REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11177521
Camila Augusta de Araujo Alves
Geane Silva Oliveira
Macerlane de Lira Silva
Kauanny Kelly Marques de Almeida
Rithiellen Lopes Bonifacio
Francisco José Oliveira do Nascimento Gomes
Espª. Anne Caroline de Souza.
RESUMO
Introdução: no Brasil, os homens tendem a se distanciar das unidades de saúde de forma preventiva devido a hábitos culturais, recorrendo apenas aos serviços de saúde em situações extremas. Diante desse cenário, o Ministério da Saúde implementou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, visando atrair os homens para os serviços de saúde de forma preventiva. Além disso, incentivar a adesão masculina a esses programas de prevenção é um papel fundamental que deve ser exercido pela enfermagem. Dessa forma, buscamos conhecer quais as limitações da enfermagem na assistência à saúde do homem na atenção básica?. Metodologia: trata-se de uma revisão de literatura, realizada através da BVS, por meio das bases de: LILACS, SCIELO e BDENF, sobe aplicabilidade dos descritores cadastrados no DeCS: Enfermagem, Homem, Assistência e Limites, por meio do operador booleano AND. Após análise e seleção inicial, os artigos passaram pelos critérios de inclusão e exclusão. Os estudos selecionados seguiram os seguintes critérios de elegibilidade: pesquisas transversais, observacionais, quantitativos, qualitativos, coorte, relatos de casos, relatos de experiência, randomizados, disponíveis na íntegra, no idioma português, espanhol e inglês, publicados nos últimos 5 anos e que atenderam ao objetivo proposto. Já os critérios de exclusão definidos são: estudos de revisão, trabalhos incompletos, duplicados em mais de uma base de dados, monografias, teses e dissertações. Diante disso, os resultados encontrados foram demonstrados de forma qualitativa, por meio de informações colhidas através de fontes secundárias de revisão bibliográfica. Resultados e discussão: nota-se que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão inadequadamente preparadas para atender à população masculina, visto que, em sua maioria, suas campanhas não são direcionadas a esse grupo específico. Fatores sociais e estereótipos de gênero contribuem para a falta de acesso dos homens aos serviços de saúde, pois muitos se consideram sempre saudáveis e menos vulneráveis. Há uma discussão significativa em torno do tabu de que a busca por serviços de saúde só é eficaz se incluir uma consulta médica. Além disso, é importante ressaltar que os profissionais de enfermagem estão na linha de frente dos cuidados aos pacientes, no entanto, é evidente que há uma grande lacuna na formação desses profissionais em relação à saúde masculina. Conclusão: assim, torna-se claro que uma mudança nesse cenário se faz necessária. É fundamental que a sociedade, junto com os profissionais de saúde e as autoridades governamentais, promova ações que valorizem a saúde da população masculina. Isso inclui a implementação de programas de educação em saúde, destacando a importância do autocuidado, da prevenção e da promoção da saúde. É importante ressaltar que a extensão do horário de funcionamento da Atenção Básica e a oferta de atendimento noturno podem ser estratégias eficazes para atender àqueles que trabalham durante o horário comercial. Por último, é essencial que os profissionais sejam capacitados para compreender as necessidades específicas desse público e oferecer um atendimento adequado.
Palavras-Chaves: Enfermagem; Homem; Assistencia; Limites.
ABSTRACT
Introduction: in Brazil, men tend to distance themselves from health units in a preventive manner due to cultural habits, only resorting to health services in extreme situations. Faced with this scenario, the Ministry of Health implemented a National Policy for Comprehensive Attention to Men’s Health, attracting men to health services in a preventive manner. Furthermore, promoting male adherence to these prevention programs is a fundamental role that must be played by nursing. In this way, we seek to understand what are the limitations of nursing in men’s health care in primary care? Methodology: this is a literature review, carried out through the VHL, through the bases of: LILACS, SCIELO and BDENF, raising the applicability of the descriptors registered in DeCS: Nursing, Men, Assistance and Limits, through the Boolean operator AND . After initial analysis and selection, the articles passed the inclusion and exclusion criteria. The selected studies followed the following eligibility criteria: cross-sectional, observational, quantitative, qualitative, cohort, case reports, experience reports, detailed, available in full, in Portuguese, Spanish and English, published in the last 5 years and that met the proposed objective. The defined exclusion criteria are: review studies, incomplete works, duplicates in more than one database, monographs, theses and dissertations. Therefore, the results found were demonstrated in a qualitative way, through information collected through secondary sources of bibliographic review. Results and discussion: note that Basic Health Units (UBS) are convenient for serving the male population, since, for the most part, their campaigns are not targeted at this specific group. Social factors and gender stereotypes reduced men’s lack of access to health services, as many share themselves to be always healthy and less vulnerable. There is significant discussion around the taboo that seeking health services is only effective if it includes a medical consultation. Furthermore, it is important to highlight that nursing professionals are on the front line of patient care, however, it is clear that there is a large gap in the training of these professionals in relation to men’s health. Conclusion: thus, it becomes clear that a change in this scenario is necessary. It is essential that society, together with health professionals and government authorities, promote actions that value the health of the male population. This includes the implementation of health education programs, highlighting the importance of self-care, prevention and health promotion. It is important to highlight that extending Primary Care opening hours and offering night care can be effective strategies to serve those who work during business hours. Finally, it is essential that professionals are trained to understand the specific needs of this audience and offer appropriate care.
Keywords: Nursing; Man; Assistance; Limits.
INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) caminha em conjunto com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e dialoga com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando ações e serviços nas redes de cuidados, salientando a precisão de ampliação do acesso na atenção básica em saúde (Nobre; Freitas, 2021).
Um dos desafios da atualidade relacionado à atenção básica consiste no cuidado constante ao bem-estar físico e emocional do homem. Alguns estudos no Brasil, apontam dados referentes a disparidade dos perfis epidemiológicos e demográficos entre o sexo masculino e feminino, os quais distinguem tanto no processo do adoecimento e da morte. Apesar da elevação que ocorreu na expectativa de vida entre 2000 e 2018, os homens ainda vivem 7,1 anos abaixo que as mulheres, e os riscos por doenças crônicas não-transmissíveis, principalmente, as cardiovasculares é de 40 a 50% mais elevado nessa população em relação às mulheres (Baptista et al., 2021).
A compreensão do contexto histórico da saúde do homem na atenção básica é essencial para identificar as origens das disparidades de gênero nos cuidados de saúde. Historicamente, a atenção primária à saúde tem sido moldada por modelos centrados na mulher e na criança, negligenciando as necessidades específicas dos homens. A análise desse histórico permite elucidar como as práticas e políticas de saúde evoluíram e influenciaram a percepção e a prestação de cuidados voltados para a população masculina (Cesaro, 2019).
Em relação às taxas de mortalidade, adoecimento, e acidentes, observa-se uma disparidade marcante entre os sexos. Em 2021, foram realizadas 5,9 milhões de internações no Sistema Único de Saúde (SUS) na faixa de 20 a 59 anos no Brasil, 82% dessas internações ocorreram em homens e 31% dessas internações, entre os homens, ocorreram na faixa etária de 20 a 29 anos. Estes dados epidemiológicos revelam que, em muitas sociedades, os homens apresentam taxas mais elevadas de mortalidade por causas evitáveis, como acidentes de trânsito, homicídios e suicídios (OMS, 2021).
Além disso, as estatísticas indicam uma maior prevalência de doenças crônicas e agravos à saúde entre os homens, muitas vezes associados a comportamentos de risco, como tabagismo e consumo excessivo de álcool. Esses padrões reforçam a necessidade de uma abordagem mais direcionada à saúde masculina na atenção básica, destacando a importância de estratégias de prevenção, educação e promoção da saúde específicas para esse público, a fim de reduzir as disparidades de gênero em termos de morbimortalidade (Separavich, 2020).
Percebe-se a influência dos modelos socioculturais de gênero, instituídos na sociedade, que contribuem para a construção estereotipada de ser homem e influenciam a sua percepção quanto ao cuidar de si. Portanto, o papel do Enfermeiro, faz-se necessário em frente a essas barreiras, tendo em vista que a maior taxa de adoecimento também se dá por causas evitáveis, como uma boa alimentação, prática de exercícios físicos e cuidados na prevenção de acidentes em geral. Dessa forma, o Enfermeiro como elemento da equipe de saúde, pode interagir com o cliente de uma forma mais eficaz, uma vez que, sua função permite uma abordagem direta ao processo da educação em saúde, favorecendo a aquisição de hábitos saudáveis, a descoberta de motivações e de outros fatores determinantes do comportamento (Júnior et al., 2022).
Ao longo das últimas décadas, a emergência de problemas de saúde masculina, como doenças cardiovasculares e câncer de próstata, reforçou a importância de direcionar atenção à saúde do homem na atenção básica. O reconhecimento dessas questões como prioritárias destaca a necessidade de uma reavaliação dos paradigmas de cuidado e de estratégias mais inclusivas (Sousa et al., 2021).
Desafios significativos na adesão dos homens aos cuidados de saúde preventivos têm sido observados ao longo do tempo. Fatores como a relutância em buscar ajuda devido a concepções tradicionais de masculinidade e a falta de campanhas específicas contribuíram para a baixa utilização dos serviços de atenção básica pelos homens (Aragão et al., 2021).
Alguns aspectos influenciam o afastamento dos homens em busca de atendimento para a atual questão, o que atrapalha no processo de implementação da PNAISH em sua integralidade. Algumas outras situações podem ser apontadas como o machismo, o preconceito, a falta de tempo, a dificuldade em se ausentar do trabalho para realização da consulta, seja no intuito preventivo ou curativo, o que já ocorria antes da implementação da política. A falta de conhecimento e orientações sobre os seus direitos, juntamente, a falta de organização dos serviços na atenção básica para atender e buscar os pacientes podem somar ao cenário vivenciado por essa população (Hemmi; Baptista; Rezende, 2020).
A predominância de serviços de saúde na atenção básica voltados predominantemente para as necessidades das mulheres tem sido uma característica persistente e desafiadora. A atenção à saúde materna e infantil historicamente ocupou um espaço central nas políticas de saúde.No entanto, a atenção à saúde do homem, embora crucial, muitas vezes é negligenciada, refletindo-se na escassez de campanhas de conscientização e programas preventivos direcionados especificamente a esse público. A falta de iniciativas que abordem as questões de saúde específicas dos homens contribui para a perpetuação das disparidades de gênero na utilização dos serviços de saúde, ressaltando a necessidade premente de uma mudança de paradigma para promover a equidade na atenção básica, com a inclusão de campanhas educativas que abordam os desafios particulares da saúde masculina (Santos et al., 2021).
A realização deste estudo justifica-se a partir da necessidade de abordar lacunas significativas na prestação de cuidados de saúde, reconhecendo a historicamente subestimada importância da promoção do bem-estar dos homens. O interesse nesse tema decorre da compreensão de que, ao focalizar predominantemente a saúde feminina, podem-se negligenciar questões críticas que afetam os homens, contribuindo para disparidades de gênero em termos de morbimortalidade. Além disso, a atenção à saúde masculina é uma componente essencial da abordagem holística e igualitária na promoção da saúde.
Assim, torna-se necessário romper o paradigma com o cuidado à saúde do homem buscando superar barreiras e obstáculos, pensando em modelos atuais voltados aos processos de mudança. Dessa forma, buscamos conhecer quais as limitações da enfermagem na assistência à saúde do homem na atenção básica?
METODOLOGIA
A metodologia selecionada para embasamento deste estudo foi a de revisão integrativa da literatura, de abordagem descritiva, tendo como pergunta norteadora definida: Quais as limitações da enfermagem na assistência à saúde do homem na atenção básica?
O objetivo da revisão integrativa é coletar e sintetizar o conhecimento científico já produzido sobre o assunto em estudo. Assim, possibilita a busca, avaliação e síntese das evidências disponíveis e contribui para o desenvolvimento do conhecimento sobre o tema em questão (MARCONI; LAKATOS, 2010).
Esse tipo de pesquisa facilita a síntese do conhecimento ao reunir ideias sobre o mesmo tema e colocar em prática os resultados obtidos. É uma forma importante de estudar a prática baseada em evidências porque define um problema, usa a análise crítica para buscar pesquisas na área e identifica aplicações para os resultados obtidos. Este é o método de validação mais abrangente, pois pode incluir estudos experimentais e não experimentais, tornando o estudo mais completo (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Esta revisão integrativa foi realizada por meio de buscas na Biblioteca virtual de saúde (BVS), por meio das bases de: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF), sobe aplicabilidade dos descritores cadastrados no DEcS: Enfermagem, Homem, Assistencia e Limites, por meio do operador booleano AND.
Após análise e seleção inicial, os artigos passaram pelos critérios de inclusão e exclusão. Os estudos selecionados seguiram os seguintes critérios de elegibilidade: pesquisas transversais, observacionais, quantitativos, qualitativos, coorte, relatos de casos, relatos de experiência, randomizados, disponíveis na íntegra, no idioma português, espanhol e inglês, publicados nos últimos 5 anos e que atenderam ao objetivo proposto. Já os critérios de exclusão definidos são: estudos de revisão, trabalhos incompletos, duplicados em mais de uma base de dados, monografias, teses e dissertações.
Diante disso, os resultados encontrados foram demonstrados de forma qualitativa, por meio de informações colhidas através de fontes secundárias de revisão bibliográfica.
Inicialmente, após a aplicação dos descritores, foram encontrados 260 trabalhos, depois de aplicados os critérios de inclusão e exclusão, ficaram 189 artigos para serem analisados seus títulos e filtrados. Em seguida, restaram 87 artigos nos quais foram lidos na íntegra e escolhidos 6 artigos para compor os resultados desse estudo.
A seguir, na figura 1, está disposto o fluxograma da pesquisa no qual apresenta a ordem das etapas para a construção dessa revisão de literatura.
Figura 1- Fluxograma metodológico da pesquisa.
Autores, 2024.
RESULTADOS
Após realizar a busca e aplicação dos critérios de inclusão, este estudo utilizou seis artigos científicos que abordavam a temática em questão e atendiam aos critérios estabelecidos. No Quadro 1 abaixo, são listados os artigos selecionados que respondiam ao objetivo pré-estabelecido, organizados por autor, ano de publicação, título e achados.
QUADRO 1– Resultados da busca sobre as limitações da enfermagem na assistência a saúde do homem na atenção básica
AUTOR/ANO | TÍTULO | PRINCIPAIS ACHADOS |
Rocha et al., (2022) | As compreensões da população masculina acerca do cuidado em saúde | O estudo apresentou que é importante o suporte familiar e profissional, na qual irão traçar estratégias de promoção de saúde, tendo em vista as particularidades apresentadas de cada homem. |
Dias et al., (2021) | Percepção da saúde e motivos da procura dos homens por atendimento na Atenção Básica | Observou-se que existe a ideia de que o homem deverá ser o meio pelo qual a família terá sustento e sobrevivência e que isso é algo arcaico que existe ainda hoje e reflete de forma negativa na temática. |
Morais et al., (2021) | Saúde do homem e determinantes sociais na saúde coletiva | Evidenciou-se que existem fatores sociais que determinam o não acesso do sexo masculino aos serviços de saúde. Uma vez que estes se consideram sempre saudáveis, ativos e menos vulneráveis. |
Silva et al., (2021) | Motivação dos homens na busca por assistência prestada pelas estratégias de saúde da família | Após a análise do artigo, evidenciou-se que o público masculino entende que a ausência no emprego, ocasiona uma diminuição no sustento da família, logo, o trabalho emerge como uma barreira na procura pelo serviço de saúde primária, pois o horário de funcionamento desta coincide com o trabalho. |
Aragão et al., (2021) | Perspectivas de profissionais da atenção primária quanto à adesão do homem | Mediante a leitura percebeu-se que o ambiente de cuidado da atenção primária em geral, é preparado estruturalmente para receber a população feminina, como os equipamentos, itens decorativos e entre outros, fato que afasta a população masculina da mesma. |
Barbosa et al., (2019) | Fatores associados às razões masculinas para não buscarem serviços de Atenção Primária à Saúde | O trabalho apresentou resultados que admitem que os homens em sua fase adulta, tem uma maior resistência à prevenção e a adesão do cuidado. Além disso, a saúde não é prioridade para estes. |
Autores, 2024.
DISCUSSÃO
Inicialmente, é fundamental destacar que, embora várias iniciativas sejam implementadas para promover a saúde dos homens, é evidente que diversos obstáculos os afastam ainda mais da adesão aos serviços de saúde. Nesse contexto, o apoio familiar e profissional se torna de suma importância, buscando fornecer diversas estratégias voltadas para a promoção da saúde, levando em consideração as características específicas apresentadas, além de garantir um tratamento digno, adequado e de qualidade, visando a realização do desenvolvimento e do cuidado contínuo para com os homens (Rocha et al., 2022).
Portanto, é importante ressaltar que os profissionais de enfermagem desempenham um papel crucial na linha de frente dos cuidados aos pacientes. No entanto, é evidente que há uma significativa lacuna na formação dos enfermeiros no que diz respeito à saúde masculina. Enquanto há uma alta demanda por serviços de saúde voltados para mulheres, o mesmo não se verifica para a população masculina, refletindo a escassez de práticas específicas voltadas para a saúde dos homens. Essas questões contribuem para a restrição do acesso aos cuidados de saúde e para o aumento das taxas de doença e mortalidade que poderiam ser prevenidas por meio de um maior foco na saúde preventiva (Morais et al., 2021).
É de extrema importância que os serviços de saúde forneçam uma compreensão clara sobre o papel da equipe de enfermagem, estabelecendo assim uma base essencial para a cobertura da saúde masculina. Além disso, é fundamental ressaltar a necessidade de um cuidado específico voltado para o gênero masculino, dado que muitos homens não reconhecem a existência de políticas direcionadas a eles, evidenciando a falta de adequação por parte dos profissionais da atenção básica. Contudo, é crucial reconhecer a importância da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), pois ela visa abordar as diversas realidades enfrentadas pelos homens de maneira justa e adequada. (Barbosa et al., 2018).
Antes de tudo, é essencial que o enfermeiro tenha consciência das noções sociais e culturais que foram estabelecidas ao longo dos séculos. Embora cada geração busque transformar o que foi estabelecido anteriormente, questões de gênero continuam sendo relevantes e têm impacto significativo na definição do que é ser homem. Essas questões são profundamente enraizadas em diferentes realidades sociais e culturais. Além disso, é importante compreender como essas questões podem influenciar o contexto da saúde e como podem ser abordadas de maneira adequada nesse contexto (Dias et al., 2021).
Nesse sentido, corroborando com esse pensamento é recomendável promover atividades e práticas que incentivem a participação dos homens por meio da Atenção Básica, sendo esta uma das abordagens mais prioritárias. Além disso, é fundamental contar com profissionais disponíveis e capacitados, que busquem constantemente atualização sobre conceitos, questões sociais e técnicas pertinentes. Construir vínculos sólidos é essencial para ampliar os serviços de saúde destinados aos homens Aragão et al., 2021).
Por outro lado, é crucial uma reformulação no sistema de atendimento nas unidades de atenção básica, com o objetivo de envolver os homens no processo de autocuidado, enquanto se busca oferecer serviços mais receptivos, resolutivos e eficazes. Isso pode ser alcançado por meio de iniciativas como a ampliação do horário de atendimento, visto que questões relacionadas ao trabalho e ao tradicional papel de provedor do lar muitas vezes resultam na invisibilidade da população masculina nos espaços de assistência à saúde. O enfermeiro, como gestor da unidade, deve liderar tais iniciativas. (Carneiro, Adjunto e Alves, 2019).
Além disso, seguindo a mesma linha do estudo anterior, é imprescindível que as práticas de promoção da saúde realizadas pela equipe de enfermagem incentivem a atenção às necessidades individuais de cada pessoa, visando prioritariamente à melhoria da qualidade de vida. Nesse sentido, é oportuno empregar uma variedade de abordagens, como a educação em saúde, para aprimorar o relacionamento dos homens com as equipes de saúde. Ademais, é importante fortalecer os laços de cuidado, promovendo confiança para compreender as particularidades relacionadas a fatores genéticos, sociais e culturais, em busca do bem-estar físico e emocional dos homens (Bacelar et al., 2018).
É crucial destacar que o ambiente de cuidados da atenção primária está estruturalmente configurado para atender predominantemente a população feminina, como evidenciado por elementos como equipamentos, decoração e outros aspectos. Portanto, é urgente integrar a presença masculina nesse espaço, não apenas durante o “Novembro Azul”, mas de maneira contínua, promovendo uma assistência que leve em consideração o indivíduo como um todo, abordando suas necessidades e características específicas (Morais et al., 2021).
Isso é essencial para atender aos objetivos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), resultando em um acompanhamento preventivo da saúde que contribua para um envelhecimento com qualidade de vida. Mais uma vez, o enfermeiro emerge como figura fundamental na reestruturação desse ambiente. (Aragão et al., 2021).
CONCLUSÃO
Portanto, fica claro que os serviços de saúde e seus profissionais não estão totalmente preparados para atender à população masculina, pois muitas vezes os serviços específicos propostos pela política não são seguidos adequadamente.
Desse modo, é crucial uma mudança nesse cenário. A sociedade, juntamente com os profissionais de saúde e os governos, devem promover ações que valorizem a saúde da população masculina. Isso inclui programas de educação em saúde, enfatizando a importância do autocuidado, da prevenção e da promoção da saúde. Por fim, é essencial que os profissionais de saúde sejam capacitados para entender as necessidades desse público e oferecer um atendimento adequado.
REFERÊNCIAS
ARAGÃO, Francisca Bruna Arruda et al. Perspectivas de profissionais da atenção primária quanto à adesão do homem. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, v. 9, n. 3, p. 542-551, 2021.
BACELAR, Aline Yane da Silva et al. Homens na unidade de saúde da família. Rev. Enferm. UFPE on line, p. 2507-2513, 2018.
BARBOSA, Yuri Oliveira et al. Fatores associados às razões masculinas para não buscarem serviços de Atenção Primária à Saúde. O Mundo da Saúde, v. 43, n. 03, p. 666-679, 2019.
CARNEIRO, Viviane Santos Mendes; ADJUTO, Raphael Neiva Praça; ALVES, Kelly Aparecida Palma. Saúde do homem: identificação e análise dos fatores relacionados à procura, ou não, dos serviços de atenção primária. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 23, n. 1, 2019.
CESARO, Bruna Campos De; SANTOS, Helen Barbosa dos; SILVA, Francisco Norberto Moreira da. Masculinidades inerentes à política brasileira de saúde do homem. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 42, p. e119, 2019.
DIAS, Ernandes Gonçalves et al. Percepção da saúde e motivos da procura dos homens por atendimento na atenção básica. Revista Baiana de Saúde Pública, v. 45, n. 2, p. 24-36, 2021.
JÚNIOR, Clausson Disney Silva et al. Saúde do homem na atenção básica: fatores que influenciam a busca pelo atendimento. Revista Ciência Plural, v. 8, n. 2, p. 1-18, 2022.
MIRANDA, Sérgio Vinícius Cardoso de; DURAES, Pamela Scarlatt; VASCONCELLOS, Luiz Carlos Fadel de. A visão do homem trabalhador rural norte-mineiro sobre o cuidado em saúde no contexto da atenção primária à saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 1519-1528, 2020.
MORAIS, Jessica Lorena Palmeira de et al. Saúde do homem e determinantes sociais na saúde coletiva. Rev. enferm. UFPE on line, p. [1-18], 2021.
QUEIROZ, Iasmim Belém Silva et al. Abordagens de sexualidade e gênero na saúde do homem: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 43, p. e3000-e3000, 2020.
ROCHA, Joelma Maria et al. As compreensões da população masculina acerca do cuidado em saúde. Revista Ciência Plural, v. 8, n. 2, p. 1-14, 2022.
SANTOS, Ruhan Ribeiro et al. Saúde do homem na atenção básica sob o olhar de profissionais de enfermagem. Enfermagem em Foco, v. 12, n. 5, 2021.
SEPARAVICH, Marco Antonio; CANESQUI, Ana Maria. Masculinidades e cuidados de saúde nos processos de envelhecimento e saúde-doença entre homens trabalhadores de Campinas/SP, Brasil. Saúde e Sociedade, v. 29, p. e180223, 2020.
SOUSA, Tamires Jesus et al. Aspectos da masculinidade como impeditivo do autocuidado na saúde do homem. Saúde Coletiva (Barueri), v. 11, n. 65, p. 6306-6323, 2021.