TRANSFORMANDO RESÍDUOS EM RECURSOS: COMPOSTAGEM ORGÂNICA NO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE LINHARES COMO FERRAMENTA INTERDISCIPLINAR PARA PROMOVER A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11177415


Michael Dos Santos Marotto1
Sidney Barbosa Garcia2
Prof. Orientador: Antônio Cesar Machado da Silva3


RESUMO

Este artigo investiga como a implementação de um projeto sustentável de compostagem orgânica em um ambiente universitário pode impulsionar o engajamento da comunidade acadêmica e local. Por meio de uma revisão de literatura, examina-se como a compostagem não só oferece uma solução para resíduos, mas também desempenha um papel na educação ambiental prática e na formação de uma cultura consciente do ambiente. Ao explorar os efeitos da compostagem como um fator de engajamento, este estudo contribui para a compreensão de como a conscientização ambiental pode influenciar atitudes e comportamentos sustentáveis, oferecendo insights valiosos para estratégias educacionais eficazes.

Palavras-chave: Compostagem orgânica, educação ambiental, engajamento comunitário, cultura ambiental, sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO

Num mundo cada vez mais consciente da necessidade de práticas sustentáveis, a compostagem orgânica ganha destaque como uma estratégia promissora que combina educação ambiental e ação tangível. Este artigo examina a implantação de um sistema de compostagem em um campus universitário como uma abordagem inovadora para promover a conscientização ambiental e cultivar uma cultura de sustentabilidade. Através da transformação de resíduos orgânicos em recursos valiosos, essa iniciativa transcende os limites do aprendizado tradicional, proporcionando uma experiência prática e interdisciplinar que engaja estudantes, professores e a comunidade circundante.

A compostagem é muito mais do que um método de tratamento de resíduos; é uma maneira de visualizar o ciclo natural dos materiais e compreender como a natureza transforma a decomposição em nutrientes essenciais para o solo. Ao trazer essa compreensão para um ambiente educacional, o sistema de compostagem no campus serve como uma poderosa ferramenta de educação ambiental. Os estudantes não apenas aprendem sobre a importância de reduzir o desperdício, mas também testemunharam em primeira mão como suas ações individuais podem contribuir para um impacto positivo no meio ambiente.

Além disso, a compostagem cria uma conexão tangível entre os princípios acadêmicos e a prática da sustentabilidade. Disciplinas diversas, como biologia, química, agricultura e ciências ambientais, podem convergir em torno desse sistema, mostrando aos alunos como uma abordagem holística é essencial para abordar desafios complexos. Essa colaboração interdisciplinar não apenas enriquece a experiência educacional, mas também prepara os alunos para enfrentar problemas do mundo real de maneira abrangente.

A presença visível do sistema de compostagem no campus também serve como um catalisador para a conscientização pública. Os resíduos transformados em composto são utilizados nos jardins e espaços verdes da faculdade, ilustrando o ciclo de recursos e reforçando a ideia de que os resíduos não são “lixo”, mas sim ingredientes para a renovação da terra. Os eventos e programas educacionais relacionados à compostagem atraem a participação da comunidade, estendendo a influência do campus para além de suas fronteiras físicas.

Em resumo, a implementação de um sistema de compostagem orgânica em um campus universitário transcende a simples gestão de resíduos. É uma estratégia educacional envolvente que une teoria e prática, disciplinas diversas e comunidades locais. Essa abordagem não apenas nutre um ambiente mais consciente e sustentável dentro do campus, mas também planta sementes de mudança em direção a uma cultura ambiental mais ampla e participativa.

1.1 COMPOSTAGEM ORGÂNICA

A compostagem orgânica é um processo biológico natural que transforma resíduos orgânicos em composto, um material rico em nutrientes e benéfico para o solo e as plantas. Segundo Carlesso et al. (2012), esse método promove a degradação controlada de materiais como restos de alimentos, resíduos de jardim e aparas de madeira, resultando em um produto final valioso para a agricultura e a jardinagem.

O processo ocorre em etapas distintas. Inicialmente, microrganismos como bactérias e fungos decompõem os resíduos em substâncias mais simples. Conforme Elias (2014), essa fase de decomposição aeróbica requer um fornecimento adequado de oxigênio e a manutenção da umidade. Posteriormente, em um ambiente anaeróbico, ocorre uma decomposição mais lenta, levando à formação de compostos estáveis e ricos em nutrientes.

A compostagem não apenas reduz o volume de resíduos orgânicos destinados a aterros sanitários, mas também contribui para a fertilidade do solo. Segundo Souza (2022), o composto resultante é rico em nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo e potássio, que enriquecem o solo e melhoram sua estrutura. Essa melhoria na qualidade do solo aumenta a absorção de água e nutrientes pelas plantas, beneficiando a agricultura e a revegetação.

Além de seus benefícios agronômicos, a compostagem orgânica desempenha um papel crucial na redução das emissões de gases de efeito estufa. Conforme IPCC (2019), quando os resíduos orgânicos são depositados em aterros, eles degradam-se anaerobicamente, liberando metano, um gás com impacto significativo no aquecimento global. A compostagem aeróbica, por outro lado, produz menos metano e resulta em menor pegada de carbono.

Em suma, a compostagem orgânica é um processo valioso que converte resíduos em recursos úteis, beneficiando tanto a agricultura quanto o meio ambiente. Sua implementação em contextos educacionais, como universidades, pode não apenas demonstrar os princípios da sustentabilidade na prática, mas também contribuir para a conscientização ambiental.

1.2 IMPACTOS AMBIENTAIS DO DESCARTE INCORRETO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

O descarte inadequado de resíduos orgânicos representa um desafio ambiental significativo, com efeitos negativos abrangentes. Conforme Oliveira (2019), o acúmulo de resíduos orgânicos em aterros e lixões promove a degradação anaeróbica, liberando metano, um gás com 25 vezes mais potencial de aquecimento global que o dióxido de carbono. Essas emissões contribuem para as mudanças climáticas e a instabilidade do clima.

Além disso, resíduos orgânicos mal gerenciados podem contaminar recursos hídricos. De acordo com Silva et al. (2018), quando lançados em corpos d’água ou lixões a céu aberto, os resíduos orgânicos liberam lixiviados carregados de substâncias tóxicas e patogênicas. Esses poluentes podem infiltrar-se no solo e alcançar lençóis freáticos, comprometendo a qualidade da água potável e ecossistemas aquáticos.

A degradação de resíduos orgânicos também contribui para a perda de biodiversidade e degradação do solo. Conforme Hoornweg e Bhada-Tata (2012), o descarte inadequado leva à ocupação inadequada de terras e à destruição de habitats naturais. A contaminação do solo por substâncias químicas nocivas afeta a fertilidade e a saúde dos ecossistemas terrestres, impactando a produção de alimentos e a estabilidade dos ecossistemas.

Além disso, o descarte impróprio prejudica a estética das áreas urbanas. De acordo com Pimentel e Lima (2019), o acúmulo de resíduos orgânicos em vias públicas e áreas de lazer afeta negativamente a qualidade de vida das comunidades, reduzindo o valor de propriedades e impactando a saúde pública por meio da proliferação de vetores de doenças.

Portanto, o descarte inadequado de resíduos orgânicos é responsável por uma série de impactos ambientais graves. Esses problemas vão desde a contribuição para as mudanças climáticas devido à emissão de metano até a contaminação de recursos hídricos, perda de biodiversidade, degradação do solo e impactos socioeconômicos. A adoção de práticas de gestão sustentável de resíduos orgânicos, como a compostagem, emerge como uma solução fundamental para mitigar esses impactos e promover um ambiente mais saudável e equilibrado.

1.3 PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

A educação ambiental emerge como uma ferramenta fundamental na busca por uma transformação positiva nos comportamentos individuais e coletivos em relação ao meio ambiente. Conforme Saad e Pereira (2017), essa abordagem procura não apenas transmitir conhecimento, mas também cultivar atitudes e valores que promovam a sustentabilidade. Através da compreensão dos impactos das ações humanas no ecossistema, a educação ambiental cria uma base sólida para a adoção de práticas mais responsáveis.

O processo de mudança comportamental começa com a conscientização, que é um dos principais objetivos da educação ambiental. Como destacado por Rieckmann (2017), ao fornecer informações sobre problemas ambientais, como a geração de resíduos orgânicos, a educação ambiental desperta o interesse e a compreensão da importância de agir de maneira mais sustentável. Através desse conhecimento, os indivíduos podem reconhecer a conexão entre suas ações diárias e os impactos no meio ambiente.

No entanto, a educação ambiental vai além da simples conscientização. De acordo com Hungerford e Volk (1990), ela visa influenciar os valores e as crenças das pessoas, levando a mudanças duradouras em seus comportamentos. Ao incentivar a reflexão crítica e o senso de responsabilidade, a educação ambiental pode motivar indivíduos a adotar escolhas mais sustentáveis, como o descarte adequado de resíduos orgânicos.

A abordagem prática, como a implementação de um projeto de compostagem no ambiente universitário, desempenha um papel vital na mudança de comportamento. Conforme Jara (2001), a participação ativa em atividades sustentáveis proporciona experiências tangíveis que têm um impacto profundo nas atitudes e ações das pessoas. A compostagem não apenas demonstra os princípios da sustentabilidade na prática, mas também fornece uma oportunidade concreta de contribuir para uma solução ambiental.

2. METODOLOGIA

Este capítulo delineia a abordagem metodológica adotada para investigar a potencial relação entre um projeto sustentável de compostagem orgânica e o engajamento da comunidade universitária e local. O estudo busca analisar os possíveis impactos sociais, educacionais e ambientais desse projeto como uma sugestão para a faculdade, com o objetivo de identificar formas de fomentar práticas sustentáveis e educacionais.

A pesquisa foi conduzida sob uma abordagem exploratória, visando aprofundar a compreensão sobre a relação entre projetos de compostagem sustentável e o engajamento comunitário. Complementarmente, uma pesquisa bibliográfica foi realizada para embasar teoricamente a importância da educação ambiental na promoção de comportamentos sustentáveis.

A pesquisa teve início com uma revisão sistemática da literatura, voltada para a identificação de estudos relevantes sobre educação ambiental, projetos de compostagem e seus impactos sociais. Um questionário estruturado foi desenvolvido para coletar dados das perspectivas da comunidade universitária e local, permitindo a compreensão de atitudes e opiniões em relação à sustentabilidade e participação em iniciativas ambientais.

Como parte da metodologia, foi elaborada uma proposta teórica de projeto de compostagem específico para a FACELI. A partir da síntese dos conhecimentos advindos da revisão bibliográfica e das práticas exemplares encontradas, o projeto foi detalhado em termos de seus objetivos, estrutura, etapas e possíveis benefícios. É relevante mencionar que essa proposta é conceitual e não corresponde a um projeto existente.

Os dados coletados foram submetidos a uma análise qualitativa e quantitativa. As respostas do questionário foram categorizadas para identificar padrões de atitudes e percepções relacionadas à compostagem e à participação em iniciativas sustentáveis. A proposta do projeto de compostagem foi avaliada à luz desses insights, considerando sua viabilidade e potencial de engajamento comunitário.

Importante mencionar que, dado o caráter exploratório e a ausência de um projeto de compostagem implementado na faculdade, não foi possível obter dados empíricos concretos sobre os impactos do projeto proposto. Além disso, a amostra do questionário pode não ser totalmente representativa da comunidade universitária e local.

Procedimentos éticos foram rigorosamente seguidos durante a aplicação dos questionários, assegurando o anonimato dos participantes e obtendo o consentimento informado antes da coleta de dados.

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL:  

Apresentar a viabilidade de um projeto de composteira comunitária na universidade, visando o aproveitamento dos resíduos orgânicos gerados no campus e a produção de composto de alta qualidade para uso em áreas verdes, jardins e hortas da instituição, promovendo a redução dos resíduos destinados aos aterros sanitários, a conscientização ambiental e a sustentabilidade no ambiente universitário.

Para alcançar esse objetivo, serão estabelecidos objetivos específicos que nortearão as ações e etapas do projeto. Será realizado um planejamento adequado, com a definição de metas, prazos e recursos necessários para a implementação da composteira comunitária. A capacitação da equipe responsável, a conscientização da comunidade universitária e a monitorização constante do processo de compostagem também fazem parte das estratégias adotadas.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:  

  • Realizar um levantamento detalhado dos resíduos orgânicos gerados na universidade, identificando suas quantidades, características e origens.
  • Estabelecer parcerias com órgãos responsáveis pela gestão de resíduos sólidos para garantir o correto encaminhamento dos resíduos não orgânicos gerados na universidade, promovendo a coleta seletiva adequada.
  • Selecionar e adquirir os equipamentos necessários para a implantação da composteira comunitária, levando em consideração critérios como capacidade de processamento, facilidade de manutenção e segurança.
  • Realizar a capacitação da equipe responsável pela composteira comunitária, fornecendo treinamento sobre os princípios da compostagem, a operação dos equipamentos e as boas práticas de gestão dos resíduos orgânicos.
  • Promover campanhas de conscientização e educação ambiental junto à comunidade acadêmica, destacando a importância da compostagem, os benefícios ambientais e a forma correta de separação dos resíduos orgânicos.
  • Implantar pontos de coleta seletiva estrategicamente posicionados no campus universitário, com a devida identificação e orientação aos usuários, visando a separação adequada dos resíduos recicláveis e orgânicos.
  • Estabelecer um cronograma de coleta e transporte dos resíduos orgânicos dos pontos de coleta seletiva até a composteira comunitária, garantindo uma logística eficiente e higiênica.
  • Monitorar constantemente o processo de compostagem, verificando a temperatura, umidade e ocorrência de possíveis problemas, como odores indesejáveis ou presença de pragas, e tomar as medidas corretivas necessárias.
  • Realizar avaliações periódicas da qualidade do composto produzido, através de análises laboratoriais, verificando sua maturidade, teor de nutrientes e ausência de agentes patogênicos, para garantir a segurança e eficácia do adubo orgânico.
  • Promover o uso do composto produzido nos jardins, hortas e áreas verdes da universidade, demonstrando os benefícios para a fertilidade do solo, o desenvolvimento das plantas e a redução do uso de fertilizantes químicos.
  • Realizar eventos e atividades de educação ambiental, como palestras, workshops e mutirões de compostagem, envolvendo a participação da comunidade acadêmica e conscientizando sobre a importância da compostagem e práticas sustentáveis.
  • Monitorar e avaliar continuamente os resultados do projeto, analisando a redução da quantidade de resíduos orgânicos destinados aos aterros sanitários, a satisfação e engajamento da comunidade acadêmica, o impacto positivo nas áreas verdes da universidade e a economia de recursos financeiros.

Ao alcançar esses objetivos específicos, espera-se que o projeto “RECICLACELI: Semeando Sustentabilidade na Universidade” promova a conscientização ambiental, a redução dos resíduos orgânicos, o aproveitamento de recursos naturais, a educação ambiental e a sustentabilidade no ambiente universitário.

4. METODOLOGIA   

A metodologia proposta para a implementação do projeto de compostagem comunitária na universidade é dividida em etapas distintas, visando garantir o planejamento adequado e a execução eficiente do projeto. As etapas do projeto são as seguintes:

4.1 PLANEJAMENTO E LEVANTAMENTO DE RECURSOS

Nesta etapa, será realizado o planejamento detalhado do projeto, definindo os objetivos, o escopo e o cronograma de implementação. Será realizada uma análise da viabilidade do projeto, considerando a infraestrutura disponível no campus, os recursos humanos, materiais e financeiros necessários. Será feito o levantamento dos recursos financeiros necessários e a busca de parcerias para obtenção de recursos.

4.2 AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE

Será realizada uma análise da infraestrutura disponível no campus para a instalação da composteira, levando em consideração critérios como espaço físico, acesso à água e energia elétrica, proximidade dos locais de geração de resíduos orgânicos, entre outros. Será feito um levantamento dos recursos humanos, materiais e financeiros necessários para a implementação e manutenção da composteira.

4.3 DESENHO DO PROJETO

Nesta etapa, será elaborado um plano detalhado para a implantação da composteira comunitária, levando em consideração aspectos como localização, tamanho, capacidade e tipo de composteira mais adequado às necessidades da universidade. Será feito um estudo de viabilidade técnica e ambiental, levando em conta as características do campus e os requisitos para o bom funcionamento da composteira.

4.4 AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS E SUPRIMENTOS

Será realizada a compra dos equipamentos necessários para a compostagem, como recipientes de compostagem, material estruturante (como serragem), termômetros e outros materiais auxiliares. Será feito um levantamento dos fornecedores e a definição dos critérios de seleção.

4.5 INSTALAÇÃO DA COMPOSEIRA

Nesta etapa, será realizada a instalação da composteira no local designado, levando em consideração critérios de segurança, acessibilidade e boa circulação de ar. Serão feitas as devidas conexões com a rede de água e energia elétrica, caso necessário.

4.6 CAPACITAÇÃO DA EQUIPE E CONSCIENTIZAÇÃO DA COMUNIDADE

Serão realizados treinamentos e capacitações para a equipe responsável pela compostagem, abordando temas como técnicas de compostagem, manejo adequado dos resíduos orgânicos e os benefícios ambientais da compostagem. Serão desenvolvidas campanhas de conscientização e sensibilização da comunidade universitária sobre a importância da separação adequada dos resíduos orgânicos e do uso correto da composteira.

4.7 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

Nesta etapa, será iniciada a coleta dos resíduos orgânicos segregados pela comunidade universitária. Os resíduos serão processados na composteira, seguindo as técnicas adequadas de compostagem. Será realizado um monitoramento regular da temperatura, umidade e revolvimento da pilha de compostagem.

4.8 MANUTENÇÃO E MONITORAMENTO

Será realizado um acompanhamento constante da composteira, verificando a temperatura, umidade e qualidade do composto produzido. Serão realizadas inspeções regulares para remover resíduos não compostáveis e realizar a limpeza dos equipamentos. Caso necessário, serão feitos ajustes e correções no processo de compostagem para otimizar os resultados.

4.9 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

Será realizada uma avaliação do impacto ambiental do projeto, considerando os benefícios gerados pela redução do envio de resíduos orgânicos para aterros sanitários, como a diminuição da produção de gases de efeito estufa e a preservação dos recursos naturais. Será considerado também o potencial de uso do composto orgânico produzido na fertilização de áreas verdes, visando a melhoria da qualidade do solo e a promoção da biodiversidade.

4.10 RELATÓRIO DE MONITORAMENTO E SUGESTÕES DE MELHORIA

Ao final do projeto, será elaborado um relatório de monitoramento contendo informações detalhadas sobre o desempenho da composteira comunitária, os resultados obtidos e a avaliação dos impactos ambientais. Esse relatório também incluirá sugestões de melhorias para aprimorar o processo de compostagem e maximizar os benefícios alcançados.

Com base nas informações e experiências adquiridas durante a implementação do projeto, serão identificadas oportunidades de aprimoramento, como a otimização do sistema de coleta e segregação dos resíduos orgânicos, a ampliação da conscientização da comunidade universitária e a implementação de práticas de compostagem em outros setores da universidade. Essas sugestões visam a continuidade e a expansão das ações sustentáveis, promovendo um ambiente universitário mais consciente e engajado com a preservação do meio ambiente.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto de implementação da composteira comunitária na universidade apresenta um potencial significativo para promover a sustentabilidade ambiental e engajar a comunidade universitária na redução dos resíduos orgânicos. Embora ainda não tenha sido implementado, é importante ressaltar algumas considerações e recomendações para a futura execução do projeto.

5.1 PRINCIPAIS RESULTADOS ESPERADOS

Com a implementação da composteira comunitária, espera-se alcançar diversos resultados positivos, tanto em termos ambientais quanto educacionais. Os principais resultados esperados são:

  1. Redução significativa do envio de resíduos orgânicos para aterros sanitários, contribuindo para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e a preservação dos recursos naturais.
  2. Produção de composto orgânico de alta qualidade, que poderá ser utilizado na fertilização de áreas verdes e na agricultura urbana, promovendo a melhoria da qualidade do solo e a promoção da biodiversidade.
  3. Sensibilização e conscientização da comunidade universitária sobre a importância da separação adequada dos resíduos orgânicos e do uso correto da composteira, estimulando a adoção de práticas mais sustentáveis no cotidiano dos estudantes, professores e funcionários.
  4. Estímulo à educação ambiental e ao pensamento crítico, fornecendo aos participantes a oportunidade de aprender sobre os processos naturais de decomposição e a importância da compostagem na gestão de resíduos.

5.2 LIÇÕES APRENDIDAS

Durante a fase de planejamento e desenvolvimento do projeto, foram identificadas algumas lições importantes que podem ser consideradas para a futura implementação. São elas:

  1. Engajamento e participação ativa da comunidade universitária são fundamentais para o sucesso do projeto. É essencial envolver estudantes, professores e funcionários em todas as etapas, desde o planejamento até a manutenção da composteira.
  2. Parcerias estratégicas com instituições externas, como empresas de reciclagem e órgãos governamentais, podem fornecer recursos adicionais e conhecimentos técnicos para fortalecer o projeto.
  3. A capacitação da equipe responsável pela compostagem é essencial para garantir a correta operação e manutenção da composteira. Treinamentos regulares e atualizações sobre as melhores práticas de compostagem são recomendados.
  4. A conscientização e a educação ambiental devem ser constantes ao longo do projeto. Campanhas de sensibilização, palestras e atividades práticas podem ajudar a disseminar informações e promover a mudança de comportamento dos membros da comunidade universitária.

5.3 RECOMENDAÇÕES PARA PROJETOS FUTUROS

Com base nas experiências adquiridas durante o planejamento deste projeto, algumas recomendações são sugeridas para a implementação de projetos futuros de compostagem comunitária:

  1. Realizar estudos de viabilidade econômica, considerando os custos de implementação e manutenção da composteira, bem como os potenciais benefícios econômicos decorrentes da produção de composto orgânico de qualidade.
  2. Estabelecer parcerias com instituições locais, como agricultores, hortas comunitárias e jardins botânicos, para estabelecer uma rede de colaboração na utilização do composto orgânico produzido pela composteira. Isso pode promover a sustentabilidade agrícola e fortalecer a relação da universidade com a comunidade local.
  3. Realizar monitoramento contínuo do desempenho da composteira, incluindo a medição de indicadores-chave, como a quantidade de resíduos orgânicos processados, a temperatura da pilha de compostagem e a qualidade do composto produzido. Essas informações podem auxiliar na identificação de melhorias no processo e no acompanhamento dos impactos ambientais alcançados.
  4. Estimular a participação ativa da comunidade universitária por meio de programas de incentivo e reconhecimento, como premiações para aqueles que se destacam na separação adequada dos resíduos orgânicos e na participação em atividades relacionadas à compostagem.
  5. Integrar o projeto de compostagem com outras iniciativas sustentáveis na universidade, como a implementação de sistemas de captação de água da chuva, a instalação de painéis solares ou a criação de jardins e espaços verdes sustentáveis. Essa integração pode fortalecer a mensagem de sustentabilidade e ampliar os benefícios ambientais alcançados.
  6. Promover a disseminação dos resultados e experiências do projeto por meio de publicações acadêmicas, participação em eventos científicos e colaboração com outras instituições de ensino e pesquisa. Isso contribuirá para o avanço do conhecimento na área de compostagem e para a replicação do projeto em outras universidades e comunidades.

Por fim, é importante destacar que a implementação de um projeto de compostagem comunitária requer um planejamento cuidadoso, o envolvimento de diferentes partes interessadas e a dedicação contínua para garantir o sucesso a longo prazo. Com a combinação adequada de recursos, capacitação, monitoramento e engajamento da comunidade, a composteira comunitária pode se tornar uma realidade na universidade, contribuindo para a construção de um campus mais sustentável e consciente do seu papel na preservação do meio ambiente.

6. REFERÊNCIAS 

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004: Resíduos Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.112: Composto de Resíduos Sólidos – Determinação da Maturidade. Rio de Janeiro, 2005.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.113: Composto de Resíduos Sólidos – Determinação do Teor de Umidade. Rio de Janeiro, 2005.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.114: Composto de Resíduos Sólidos – Determinação do pH. Rio de Janeiro, 2005.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 ago. 2010.

CARLESSO, Wagner Manica; RIBEIRO, Rosecler; HOEHNE, Lucélia. Tratamento de resíduos a partir de compostagem e vermicompostagem. Revista Destaques Acadêmicos, v. 3, n. 4, 2012.

ELIAS, Victor Oziel Meier. Transferência tecnológica do projeto de coleta seletiva e compostagem de resíduos orgânicos da UFSC para a UFGD. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2014.

HOORNWEG, D.; BHADA-TATA, P. What a Waste: A Global Review of Solid Waste Management. World Bank, 2012.

HUNGERFORD, Harold R.; VOLK, Trudi L. Changing learner behavior through environmental education. The Journal of Environmental Education, v. 21, n. 3, p. 8-21, 1990.

IPCC. Climate Change and Land: an IPCC special report on climate change, desertification, land degradation, sustainable land management, food security, and greenhouse gas fluxes in terrestrial ecosystems. IPCC, 2019.

JARA, Carlos Julio. As dimensões intangíveis do desenvolvimento sustentável. IICA Biblioteca Venezuela, 2001.

OLIVEIRA, Cinthia Caroline Silva de et al. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: Impactos da emissão de CO2 dos Aterros Sanitários dos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Escada e Altinho no Estado de Pernambuco, Brasil. 2019.

PIMENTEL, A. G.; LIMA, C. S. A problemática do descarte inadequado de resíduos sólidos urbanos: estudo de caso da cidade de Mossoró-RN. Research, Society and Development, v. 8, n. 3, 2019.

RIECKMANN, Marco. Future-oriented higher education: Which key competencies should be fostered through university teaching and learning? Futures, v. 44, n. 2, p. 127-135, 2012.

SAAD, Andressa; PEREIRA, Maíra Maria. Environmental Education as a Tool for Environmental Conservation. Revista Brasileira de Ecoturismo, v. 10, n. 1, p. 22-32, 2017.

SILVA, S. A. C. et al. Avaliação da qualidade dos solos e águas subterrâneas do aterro de resíduos sólidos urbanos de Paragominas-PA. Revista Geama, v. 4, n. 1, p. 27-43, 2018.

SOUZA, Tatiane Pereira. Tratamento do lodo de esgoto por compostagem: uso agrícola do composto e a redução da emissão de gases de efeito estufa. 2022. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.