REPERCUSSIONS OF PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTIONS IN CHILDREN WITH AUTISM SPECTRUM DISORDERS: SYSTEMATIC REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11177395
Danilo Marco Silva Siqueira1
José Almir Alves da Silva Neto2
Orientadora: Prof. Dra. Liana Dantas da Costa e Silva Barbosa3
Resumo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio de neurodesenvolvimento conhecido por dificuldades na interação social, na comunicação verbal e não verbal, além de padrões de comportamento repetitivos ou restritos. Esse espectro impacta não apenas a esfera cognitiva e social das crianças, mas também pode ter efeitos significativos no desenvolvimento motor, abrangendo tanto habilidades motoras grossas quanto finas. Nesse contexto, a fisioterapia emerge como uma intervenção abrangente que pode auxiliar o desenvolvimento motor e cognitivo dessas crianças. Desta forma, o estudo objetivou analisar os estudos existentes sobre o impacto das repercussões fisioterapêuticas no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com TEA. Para tal, realizou-se uma revisão sistemática, baseada na abordagem PRISMA, utilizando-se a estratégia PICO. A coleta de dados ocorreu entre fevereiro e junho de 2024, utilizando as bases de dados PUBMED, PEDro e BVS, os Descritores foram “Transtorno do Espectro Autista”, “Fisioterapia”, “Desenvolvimento Motor” e “Desenvolvimento Cognitivo”, combinados entre si pelos operadores booleanos “AND”. Três estudos cumpriram os critérios de inclusão. Os estudos sugerem que as intervenções, como a estimulação cerebral por tDCS, a hidroterapia e o programa de exercícios estruturados, podem ter efeitos positivos significativos no desenvolvimento motor, cognitivo e funcional de crianças com TTEA. Conclui-se que, essas abordagens demonstraram melhorias em sub-escores relacionados à saúde física, comportamento, sociabilidade e habilidades cognitivas, indicando um impacto positivo abrangente nessas áreas específicas.
Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; Desenvolvimento motor; Desenvolvimento cognitivo; Fisioterapia.
Abstract
Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder known for difficulties in social interaction, verbal and nonverbal communication, as well as repetitive or restricted patterns of behavior. This spectrum impacts not only the cognitive and social sphere of children but can also have significant effects on motor development, encompassing both gross and fine motor skills. In this context, physiotherapy emerges as a comprehensive intervention that can aid in the motor and cognitive development of these children. Therefore, the study aimed to analyze existing studies on the impact of physiotherapeutic interventions on the motor and cognitive development of children with ASD. To do so, a systematic review was conducted based on the PRISMA approach, utilizing the PICO strategy. Data collection occurred between February and June 2024, using the databases PUBMED, PEDro, and BVS, with the descriptors being “Autism Spectrum Disorder,” “Physiotherapy,” “Motor Development,” and “Cognitive Development,” combined with each other using boolean operators “AND.” Three studies met the inclusion criteria. The studies suggest that interventions such as brain stimulation with tDCS, hydrotherapy, and structured exercise programs may have significant positive effects on the motor, cognitive, and functional development of children with ASD. It is concluded that these approaches showed improvements in sub-scores related to physical health, behavior, sociability, and cognitive skills, indicating a comprehensive positive impact in these specific areas.
Keywords: Autism Spectrum Disorder; Motor Development; Cognitive Development; Physiotherapy.
1. INTRODUÇÃO
Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5 TR) O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por desafios na interação social, comunicação verbal e não verbal e padrões de comportamento repetitivos ou restritos (DSM TR, 2023). Ademais, o autismo não afeta apenas a esfera cognitiva e social das crianças, mas também pode influenciar significativamente o desenvolvimento motor, incluindo habilidades motoras grossas e finas (Machado; Araújo, 2023).
Os sintomas do autismo podem ser bastante diversos entre indivíduos, manifestando-se de diferentes maneiras. Por exemplo, é comum observar dificuldades na comunicação, como atraso no desenvolvimento da fala ou sua ausência total. Segundo Magagnin et al. (2019), crianças autistas enfrentam desafios na interação social, têm dificuldades em compartilhar sentimentos e desejos, não costumam compartilhar atenção espontaneamente, têm pouca fixação visual e enfrentam obstáculos ao participar de atividades em grupo.
Deste modo, as intervenções fisioterapêuticas têm se destacado como uma abordagem fundamental no tratamento de crianças com TEA, abrangendo não apenas aspectos físicos, mas também impactando significativamente o desenvolvimento motor e cognitivo desses indivíduos (Santos; Mascarenhas; Oliveira, 2021)
Diante desse cenário, a pergunta que norteia esta pesquisa é: qual o impacto da intervenção fisioterapêutica no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com TEA? A hipótese inicial é de que a fisioterapia pode desempenhar um papel significativo na promoção do desenvolvimento motor e cognitivo dessas crianças, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e o alcance de um maior nível de funcionalidade em diferentes áreas.
A importância deste estudo reside na sua capacidade de fornecer um embasamento sólido tanto para a comunidade acadêmica quanto para a sociedade em geral. Ao evidenciar os benefícios da intervenção fisioterapêutica no contexto do TEA, o estudo contribui para a produção de conhecimento científico relevante e atualizado. Além disso, ao destacar os impactos positivos dessa intervenção, busca-se promover uma maior conscientização e compreensão sobre a importância do tratamento fisioterapêutico para crianças com TEA. Isso pode ter um impacto significativo no acesso a serviços de qualidade e na melhoria da qualidade de vida dessas crianças e suas famílias.
Por fim, este estudo objetivou analisar os estudos existentes sobre o impacto das repercussões fisioterapêuticas no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com TEA, identificar as principais abordagens e técnicas utilizadas na fisioterapia para esse público específico e avaliar a eficácia dessas intervenções com base em evidências científicas sólidas.
2. METODOLOGIA
Realizou-se um estudo de revisão sistemática seguindo as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). O PRISMA é um método reconhecido mundialmente para realizar revisões sistemáticas que tinha como objetivo descrever e mostrar transparência sobre a qualidade dos estudos (Vrabel, 2015). Neste cenário, a revisão sistemática foi uma forma de pesquisa que buscou sintetizar e avaliar de forma crítica todas as evidências disponíveis sobre o tema estudado (Harari et al., 2020).
Na formulação desta pesquisa, foi adotada a estratégia PICO (Brown, 2020), em conjunto com o Método de Avaliação da Escala de Qualidade PEDro para estabelecer uma indagação científica sólida. Assim, os componentes da estratégia PICO para esta pesquisa foram definidos da seguinte maneira: P: Pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA); I: papel da fisioterapia no desenvolvimento motor e cognitivo; C: Comparação com outras formas de terapêuticas ou grupos controle, quando aplicável; O: Resultados do papel do fisioterapeuta em crianças com TEA.
Para a seleção dos estudos, foram conduzidas buscas eletrônicas nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS via BVS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE via PUBMED). O período de busca compreendeu os anos de 2019 a 2024, considerando os anos vigentes disponíveis nas plataformas de dados na época da pesquisa.
Adicionalmente, foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Transtorno do Espectro Autista”, “Fisioterapia”, “Desenvolvimento Motor” e “Desenvolvimento Cognitivo”, combinados entre si pelos operadores booleanos “AND”. As combinações com “AND” foram: (1) “Transtorno do Espectro Autista” e “Fisioterapia”, (2) “Transtorno do Espectro Autista” e ” Desenvolvimento Motor “, (3) “Transtorno do Espectro Autista” e “Desenvolvimento Cognitivo”, (4). Enquanto isso, as combinações com “OR” foram: (5) “Transtorno do Espectro Autista” ou “Fisioterapia”, (6) “Transtorno do Espectro Autista” ou ” Desenvolvimento Motor “, (7) “Transtorno do Espectro Autista” ou “Desenvolvimento Cognitivo”, (8), e seus respectivos em inglês.
Foram incluídos estudos que abordaram a triade da pesquisa, englobando Fisioterapia, TEA e Desenvolvimento cognitivo e motor. Esses estudos forneceram informações detalhadas sobre o protocolo da intervenção e seus resultados específicos relacionados ao TEA.
Por outro lado, foram excluídos estudos que não estavam diretamente relacionados à fisioterapia em crianças com TEA, assim como estudos com amostras não representativas, métodos de pesquisa incompletos e estudos repetidos.
Durante o estudo, foram aplicadas as diretrizes da Escala de qualidade PEDro para a análise e síntese dos resultados dos estudos incluídos (Albanese et al., 2020). Isso envolveu uma avaliação criteriosa da qualidade metodológica dos estudos e uma análise cuidadosa dos achados para responder às questões de pesquisa propostas
Após a coleta de dados, estes foram estruturados em quadros, separando elementos como dados de publicação, autores, descrição do método utilizado, quantidade de participantes, grupos de estudo, informações sobre o protocolo de intervenção e os principais resultados. Essa organização proporcionou uma visualização clara e organizada das informações obtidas. Posteriormente, os dados foram analisados em busca de padrões, tendências e diferenças entre os estudos incluídos. Uma avaliação crítica dos resultados foi realizada, levando em consideração a qualidade metodológica dos estudos e a consistência das explicações apresentadas.
3. RESULTADOS
O processo de seleção dos estudos e as etapas de aplicação dos critérios de inclusão e exclusão nas bases de dados selecionadas estão descritas na figura 1.
Figura 1 – Fluxograma utilizado para seleção dos artigos
Fonte: Próprios autores, 2024.
Para a execução do percurso metodológico, foram selecionados para a síntese interpretativa do estudo, 03 artigos científicos para subsidiar os resultados e posteriormente a discussão desta revisão de literatura. Os dados foram apresentados por meio de quadros, nas quais apresentam informações gerais dos 03 estudos selecionados para a pesquisa, datadas entre os anos 2019 a 2024 e organizadas em ordem cronológica de publicação. As pontuações PEDro dos estudos que utilizaram ECR variaram de 4 a 7 pontos (Média = 5.33; DP = 1.105.), indicando qualidade de estudo razoável a boa (Quadro 1).
Quadro 1. Pontuações do PEDro para os estudos ECR
Critérios | Hadoush et al. (2020) | Mills et al. (2020) | Arslan; Ince; Akyüz(2022). |
Os critérios de elegibilidade foram especificados | 1 | 1 | 1 |
Os sujeitos foram aleatoriamente distribuídos em grupos (em estudo cruzado, os sujeitos foram colocados em grupos de forma aleatória de acordo com o tratamento recebido) | 1 | 1 | 1 |
A alocação dos sujeitos foi secreta | 0 | 0 | 0 |
Inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos indicadores de prognóstico mais importantes | 1 | 1 | 0 |
Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudo | 1 | 1 | 0 |
Todos os terapeutas que administraram a terapiafizeram-no de forma cega | 1 | 0 | 0 |
Todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave fizeram no de forma cega | 0 | 0 | 0 |
Mensurações de pelo menos um resultado-chave foram obtidas em mais de 85% dos sujeitosinicialmente distribuídos nos grupos | 1 | 0 | 1 |
Todos os sujeitos a partir dos quais se apresentaram mensurações de resultados receberam o tratamento ou a condição de controle conforme a alocação ou, quando não foi esse o caso, fez-se a análise dos dados de pelo menos um dos resultados-chave por “intenção de tratamento” | 0 | 0 | 0 |
Os resultados das comparações estatísticas intergrupos foram descritos para pelo menos um resultado-chave | 1 | 0 | 1 |
O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade para pelo menos um resultado-chave | 0 | 0 | 1 |
Escore total escala PEDro | 7 | 4 | 5 |
Fonte: Próprios autores, 2024.
Quadro 2. Características dos estudos que avaliam repercussões fisioterapêuticas em crianças com TEA
Autoria (Ano) | Tipo de Estudo | Amostra | Grupos | Intervenções |
Hadoush et al. (2020) | ECR | 50 crianças com autismo, com idades entre 4 e 14 anos, recrutadas de cinco centros privados para crianças com TEA na Jordânia. | GC 25/ GI 25 | GI com tDCS: Cada criança recebeu 10 sessões de estimulação anódica bilateral com tDCS durante 2 semanas, com uma corrente elétrica de 1 mA por eletrodo por 20 minutos por sessão. Os eletrodos anódicos foram colocados sobre as áreas FC1 e FC2, enquanto os cátodos foram colocados sobre as áreas supraorbitais esquerda e direita.GC: Cada criança recebeu 10 sessões de estimulação anódica bilateral simulada (placebo) durante 2 semanas. A intensidade da estimulação foi aumentada brevemente, mantida em 1 mA por 5 segundos, depois reduzida para zero mA e desligada pelo restante dos 20 minutos da sessão. |
Mills et al. (2020) | ECR | 08 Crianças comTEA, 6-12 anos | GC 4/ GI 4 | Quatro semanas de hidroterapia para ambos os grupos, alternando com quatro semanas sem hidroterapia. – As sessões de hidroterapia ocorreram uma vez por semana durante 45 minutos. – As atividades incluíam habilidades de natação, equilíbrio, coordenação olho-mão e tarefas cognitivas, além de atividades de aquecimento e relaxamento. |
Arslan; Ince; Akyüz (2022). | ECR | 28 crianças (14 com TEA e 14 TD) | GC 14/GI 14 | Programa de exercícios estruturado por 12 semanas, envolvendo quatro partes: estação de equilíbrio, estação de reação, estação de força e estação de salto. O programa consistiu em caminhada em prancha de equilíbrio, caminhada em blocos de equilíbrio, saltos sobre obstáculos, saltos em plataforma de passo, exercícios de puxar corda, estímulos visuais e auditivos. As sessões de exercícios foram realizadas três vezes por semana, com um dia de descanso entre as sessões, totalizando sessenta minutos pordia. A intensidade e o número de repetições aumentaram progressivamente ao longo das doze semanas. |
Fonte: Próprios autores, 2024.
As intervenções dos estudos incluíram diferentes abordagens para avaliar seus impactos nas habilidades motoras, cognitivas e funcionais das crianças com TEA. A primeira intervenção consistiu em sessões de estimulação anódica bilateral com tDCS, aplicando uma corrente elétrica específica por eletrodo durante um tempo determinado em cada sessão ao longo de um período de duas semanas. A segunda intervenção foi a estimulação anódica bilateral simulada (placebo), com variações breves na intensidade da estimulação durante as sessões. Adicionalmente, todas as crianças foram submetidas a um programa de hidroterapia semanal, envolvendo atividades como natação, equilíbrio, coordenação e tarefas cognitivas. Por fim, foi implementado um programa de exercícios estruturado por 12 semanas, compreendendo diferentes estações de movimento, com aumento progressivo na intensidade e no número de repetições ao longo do tempo. Essas intervenções abrangentes buscaram avaliar os efeitos das diferentes abordagens de forma a proporcionar uma visão completa de seu potencial terapêutico.
Quadro 3. Descrição das repercussões fisioterapêuticas em relação ao desenvolvimento motor e cognitivo das crianças com TEA
Autoria (Ano) | Desenvolvimento motor | Desenvolvimento cognitivo |
Hadoush et al. (2020) | O estudo revela que a estimulação cerebral por tDCS teve efeitos significativos no desenvolvimento motor das crianças do grupo de tratamento. Após a estimulação bilateral anodal de tDCS, houve uma redução significativa nos sub-escores da saúde, físico e comportamento (F(1,41) = 7.19, P = 0.011), indicando melhorias no desenvolvimento motor. | Após a estimulação bilateral anodal de tDCS, houve uma redução significativa nos escores totais da ATEC (F(1,41) = 6.65, P = 0.014) e nos sub-escores da sociabilidade (F(1,41) = 5.74, P = 0.021), indicando melhorias no desenvolvimento cognitivo. No entanto, não foram observadas mudanças significativas nos sub-escores da linguagem, fala e comunicação, nem na sensibilidade e consciência cognitiva (P = 0.197 e P = 0.423, respectivamente). |
Mills et al. (2020) | Com base nos resultados positivos observados na intervenção de hidroterapia, é plausível sugerir que crianças com TEA podem experimentar benefícios no desenvolvimento motor, especialmente considerando o ambiente aquático propício para atividades físicas. | Durante o período de intervenção, foram observadas melhorias significativas nos escores do subdomínio Ansiedade/Depressão (p = 0.02) e no Resumo do Domínio (p = 0.026) com um grande tamanho de efeito (d = 1.03 e d = 1.06, respectivamente) para o Domínio de Internalização. Além disso, houve melhorias significativas nos subdomínios Problemas de efeito variando de grande (d = 0.82) a médio (d = 0.82), respectivamente. O escore de Problemas Totais também foi significativamente melhorado pós-intervenção (p = 0.018) com um grande tamanho de efeito (d = 1.04). |
Arslan; Ince; Akyüz (2022). | O estudo mostrou que crianças com TEA que participaram de um programa de exercícios em circuito estruturado de 12 semanas tiveram melhorias significativas em diversas habilidades motoras, como corrida, agilidade, equilíbrio, força, reações visuais e auditivas, e flexibilidade, em comparação com crianças com TEA que não participaram dessas intervenções e com crianças de desenvolvimento típico. | Os resultados mostraram diferenças significativas no desenvolvimento cognitivo, com melhorias significativas em vários testes, incluindo o subdomínio Ansiedade/Depressão, problemas de pensamento e atenção, além do escore total de problemas (p < 0.05). Essas melhorias foram observadas após a intervenção, sugerindo um impacto positivo no desenvolvimento cognitivo das crianças. |
Fonte: Próprios autores, 2024.
Os resultados do estudo mostram que a estimulação cerebral por tDCS teve impactos positivos no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças do grupo tratamento, evidenciando melhorias significativas em sub-escores relacionados à saúde, físico e comportamento, bem como nos aspectos cognitivos de sociabilidade. Além disso, a intervenção de hidroterapia também apresentou benefícios, especialmente na redução dos sintomas de ansiedade/depressão e problemas de pensamento e atenção. O programa de exercícios estruturado por 12 semanas resultou em melhorias notáveis em diversas habilidades motoras e cognitivas, refletindo um impacto positivo abrangente no desenvolvimento das crianças com TEA.
4. DISCUSSÃO
O desenvolvimento motor em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma área de pesquisa em constante evolução, com diversos estudos explorando intervenções terapêuticas para promover habilidades motoras nesse grupo específico. Três estudos recentes oferecem perspectivas valiosas sobre abordagens terapêuticas distintas e seus impactos no desenvolvimento motor de crianças com TEA: a estimulação cerebral por tDCS (Hadoush et al., 2020), a hidroterapia (Mills et al., 2020), é um programa de exercícios em circuito estruturado (Arslan; Ince; Akyüz, 2022).
O estudo Hadoush et al. (2020) demonstrou que a estimulação cerebral por tDCS resultou em melhorias significativas no desenvolvimento motor das crianças do grupo de tratamento. Esses resultados sugerem a eficácia dessa intervenção específica em melhorar habilidades motoras em crianças com TEA. Este achado é crucial, pois ressalta a importância de intervenções direcionadas ao sistema nervoso central para promover melhorias específicas no desenvolvimento motor em crianças com TEA.
Por outro lado, Mills et al. (2020) exploraram a eficácia da hidroterapia e destacaram os benefícios sensoriais e físicos desse ambiente aquático para o desenvolvimento motor das crianças com TEA. Essa abordagem holística oferece uma perspectiva integrada para promover habilidades motoras em um contexto terapêutico. Essa descoberta ressalta a importância de considerar os aspectos sensoriais e ambientais no desenvolvimento motor de crianças com TEA, destacando a relevância de abordagens que abordam esses aspectos de forma abrangente.
Em contraste, Arslan, Ince e Akyüz (2022) investigaram um programa estruturado de exercícios em circuito e observaram melhorias significativas em várias habilidades motoras após 12 semanas de intervenção. Essa abordagem prática e estruturada demonstrou ser eficaz para promover o desenvolvimento motor em crianças com TEA. Esse resultado destaca a importância de intervenções baseadas em atividades práticas e estruturadas para alcançar melhorias específicas e mensuráveis no desenvolvimento motor de crianças com TEA.
Ao considerar as diversas abordagens terapêuticas e seus impactos no desenvolvimento motor em crianças com TEA, é evidente a importância de intervenções personalizadas e abrangentes para promover melhorias significativas nessa área. No entanto, o desenvolvimento cognitivo também desempenha um papel fundamental na qualidade de vida e no funcionamento diário dessas crianças.
Assim, é importante explorar não apenas as intervenções voltadas para o desenvolvimento motor, mas também aquelas que visam aprimorar as habilidades cognitivas, como atenção, memória, linguagem e pensamento. A interação entre o desenvolvimento motor e cognitivo é complexa e interdependente, sendo essencial adotar uma abordagem integrada para otimizar o progresso e o bem-estar das crianças com TEA.
Mediante a pesquisa Hadoush et al. (2020) que examinaram os efeitos da estimulação cerebral por tDCS no desenvolvimento cognitivo. Eles observaram uma redução significativa nos escores totais da Avaliação do Tratamento do Espectro do Autismo (ATEC), especialmente nos sub-escores da sociabilidade. Embora não tenham sido observadas mudanças significativas em todos os sub-escores, esses resultados destacam a importância de intervenções direcionadas para melhorar aspectos específicos do desenvolvimento cognitivo em crianças com TEA.
A pesquisa Mills et al. (2020) focaram em intervenções psicoterapêuticas para o desenvolvimento cognitivo em crianças com TEA. Durante a intervenção, observaram melhorias significativas nos subdomínios de Ansiedade/Depressão, Problemas de Pensamento e Problemas de Atenção, indicando um impacto positivo na esfera cognitiva dessas crianças. Esses resultados ressaltam a eficácia das intervenções psicoterapêuticas em promover melhorias cognitivas em crianças com TEA.
Por outro lado, Arslan, Ince e Akyüz (2022) investigaram um programa estruturado de intervenção e observaram melhorias significativas em vários testes cognitivos após a intervenção. Os resultados mostraram melhorias em subdomínios como Ansiedade/Depressão, problemas de pensamento e atenção, além do escore total de problemas cognitivos. Essas descobertas corroboram a importância de intervenções estruturadas e abrangentes para promover o desenvolvimento cognitivo em crianças com TEA.
Ao considerar esses estudos em conjunto, fica evidente que as intervenções terapêuticas têm um papel significativo no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com TEA. A abordagem diversificada apresentada pelos estudos de Hadoush et al. (2020), Mills et al. (2020) e Arslan, Ince e Akyüz (2022) destacam a importância de estratégias personalizadas e abrangentes para atender às necessidades específicas de cada criança, visando um desenvolvimento global mais completo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do esforço em buscar informações relevantes, este estudo se deparou com uma limitação significativa: a escassez de estudos disponíveis sobre o tema. Apenas três estudos preencheram os critérios de inclusão estabelecidos, o que limitou a amplitude da análise e a generalização dos resultados. Essa limitação reflete a necessidade urgente de mais pesquisas nesse campo, a fim de ampliar o conhecimento sobre os benefícios e a eficácia das intervenções fisioterapêuticas para crianças com TEA.
Apesar das limitações encontradas, os resultados dos estudos analisados indicam que a intervenção fisioterapêutica pode ter impactos positivos no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com TEA. As abordagens utilizadas variaram desde exercícios específicos para fortalecimento muscular e melhoria da coordenação motora até técnicas de estimulação sensorial e integração sensorial. Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar esses resultados, as evidências disponíveis sugerem que a fisioterapia desempenha um papel importante no suporte ao desenvolvimento dessas habilidades em crianças com TEA.
Os resultados desta revisão podem contribuir significativamente para a comunidade científica, destacando a importância de investir em pesquisas que explorem o impacto das intervenções fisioterapêuticas no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças com TEA. Além disso, a identificação das principais abordagens e técnicas utilizadas na fisioterapia para esse público específico pode orientar a prática clínica e a elaboração de protocolos de tratamento mais eficazes.
Como contribuição para pesquisas futuras, é essencial enfatizar a necessidade de estudos mais amplos e robustos que avaliem não apenas a eficácia das intervenções fisioterapêuticas, mas também sua sustentabilidade a longo prazo e seu impacto na qualidade de vida das crianças com TEA. Além disso, a investigação de abordagens integrativas que combinem a fisioterapia com outras terapias complementares pode representar uma área promissora para avanços significativos no tratamento desse público tão especial.
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