FLEBITE HOSPITALAR – ANÁLISE SISTEMÁTICA DAS CAUSAS COM FOCO NA PROFILAXIA: UM ESTUDO LITERÁRIO 

HOSPITAL PHLEBITIS –  SYSTEMATIC ANALYSIS OF CAUSES WITH A FOCUS ON PROPHYLAXIS: A LITERATURE RESEARCH

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11182222


Juliana Vidal Batista Paiva¹; Laura Stefani Guimarães Padovani¹; Thaiane Cirqueira Tavares¹; Jackelinne Alves de Farias².


RESUMO: Introdução: A punção venosa é um dos procedimentos invasivos comumente realizado pela equipe de enfermagem em ambiente hospitalar. Contudo, se esta técnica for realizada incorretamente, pode-se causar a flebite que pode ser evitada por medidas profiláticas pelos profissionais de saúde.  Objetivo: Realizar levantamento bibliográfico de estudos sobre as principais causas e medidas de profilaxia da flebite em ambientes hospitalares. Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica de caráter exploratório de forma transversal com vertente qualitativa. A busca de artigos foi realizada nas bases de dados Google Acadêmico, Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem, no website GOV.br, do Ministério da Saúde e livros de acervo pessoal, no período de agosto de 2023 a fevereiro de 2024. Resultados e Discussões: As evidências mostram que as principais causas associadas a ocorrência de flebites, dentre outras, são: o tipo de medicação prescrita, numerosas punções; técnica asséptica inadequada das mãos e do local a ser puncionado, tempo de internação. Ficou evidenciado que para medidas seguras para prevenção e redução dos casos de flebites, a equipe de enfermagem aplique as práticas contidas nos regulamentos, protocolos operacionais padrão, portarias, entre outras normativas que regulamentam as técnicas corretas para tal. Considerações Finais: Os resultados apontam que a falta de conhecimento dos fatores de risco, das causas e consequências da flebite são agentes determinantes para afetar a qualidade da assistência e segurança do paciente, logo, a necessidade de capacitações e aperfeiçoamentos técnicos com os profissionais da saúde são fundamentais para a diminuição da ocorrência desta condição. 

Palavras-chave: Causas. Flebite. Prevenção. Protocolos. Punção Venosa.  

ABSTRACT: Introduction: The venipuncture is one of the invasive procedures often performed by the nursing staff in hospital environment. However, if this technique is performed incorrectly, it can cause Phlebitis that can be avoided by prophylactic measures taken by healthcare professionals. Objective: Perform a literature research on the main causes and prophylaxis measures for phlebitis in hospital environments. Supplies and Methods: The research is a cross-sectional exploratory literature review with a qualitative emphasis. The search for articles was performed in the Google Scholar databases, Federal Nursing Council Resolutions, website of the Ministry of Health (GOV.br) and books from personal collection, from August 2023 to February 2024. Results and Discussions: Evidence shows that the main causes associated with the occurrence of phlebitis, among others, include: the type of prescribed medication; numerous punctures; inadequate aseptic technique ofthe hands and the site to be punctured, and length of hospital stay. It became clear that for safe measures to prevent and reduce cases of phlebitis, the nursing staff should apply the practices contained in the regulations, standard operating protocols, ordinances, among other rules that regulate the correct techniques for this. Concluding Remarks: The results indicate that the absence of knowledge of the risk factors and causes and consequences of phlebitis are determinants and it affects the pacients healthcare and safety qualities, therefore, the necessity for training and technical improvements with healthcare professionals are fundamental to reducing the occurrence of this condition. 

Keywords: Causes. Phlebitis. Prevention. Protocols. Venipuncture. 

1 INTRODUÇÃO 

A punção venosa é realizada pela inserção de um cateter em uma veia periférica, conhecido como cateteres venosos periféricos (CVP), comumente sendo o acesso no dorso da mão ou antebraço (REIS et al., 2023). Em consonância com a perspectiva de Lopez et al. (2004), a punção venosa é o procedimento invasivo mais comum realizado para administração de fluidos, nutrientes, medicações, sangue e derivados, além do seu papel na monitorização hemodinâmica dos pacientes.  

Isso, devido ao fato de a via Intravenosa ser a com maior biodisponibilidade em curto período. Assim, caso não for seguido criteriosamente os protocolos de segurança do paciente a respeito da administração segura de medicamentos e outros fluidos, pode-se ocasionar a flebite, bem como outras complicações associadas. 

A flebite é a inflamação da veia causada pela inserção de dispositivos venoso periférico, ocasionando uma lesão tecidual. Podendo ser classificada como: flebite química, considerada como uma inflamação do endotélio vascular causada por administração de medicamentos ou soluções de forma incorreta;  flebite mecânica, que é causada por escolhas inadequadas do calibre do cateter; flebite bacteriana ou infecciosa, a mesma ocorre devido a contaminação dos dispositivos e medicamentos, principalmente pela falta de técnica asséptica, sendo caracterizada como uma bacteremia que, se não for tratada pode evoluir para um quadro de sepse; e flebite pós-Infusional, que acontece após administração de medicamentos e retirada do cateter venoso, com o surgimento de uma possível tromboflebite em um espaço de tempo entre 24 a 96 horas (REIS et al., 2023). 

Assim como outras patologias clínicas, pode caracterizar-se por graus de evolução, sendo ela dividida em quatro graus crescente, indo de 0 a 4, sendo o 0 mais brando e o 4 mais grave (ANTONIO, LIMA, 2021). 

Os principais fatores para a ocorrência dessa condição em pacientes sob internação são: realização incorreta da técnica de acesso venoso, descuido com a assepsia durante o procedimento, preparo incorreto da medicação, tempo inoportuno de permanência do dispositivo intravenoso, local inadequado da punção, idade do paciente, tentativas consecutivas de acesso à veia e técnicas realizadas diante de situações de urgência e emergência (TENDEIRO et al., 2023). 

As medidas de profilaxia da Flebite variam entre técnicas como: a higienização corretas das mãos antes e depois de realizar o procedimento de punção venosa, utilizar as luvas de procedimento no tamanho adequado, checar todo o material e o paciente a ser realizado o procedimento, realizar a limpeza no local a ser infundido o cateter, selecionar o nº de cateter conforme a estatura do paciente, orientar o paciente e acompanhante do procedimento a ser realizado, dos cuidado e alertas que podem surgir ao longo do período do uso do mesmo, dentre outras medidas que evitam o ocorrência de flebite (BRASIL, 2022). 

A Flebite é uma das complicações mais incidentes na prática diária da enfermagem, visto que a punção venosa é uma atividade rotineira realizada em pacientes internados em ambiente hospitalar, afetando o bem-estar dos indivíduos, assim como o enfrentamento do processo saúde-doença. Logo, justifica-se a necessidade de realizar essa pesquisa para que possa ser possível a identificação das principais causas de flebite e as medidas preventivas para evitar esse tipo de ocorrência hospitalar. 

O presente estudo tem como objetivo realizar levantamento bibliográfico de estudos sobre as principais causas e medidas de profilaxia da flebite em ambientes hospitalares em artigos científicos publicados entre os anos 2019 a 2024 na plataforma Google Acadêmico e SciElo. 

O respectivo trabalho pretende responder a seguinte questão: Quais as principais causas da ocorrência e meios preventivos de flebite em pacientes internados em ambiente hospitalar? 

2 METODOLOGIA 

A pesquisa sobre Flebite Hospitalar – Análise Sistemática das Causas Com Foco Na Profilaxia foi realizada através de procedimentos bibliográficos de caráter exploratórios de forma transversal com vertente qualitativa que contribuiu para o alcance dos resultados, uma técnica que segundo Silva, Oliveira e Silva (2021, p. 6) está “fundamentada na concepção qualitativa de pesquisa enquanto a atividade primária da ciência permeada pela teoria e a realidade que propõe problematizar, questionar e articular conhecimentos anteriores a novos conhecimentos.” 

Os procedimentos bibliográficos devem estar fundamentados na pesquisa qualitativa, no qual ambos realizam papel importante e fundamental na investigação do estudo, em que é baseado a partir da análise documental de textos digitais e/ou impressos (SILVA, OLIVEIRA, SILVA, 2021). 

No intuito de alcançar os objetivos com precisão, foi definido como critério de inclusão, as produções que apresentassem as seguintes palavras-chaves: “flebites, hospital, pacientes internados, causas, prevenção, segurança do paciente”. Sendo critério de exclusão o não aparecimento de umas das palavras supracitadas nas pesquisas documentais. Foi realizado o levantamento de dados em artigos científicos inseridos na plataforma de pesquisa: Google Acadêmico no período de 05 de agosto de 2023 a 20 de fevereiro de 2024, utilizando o filtro de pesquisa entre os anos de2019 e 2024. Bem como Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem, artigos publicados no website GOV.br, do Ministério da Saúde; e livros de acervo pessoal.  

Durante a busca na plataforma, obteve-se aproximadamente 590 resultados. Destes, selecionou-se 13 artigos, onde todos foram utilizados e estão referenciados no presente trabalho. Já no site GOV.br, obteve-se resultados diretos a partir de pesquisa específica sobre higienização das mãos e Notas Técnicas da ANVISA, assim também se deu com as Resoluções COFEN e com os livros de acervo pessoal. Os critérios de inclusão deram-se após a leitura dos mesmos e identificação das informações pertinentes à pesquisa. 

Inserida no contexto da pesquisa qualitativa, a pesquisa bibliográfica, tratase de uma etapa muito importante e essencial de um trabalho de investigação científica, pois tem como proposta o estudo de textos impressos nas quais são buscadas as informações necessárias para progredir no estudo de um tema de interesse (SILVA, OLIVEIRA, SILVA, 2021). 

3 RESULTADOS 

Após análise sistemática da bibliografia selecionada para a produção deste, as pesquisadoras conseguiram alcançar os objetivos com precisão, sendo evidenciado que os serviços hospitalares de saúde prezam pela qualidade no atendimento ao paciente e sua segurança enquanto sob sua responsabilidade. Isto fica evidente a partir da elaboração e sistematização de protocolos implantados pelos Conselhos, Associações e Instituições, como o Ministério da Saúde. 

Durante a revisão literária, foi possível atribuir como principais causas associadas a ocorrência de flebites em clientes sob internação em instituições de saúde: o tipo de medicação prescrita, fatores relacionados a sua diluição e infusão; escolha inadequada do calibre do CVP; numerosas punções; técnica asséptica inadequada das mãos e do local a ser puncionado, bem como manejo impróprio dos equipos e dispositivos; e tempo de internação. 

Ademais, percebeu-se alguns outros fatores intrínsecos aos clientes que potencializam a probabilidade de episódios desta patologia, como: Sexo; Idade; Hipertensão Arterial Sistêmica; Diabetes Mellitus; e outras doenças cardiovasculares. 

Partindo da identificação das causas de flebites, pode-se elencar estas recomendações preventivas para garantir o bem estar dos pacientes durante seu período de hospitalização: A higienização das mãos por parte dos profissionais e emprego da sua técnica correta como preconizado pelos órgãos de saúde; Conferência do material; Checar o paciente antes da realização do procedimento; Verificação do local antes de iniciá-lo; Identificação da punção com data, hora, calibre do cateter e nome do profissional responsável; Avaliar o local de inserção do cateter a cada 4 horas; Registrar diariamente os aspectos da pele do local da inserção; E outras medidas que são protocoladas e atribuídas aos profissionais da saúde realizarem. Para isso, é necessário destacar a relevância do desenvolvimento de capacitações e treinamentos para esta equipe sobre as técnicas e manejo, baseados em protocolos vigentes, afim de realizar um procedimento correto e seguro sem causar danos aos pacientes internados e evitando maiores transtornos, visto que já estão passando por um momento de reabilitação de saúde. 

4 DISCUSSÃO 

4.1 FLEBITE 

No processo de inserção de um instrumento perfuro cortante, que usualmente são os que se utilizam para realizar acesso venoso periféricos (AVP), é natural que o corpo inicie um processo de reparação para essa contusão. Com isso, ocorre o processo inflamatório chamada flebite (EVANGELISTA, COSTA, SANTOS, 2021). 

A palavra Flebite tem como significado científico: inflamação da parede de uma veia. O prefixo “flebo” significa veia e “Ite” inflamação, logo, a flebite é o resultado da ruptura de uma parede vascular venosa, resultante da lesão da camada tecidual até a camada interna da veia, podendo ser ocasionada por vários fatores, como acesso venoso periférico, coleta sanguíneas, administração de medicamentos, por mais de uma tentativa no mesmo local ou usando o mesmo acesso (EVANGELISTA, COSTA, SANTOS, 2021). 

Esse processo pode ser observado pela presença de edema na região atingida, sendo este o sinal clínico mais comum no processo inflamatório. Outros sinais que podem ser apresentados são: dor, calor, rubor e hiperemia (EVANGELISTA, COSTA, SANTOS, 2021). 

4.2 TIPOS E CLASSIFICAÇÃO 

O CVP é bastante utilizado durante a assistência hospitalar. Dentre várias complicações que podem surgir, por se tratar de um procedimento invasivo, destacase a Flebite que pode ser classificada em:

  • Flebite Química 

Relacionada com administração de medicamentos, levando a inflamação do endotélio vascular, sendo fatores chaves: Ph ácido e a osmolaridade do medicamento, infusões muito rápidas, fluidos irritantes ou diluídos de maneira incorreta. Podendo ocasionar o desenvolvimento de trombose venosa profunda e embolia pulmonar (REIS et al., 2023), (ZABALA, 2022). 

  • Flebite Mecânica 

Provocada pelo próprio dispositivo causando trauma na parede do vaso e subsequentemente a inflamação dele, causando hipersensibilidade e enrijecimento do sítio de inserção. As principais causas estão associadas à escolha inadequadas do calibre do cateter, múltiplas punções, veias fragilizadas e fixação inadequada (REIS et al., 2023), (ZABALA, 2022). 

  • Flebite Bacteriana 

Caracterizada pela contaminação bacteriana causada por técnica asséptica inadequada, ocasionando infecção do sistema venoso. Entre os fatores estão a falta de higienização correta das mãos, materiais e soluções contaminadas, duração da terapia, excessivas manipulações do equipo, deficiência na fixação e estabilização do cateter, podendo evoluir a um quadro de sepse (REIS et al., 2023), (ZABALA, 2022).

  • Flebite Pós-Infusional 

Provocada, principalmente, após infusão e retirada do dispositivo venoso, resultando na inflamação da veia em um espaço de tempo entre 24 e 96 horas (REIS et al., 2023), (ZABALA, 2022). 

Esta classificação é realizada através dos sinais e sintomas segundo a escala de flebites da InfusionNursing Society (2016), sendo eles dor, hiperemia, endurecimento do local e drenagem purulenta, sendo distribuídas em graus, podendo ser: Grau 0: sem sintomas; Grau 1: eritema com ou sem dor local; Grau 2: os mesmos sintomas do grau 1, porém com endurecimento do vaso; Grau 3: dor com eritema e/ou edema, com endurecimento e cordão fibroso palpável; Grau 4: dor com eritema e/ou edema, com endurecimento e cordão fibroso palpável maior que 2,5 cm de comprimento e drenagem purulenta. 

4.3 FATORES ASSOCIADOS 

Buscando na literatura, encontrou-se um estudo realizado em um Hospital de Ensino em Salvador na Bahia, entre janeiro/2016 a dezembro/2017, onde evidencia que a maior ocorrência de flebites foi em indivíduos adultos (63,27%) e idosos (27,64%), sendo que a maioria ocorreu durante a internação dos indivíduos na instituição (GOMES et al., 2020).  

Outro estudo realizado em um Hospital Universitário do Município de Vitória Espírito Santo (ES), no período de junho a agosto de 2017 apresentou que (56,4%) das flebites ocorreram em homens na faixa etária entre 41 e 65 anos, a maioria dos pacientes estiveram internados por mais de 21 dias e representou uma taxa de (47,4%), e entre 8 e 20 dias uma taxa de (42,3%) (BATISTA et al., 2019). 

Um fator relevante é que os pacientes portadores de doenças cardiovasculares se destacaram em casos de flebites, e as comorbidades com taxas mais prevalentes foram, principalmente, em pacientes portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS (35,9%) e Diabetes Mellitus – DM (14,1%). Assim, são fatores pertinentes que contribuem para o desenvolvimento de flebites devido alterações no sistema circulatório (BATISTA et al., 2019). 

Em relação aos fluidos administrados no momento da ocorrência de flebites, ressalta o uso de antibióticos (46,1%), seguidos por antieméticos (25%), analgésicos não opioides (20%), opioides (19,5%) e eletrólitos (14,5%) (BATISTA et al., 2019). 

Segundo estudo realizado em pacientes Internados no Hospital Universitário Ernani Polydoro São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina no período do dia 01 de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2020, elencaram a relação de flebites ao sexo masculino em pacientes com idade entre 61 e 70 anos, sendo estes (14,0%). Já em pacientes do sexo feminino, a faixa etária predominante foi de 51 a 60 anos, correspondendo a (11%) (SILVA, 2021).  

Em relação aos Graus de flebites da escala de flebites da Infusion Nursing Society, (25,8%) das notificações foram caracterizados como grau 1; (9,7%) como Grau 2; (19,4%) Grau 3; (5,4%) Grau 4 e (39,8%) não foi possível avaliar. Os medicamentos prevalentes administrados por via intravenosa em pacientes com flebite até o primeiro dia de aparecimento foram a Ceftriaxona 2g, Dipirona 1g, Meropeném 1g, Piperacilina sódica + Tazobactam sódico 4,5g, Meropeném 2g e Ondansetrona 8g (SILVA, 2021). 

4.4 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 

Não obstante, como quaisquer patologias, a identificação precoce e correta da flebite configura um importante método para o seu manejo adequado, visando um prognóstico favorável. Para isso, foram padronizadas ferramentas que auxiliam os profissionais no seu cotidiano a avaliarem os sinais e sintomas que podem sugerir uma possível flebite (BATISTA et al., 2019). 

As mais conhecidas pela comunidade acadêmica e profissional de saúde para a identificação de infecções dos vasos sanguíneos periféricos são: Visual Infusion Phlebitis Escale (VIP) (Jackson, 1998), a Infusion Nurse Society (INS) (JINS, 2006) e Maddox (Maddox, John, Brown, & Smith, 1983). Essas três escalas consistem em um quantitativo de 1 a 5, como as escalas de Maddox e VIP, ou de 1 a 4, no caso da Escala de INS, sendo o valor mais baixo a ausência de sinais e sintomas e, o valor mais alto, a presença de eritema e/ou edema, formação de linhas, cordão venoso palpável e drenagem purulenta (SILVA, 2021). 

O quadro abaixo apresenta com maior nitidez os sinais e sintomas avaliados em suspeitas de lesão tecidual devido uma punção venosa a partir das seguintes escalas:

4.5 LEGISLAÇÃO E PROTOCOLOS PARA SEGURANÇA DO PACIENTE 

A segurança pode ser entendida como um conjunto de fatores que promovem a integridade da saúde física e psicológica do indivíduo através do ambiente social seguro. Este ambiente é capaz de promover riscos patológicos e lesionais, elevando o custo para recuperar a saúde por meio de tratamentos prolongados, internações extensas, e outros fatores que geram este desconforto. No entanto, quando ocorre a promoção do ambiente seguro, resulta em qualidade de vida por cuidados saúde contínuo e permanentes (POTTER, 2017). 

Assim, preocupados com o bem-estar dos clientes internados, foram criadas recomendações legais de implementação de métodos de segurança ao paciente em ambiente hospitalar. Dessa forma, foram sancionadas portarias ministeriais, protocolos de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos, programas nacionais para promoção da segurança do paciente e outros que, juntos, tem a finalidade de assegurar a integridade de sua saúde (POTTER, 2017). 

Trazendo para o contexto da Flebite, pode-se constatar que é uma condição clínica que se encontra intimamente relacionada à qualidade da assistência prestada pela equipe de enfermagem e a segurança dos pacientes. Assim, para o exercício da profissão, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio do Programa Nacional de Segurança do Paciente, de acordo com a RDC n° 36 de 2013, preconiza os “Dez Passos Para a Segurança do Paciente” que, dentre outros cuidados, estabelece como primordial a higienização correta das mãos, o manejo correto de dispositivos invasivos, como os CVPs; e a prescrição, o uso e administração de medicamentos, pois tem como objetivo geral a contribuição para qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional” (AUGUSTO, MARTINHO, 2022). 

Visto que a Flebite se caracteriza pela infecção do endotélio venoso, as três medidas citadas são de extrema importância para a redução da incidência e prevalência dessa condição em pacientes internados. Isso se dá pelo fato de que as mãos são um dos locais mais colonizados por microrganismos e, ainda, a principal ferramenta de trabalho da equipe de enfermagem. Por isso, confere-se um grande risco de infecção cruzada por sua higienização incorreta, ou, ainda, sua ausência (ANVISA, 2022). 

A respeito do manejo dos dispositivos, sabe-se que a escolha deste, da técnica empregada, do local de punção, os fluidos administrados e os cuidados após sua inserção contribuem, ou não, para a ocorrência da colonização do local por patógenos presentes nas instituições de saúde (REIS et al., 2023). 

Em 2020, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e o Núcleo de Segurança do Paciente realizaram uma atualização do antigo “9 Certos para a Administração de Medicamentos”, por meio do POP/NSP/006/2020, onde foram acrescidos mais quatro itens, passando a ser chamado “13 Certos para a Administração de Medicamentos”. Ele foi estabelecido como um modo de conscientização aos profissionais de saúde, que são: “Paciente Certo; Medicamento Certo; Via Certa; Hora Certa; Dose Certa; Registro Certo; Orientação Certa; Forma Certa; Resposta Certa; Validade Certa; Compatibilidade Certa; Tempo de Administração Certo; e Prescrição Certa” (BRASIL,2020).  

Seguindo este pressuposto, é de responsabilidades dos profissionais de enfermagem “prestar assistência livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência” (CEPE, 2017).  

Outra medida importante que contribui para a redução de casos de flebite são a promoção da segurança do paciente em todos os níveis de atenção dos serviços de saúde, a busca pelos pacientes e as famílias nas ações de segurança do paciente, realizar a ampliação do acesso à informação para a comunidade de saúde, difundir os conhecimentos sobre o tema proposto e introduzi-lo do ensino técnico de saúde à pósgraduação na área da saúde (AUGUSTO, MARTINHO, 2022). 

Após aplicar tais legislações, é de suma importância que os profissionais registrem corretamente os achados no prontuário do paciente, como preconiza o COFEN (2016), em seu “Guia De Recomendações Para Registro de Enfermagem no Prontuário do Paciente e Outros Documentos de Enfermagem” “em ordem cronológica da enfermidade de um paciente e dos cuidados oferecidos, desde o surgimento do problema até a alta/óbito/transferência hospitalar”. 

Estes registros conferem uma forma indispensável de avaliação da qualidade do cuidado prestado pela equipe de enfermagem. Bem como o poder de garantir a comunicação entre a equipe multidisciplinar e assegurar o cuidado continuado do paciente. Também atuam como documentos legais para respaldarem os profissionais e o usuário em relação ao serviço ofertado. E, ainda, disponibiliza um meio efetivo para o ensino e pesquisa, visto que a quantidade de informações contidas neles serve como uma boa fonte de dados, o que contribui para o entendimento de cada caso clínico, como a flebite (COFEN, 2016). 

4.6 MÉTODOS DE PREVENÇÃO DE FLEBITES 

Diante do exposto, vê-se necessário a implementação de práticas seguras para prevenção e redução dos casos de flebites, visando a melhoria da qualidade a assistência de enfermagem e a segurança do paciente (BRASIL, 2022). 

 Assim, diante da Nota Técnica GVIMS/GGTES/DIRE3/ANVISA Nº 04 de 2022 publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para a Práticas Seguras para a Prevenção de Incidentes Envolvendo Cateter Intravenoso Periférico em Serviços de Saúde, pode-se citar algumas medidas de prevenção associadas ao uso desses dispositivos:  

  • Preparar todo o material necessário para a punção; 
  • Higienização das mãos antes e após a inserção do cateter periférico; 
  • Utilizar luvas de procedimentos durante a técnica; 
  • Realizar antissepsia da pele do paciente antes do procedimento; 
  • O paciente não deve ser submetido a múltiplas punções; 
  • Sempre utilizar um novo cateter periférico a cada tentativa de punção; 
  • Deve ser escolhido o cateter de menor calibre e comprimento de cânula;  
  • Utilizar cobertura estéril, semi-oclusiva ou membrana transparente semipermeável; 
  • Identificar o CIVP com data, hora, calibre do cateter e nome do profissional responsável pela inserção; 
  • Orientar o paciente e o acompanhante sobre os cuidados com o cateter e sinais de alerta; 
  • O profissional deve avaliar a permeabilidade e o sítio de inserção quanto a presença de rubor, edema e drenagem de secreções; 
  • Avaliar o sítio de inserção a cada quatro horas ou conforme a criticidade do paciente; 
  • Realizar troca de cobertura/fixação quando houver presença de sujidade, umidade ou quando sua integridade estiver comprometida; 
  • Rotineiramente, o CIVP não deve ser trocado em um período inferior a 96 horas, a não ser por contraindicação clínica por meio da avaliação contínua do cateter, do sítio de punção, dos medicamentos utilizados etc. 
  • O Profissional deve selecionar o dispositivo antes da punção, de acordo com a avaliação do paciente e do fármaco que será infundido (no caso de medicamentos irritantes e vesicantes); 
  • Realizar flushing antes e após cada administração para prevenir a mistura de medicamentos incompatíveis; 
  • Identificar precocemente quaisquer fatores contribuintes para a ocorrência de flebites; 
  • O profissional deve seguir protocolos da instituição adotando medidas de prevenção e participar das atualizações destes; 
  • Registrar diariamente os achados do local de inserção no prontuário; 
  • Implantar protocolos de prevenção de flebites nas unidades; 
  • Organizar e apoiar a capacitação dos profissionais; 
  • Realizar preenchimento de formulários impressos ou eletrônicos para registro de casos de flebites (BRASIL, 2022). 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Considerando a natureza multifatorial das flebites, o presente artigo evidência os principais fatores contribuintes e de risco para o seu acometimento em pacientes em internação hospitalar e suas consequências. Ainda, indica os métodos profiláticos existentes para que este evento que, em sua maioria é evitável, não ocorra. Com isso, ressalta a importância da equipe de enfermagem na prevenção, vigilância e na detecção precoce de flebites, visto que a punção venosa é uma técnica utilizada no cotidiano destes profissionais. Desta forma, conhecendo todos os fatores envolvidos para a ocorrência desta condição, é possível contribuir de forma assertiva para desenvolvimento de estratégias de manejo e capacitações das equipes visando a qualidade da assistência e a segurança do paciente. 

Ademais, o estudo destaca a importância dos registros de flebites em unidades de internação e implantação de escalas que ajudem na identificação do grau de flebites contribuindo para a diminuição da ocorrência deste tipo de incidente em ambientes de internação hospitalares. 

REFERÊNCIAS 

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¹Acadêmicas do Curso de Enfermagem – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos  
²Professora Especialista – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (Orientador)