REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11126874
Cartejames Otavio Almeida¹;
Francisca Das Chagas Sergio De Oliveira;
Jonas Batista da Silva.
RESUMO- O presente estudo sobre o desenvolvimento psicomotor na infância visa compreender a importância da Educação Psicomotora na Educação Infantil como forma de prevenir as Dificuldades na Aprendizagem. Em conseguinte, procurou-se compreender a Psicomotricidade e sua significância no desenvolvimento humano, buscando através de estudos a compreensão de como os movimentos das crianças se articula com a afetividade os desejos e possibilidades de comunicação. Muitas das dificuldades no aprendizado da escrita, por exemplo, podem ser prevenidas por meio de atividades psicomotoras. Deste modo é imprescindível que as escolas sejam capazes de proporcionar aos professores uma formação adequada no sentido de aproveitar as atividades de modo que estas possam contribuir com o desenvolvimento motor e intelectual das crianças, fazendo a utilização de materiais que enriqueçam cada vez mais o processo ensino-aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: Infância. Desenvolvimento. Psicomotricidade.
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Dentre vários estudos, a psicomotricidadeé conceituada como uma ação de finalidade pedagógica e psicológica que utiliza os parâmetros da educação física com a intenção de melhorar o comportamento da criança com seu corpo. Há quem defina a psicomotricidade como uma ciência que estuda o indivíduo por meio de seu movimento e a interação social. Através da brincadeira existe uma oportunidade de desenvolvimento para a criança. Brincando ela aprende, experimenta o mundo, desenvolve possibilidades, relações sociais, elabora sua autonomia de ação e organiza suas emoções. E a partir do sentimento que aflora em cada brincadeira, a criança faz a leitura do mundo e aprende a lidar com ele, recria, repensa, imita, desenvolvendo, além de aspectos físicos e motores, aspectos cognitivos, bem como valores sociais, morais, tornando-se cooperativo, sociável e capaz de escolher seu papel na sociedade. Os educadores representam peças indispensáveis ao desenvolvimento das crianças. No entanto, existe o psicomotricista e o psicopedagogo. Ambos são especialistas que podem contribuir de forma ampla e significativa nesse processo de descoberta e aprendizagem infantil.
1 DESENVOLVIMENTO
Podemos dizer que a psicomotricidade se conceitua como ciência da saúde e da educação, pois visa a representação motora através da mente e da psique humana. O indivíduo é visto dentro de uma globalidade, sendo mente e corpo indissociáveis, com suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo num processo constante de aprendizagem.
A psicomotricidade é uma disciplina educativa, reeducativa e terapêutica, ou seja, ela quer destacar a relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a abordagem global da criança por meio de uma técnica. Enquanto disciplina educativa se baseia e se fundamenta no movimento natural consciente e espontâneo com a finalidade de normalizar, completar ou aperfeiçoar a conduta global da criança. Nesse caso, o trabalho é feito com indivíduos sãos. Enquanto disciplina reeducativa, pode ser desenvolvida tanto em caráter profilático quanto terapêutico abrangendo o indivíduo desde a infância até a fase adulta. Aqui se trabalha com indivíduos que apresentam alguma deficiência, transtornos ou atrasos no desenvolvimento. E, enquanto disciplina terapêutica visa melhorar o desenvolvimento corporal da criança, bem como:
- A aprendizagem;
- Afetividade;
- Sociabilidade.
Tornando-a estruturada para que possa sentir-se segura e feliz através de uma programação de exercícios que envolvem atividades motoras, viso-motoras e emocionais. Nesse caso, o trabalho é destinado a crianças que nascem com algum distúrbio neuromotor.
A psicomotricidade no Brasil, passou a ser comentada e divulgada, através de cursos e cadeiras de psicomotricidade em universidades espalhadas pelos Estados brasileiros. No começo ela ocorria como recurso pedagógico, a fim de corrigir distúrbios desenvolver lacunas de desenvolvimento, pois o público alvo eram crianças excepcionais, sendo que ela foi introduzida nas escolas especiais. Nos anos 70, segundo Clark e Whitall (apud MOREIRA, s/d) surgem o período orientado para o processo psicomotricidade, levando ao estudo do desenvolvimento da habilidade manual e aptidões em função da idade, passando também, a estudar as ligações com a lateralidade, com a estruturação espacial e a orientação temporal e as relações das dificuldades de aprendizagem escolar de crianças de inteligência normal.
Psicomotricidade é resultante de um longo processo, pois nasce com a História do corpo, processo este muitas vezes marcada por cortes Revolucionários e reformulação decisiva, mas que culminam em concepções Modernas, que nos permitem compreendê-las (COSTE; 1978, p. 7).
Diante disto, podemos afirmar que a aprendizagem inclui sempre o corpo, porque inclui o poder agir associado ao poder sentir, o prazer em pegar um objeto, de lança-lo, deslocá-lo, pois a participação do corpo no processo de aprendizagem se dá pela ação e pela representação. Para Fonseca (2008), o movimento tem o motivo de obter um resultado concreto que depende das circunstâncias presentes no meio ambiente, dos objetos, da posição, da projeção no espaço, do tempo, dos outros, sendo assim, o movimento torna-se comportamento. Ainda, segundo o autor, a motricidade entendida nos seus vários fatores psicomotores (tonicidade, equilíbrio, lateralizarão, estruturação espacial-temporal, organização prática) fornece indicadores funcionais sobre a integridade dos substratos neurológicos e dos processos psicológicos envolvidos na sua regulação e execução.
Sob o ponto de vista do “ser-em-ação” e também abordando sob um enfoque melhor adaptação ao meio em que vive. Necessita ter um bom domínio corporal, boa histórico-antropológico, podemos recorrer aos estudos de Harrow (apud OLIVEIRA, 2001), que faz uma análise sobre o homem primitivo ressaltando como o desafio de sua sobrevivência estava ligado ao desenvolvimento psicomotor e seu caráter utilitário. As atividades básicas consistiam em caça, pesca e colheita de alimentos e, para isto, os objetivos psicomotores eram essenciais para a continuação da existência em grupo. Necessitavam de agilidade, força, velocidade, coordenação. A recreação, os ritos cerimoniais e as danças em exaltação aos deuses, a criação de objetos de arte também eram outras atividades desenvolvidas por eles. Tiveram que estruturar suas experiências de movimentos em formas utilitárias mais precisas. Hoje, o homem também necessita destas habilidades embora tenha se aperfeiçoado mais para uma percepção auditiva e visual, uma lateralizarão bem definida, faculdade de simbolização, orientação espaço-temporal, poder de concentração, percepção de forma, tamanho, número, domínio dos diferentes comandos psicomotores como coordenação fina, global, equilíbrio. Harrow cita ainda os sete movimentos ou modelos de movimentos básicos inerentes ao homem que são: correr, saltar, escalar, levantar peso, carregar (sentido de transportar), pendurar e arremessar; todos eles básicos em trabalhos de práticas e vivências psicomotoras atuais.
O professor deve ser um modelo para a criança por meio de suas expressões e posturas corporais, pois seu corpo é um veículo expressivo. O conhecimento sobre jogos e brincadeiras e a reflexão sobre os tipos de movimentos são condições importantes para auxiliar as crianças a desenvolver uma motricidade harmoniosa; ao mesmo tempo pode organizar o ambiente com materiais que propiciem as descobertas, assim como organizar atividades que exijam o aperfeiçoamento das capacidades motoras, mas sem perder a ludicidade, levando-as a atividades adequadas, interessantes e respeitando a realidade e as características individuais da criança.
É importante compreender que as práticas corporais servem como um instrumento de desenvolvimento de pré-requisitos para a prática da leitura e escrita. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, v. 3, p.15) deixa claro que as instituições de Educação Infantil devem favorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas para que possam se arriscar e, assim, vencer os desafios e que um ambiente rico e desafiador favorece a ampliação de conhecimentos acerca de si mesmas, dos outros e do meio em que vivem.
Sendo assim, o esquema corporal é um elemento básico e fundamental para a formação da personalidade da criança que se desenvolverá devido a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, suas possibilidades de agir e transformar o que existe em volta. É, portanto, a consciência do próprio corpo e de suas mobilizações (movimentos, posturas, atitudes), e das partes que o compõem. Para Vayer (1984), todas as experiências da criança como o prazer, a dor, o sucesso, o fracasso, são sempre vividas corporalmente e complementa dizendo que se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e a certas partes, esse corpo termina por ser investido de significações, sentido e valores muito particulares e pessoais. É sabido que a educação, não só a infantil, mas em todos os seus níveis, tem uma função pedagógica, ou seja, um trabalho voltado para a realidade e o conhecimento das crianças e que, baseada nisso, desenvolve atividades com significado concreto para a vida delas. O educador infantil deve ter um olhar amplo e possuir como objetivo principal a organização e a boa prática de atividades que ajudem no desenvolvimento das crianças.
A organização do trabalho pedagógico deve ter como ponto de partida proporcionar o desenvolvimento da autonomia à criança, isto é, desenvolver a capacidade de ela construir suas próprias regras, comportamentos e meios de interações, para que possam ser negociados com outras pessoas, adultas ou crianças. Barreto, Melo e Silva (s/d) enfatizam que, para se organizar o dia a dia das crianças da Educação Infantil, faz-se necessário conhecer o grupo de crianças com que se vai trabalhar e, consequentemente, partir para o estabelecimento de atividades diárias de acordo com as necessidades e realidade delas. Vale ressaltar que o educador deve estar atento aos espaços onde as crianças mais gostam de brincar, como essas brincadeiras se desenvolvem e em quais momentos são mais tranquilas e mais agitadas. Esse conhecimento é importante para que a estruturação espaça temporal tenha significado e possa desmistificar a origem de cada atividade.
É fundamental para a Educação Infantil não esquecer que cada criança possui suas particularidades. Segundo Barreto, Melo e Silva (s/d), o maior desafio da Educação Infantil e dos profissionais é compreender, conhecer e reconhecer que cada criança possui sua subjetividade, seu jeito único de ser e estar no mundo. É preciso considerar que as crianças são diferentes umas das outras e que cada uma tem um tempo diferente de aprendizagem. Por isso, faz-se necessário uma preparação por parte dos pedagogos para que, assim, possam proporcionar às crianças uma boa educação levando em conta as condições de aprendizagem e considerando a subjetividade de cada criança.
Segundo Nascimento (2011), atualmente, no Brasil, está sendo vivido um momento histórico para a reflexão e a prática em relação às políticas públicas voltadas para as crianças, pois é possível observar que a educação e o cuidado na primeira infância estão sendo tratados como assuntos prioritários por parte dos governos Federal, Estadual e Municipal e também pelas organizações da sociedade civil, por um número crescente de profissionais da área pedagógica e de outras áreas do conhecimento, que veem na Educação Infantil uma verdadeira ligação para a formação integral do cidadão.
A psicomotricidade como campo de estudo, visa o desenvolvimento integral da criança, por meio da integração entre corpo e mente, levando em consideração o crescimento afetivo, social e intelectual da criança e sua intervenção nas atividades lúdicas, aplicadas dentro da educação infantil, traz resultados positivos para a formação da criança, contribuindo para o seu desenvolvimento. Quando aplicadas, a oportunidade do desenvolvimento no aspecto motor, social e cognitivo é maior para o indivíduo, iniciando desde as habilidades básicas de movimento as mais complexas, além da formação da interação com outros, entendimento de regras e responsabilidades sociais, e a formação das capacidades intelectuais. Por meio das brincadeiras e jogos, a criança se movimenta, cria, expressa sentimentos e constrói relacionamentos com outros. Em uma brincadeira de caça ao tesouro ou rouba bandeira, a criança será estimulada a pensar, desenvolvendo seu raciocínio e quando estas brincadeiras são trabalhadas em conjunto de outras crianças, desenvolve a socialização, formando sua identidade como ser humano.
2 CONCLUSÃO
Ao finalizar o exposto entende-se que o pedagogo possui uma grande responsabilidade no desenvolvimento psicomotor das crianças, portanto, é fundamental que ele tenha conhecimento a respeito desse tema para que possa realizar atividades de forma intencional e comprometida com a formação integral dos alunos os resultados obtidos por meio dos questionários mostraram que as professoras participantes da pesquisa possuem conhecimentos sobre psicomotricidade e consideram as atividades psicomotoras primordiais para a formação das crianças na educação infantil.
Portanto, a psicomotricidade deveria ocupar um lugar de destaque na educação infantil e na formação dos professores, não só como um conteúdo importante para dar suporte à aprendizagem, mas também como instrumento de construção de unidade corporal, identidade e conquista da autonomia intelectual e afetiva das crianças.
Por fim, este estudo permitiu fazer uma breve reflexão, não só sobre os conhecimentos dos pedagogos, mas também sobre o papel do pedagogo em relação à psicomotricidade. As limitações do estudo referem-se ao número pequeno de participantes e ao não acompanhamento das atividades descritas no questionário. Por isso, sugere-se que sejam realizadas outras pesquisas relacionadas a essa temática com o intuito de aprofundar as discussões nessa área e também presenciar a atuação dos professores na prática do dia a dia.
3 REFERÊNCIAS:
COSTE, J. C.A Psicomotricidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978
FALKENBACH, A. A educação física na escola: Uma experiência como professor. Lajeado: Editora da Unit aves, 2002.
FONTANA, Cleide Madalena. A importância da psicomotricidade na educação infantil. 2012. 78 p. Monografia (Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2012.
FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1989. FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Professor da pré-escola. 2ª ed. São Paulo: Globo, 1992.
VALESKI, A.; COELHO, B.L.P.; RODRIGUES, M.C. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: tratamento fisioterapêutico com abordagem ludo terapêutica. Fisioterapia Brasil.
VAYER, P. O equilíbrio corporal- Uma abordagem dinâmica dos problemas da atitude e do comportamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
¹Cartejames9@gmail.com