possíveis hipóteses para pesquisas futuras (Gil, 2010).
2.2 Fontes de dados utilizados
A coleta de dados foi realizada por meio de uma busca abrangente em várias bases de dados eletrônicas respeitadas, incluindo a Scientific Electronic Library Online (SCIELO), a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), a U.S. National Library of Medicine (PUBMED) e o Google Acadêmico. Os termos de busca utilizados foram cuidadosamente selecionados para abranger todos os aspectos relevantes do TEA, diagnóstico precoce e educação.
Os descritores em ciências da saúde (DeCS/MeSH) empregados foram “TEA”, “Diagnóstico precoce” e “Educação Especial”, combinados utilizando o operador booleano “AND”. Essa abordagem permitiu uma busca ampla e abrangente de literatura relacionada ao tema.
2.3 Critérios de Seleção
Para garantir a inclusão de estudos relevantes e a exclusão de trabalhos inadequados, estabelecemos critérios específicos. Incluímos estudos publicados nos últimos 10 anos, de 2014 a 2024, em português, inglês ou espanhol ou traduzidos, oriundos de revistas especializadas na área da saúde, que abordassem diretamente os desafios e estratégias no diagnóstico precoce do TEA em crianças, bem como os impactos desses processos no seu desempenho educacional.
Foram excluídos estudos que não estavam alinhados com os objetivos específicos da pesquisa, como aqueles que tratavam de outras condições além do TEA, ou que não abordavam o diagnóstico precoce e seus impactos educacionais. Também foram excluídos trabalhos com metodologia inadequada ou baixa qualidade, assim como artigos repetitivos ou redundantes.
A estratégia de seleção dos artigos compreendeu as seguintes etapas: pesquisa nas bases de dados selecionadas, análise dos títulos de todos os artigos encontrados e exclusão daqueles que não se enquadravam no tema, avaliação crítica dos resumos e leitura na íntegra dos artigos previamente selecionados. Após uma revisão criteriosa das publicações, 20 artigos científicos foram selecionados, 10 foram excluídos devido aos critérios de exclusão, resultando em um total de 10 artigos científicos considerados na revisão integrativa da literatura com os descritores mencionados anteriormente
Esses critérios foram estabelecidos para garantir a relevância e a qualidade dos estudos incluídos na análise, contribuindo assim para uma compreensão mais completa dos desafios enfrentados no diagnóstico precoce do TEA e suas implicações no processo de aprendizagem das crianças afetadas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para obter os resultados desta pesquisa, foi realizada uma leitura minuciosa de 10 artigos que abordam os desafios e estratégias no diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças, bem como os impactos desse diagnóstico no processo de aprendizagem. Os artigos foram selecionados seguindo critérios de inclusão e exclusão, e a metodologia empregada aborda diretamente o tema em questão. Esses artigos foram divididos em dois grupos: o primeiro trata dos desafios no diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista, enquanto o segundo grupo está voltado para a educação infantil com foco na inclusão de alunos com TEA.
Os estudos analisados fornecem uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelos profissionais e famílias, bem como as estratégias eficazes que podem ser usadas para superar esses desafios e melhorar o processo de aprendizagem para crianças com TEA. A tabela 01 abaixo apresenta as principais características dos estudos selecionados para discussão.
Tabela 01 – Resumo dos Artigos Selecionados sobre o Diagnóstico Precoce do TEA.
ANO | AUTOR | TÍTULO | PERIÓDICO DE PUBLICAÇÃO |
2015 | Gomes, P. T. M. et al. | Autism in Brazil: a systematic review of family challenges… | Jornal de Pediatria Scielo Brasil |
2017 | Santos, R. K., et al | Transtorno Do Espectro Do Autismo (TEA): Do Reconhecimento À Inclusão No Âmbito Educacional | Revista Includere |
2018 | Da Silva, A. V. et al | A educação infantil com foco na inclusão de alunos com TEA | Revista Eletrônica Pesquiseduca |
2020 | Steffen, B. F. et al | Diagnóstico Precoce De Autismo: Uma Revisão Literária | Revista Saúde Multidisciplinar |
2020 | Silva, F. B., & Boncoski, I. F. M. | O processo de aprendizagem do aluno com TEA / The student learning process with TEA | Brazilian Journal of Development |
2021 | Alencar de Souza, R. F., & Pinto de Souza, J. C. | Os desafios vivenciados por famílias de crianças diagnosticadas com Transtorno de Espectro Autista | Revista De Educação E Sociedade |
2022 | Sousa, D. M. et al. | Desafios no diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista | Research, Society and Development |
2023 | Santos, Andreia Moreira da Silva et al. | Desafios no diagnóstico e Tratamento Precoce do Transtorno do Espectro Autista | Repositório Institucional |
2023 | Moliterno, M. das G. C. et al. | A importância do diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista em crianças para o processo de inclusão escolar | Revista Científica Doctum Multidisciplinar |
2023 | DA SILVA, A. V.; LOPES GOMES, M | Os desafios do diagnóstico psicológico precoce do transtorno do espectro autista (TEA) | Revista de Casos e Consultoria |
Fonte: Autora (2024)
Após uma análise completa do material selecionado, observa-se que os estudos abordam diversas perspectivas em relação aos desafios e estratégias no diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças e seus impactos no processo de aprendizagem. Todos convergem para a importância crucial desse diagnóstico emergencial e das intervenções correspondentes. É amplamente reconhecido que quanto mais cedo o diagnóstico for realizado, maiores são as oportunidades de intervenção eficaz.
Desta maneira, o TEA é um transtorno do desenvolvimento neurológico caracterizado por três principais dimensões de comportamento, conforme descrito na quinta versão do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM V): déficits na interação social recíproca, dificuldades na comunicação e linguagem, e padrões restritos de interesses e comportamentos repetitivos e estereotipados. Essas características fundamentais do TEA destacam a complexidade desse transtorno e enfatizam a importância de compreendê-lo de forma abrangente para melhor atender às necessidades dos alunos afetados (APA, 2014).
O termo autismo foi introduzido pela primeira vez em 1911 por Eugen Bleuler, um psiquiatra suíço que, em seus estudos, buscava descrever características da esquizofrenia. No entanto, foi em 1943 que a denominação do autismo ganhou maior notoriedade, através do psiquiatra Leo Kanner, que já nas suas primeiras pesquisas abordava de maneira significativa as características do autismo (Santos, et al, 2017 apud Cunha, 2015).
Diante dos desafios relacionados aos déficits de comunicação, interação social e comportamento enfrentados pelos indivíduos com TEA, é importante reconhecer que esses sujeitos podem estar em diferentes níveis de funcionamento. Conforme ressalta Cunha (2015), o uso atual da nomenclatura Transtorno do Espectro Autista permite a abrangência de distintos níveis do transtorno, classificando-os de leve, moderado e severo. Portanto, é fundamental evitar a generalização dos indivíduos com autismo, pois são pessoas diversas, com variados níveis de habilidades e intelectualidade. É necessário buscar um entendimento mais detalhado das características desse transtorno para melhor compreendê-lo e apoiar aqueles que são afetados por ele.
Conforme Steffen, B. F. et al. (2020), as manifestações clínicas do autismo frequentemente surgem precocemente, muitas vezes antes dos dois anos de idade, como evidenciado por Oliveira (2009). Além disso, é importante ressaltar que o quadro clínico da criança pode variar amplamente em termos de gravidade, como mencionado por Losapio (2008). Essa variação pode dificultar o diagnóstico correto e imediato, uma vez que o diagnóstico do autismo infantil é baseado principalmente nas observações clínicas do paciente. Até o momento, não há um marcador biológico definitivo para o autismo, conforme apontado por Burns (2017). O diagnóstico é estabelecido com base em uma lista de critérios comportamentais delineados pelo DSM-V (tabela 02) (APA, 2014).
Tabela 02: Critérios para o Diagnóstico do Autismo, abrangendo uma variedade de características do espectro autista.
DSM-V: Critérios diagnósticos dos Transtornos do Espectro Autista 299.00 (F84.0) | |
Critério | Características |
A | Deficiências persistentes na comunicação e interação social incluem: 1. Dificuldade em demonstrar reciprocidade social e emocional;2. Restrição nos comportamentos de comunicação não verbal utilizados para interação social;3. Dificuldade em iniciar, manter e compreender relacionamentos, variando de dificuldades em adaptar o comportamento para se ajustar a diferentes situações sociais. |
B | Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades podem ser observados através dos seguintes aspectos ou histórico clínico:1. Demonstração de movimentos repetitivos e estereotipados no uso de objetos ou fala;2. Persistência em rotinas específicas, com aderência inflexível ou padrões ritualísticos de comportamentos verbais e não verbais;3. Interesses restritos que se destacam pela intensidade e foco;4. Reações sensoriais hiper ou hiporreativas ao ambiente ao redor. |
B | Os sintomas do autismo geralmente aparecem nas primeiras fases do desenvolvimento. Às vezes, esses sintomas podem não ser totalmente evidentes até que a pessoa enfrente demandas sociais que excedam suas capacidades, ou podem ser mascarados por estratégias de aprendizado adotadas ao longo da vida. |
D | Os sintomas impactam negativamente de forma clinicamente significativa nas áreas social, ocupacional ou em outras áreas importantes do funcionamento atual do indivíduo. |
E | Esses distúrbios não podem ser atribuídos a uma deficiência cognitiva ou atraso global do desenvolvimento. |
Fonte: Adaptado de American Psychiatric Association, 2014
A relevância atual do estudo do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é evidenciada pelo significativo aumento no número de casos relatados nos últimos anos, especialmente na população pediátrica. Isso é atribuído a uma maior conscientização sobre o problema e à expansão dos critérios diagnósticos (Steffen, 2020, citando Muhle, Trentacoste e Rapin, 2004). Não há uma cura conhecida para o autismo, mas existem intervenções disponíveis que podem ajudar a melhorar as habilidades de comunicação, interação social e coordenação motora desses indivíduos.
Steffen et al. (2020) destacam a importância do diagnóstico precoce, enfatizando que intervenções realizadas antes dos 36 meses de vida podem resultar em melhores resultados no desenvolvimento, devido à maior plasticidade cerebral nesse período e ao maior potencial para alterar o curso do desenvolvimento (apud Castilho, 2019; Losardo, 2016). O período em que o cérebro se desenvolve rapidamente vai desde a concepção até os três anos de idade, portanto, qualquer programa de estimulação do desenvolvimento infantil deve ser implementado nessa fase (Unicef, 2015). A demora no diagnóstico e no início das terapias necessárias pode levar à consolidação dos sintomas, prejudicando o desenvolvimento cognitivo e psicossocial da criança. Assim, fica evidente a importância das intervenções precoces para potencializar o crescimento normal infantil (Steffen et al. (2020 apud Zanon, 2014).
No entanto, esta tarefa enfrenta desafios significativos devido à lacuna existente no diálogo entre o poder público e a sociedade, o que resulta em uma falta de conhecimento generalizado sobre os sinais e sintomas do TEA. Além disso, a responsabilidade pelo cuidado dos afetados pelo TEA recai sobre os serviços de saúde primários, sublinhando a necessidade premente de estabelecer critérios específicos para identificar sinais distintivos que permitam uma diferenciação confiável entre o TEA e outras condições com sintomas semelhantes (Souza et al., 2019).
A Diretriz de Atenção à Reabilitação da Pessoa com TEA, lançada pelo Ministério da Saúde em 2013, visa oferecer orientações tanto para profissionais de saúde quanto para familiares, com o objetivo de facilitar a identificação precoce do autismo em crianças com até três anos de idade (BRASIL, 2013). Essa iniciativa representa um passo importante no sentido de promover uma abordagem mais integrada e eficaz no manejo do TEA desde os primeiros anos de vida. É crucial que o acompanhamento das crianças e suas famílias seja realizado por equipes multidisciplinares em Unidades e Centros de Desenvolvimento. Portanto, a detecção precoce, que está sob responsabilidade dos cuidados primários de saúde, é de suma importância. O diagnóstico precoce, juntamente com uma avaliação completa e uma intervenção oportuna e intensiva, pode melhorar significativamente o prognóstico, destacando a importância do conhecimento da clínica do autismo (Steffen et al., 2020, apud Oliveira, 2009).
No Brasil, a maior parte dos atendimentos às pessoas com TEA ocorre no Sistema Único de Saúde, o SUS. Esse atendimento é predominantemente realizado nos níveis da Atenção Básica e da Atenção Especializada (Steffen et al., 2020, apud Portolese, 2017). Na assistência especializada, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são destacados como serviços abertos e comunitários que oferecem cuidado clínico eficiente e personalizado, promovendo a inserção social do usuário e supervisionando a atenção à saúde mental na rede básica. Para atender especificamente crianças e adolescentes, foram criados os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI), que proporcionam um atendimento bem dimensionado, composto por equipes multiprofissionais e adaptado às necessidades individuais de cada caso (Steffen et al., 2020, apud Portolese, 2017).
O tratamento do autismo deve ser baseado na estimulação do desenvolvimento de funcionalidades, na compensação das limitações funcionais e na prevenção de uma maior deterioração de suas capacidades, reintroduzindo assim a criança no meio social, ao apresentar uma melhora significativa em âmbito emocional, cognitivo e de linguagem (Steffen et al., 2020, apud Canut, 2014). O tratamento é complexo e deve ser centrado nos sintomas alvo do paciente, como agitação, agressividade e irritabilidade. São utilizados os neurolépticos, a combinação vitamina B6-magnésio, fenfluramina, carbamazepina, ácido valpróico e lítio, visando a remissão desses sintomas. Esta abordagem medicamentosa possibilita encaminhamento para programas de estimulação e educacionais, porém não é usada de forma exclusiva. Além disso, por se tratar de pacientes crônicos exige monitoração constante dos profissionais envolvidos, para que tenham uma dimensão exata do transtorno (Steffen et al., 2020, apud Assumpção F, 2000).
Existem quatro alvos básicos para qualquer tratamento:
1) estimular o desenvolvimento social e comunicativo;
2) aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas;
3) diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiência do cotidiano; e
4) ajudar as famílias a lidarem com o autismo (Bosa, 2006).
De acordo com Sousa, D. M. et al. (citando Romeira et al., 2021), mesmo na contemporaneidade, há uma lacuna no estudo específico do contexto do comportamento do avaliador, ou seja, muitas vezes, apenas o paciente é considerado, ignorando-se o papel crucial do profissional na observação teórica e prática. Esse fato representa um desafio adicional ao diagnóstico precoce do TEA, uma vez que a capacitação e orientação do profissional são fundamentais, embasadas em teoria adequada. Além disso, o engajamento da criança no processo diagnóstico também é destacado como um aspecto relevante. Conforme mencionado pelos autores, o baixo engajamento internacional da criança pode representar uma dificuldade significativa para o diagnóstico precoce. Assim, a capacitação dos profissionais de saúde para uma abordagem mais holística e atenta às nuances do TEA torna-se torna ainda mais crucial.
Os pais de uma criança diagnosticada com TEA se veem diante de uma nova realidade que requer uma adaptação familiar (Gomes, 2015, apud Braga, 2014). O idealizado durante a gestação precisa ser ajustado para corresponder às necessidades específicas da criança ao nascer (Gomes, 2015, apud Braga, 2014).
Crianças com diagnóstico de TEA muitas vezes enfrentam desafios significativos em termos de habilidades cognitivas e relacionamento interpessoal, o que resulta em demandas diferenciadas de cuidado, tanto na esfera da educação formal quanto na dinâmica familiar como um todo (Gomes, 2015, apud Braga, 2014). Essas particularidades impactam profundamente a dinâmica familiar, exigindo um cuidado prolongado e atento por parte de todos os membros da família que convivem com a criança com TEA. É comum relatar um aumento nos níveis de estresse, o que pode afetar a qualidade de vida de todos os envolvidos.
Todo o processo de diagnóstico, perspectiva dessa família, como também, a necessidade de alterar a rotina e os horários, tempo, gasto de energia podem ser dificuldades no convívio da família, afetando a forma com que os pais lidam com a criança nessa nova fase (Guralnick, 2000, apud Steffen et al., 2020). É de suma importância um apoio social para essa família, com aconselhamento familiar, trocas de experiência entre famílias, mobilização de amigos e da comunidade. Com esse apoio a família estará mais preparada, diminuindo o estresse familiar e proporcionando o melhor desenvolvimento da criança (Schuler, 2000, apud Steffen et al., 2020).
Desta forma, a abordagem do tratamento depende da idade do paciente e etapa de desenvolvimento, assim: Crianças pequenas, a prioridade deveria ser a terapia da fala, da interação social/linguagem, educação especial e suporte familiar. Já com adolescentes, os alvos seriam os grupos de habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade. Com adultos, questões como as opções de moradia e tutela deveriam ser focadas (Klin, 2006).
A intervenção multidisciplinar se destaca por possibilitar uma melhora significativa na qualidade de vida da criança, respeitando o nível de desenvolvimento e particularidades de cada um. A equipe multidisciplinar é composta por psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista, pedagogos, entre outros; além de uma estrutura de integração sensorial. Assim a intervenção com estes profissionais torna-se importante devido os conhecimentos técnicos sobre desenvolvimento humano (Locatelli, 2016, apud Steffen et al., 2020).
No que diz respeito à educação especial, Silva et al. (2020) enfatizam que ela tem sido objeto de debates relevantes e ganhado destaque no Brasil ao longo das últimas duas décadas, com ênfase na democratização dos espaços, no acesso e no respeito à diversidade. Essa valorização é notória, especialmente após a promulgação da Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que define a educação especial como uma modalidade oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, destinada a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (Brasil, 2012). Isso implica em uma mudança significativa, desvinculando a ideia de uma educação exclusiva para pessoas com deficiência em escolas especiais.
Além disso, no Brasil, o direito à educação é garantido pela Constituição Federal de 1988, que enfatiza a educação de pessoas com necessidades especiais no artigo 208, inciso III. Este artigo estabelece o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. A partir desse marco legal, as legislações subsequentes passaram a promover uma visão inclusiva da educação das pessoas com deficiência, como é o caso da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Brasil, 1996).
De acordo com Silva et al. (2020), conforme mencionado por Castanha (2016), o Brasil tomou medidas relevantes em termos legais em 1999 para promover o avanço no processo de inclusão com a criação do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), por meio do Decreto nº 3.076, de 1º de junho de 1999, o qual foi revogado pelo Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que dispôs sobre uma nova Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.
Em relação especificamente ao autismo, a iniciativa governamental que representou um marco histórico foi a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA. Entre outros pontos, essa lei determina que os autistas possam frequentar escolas regulares e, se necessário, solicitar acompanhamento nesses locais. Esse conjunto de medidas evidencia uma busca significativa por inclusão e respeito aos direitos das pessoas com deficiência, incluindo aquelas que vivem com autismo.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), obtidos por meio do Censo Escolar mais recente, o número de matrículas na educação especial atingiu cerca de 1,5 milhão de alunos em 2021. Além disso, o Inep relata que o percentual de matrículas de alunos incluídos em escolas regulares, na faixa etária entre 4 e 17 anos, continua crescendo, chegando a 94,5% em 2021.
É importante ressaltar que a educação especial abrange uma ampla gama de alunos, incluindo aqueles com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Dentro desse espectro, encontram-se os alunos diagnosticados com transtorno do espectro autista (TEA), que é o foco principal deste estudo.
As matrículas de alunos com TEA refletem uma crescente tendência de matrículas na educação especial, como indicam dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). De acordo com informações mais recentes, o número de alunos com TEA matriculados em escolas regulares aumentou consideravelmente, passando de 405.056 em 2022 para 607.144 em 2023, representando um aumento de 50% em apenas um ano (TENENTE, 2017). No entanto, apesar desse crescimento nas matrículas, ainda há uma lacuna de informações que dificulta a avaliação da qualidade do atendimento oferecido a esses alunos nas escolas regulares, que deveriam ser espaços significativos de integração e apoio para os alunos com autismo (PINTO, 2013).
Mesmo com os incentivos legais, como a Lei nº 12.764/2012, que promove a inclusão de pessoas com TEA na escola regular, persistem desafios significativos em relação à inclusão efetiva desses alunos no ambiente escolar. Macêdo (2015) destaca a importância de desenvolver estratégias educacionais específicas para garantir o aprendizado e a permanência dos alunos com TEA na escola regular (apud Silva, et al. 2020). No entanto, uma pesquisa realizada por Bartoszeck e Grossi (2018) revelou que uma porcentagem muito pequena de currículos de cursos de formação de professores aborda o autismo, evidenciando a necessidade de uma maior preparação dos docentes para lidar com essa realidade.
Para promover a inclusão efetiva dos alunos autistas, é essencial que os professores estejam preparados para utilizar tecnologias assistivas, como a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), conforme sugerido por Bonotto (2016), e métodos de intervenção, como o PECS e o TEACCH, que visam facilitar a comunicação e promover o desenvolvimento social e cognitivo dos alunos autistas. Além disso, a elaboração de um currículo funcional e a implementação do Plano Educacional Individualizado (PEI) (Silva, et al. 2020, apud Fernandes, 2016), são fundamentais para atender às necessidades específicas de cada aluno autista e garantir sua inclusão na sala de aula regular.
Nesse sentido, é crucial que a escola se transforme em um ambiente verdadeiramente inclusivo, que promova a formação de redes de apoio e ofereça suporte adequado aos alunos com TEA (Silva, et al. 2020, apud Pauli, 2018). É importante que os professores reconheçam as potencialidades de cada aluno e adaptem suas práticas pedagógicas para garantir sua verdadeira inclusão (Silva, et al. 2020, apud Neves,2018). Dessa forma, será possível proporcionar uma experiência educacional enriquecedora e inclusiva para todos os alunos, independentemente de suas necessidades específicas.
As tecnologias assistivas (TAs) desempenham um papel crucial na inclusão educacional de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), oferecendo suporte em diversas áreas do desenvolvimento e facilitando a participação desses alunos no ambiente escolar. Essas tecnologias abrangem uma variedade de recursos e dispositivos, desde equipamentos simples até softwares especializados, projetados para atender às necessidades específicas dos alunos com TEA.
Um exemplo comum de tecnologia assistiva para alunos com TEA é o Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS), que permite a comunicação não verbal por meio da troca de cartões ou figuras representativas de necessidades, desejos e emoções. Essa abordagem é especialmente útil para alunos com dificuldades na comunicação verbal, proporcionando-lhes uma maneira eficaz de expressar suas necessidades e interagir com os outros (Bonotto, 2016).
Além do PECS, outras formas de tecnologia assistiva incluem aplicativos de comunicação aumentativa e alternativa (CAA), que oferecem uma ampla gama de símbolos, imagens e sons para auxiliar na comunicação. Esses aplicativos podem ser personalizados de acordo com as necessidades individuais de cada aluno, proporcionando uma forma flexível e adaptável de comunicação (Bonotto, 2016).
Outras tecnologias assistivas podem incluir softwares de aprendizagem adaptativa, jogos educacionais interativos e ferramentas de organização e planejamento. Esses recursos podem ajudar os alunos com TEA a desenvolver habilidades acadêmicas, sociais e de autocuidado, promovendo sua independência e autonomia no ambiente escolar (Silva et al., 2020).
Pode-se afirmar que as práticas pedagógicas, que combinam estratégias convencionais com tecnologias assistivas (TA) e métodos de intervenção variados, têm o potencial de contribuir significativamente para a inclusão dos alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Essa abordagem visa não apenas potencializar o desenvolvimento social e da linguagem, mas também favorecer a aprendizagem escolar desses alunos (Silva et al., 2020).
É importante ressaltar que, antes de tudo, é necessário introduzir estímulos sensoriais de forma gradual. Isso proporciona uma adaptação ambiental e uma organização comportamental mais eficaz em relação ao estímulo-resposta (Bonotto, 2016). Além disso, o planejamento das atividades em sala de aula deve levar em consideração o objetivo curricular, a participação do aluno e a forma como ele é observado pelo professor. O docente desempenha um papel fundamental ao interpretar as respostas e os comportamentos dos alunos, adaptando sua prática pedagógica de acordo com as necessidades individuais de cada aluno (Silva, et al. 2020, apud Macêdo, 2015).
4 CONCLUSÃO
Os estudos analisados fornecem uma visão abrangente dos desafios enfrentados no diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas implicações no processo de aprendizagem. Conclui-se que o TEA é um transtorno complexo do neurodesenvolvimento, cuja detecção precoce é crucial para garantir intervenções eficazes e melhorar o prognóstico dos pacientes.
A pesquisa revelou a importância de uma abordagem multidisciplinar no diagnóstico e tratamento do TEA, envolvendo profissionais de diferentes áreas, como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos. Além disso, destacou-se a necessidade de uma maior preparação dos profissionais de saúde e educadores para lidar com as características específicas do TEA e promover a inclusão desses indivíduos na sociedade.
No contexto educacional, a legislação brasileira tem avançado para garantir o direito à educação inclusiva de pessoas com TEA, promovendo a integração desses alunos nas escolas regulares e fornecendo suporte adequado para atender às suas necessidades individuais. No entanto, persistem desafios significativos em relação à implementação efetiva dessas políticas e à preparação dos professores para lidar com a diversidade na sala de aula.
Portanto, é fundamental investir em estratégias de capacitação profissional, tecnologias assistivas e suporte familiar para promover uma educação de qualidade e uma maior inclusão social de indivíduos com TEA. Essas medidas contribuirão para criar um ambiente mais acolhedor e acessível para todos, independentemente de suas habilidades e condições individuais.
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1 Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.
2 Titulação. Professor orientador. Docente do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.