A INFLUÊNCIA DAS DOENÇAS REUMATOLÓGICAS NAS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA (AVDs) DE IDOSOS ATIVOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11133362


Nathália Alves da Conceição Carrijo¹; Fabiane Correia de Oliveira²; Dinalva Moraes Gomes Aragão³; Orientador: Prof. Alberto Ferreira Donatti.


Resumo: Com o envelhecimento da população mundial, cresce a preocupação com o impacto das doenças reumatológicas na qualidade de vida dos idosos. Essas condições, que afetam articulações, músculos e ossos, representam um desafio significativo para os idosos ativos que buscam manter um estilo de vida saudável e independente. Diante desse cenário, este estudo tem como objetivo geral analisar a influência das doenças reumatológicas na qualidade de vida dos idosos ativos nos desafios enfrentados no seu dia a dia. Este estudo ressaltou a complexidade das doenças reumatológicas na vida dos idosos e a necessidade de intervenções abrangentes e integradas, por meio de exercícios físicos, para promover um envelhecimento saudável e uma vida plena para essa população.

Palavras-chave: Doenças Reumatológicas. Idosos Ativos. Qualidade de Vida Diária.

Abstract: With the aging of the world population, concern is growing about the impact of rheumatological diseases on the quality of life of the elderly. These conditions, which affect joints, muscles and bones, represent a significant challenge for active seniors seeking to maintain a healthy and independent lifestyle. Given this scenario, the general objective of this study is to analyze the influence of rheumatological diseases on the quality of life of active elderly people in the challenges they face in their daily lives. This study highlighted the complexity of rheumatological diseases in the lives of the elderly and the need for comprehensive and integrated interventions, through physical exercise, to promote healthy aging and a full life for this population.

Key-words: Rheumatological Diseases. Active Elderly. Quality of Daily Life.

1 INTRODUÇÃO

A população mundial está envelhecendo, e o número de idosos está aumentando em muitos países. Com esse envelhecimento, o impacto das doenças reumatológicas na qualidade de vida dos idosos é de suma preocupação. Esse processo de envelhecimento é determinado pela perda funcional progressiva, que ocorre gradualmente com o avançar da idade. Idosos ativos enfrentam diversos desafios em suas atividades de vida diária, principalmente os relacionados às doenças reumatológicas, uma vez que buscam manter um estilo de vida ativo, o que pode aumentar a complexidade do gerenciamento dessas condições, impactando diretamente no sistema locomotor, afetando diretamente a qualidade de vida (CAPORICCI, 2011).

As doenças reumatológicas, conhecida popularmente como “reumatismo”, é definida por um conjunto de condições clínicas que afetam principalmente as articulações, músculos, ossos, tendões, ligamentos e outros componentes do sistema musculoesquelético. Estas perfazem, aproximadamente 150 doenças, podendo ser agudas ou crônicas, atingindo ambos os sexos e diferentes idades (KOYAMA et. al., 2022).

As características das doenças reumatológicas podem ser acompanhadas de diversas maneiras, como por exemplo: inflamação, dores articulares, rigidez articular, fadiga, deformidades articulares, crises e remissões. As doenças reumatológicas afetam os idosos, levando a uma diminuição na qualidade de vida, no qual afetam componentes físicos e mental, bem como na capacidade funcional, impossibilitando de realizar atividades diárias (CARVALHO et. al., 2014).

Conforme Caporicci (2011) os benefícios da atividade física são diversos, entre elas podemos citar o fortalecimento muscular, melhoria da condição cardiovascular, aumento da flexibilidade, uma redução do estresse e ansiedade, além de promover uma qualidade de sono e um aumento no bem-estar geral. Os efeitos das atividades físicas, são mais pronunciados em indivíduos altamente ativos, mas também são notáveis entre aqueles que praticam atividade física de forma moderada. Além disso, foi observado que a atividade física é benéfica para a saúde dos idosos. Tanto nos aspectos físicos como psicológicos. A literatura cientifica é bem clara quanto aos benefícios da atividade física para a saúde e qualidade de vida na terceira idade. Isso inclui a redução do risco de doenças crônicas e melhoria da capacidade funcional.

Diante do pressuposto acima, torna-se relevante responder a seguinte pergunta: Qual é a influência das doenças reumatológicas nos desafios enfrentados pelos idosos ativos na qualidade de vida?

2 Procedimentos metodológicos

A pesquisa será bibliográfica. Fonseca (2002) diz que é o levantamento ou revisão de obras publicadas sobre a teoria que irá direcionar o trabalho.

Conforme classificação dos tipos de pesquisa científica em Cheuhen Neto (2012) e Paula e Oliveira (2020), a pesquisa será do tipo quali-quantitativo, esse tipo de pesquisa utiliza técnicas estatísticas e matemáticas para quantificar e analisar dados mensuráveis.

Quanto à natureza trata-se de uma pesquisa do tipo básica. Conforme Gil (2007) a pesquisa do tipo básica, que tem como objetivo principal gerar conhecimentos novos e úteis para o avanço da ciência.

Quanto aos objetivos será uma pesquisa descritiva. Gil (2007) afirma que a pesquisa do tipo descritiva é um método onde são recolhidas informações mais especificas e detalhadas.

Quanto aos procedimentos técnicos de coleta dos dados a pesquisa será bibliográfica. Conforme Minayo (2014), a pesquisa bibliográfica se preocupa com o levantamento de obras publicadas com relação ao tema escolhido.

A busca será realizada nas bases de dados Google Acadêmico, Scielo, Revista Cientifica, utilizando os seguintes descritores/palavras-chaves: doenças reumatológicas, idosos ativos, e qualidade de vida diária. Foram examinados aproximadamente 30 artigos, dos quais 13 foram considerados relevantes e incluídos, enquanto 17 foram excluídos.

3 DESENVOLVIMENTO

Os indivíduos que sofrem de artrite reumatoide (AR) possuem um maior risco de sofrer quedas devido à frequente presença de fraqueza muscular, rigidez ou dor nas articulações, além de problemas de equilíbrio e marcha. Esse risco aumenta significativamente quando há comprometimento das extremidades inferiores. As quedas são a principal causa de morte acidental em pessoas com mais de 65 anos. Aproximadamente de 40% a 60% das quedas nessa faixa etária resultam em alguma forma de lesão. Dessas lesões, entre 30% e 50% são consideradas leves, 5% a 6% são mais graves e 5% resultam em fraturas. Conforme Souza et. al., (2013), dos 218 idosos que participaram do estudo, 106 (48,6%) relataram ter artrite ou algum tipo de reumatismo. Dentro desse grupo, a faixa etária mais comum foi entre 70 e 79 anos (37,7%), predominantemente composto por mulheres (71,7%) com habilidades de leitura e escrita (79,2%). Cerca de 42,5% estavam casados ou viviam com um parceiro, e a grande maioria (94,3%) tinha filhos. A maioria dos entrevistados (78,3%) recebia benefício previdenciário, como aposentadoria ou pensão (SOUZA et. al., 2013) (Figura 1).

Em termos de aspectos familiares e domésticos, Souza et. al., (2013), traz que 74,5% dos idosos eram proprietários de suas residências, enquanto apenas 10,4% viviam sozinhos, sendo mais comum ter dois residentes por domicílio (32,1%). Os idosos consideravam vantajoso o arranjo familiar em que viviam (75,5%), demonstrando alto nível de satisfação em seus relacionamentos domésticos (96,7%) e em relação à sua vida de forma geral (86%).

Figura 1: Características da saúde, aspectos sociodemográficos e avaliação funcional de idosos com doenças reumatológicas. Fonte: Souza et. al., 2013.

3.1 Osteoartrite

A osteoartrite (OA) é uma condição prevalente entre idosos, frequentemente associada a dor, limitações de movimento, perda de função muscular e equilíbrio comprometido. Essas manifestações podem resultar em dificuldades para realizar atividades cotidianas, como levantar-se de uma cadeira ou subir escadas, afetando significativamente a qualidade de vida dos indivíduos. Estudos de Reis et. al., (2013) mostram que cerca de 18% dos idosos enfrentam desafios nessas atividades, especialmente aquelas que exigem força muscular, mobilidade e equilíbrio. Essas limitações não só impactam a capacidade funcional, mas também reduzem a qualidade de vida.

Considerando a escassez de pesquisas sobre o impacto dos estágios iniciais da OA no controle postural durante atividades diárias e na qualidade de vida, o estudo Reis et. al., (2013) propôs avaliar o equilíbrio em tarefas dinâmicas e a qualidade de vida em idosas com e sem OA no joelho. O estudo envolveu dois grupos distintos: Grupo 1, composto por 12 idosas com OA bilateral no joelho, e Grupo 2, com 12 idosas sem OA (grupo controle). O Grupo 1 foi diagnosticado com OA de acordo com os critérios do Colégio Americano de Reumatologia, e a dor foi medida utilizando o índice WOMAC. Os participantes foram recrutados no ambulatório de Reumatologia do centro de saúde escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (CSE-FMRP-USP) e na comunidade (REIS et. al., 2013).

Essa abordagem metodológica permitiu comparar o equilíbrio e a qualidade de vida entre idosas com e sem OA no joelho, contribuindo para uma melhor compreensão dos impactos funcionais e de saúde associados à OA nessa população. Durante atividades que envolvem alterações na postura, conhecidas como tarefas dinâmicas, é fundamental controlar o movimento do centro de pressão em relação à base de apoio. Esse controle equilibrado é essencial para realizar com sucesso atividades diárias que exigem manutenção de postura estática (REIS et. al., 2013).

3.2  Artrose

Miyazaki et. al., (2014), abordam que de 1998 a 2011, o Grupo de Ombro e Cotovelo do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de São Paulo realizou tratamento artroscópico em 31 pacientes com artrose no ombro (32 ombros). Foram incluídos pacientes com artrose primária ou secundária, com idade abaixo de 70 anos, manguito rotador intacto e aqueles que optaram pelo tratamento artroscópico ao invés da artroplastia. Diversos aspectos foram avaliados, como sexo, idade, dominância, comorbidades, tempo de sintomas, lesões associadas, causa da artrose, tratamentos anteriores, procedimento cirúrgico, protocolo pós-operatório e amplitude de movimento antes e depois da cirurgia. A avaliação funcional foi realizada com base nos critérios da UCLA antes e depois da cirurgia. As lesões da cartilagem articular foram classificadas de acordo com a escala de Outerbridge e a artrose conforme critérios de Walch. Os resultados mostraram diferenças estatisticamente significativas na elevação e rotação do ombro antes e após a cirurgia, além de uma tendência de piores resultados em pacientes com tempo prolongado de sintomas pré-cirúrgicos. No entanto, não foi encontrada uma relação estatisticamente significativa entre a melhora funcional e outras variáveis analisadas.

3.3 Bursite Trocantérica

Bursite trocantérica é quando há dor crônica e intermitente na região lateral do quadril devido a uma inflamação nas bolsas revestidas por sinovial que reduzem o atrito entre tendões, músculos e ossos. Conforme Schwartsmann et. al., (2013), a bursite trocantérica frequentemente está associada ao uso repetitivo dos músculos que se inserem no grande trocanter, levando a mudanças degenerativas nos tendões, músculos ou tecidos fibrosos.

O tratamento convencional da bursite trocantérica é geralmente conservador e envolve o uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides por até seis a oito semanas, além de aplicação de gelo. Também podem ser utilizadas infiltrações, terapia combinada de calor e frio, repouso e fisioterapia, incluindo ultrassom nas áreas afetadas e alongamento dos músculos como a banda iliotibial e o tendão do iliopsoas. A bursite geralmente causa dor e desconforto na área afetada, como nos ombros, cotovelos, quadris ou joelhos. Essa dor pode ser intensa o suficiente para limitar a capacidade de realizar atividades diárias, como levantar objetos, subir escadas ou caminhar (Schwartsmann et. al., 2013, p.2).

A artrose do quadril, por sua vez, é uma das condições musculoesqueléticas ligadas à bursite trocantérica. Em pacientes jovens e idosos, os sinais para a cirurgia de substituição total do quadril (ATQ) incluem piora progressiva da dor, perda de função e qualidade de vida devido à osteoartrose. Embora a ATQ seja um procedimento ortopédico com alto sucesso globalmente, não há muitos dados sobre a incidência de bursite trocantérica em pacientes submetidos a essa cirurgia. No entanto, estudos indicam que cerca de 4,6% dos pacientes desenvolvem essa condição após a ATQ (Schwartsmann et. al., 2013).

A avaliação padrão para diagnosticar a bursite trocantérica é através da análise anatomopatológica das bolsas. Schwartsmann et. al., (2013), aborda que alguns estudos mostram que, mesmo após 12 a 18 meses da ATQ, cerca de 12% dos pacientes ainda sofrem com dor crônica em suas atividades diárias. Esta pesquisa busca investigar a ligação entre a bursite trocantérica e a osteoartrose no momento da realização da ATQ primária.

Analisando o texto, podemos observar que ele aborda a relação entre a bursite trocantérica, a artrose do quadril e a cirurgia de substituição total do quadril (ATQ). Aponta também para a falta de dados específicos sobre a incidência de bursite trocantérica em pacientes submetidos a essa cirurgia, destacando a importância de pesquisas nessa área para melhor compreender e tratar essa condição (Schwartsmann et. al., 2013, p.2).

3.4 Testes de Avaliação do Risco de Queda e Mobilidade em Idosos

Para avaliação do risco de queda e mobilidade dos pacientes o artigo de Marques et. al., (2013) apresenta dois testes realizados: (1) teste senta‐levanta da cadeira cinco vezes (TSL) e (2) teste timed get up and go (TUG).

O teste senta‐levanta da cadeira (TSL) é utilizado para avaliar a força muscular de membros inferiores, mobilidade e risco de quedas. Nesse teste, o indivíduo começa sentado no centro da cadeira com a coluna ereta, os pés separados a uma distância equivalente à distância entre os ombros, e com os braços cruzados sob o tórax. Em seguida, é solicitado ao paciente levantar e sentar da cadeira por cinco vezes o mais rápido que conseguir, sem utilizar os braços (MELO et. al., 2018).

O teste time get up and go (TUG) é utilizado para identificar pacientes com risco de quedas e restrição de mobilidade. Nele, o indivíduo começa sentado, com as costas apoiadas ao encosto da cadeira e é solicitado a levantar (podendo usar os braços), andar três metros na velocidade da marcha habitual, virar, retornar para a cadeira e sentar‐se na posição inicial (BRETAN et. al., 2013).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa de Biasoli (2007) e Marques et. al., (2013), abordaram que o aumento do envelhecimento da população, é devido a queda na taxa de fecundidade e a maior longevidade das mulheres. Isso foi evidenciado na amostra estudada, com uma alta média de idade entre os idosos e uma representação significativa de mulheres. Com o aumento da população idosa, cresce também a incidência de doenças associadas ao envelhecimento, como as doenças reumáticas, que podem levar à dependência funcional e a gastos financeiros significativos.

Marques et. al., (2013), aborda que a dor causada pelas doenças reumatológicas afeta a funcionalidade e a qualidade de vida dos idosos, limitando sua interação social e afetando seu bem-estar. Morar em co-residência foi a opção mais comum entre os idosos da amostra, provavelmente devido aos benefícios financeiros e emocionais associados à convivência familiar. A maioria dos idosos entrevistados recebia benefício previdenciário, o que pode aumentar sua participação na sociedade e influenciar suas escolhas de moradia. A autopercepção negativa da saúde pode impactar o estado emocional e cognitivo dos idosos, especialmente quando associada a outras condições de saúde, como hipertensão e doenças musculoesqueléticas. Embora muitos idosos apresentem independência funcional em atividades diárias, uma parte significativa ainda precisa de assistência, especialmente em tarefas mais complexas. Isso pode refletir na qualidade de vida e na necessidade de cuidados adicionais para manter a autonomia e o bem-estar dos idosos. Além disso, foi observada uma taxa de quedas de 30,2%, semelhante a estudos anteriores retrospectivos. O fator predominante associado ao risco de quedas nessa população foi a incapacidade funcional.

O estudo de Marques et. al., (2014), mostraram diversas frequências de quedas em pacientes com AR. Em sua discussão eles trazem estudos retrospectivos com a incidência de quedas durante 12 meses variou de 27% a 35%. Em estudos prospectivos, a ocorrência de quedas variou de 36,4% a 50%. Marques et. al., (2013), traz que os pacientes foram indagados sobre quedas nos últimos 12 meses de forma retrospectiva. Estudos de Bohler et. al., e Duyurçakit et. al., citados por Marques et. al., (2013), sugerem que essa abordagem pode subestimar a prevalência de quedas devido à tendência dos pacientes de esquecerem seus episódios de queda ao longo do tempo. Isso pode ser uma limitação e contribuir para a subestimação da prevalência de quedas na nossa amostra. Quanto aos fatores relacionados ao risco de quedas em pacientes com AR, a principal variável encontrada foi a incapacidade funcional medida pelo escore total do HAQ (Questionário de Avaliação da Saúde).

Bohler et al. identificaram correlações entre testes de avaliação de risco de quedas, como o TSL e o TUG, e variáveis como HAQ, DAS-28, dor (medida pela EVA) e VHS (Velocidade de hemossedimentação). Eles encontraram uma associação entre VHS e TUG, mas não com TSL. Similarmente ao estudo de Marques et. al., (2013), o HAQ influenciou ambos os testes de avaliação de risco de quedas, enquanto o VHS afetou apenas o desempenho no TUG.

Duyurc¸akit et al. descobriram associações entre histórico de quedas e desempenho no teste de Tinetti para avaliação de risco de quedas. Também observaram uma relação entre o medo de cair, o escore final de Tinetti e HAQ. Entretanto, não encontraram ligação entre atividade da doença e risco de quedas (MARQUES et. al., 2013).

A influência da incapacidade funcional no risco de quedas, como encontrada no estude de Marques et. al., (2013), era esperada, os pacientes com AR mostraram associações entre altos escores no HAQ, destruição articular e diminuição da força muscular, considerados fatores de risco para quedas. No estudo de Marques et. al., não foi evidenciada associação entre atividade da doença (avaliada pelo DAS-28) e aumento no risco de quedas. Contudo, encontramos uma correlação entre o valor do VHS e o desempenho no TUG (MARQUES et. al., 2013).

Devido às limitações na contagem de articulações empregadas no DAS-28, Índice de Atividade da Doença, alguns pesquisadores sugerem incluir outras formas de avaliação da atividade da doença, como exames laboratoriais, respostas em questionários auto-relatados e avaliações globais feitas por médicos e pacientes. No que tange aos fatores relacionados ao risco de quedas, este estudo apresenta algumas limitações. A maioria dos pacientes demonstrou um nível moderado de atividade da doença conforme o DAS-28, o que, junto ao tamanho da amostra, pode ter contribuído para a falta de associação entre DAS-28 e risco de quedas (MARQUES et. al., 2013, p.4).

No estudo de Schwartsmann et. al., (2014), não foi realizado o tratamento conservador para a bursite antes da cirurgia, pois os pacientes já apresentavam osteoartrose sintomática do quadril, indicando a necessidade de artroplastia total do quadril (ATQ). O objetivo foi examinar a incidência da bursite trocantérica no momento da cirurgia do quadril

A bursite trocantérica pode surgir como uma condição secundária, como é o caso da osteoartrose do quadril. No estudo de Schwartsmann et. al., (2014), nove pacientes (14,5%) apresentaram bursite trocantérica assintomática durante suas artroplastias do quadril, sendo a maioria mulheres (seis, 66,7%). Assim, a grande maioria dos pacientes não tinha bursite trocantérica no momento da cirurgia de ATQ inicial. Alguns cirurgiões de quadril optam por não remover a bursa durante a artroplastia total do quadril, o que pode influenciar os índices de bursite pós-operatória mencionados na literatura. Um estudo por Farmer et al. investigou o tratamento da bursite após a artroplastia, utilizando corticoesteroides injetáveis. Eles analisaram 689 artroplastias primárias e observaram uma incidência de bursite de 4,6% no pós-operatório (Schwartsmann et. al., 2013).

Para melhorar a qualidade de vida dos idosos com bursite, é importante adotar uma abordagem multidisciplinar que inclua tratamento médico adequado, fisioterapia para melhorar a mobilidade e a força muscular, ajustes nas atividades diárias para evitar movimentos que exacerbem a dor e apoio emocional para lidar com os desafios associados à condição (Schwartsmann et. al., 2013).

O estudo de Schwartsmann et. al. (2013) aborda a incidência de bursite trocantérica no momento da ATQ em pacientes com condições específicas, como a artrose primária. Embora não represente toda a população submetida a artroplastias, já que muitos pacientes têm artrose secundária devido a outras condições, como artrite reumatoide, epifisiólise proximal do fêmur, displasias ou osteonecrose, os resultados encontrados sugerem a ressecção das bursas durante a artroplastia como uma medida justificada. Analisando o texto, vemos a ênfase na importância de considerar a bursite trocantérica em pacientes com osteoartrose do quadril e a discussão sobre a ressecção das bursas durante a artroplastia como uma abordagem eficaz para evitar complicações pós-operatórias (SCHWARTSMANN et. al., 2013).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa ressalta a complexidade das doenças reumatológicas na vida dos idosos e a necessidade de intervenções abrangentes para garantir que esses indivíduos possam desfrutar de uma vida plena e saudável, mesmo enfrentando esses desafios de saúde.

Com base na pesquisa realizada sobre a influência das doenças reumatológicas nos desafios enfrentados pelos idosos ativos na qualidade de vida, fica claro que essas condições têm um impacto significativo. O envelhecimento da população, aliado à prevalência dessas doenças, coloca em destaque a importância de compreender e abordar essas questões de forma eficaz.

Os resultados revelaram que as doenças reumatológicas, como a artrite reumatoide, osteoartrite e bursite trocantérica, estão intimamente ligadas à perda funcional, dor crônica e risco aumentado de quedas nos idosos. Esses problemas afetam diretamente a capacidade dos idosos de realizar atividades diárias, interagir socialmente e manter uma boa qualidade de vida.Além disso, a pesquisa destacou a importância da atividade física na saúde e qualidade de vida dos idosos. Apesar dos desafios impostos pelas doenças reumatológicas, a prática de exercícios físicos moderados a intensos mostrou-se benéfica, contribuindo para a melhoria da capacidade funcional, controle da dor e bem-estar geral.

Para lidar eficazmente com essas questões, é essencial adotar uma abordagem multidisciplinar que inclua tratamento médico adequado, fisioterapia para melhorar a mobilidade e força muscular, além de estratégias para prevenir quedas e promover a independência dos idosos. O suporte emocional e social também desempenha um papel fundamental no manejo dessas condições e na promoção de uma melhor qualidade de vida para os idosos ativos.

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¹Graduando do curso de Fisioterapia – e-mail: nathalia.carrijo01@lseducacional.com
²Graduando do curso de Fisioterapia – e-mail: fabiane.oliveira16@lseducacional.com
³Graduando do curso de Fisioterapia – e-mail: dinalva.aragao72@lseducacional.com