A RELEVÂNCIA DA CAPACITAÇÃO EM PRIMEIROS SOCORROS PARA ESTUDANTES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11191753


Clayderson Damasceno Dias
Drika Adrianny Rodrigues da Silva
Luana Neves Carvalho
Orientadora: Rosimeire Faria Carmo


Resumo: Trata-se de um estudo sobre a importância da capacitação em primeiros socorros no âmbito escolar e o impacto da educação em saúde no que tange a promoção da saúde, prevenção de agravos e disseminação de conhecimento para a população através dos estudantes. Objetivo: Idealizar estratégias educativas acerca de noções básicas em primeiros socorros para estudantes. Método: Refere-se a uma revisão da literatura, com artigos pesquisados e publicados nas bases de dados Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), contemplando os anos de 2016 a 2023, sendo mantidos 16 artigos. Resultados: Foram analisados artigos de domínio geral no que diz respeito a importância da educação em saúde no ensino de primeiros socorros para estudantes e como esta capacitação reflete positivamente na prevenção de agravos e sequelas decorrentes de algum acidente em locais públicos ou domésticos. Conclusão: A capacitação em primeiros socorros para estudantes é de extrema relevância, pois este público tem total competência de agir em alguma situação inusitada em que a vida de outra pessoa esteja em risco, além de propagar informação e conhecimento com familiares, amigos e grupos sociais em que estejam inseridos.

Palavras-chave: Primeiros Socorros. Educação em Saúde. Capacitação. Prevenção de agravos.

Abstract: This is a study about the  importance of first aid training in schools and the impact of health education in the health promotion, disease prevention and dissemination of knowledge to the population through students. Objective: To idealize  educational strategies about basic notions in first aid for students. Method: It refers to an integrative literature review, using articles researched and published in the databases Scientific Electronic Librany Online (SciELO), Virtual Health Library (VHL), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), covering the years 2016 to 2023, with 16 articles being maintained for writing. Results: General articles were analyzed regarding the importance of health education in teaching first aid to high school students and how this training reflects positively on the prevention of injuries and consequences resulting from an accident in public or domestic places. Conclusion: First aid training for high school students is extremely important, as this public has full competence to act in any unusual situation in which another person’s life is at risk, in addition to spreading information and knowledge with family, friends and groups social situations in which they are         inserted.

Keywords: First aid. Health Education. Health Promotion. Training.  Preventing injuries

1 INTRODUÇÃO

Os Primeiros Socorros (PS) compreendem técnicas destinadas a oferecer assistência inicial a indivíduos expostos a perigos iminentes e riscos de morte ou lesões irreversíveis. Esses procedimentos podem ser realizados por profissionais capacitados ou leigos. É fundamental que todos os profissionais envolvidos na educação, incluindo professores e colaboradores das escolas, recebam treinamento contínuo para lidar com as principais situações de emergência que podem surgir no ambiente escolar. (ALMEIDA et al., 2020).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pontua que os leigos devem receber treinamentos de capacitação referentes a este primeiro atendimento. Entende-se que qualquer pessoa com conhecimento técnico e segurança, pode contribuir para a melhoria do quadro clínico da vítima até a chegada do socorro especializado, visando minimizar o sofrimento, danos futuros e risco de morte. Por mais simples que pareçam ser, os conhecimentos obtidos nestes treinamentos são imprescindíveis para salvar uma vida e reduzir a incidência de acidentes (SILVA et al., 2022). As situações de urgência e emergências necessitam de intervenções em menor tempo possível, pois este é um fator determinante para a situação final do acometido, podendo ser benéfico para tornar as funções vitais estáveis. (FARIA et al, 2016)

Partindo da ideia de que as primeiras horas após um acidente são importantes para melhor recuperação da vítima, o artigo 135 do Código Penal Brasileiro descreve que a omissão do socorro e a falta dos PS são os principais motivos de mortes e sequelas nos acidentados, portanto, caracteriza-se como crime (ALMEIDA et al., 2020). Apesar de sua revelância, estes ainda são pouco valorizados nas instituições de ensino, pois na maior parte dos casos, ficam voltados apenas ao setor saúde. Este é um sério problema, pois a falta de conhecimento dos educadores e agentes escolares, gera estado de pânico, manipulação incorreta da vítima ou solicitações excessivas, e muitas vezes desnecessárias, do socorro especializado em emergências (LIMA et al., 2021)

A lei n° 13.722 intitulada como Lei Lucas apresenta a obrigatoriedade do treinamento de PS no âmbito escolar. Este treinamento deve ser ministrado por profissionais habilitados e é direcionado aos educadores e demais agentes escolares, no qual recomenda-se a renovação a cada 2 anos. Esta lei foi sancionada no ano de 2018 na legislação brasileira e foi criada em homenagem ao Lucas Begalli Zamora, uma criança de 10 anos que teve a morte causada por um engasgo durante uma excursão escolar. Esta determinação tem o objetivo de promover a capacitação obrigatória dos profissionais do âmbito escolar para aptidão na execução dos primeiros atendimentos necessários em casos de urgências e emergência, visto que é o local onde as crianças permanecem na maior parte do dia. (ZAMORA, 2021)

Ao mesmo tempo em que o ambiente escolar constitui um cenário propício à riscos adversos, também se mostra como um local correto para disseminação de conhecimento nessa perspectiva. Partindo desse pressuposto, a educação em saúde é uma ferramenta ideal para auxiliar na prevenção de agravos e promoção da saúde, pois promove a troca de saberes científicos e senso comum, contribui para o processo ensino-aprendizagem instigando reflexões críticas a cerca dessa conjuntura. Diante do exposto, é notório que a falta de conhecimento em PS nas instituições de ensino é uma problemática de tamanha relevância para ser analisada. Partindo desse pressuposto, faz-se necessário a capacitação neste cenário para estudantes e agentes escolares, de modo que o conhecimento técnico seja aplicado em eventuais acidentes e disseminado em ambiente extraescolar para a mesma finalidade. Deste modo, quais as maneiras que esta estratégia de educação em saúde pode ser devidamente aplicada nas escolas e qual o impacto causaria nos índices de mortes, agravos e acidentes graves com danos irreversíveis?

2 MATERIAIS E MÉTODOS

As pesquisas baseadas em evidências incorporam revisões integrativas como um componente essencial de sua abordagem metodológica, contribuindo para enriquecer as evidências disponíveis na prática. Essa abordagem de pesquisa tem o propósito de consolidar e sincronizar os resultados relacionados a um tópico específico de forma sistemática, promovendo o aprimoramento contínuo na área de estudo. Desde a década de 1980, os pesquisadores têm considerado a revisão integrativa como uma ferramenta valiosa para a condução de estudos (ALMEIDA et al., 2020).

Trata-se de uma análise de revisão da literatura a partir da leitura e conhecimento de artigos científicos relacionados à temática de PS na educação no âmbito educacional, com ênfase nos estudantes. As pesquisas e análises foram realizadas entre os meses de abril a outubro de 2023, tendo em vista o precário conhecimento dos profissionais e dos estudantes relacionados as primeiras ações em situações emergências, a fim de ampliar o aprendizado a respeito do tema proposto. Este modelo de revisão permite o estudo e o aperfeiçoamento em uma problemática pouco falada nas redes de ensino, no qual proporcionou o direcionamento para a confecção deste artigo científico e ampliação da abordagem metodológica.

Para a composição desta pesquisa foram utilizados dados bibliográficos do ano de 2016 a 2023, no idioma Português, priorizando as palavras chaves: PS, atendimento préhospitalar, educação em saúde e ensino básico. Para escolha dos artigos foram aplicadas algumas etapas, como: a pesquisa do material relacionando as palavras chave, juntamente com a análise do ano de publicação, priorizando dados mais recentes da literatura; a leitura do resumo dos artigos e da ideia apresentada, além de verificar a procedência das revistas, sendo preferencial as pesquisa nas revistas Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), sendo materiais originais e disponíveis gratuitamente na íntegra, que valorizem o fortalecimento dos PS no âmbito educacional.

Os resultados das buscas foram de 64 artigos, dos quais 16 foram selecionados de acordo com os requisitos citados para a produção deste artigo. Desta forma, foram excluídos os que não apresentaram ideias correlatas ao tema e à abordagem sugerida pelos autores deste presente trabalho de conclusão de curso, artigos repetidos, cartas, relatos de experiências com ideias divergentes e artigos de datas anteriores à 2016.

3 RESULTADOS

A partir das buscas nas bases de dados, foram encontrados 64 estudos. Após uma seleção criteriosa dos artigos, observamos a relevância de capacitar estudantes quanto às noções de PS, pois desta forma, este público teria capacidade suficiente para atender vítimas em situações diversas, além de disseminar informação e conhecimento para família, amigos e demais pessoas inseridas em seu ciclo social.

Amostra final resultou em 16 artigos que se referiam ao tema apresentado. Dos artigos utilizados, foram publicados nos anos de 2016 a 2023, sendo 1 estudo (6,25%) publicado em 2016, 1 estudo (6,25%) em 2017, 1 estudo (6,25%) em 2018, 2 estudos (12,5%) em 2020, 8 estudos (50%) em 2021 e 3 estudos (18,75%) em 2022, deste modo ressaltando a relevância de analisar a dimensão temporal dos estudos comparado com o contexto do passado e da atualidade. O idioma predominante foi o português em todos os artigos (100%).

Temos na Tabela I a divisão dos principais dados de cada artigo: Os descritores, título, nome dos autores e ano de publicação.

Tabela I

DESCRITORESTÍTULOAUTORESANO
01Primeiros         Socorros;             Ensino; Acidentes.Primeiros Socorros Nas Escolas: Uma Revisão IntegrativaMOURA et al2021
02Primeiros                   Socorros; Professores; Escola; Incidentes.Primeiros Socorros no Âmbito Escolar:    Necessidade     Versus DesafiosALMEIDA et al2020
03Primeiros         Socorros;             Ensino; Escolares.A Importância da popularização de primeiros socorros nas escolas para salvar vidas: Uma revisão integrativaLOUREIRO et al2022
04Primeiros Socorros; Educação em Saúde; Enfermagem.Intervenção  educativa para aquisição de  conhecimentos sobre primeiros socorrosLIMA et at2021
05  Primeiros                   Socorros; Conhecimento; Conhecimento; Atitudes e Práticas em Saúde; Saúde da População.Conhecimento de leigos sobre os primeiros socorros no ambiente extra-hospitalarSILVA et al2022
06Educação; Educação em Saúde; Primeiros Socorros; Promoção  da  Saúde;  Saúde Escolar.Intervenções de educação em saúde de primeiros socorros, no ambiente escolar: uma revisão integrativaCRUZ et al2021
07  Primeiros                   Socorros; Atendimento pré-hospitalar; Educação física escolar.Primeiros socorros e prevenção de acidentes no ambiente escolarPINA et al2021
08Primeiros Socorros; Educação em Saúde; Conhecimento; Enfermagem; Professores Escolares.  Primeiros        socorros       como objetivo de educação em saúde para profissionais de escolas municipais LIMA et al  2021
09Primeiros Socorros; Acidentes; Capacitação; Pessoas com   Deficiência;              Educação Especial.Efeito de capacitação sobre primeiros socorros em acidentes para  equipes  de  escolas  de ensino especializadoBRITO et al2020
10Promoção da Saúde; Saúde   Escolar;                        Equipe Multiprofissional.Experiência de residentes multiprofissionais na orientação de primeiros socorros e prevenção  de  acidentes  nas escolasMARGARIDA et al2021
11Tecnologia     educacional; Primeiros Socorros; Promoção da  Saúde;  Pais;  Professores escolares.Tecnologias educacionais para o ensino de primeiros socorros a pais  e  educadores:  Revisão IntegrativaMOURA et al2021
12Educação em Saúde; Primeiros   Socorros;              População; Emergências.Intervenções de educação em saúde de primeiros socorros para  leigos  no  Brasil:  uma revisão integrativaNETO et al2017
13Primeiros Instituições Serviços   emergência; EnferSocorros; acadêmicas; médicos de magem.Impacto da capacitação em primeiros socorros sobre o conhecimento de educações e agentes escolaresOLIVEIRA et al2022
14  Promoção         da         Saúde; Enfermagem; Adolescente;A  escola  como  espaço  para aprendizado sobre primeirosGRIMALDI et al2020
 Educação em saúde.socorros  
15Primeiros Socorros; Ensino; Emergência; Educação                          em Saúde.Inclusão da disciplina de primeiros socorros para alunos de ensino básicoMATOS et al2016
16Primeiros                     Socorros; Educadores;     Acidentes             na escola.Primeiros Socorros Na Escola: Conhecimento da Equipe Que Compõe a Gestão EducacionalLEITE et al2018

  Fonte: elaborado pelos autores.

Dos estudos analisados, 9 estudos (56,25%) realizaram uma análise a partir da revisão bibliográficas da literatura. Outros 6 estudos (37,5%) produziram estudos descritivos de caráter exploratório e quantitativo de grupos experimentais e 1 estudo (6,25%) utilizou estudo descritivo transversal.

Em relação ao público-alvo, 7 estudos (43,75%) foram baseados principalmente nos conhecimentos dos educadores e agentes escolares, 5 estudos (31,25%) testaram estudantes e/ou aplicaram a capacitação em primeiros socorros, 3 estudos (18,75%) testaram o conhecimento de primeiros socorros em leigos e apenas 1 estudo (6,25%) inclui os pais como público-alvo. A partir dessa análise, foi observado que o público adolescente de estudantes não foi tema central de nenhum dos estudos, evidenciando, portanto, a necessidade de avaliar e capacitar tais agentes como disseminadores do conhecimento.

4 DISCUSSÃO

A educação de PS nas redes de ensino são uma questão de relevância crescente, dada a importância de preparar os jovens para lidarem com situações emergenciais. Tendo em vista que na existência de incidentes emergenciais, a avaliação da vítima e seu atendimento devem ser adequados possibilitando a atenuação de sequelas. Constitui-se como PS as condutas preexistentes que tencionam a ajudar pessoas que estejam em estado de moléstia ou ameaça de morte tendo em mente que qualquer pessoa, mesmo que não seja da área de saúde, possa realizar (MATOS et al., 2020). 

Conforme o Art. 135 (Código Penal Brasileiro, 1998 p.33), “[…] deixar de prestar socorro às vítimas de acidentes ou pessoas em perigo iminente, podendo fazê-lo, é crime […]”. Para que a ideia deste artigo seja atendida, é necessário a orientação sobre as ações necessárias neste socorro. Esses achados indicam que o ensino de PS pode contribuir para a formação de cidadãos mais responsáveis e conscientes (CONFESSOR et al., 2016). O decreto 6.286/2007 reforça esse compromisso entre o ministério da saúde e ministério da educação em contribuir com a formação dos estudantes, tendo em um de seus objetivos a promoção da saúde, onde pode-se citar a capacitação e disseminação dos PS entre a comunidade, tendo com porta-voz os escolares (ALMEIDA et al., 2020).

Jovens e crianças são expostas a diversas situações de urgência e emergência no âmbito escolar e dentre elas estão as convulsões e a epistaxe, que é definida como o sangramento proveniente da mucosa nasal. Asfixia por corpo estranho (engasgo) também é recorrente, sendo uma manifestação do organismo para expelir o alimento ou objeto que toma um trajeto errado, atingindo as vias respiratórias, assim como a queda, que compreende o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil, provocada por circunstâncias multifatoriais que comprometem a estabilidade (FONTOURA et al., 2017).

Desta forma, as atividades de educação e saúde nesta temática são imprescindíveis, para que haja aporte necessário a fim de prevenir ou diminuir danos à saúde do jovem e da comunidade, mantendo os sinais vitais estáveis e evitando agravamento do seu estado no que tange a ações de PS (OLIVEIRA et al., 2019). Vendo a necessidade dessas educações em saúde nas instituições de ensino, após vários de intercorrências em ambiente escolar, foi instituída a Lei Nº 13.722 de 4 de outubro de 2018 (Lei Lucas). Esta lei torna a capacitação em noções básicas de PS obrigatória para professores e funcionários de instituições de ensino públicas e privadas de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. Porém, a ideia não tem sido realizada conforme proposto.

Diante do exposto, além da capacitação destes profissionais, vê-se a necessidade de incluir estes conhecimentos específicos para os jovens no âmbito estudantil, pois a participação juvenil é uma estratégia eficaz de promoção da saúde, pois possibilita jovens tornarem-se promotores da transformação social, beneficiando tanto os adolescentes quanto o setor saúde nesse processo, além da comunidade local (LEITÃO et al., 2018). Segundo MATOS et. al (2016), nota-se que os adolescentes, mesmo diante de um cenário de emergência, sentem dificuldades para acionar o atendimento de uma unidade de Serviço Móvel de Urgência (SAMU), onde em sua grande maioria, ligam para o serviço de segurança policial. Embora não sejam profissionais especializados para atender este cenário, ainda assim conseguem auxiliar na situação. Ainda assim, vê-se que o acionamento da equipe correta para a ocasião diminui o tempo-resposta, aumentam as chances de sobrevivência do acometido, além de diminuir possíveis sequelas.

O ambiente educacional é um espaço onde se localiza um amplo número de

crianças e adolescentes em processo de interação e desenvolvimento, no qual se trabalha diferentes atividades esportivas e, por isso, o ambiente se torna favorável a incidentes. Como ideia inicial, a disciplina de PS pode ser inserida nas aulas de educação física, pois através dela pode-se adquirir conhecimentos inúmeros e diversificados, inclusive em situações em que os estudantes ficam mais vulneráveis a situações de traumas. Estes, incorporados na educação devem ser postos em prática em suas aulas para que haja redução das causas externas (MATOS et al, 2016).

Tendo em vista que muitas unidades de ensino ainda têm suas instalações em condições precárias, o ambiente se torna propenso a inúmeros cenários de acidentes, que podem ser ocasionados de forma involuntária e podem causar lesões físicas ao corpo da vítima. Sendo assim, é pertinente implementar estratégias de educação em saúde através de programas de conscientização onde realizam-se palestras e campanhas educacionais por meio de profissionais capacitados a fim de fornecer informações precisas e atualizadas aos estudantes. Sendo que, ao realizar os PS, não é apenas colocar em prática os procedimentos iniciais, mas que também deve-se avaliar a vítima, se o cenário onde ela se encontra gera danos à vítima e ao prestador do socorro, solicitar ajuda, e agir conforme seus conhecimentos e principalmente seus limites. (NASCIMENTO et al., 2019).

Existem vantagens para o treinamento regular que podem ser incluídos no currículo escolar, influenciar os pais e motivar mudanças comportamentais. A capacitação de crianças e adolescentes para a realização dos primeiros cuidados a uma vítima de acidente ou mal súbito é a maneira mais eficaz, sendo avaliada a longo prazo, de minimizar sequelas e até mesmo óbitos decorrentes de fatores externos. Visto que os jovens possuem facilidade de aprender assuntos que lhes são passados de maneira lúdica e por meios dinâmicos. Tendo-os como ampliadores de conhecimento, ao capacitá-los de maneira adequada, compartilham seus conhecimentos com familiares e amigos, tornando seu meio bem instruído e preparados para prestar os PS diante um cenário onde haja tal necessidade. (MATOS et al, 2016).

Com o desenvolvimento da cartilha educativa sobre PS, a qual alinha- se diretamente com o Programa Saúde na Escola (PSE) e a Política Nacional de Redução de Mortalidade por incidentes graves ou violência, busca-se capacitar profissionais e estudantes de modo que as ações em saúde no âmbito escolar sejam reforçadas com a disseminação de técnicas e informações precisas sobre o manejo correto em situações de urgência e emergência (NETO et al., 2018). Moura e seus colaboradores (2018) ressaltam a importância da implementação de uma disciplina didática voltada para PS para estudantes, agentes escolares e a comunidade em geral, podendo, dessa forma, com as discussões dos assuntos, conhecimentos aplicados e técnicas difundias, o aumento do conhecimento e habilidade de prestar atendimento de qualidade a um acidentado em qualquer espaço.

Um dos principais desafios associados a esta inserção no ensino é o precário nível de propagação das informações referentes a este socorro primário. Mesmo sendo tão discutido atualmente, há uma pobreza de propagação das ações de emergências no âmbito escolar. Este tem sido um dos principais desafios a serem sanados. A falta de campanhas, coordenadas principalmente pela equipe de enfermagem, de ações sociais e atividades que incluam a comunidade e estudantes tem sido recorrentes (ALMEIDA et al., 2020). Outro desafio que pode ser citado é o currículo escolar sobrecarregado. As escolas geralmente enfrentam a pressão de cobrir uma ampla gama de tópicos em um período de tempo limitado. A inclusão de uma disciplina adicional, como PS, pode ser percebida como uma demanda adicional sobre os estudantes e professores. Encontrar espaço dentro do currículo existente e equilibrar adequadamente o tempo dedicado a essa matéria com outros tópicos é um desafio significativo. (NETO et al., 2017).

Dessa forma, o desafio consiste em desenvolver estratégias para tornar o ensino de PS não apenas informativo, mas também atrativo, relevante e culturalmente sensível. Isso pode ser alcançado através da criação de cursos dinâmicos, elaboração de cartilhas de fácil compreensão e realização de atividades educativas que incorporem elementos lúdicos. (GARCIA, J. S. et al.). Apesar de ser um tema amplamente debatido na atualidade, ainda persiste uma significativa lacuna na disseminação das práticas de emergência no ambiente escolar. Tal constatação reforça a necessidade urgente de superar esse obstáculo. É bastante recorrente da falta de campanhas coordenadas, especialmente pela equipe de enfermagem, bem como de ações sociais e atividades que integrem a comunidade e os próprios estudantes. Essas iniciativas são cruciais para promover uma cultura de prevenção e preparação para situações de emergência, contribuindo assim para a segurança e bemestar de todos os envolvidos no ambiente escolar. (BOAVENTURA, 2017).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os artigos analisados evidenciaram o déficit no conhecimento em noções básicas de PS em leigos, estudantes, agentes escolares e pais, ou seja, estes públicos-alvos não estão preparados para o manejo correto em situações de urgência e emergência.

Infelizmente, na maioria dos casos, este conhecimento de suma importância está restrito somente aos profissionais da área da saúde. Portanto, faz-se necessário a capacitação em PS principalmente no ambiente escolar, pois este espaço tem o papel de socializar o conhecimento e formar cidadãos conscientes e críticos, que entendem o funcionamento da sociedade em que vivem e buscam formas de melhorá-la.

Ressaltamos que a implementação da disciplina de primeiros socorros na grade curricular seria um grande avanço na educação em saúde, pois o embasamento teórico e prático são ferramentas suficientes para capacitar adolescentes a prestar um atendimento de excelência quando necessário, além de divulgar informação com pessoas ao seu redor, deste modo, aumentaria o número de leigos preparados para agir em situações de emergência e evitar agravos, danos significativos e até mesmo risco de morte da vítima.

Houve limitações na construção deste trabalho devido à escassez de artigos com o tema proposto, principalmente salientando a importância do adolescente como multiplicador do saber. É de extrema relevância incentivar a produção de pesquisas que abordem o assunto de forma ampla a partir de análises científicas para implementação de estratégias efetivas. É neste momento que considera-se o protagonismo do profissional enfermeiro, o qual, dentre suas consequências, apresenta a educação em saúde como um de seus instrumentos para contribuir no ensino de PS em ambientes escolares.

6 REFERÊNCIAS

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ARTIGO 135. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. [S. l.], 7 dez. 1940.

BRITO, Jackeline Gonçalves et al. Efeito de capacitação sobre primeiros socorros em acidentes para equipes de escolas de ensino especializado. 2018. 7 p. Artigo (Bacharelado em  enfermagem) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá –  MT, 2020.

DA CRUZ, Karine Bianco et al. Intervenções de educação em saúde de primeiros socorros, no ambiente escolar: uma revisão integrativa. 2020. 20 p. Revisão integrativa (Bacharelado em medicina) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande – MS, 2021.

DE LIMA, Priscila Alvim et al. Primeiros socorros como objeto de educação em saúde para profissionais de escolas municipais. 2020. 16 p. Pesquisa quantitativa (Bacharelado em enfermagem) – Universidade Estadual do Norte do Paraná, Bandeirantes – PR, 2021.

DE MOURA, Julianne Silva Garcia et al. Primeiros Socorros Nas Escolas: Uma Revisão Integrativa. 2021. 14 p. Revisão integrativa (Bacharelado em enfermagem) – Centro Universitário Estácio da Amazônia, Boa Vista – RR, 2021.

DE MOURA, Vitória Alves et al. Tecnologias educacionais para o ensino de primeiros socorros a pais educadores: revisão integrativa. 2021. 9 p. Artigo de revisão (Bacharelado em  enfermagem)-Universidade  Regional  do  Cariri  (URCA), Crato –  CE,  2021.

DE OLIVEIRA, William Bil et al. Impacto da capacitação em primeiros socorros sobre o conhecimento de educadores e agentes escolares. 2021. 12 p. Pesquisa quantitativa (Bacharelado   em   enfermagem) – REVISA, São Paulo – SP,   2021.

GRIMALDI, Monaliza Ribeiro Mariano et al. A escola como espaço para aprendizado sobre primeiros socorros. 2020. 15 p. Pesquisa qualitativa e quantitativa (Bacharelado em enfermagem)  –  Universidade  Federal  de  Santa  Maria,  Santa  Maria  –  RS,  2020.

Lei nº 13.722, de 4 de outubro de 2018. Torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. Lei Lucas, Diário Oficial da União de 05/10/2018, 5 out. 2018.

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MATOS, Diana Oliveira do Nascimento et al. Inclusão da disciplina de primeiros socorros para alunos do ensino básico. 2016. 11 p. Estudo descritivo (Mestrado profissional em saúde  da  família) – Centro Universitário Uninovafapi, TeresínaPI, 2016.

NETO, Nelson Miguel Galindo et al. Intervenções de educação em saúde sobre primeiros socorros para leigos no Brasil: Revisão Integrativa. 2017. 9 p.

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